Nº 92 TRIBO… PARA O ALIMENTO… TRIBO… PARA A IDEIA…
Das tribos, às cidades, a globalização pressionou o invento da agricultura, a divisão do trabalho, a moldagem do artesanato, o aparecimento do comércio, nas trocas das dádivas da Natureza, a unificação das crenças para amainar o receio de estar só, no deserto ou no mato, intercalando a escolha do mais apto para encaminhamento em boa ordem.
A intromissão de estranhos turbulentos e rapinadores, nos celeiros custosos de prover, instigou à reunião dos mais fortes para defesa dos mantimentos e dos artefactos da caça.
Depois de bons efeitos, esse agrupamento recebeu o nominativo de exército e logo mandado conquistar novas terras para enfardar comida e capturar escravos para os serviços extras, retirando tempo aos proprietários para desenvolverem a compreensão, a cultura, as artes, a filosofia e, comodamente requebrados e entretidos, pensar nos mistérios da Terra, do Céu, dos Astros, da Morte, da Vida. E como amansar e dirigir temperamentos selváticos, no respeito ao semelhante.
A partir deste estádio social, tratar da feitura de leis, para organizar as cidades, que irão resultar da fusão das tribos. E do reforço entre as cidades, conseguir o elo comum da língua, costumes, hábitos e interesses, para erguer bandeira e cantar valores da coragem, entrelaçando os fios da amizade na tecedura do símbolo patriótico.
Para o amador de estudos históricos, é aliciante constatar a convergência da evolução civilizacional, nos cinco continentes, seguir linhas muito parecidas umas com as outras, sem se conhecerem contactos materializados que justifiquem o fenómeno.
Os acontecimentos terrestres, com poucas diferenças de causas e efeitos, exigem soluções da presença humana. Em cada Continente, as dificuldades, foram trabalhadas, de acordo com os recursos do meio ambiente e por processos característicos próprios. A inteligência entrou no Homem, para o salvar da extinção. Em todo o lugar.
O discernimento, exala a ambição de viver. Parece atravessar, contudo, momentos histriónicos que, na brincadeira, estão a levantar demasiado a «bomba atómica»… que poderá cair com estrondo, erradicando estilhaços sobre o pecado, a ingenuidade, as coisas belas idealizadas e polidas e transformar o dia de Todos os Santos, em dia das Almas Eternas. Quem sabe se não reavivará a doutrina dos estóicos, do filósofo alemão, Nietzsche, que defendia a repetição dos factos reais, passados milhares de anos…
Este nosso arrazoado, com boa vontade dos nossos pacientes leitores, poderá representar uma página de «banda desenhada», aos quadradinhos, descrevendo a evolução humana, em alguns pontos essenciais.
O primeiro ajuntamento de famílias ou pessoas, tomou o nome de «tribo». Passou a ser a «molécula social» que se atrai e forma cidades e nações. Os séculos de cozedura da civilização, foram vencendo calores e frios, graças à continuidade efectiva da constituição de tribos – ou moléculas sociais – que enraizaram unificações, até ao sinónimo de «pátria».
De relance, observámos a Grécia e a Rússia, na anterior crónica.
As inúmeras Ilhas que fazem parte das montanhas e da Nação grega, são uma mostra da acção directa e permanente, das tribos na formação da Pátria de Homero e Sócrates. Sendo pedaços de terra rodeados de mar por todos os lados, começaram com reduzido número de famílias, donde brotaram as mentes mais poderosas que a História documenta, sem convivências que alimentassem escolas, astúcias ou penetrações dos espíritos. Isto faz-nos observar no trabalho da mente, a evoluir na plena liberdade que é dada à Natureza, quer seja animal, vegetal, mineral. E… descendo ao miudinho… no desabrochar da compaixão no ser humano…
A Grécia, porém, dada a diversidade da sua compleição física, grande espaço marítimo, braçados de Ilhas, instruindo sociedades íntimas, mas estorvando uma associação de poder unificado.
Mas foi aí que a civilização, nascida nos impérios opressores do Oriente, tomou o sentido de «abrir os olhos» ao Homem, ao lado de outro Homem, na passagem estreita e não longa, na corrida para viver. A aproximação das Ilhas e das Cidades para formarem um só Estado, fundiu-se no cadinho de batalhas cruentas, brutais, onde o sangue derramado, fixou as fronteiras da intrusão da subserviência. Damos abaixo, algumas das mais influentes referências:
Batalha da Maratona, (490 AC), contra os persas. É um marco duplo. O Comandante, Milcíades, atacou e venceu os persas. Um soldado, mandado avisar Atenas da vitória, morre esgotado, depois de correr 42.195 metros. Deu exemplo, ainda nos nossos dias, a inclusão da distância, a ser vencida por atletas preparados, nas Olimpíades Modernas..
Vitórias de Salamina ( 480 AC), Plateias e Micale ( 479 AC).
« « Salamina ( 450 AC). Repetição, que obrigou os persas a não se aproximarem das Costas da Ásia Menor, nem dos mares gregos.
Outras batalhas enrijeceram o patriotismo grego.
A Grécia, na hierarquia civilizacional, empunha o ceptro e senta-se no trono da primeira consciência europeia. O intelecto grego, descreveu, ao pormenor, a expressão firme da ideia, frente a frente com o objecto. Desobrigou o pensamento de estacionar na matéria de interesse físico imediato, criou lugar educado na parte imaterial do ser humano e tornou maior a responsabilidade do ser sociável.
Se bem que a ciência, desamarrados, no Século XVIII, os estorvos impedientes de se estender à matéria, com toda a liberdade, tenha dominado o bem estar, universalmente apreciado, não desfazendo origens e devendo merecer mais atenção aos Homens de hoje.
A Grécia, foi concebida , tal qual as populações dos Continentes. Ajuntamento de famílias, rodeio de «tribos», escora de cidades e impérios. Dos poucos, enfaixar a força.
A actualidade, pretende desmentir. As minorias, surgem para criar bolsas de discórdia. Alastram a enfraquecer a ordem. Retornam ao princípio. Atrasam o civismo.
Até próximo.


