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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

10 de setembro de 2006

Nº 92 TRIBO… PARA O ALIMENTO… TRIBO… PARA A IDEIA…

O intelecto, foi-se abrindo no seio das civilizações, na sequência das sociedades que o meio ambiente facilitava e o número de aparelhos digestivos se agregava, garantindo-se vegetais, água, petiscos marinhos e animais, para o abastecimento da «fera» que andava nos dois pés.
Das tribos, às cidades, a globalização pressionou o invento da agricultura, a divisão do trabalho, a moldagem do artesanato, o aparecimento do comércio, nas trocas das dádivas da Natureza, a unificação das crenças para amainar o receio de estar só, no deserto ou no mato, intercalando a escolha do mais apto para encaminhamento em boa ordem.
A intromissão de estranhos turbulentos e rapinadores, nos celeiros custosos de prover, instigou à reunião dos mais fortes para defesa dos mantimentos e dos artefactos da caça.
Depois de bons efeitos, esse agrupamento recebeu o nominativo de exército e logo mandado conquistar novas terras para enfardar comida e capturar escravos para os serviços extras, retirando tempo aos proprietários para desenvolverem a compreensão, a cultura, as artes, a filosofia e, comodamente requebrados e entretidos, pensar nos mistérios da Terra, do Céu, dos Astros, da Morte, da Vida. E como amansar e dirigir temperamentos selváticos, no respeito ao semelhante.
A partir deste estádio social, tratar da feitura de leis, para organizar as cidades, que irão resultar da fusão das tribos. E do reforço entre as cidades, conseguir o elo comum da língua, costumes, hábitos e interesses, para erguer bandeira e cantar valores da coragem, entrelaçando os fios da amizade na tecedura do símbolo patriótico.
Para o amador de estudos históricos, é aliciante constatar a convergência da evolução civilizacional, nos cinco continentes, seguir linhas muito parecidas umas com as outras, sem se conhecerem contactos materializados que justifiquem o fenómeno.
Os acontecimentos terrestres, com poucas diferenças de causas e efeitos, exigem soluções da presença humana. Em cada Continente, as dificuldades, foram trabalhadas, de acordo com os recursos do meio ambiente e por processos característicos próprios. A inteligência entrou no Homem, para o salvar da extinção. Em todo o lugar.
O discernimento, exala a ambição de viver. Parece atravessar, contudo, momentos histriónicos que, na brincadeira, estão a levantar demasiado a «bomba atómica»… que poderá cair com estrondo, erradicando estilhaços sobre o pecado, a ingenuidade, as coisas belas idealizadas e polidas e transformar o dia de Todos os Santos, em dia das Almas Eternas. Quem sabe se não reavivará a doutrina dos estóicos, do filósofo alemão, Nietzsche, que defendia a repetição dos factos reais, passados milhares de anos…

Este nosso arrazoado, com boa vontade dos nossos pacientes leitores, poderá representar uma página de «banda desenhada», aos quadradinhos, descrevendo a evolução humana, em alguns pontos essenciais.
O primeiro ajuntamento de famílias ou pessoas, tomou o nome de «tribo». Passou a ser a «molécula social» que se atrai e forma cidades e nações. Os séculos de cozedura da civilização, foram vencendo calores e frios, graças à continuidade efectiva da constituição de tribos – ou moléculas sociais – que enraizaram unificações, até ao sinónimo de «pátria».
De relance, observámos a Grécia e a Rússia, na anterior crónica.
As inúmeras Ilhas que fazem parte das montanhas e da Nação grega, são uma mostra da acção directa e permanente, das tribos na formação da Pátria de Homero e Sócrates. Sendo pedaços de terra rodeados de mar por todos os lados, começaram com reduzido número de famílias, donde brotaram as mentes mais poderosas que a História documenta, sem convivências que alimentassem escolas, astúcias ou penetrações dos espíritos. Isto faz-nos observar no trabalho da mente, a evoluir na plena liberdade que é dada à Natureza, quer seja animal, vegetal, mineral. E… descendo ao miudinho… no desabrochar da compaixão no ser humano…
A Grécia, porém, dada a diversidade da sua compleição física, grande espaço marítimo, braçados de Ilhas, instruindo sociedades íntimas, mas estorvando uma associação de poder unificado.
Mas foi aí que a civilização, nascida nos impérios opressores do Oriente, tomou o sentido de «abrir os olhos» ao Homem, ao lado de outro Homem, na passagem estreita e não longa, na corrida para viver. A aproximação das Ilhas e das Cidades para formarem um só Estado, fundiu-se no cadinho de batalhas cruentas, brutais, onde o sangue derramado, fixou as fronteiras da intrusão da subserviência. Damos abaixo, algumas das mais influentes referências:
Batalha da Maratona, (490 AC), contra os persas. É um marco duplo. O Comandante, Milcíades, atacou e venceu os persas. Um soldado, mandado avisar Atenas da vitória, morre esgotado, depois de correr 42.195 metros. Deu exemplo, ainda nos nossos dias, a inclusão da distância, a ser vencida por atletas preparados, nas Olimpíades Modernas..
Vitórias de Salamina ( 480 AC), Plateias e Micale ( 479 AC).
« « Salamina ( 450 AC). Repetição, que obrigou os persas a não se aproximarem das Costas da Ásia Menor, nem dos mares gregos.
Outras batalhas enrijeceram o patriotismo grego.

A Grécia, na hierarquia civilizacional, empunha o ceptro e senta-se no trono da primeira consciência europeia. O intelecto grego, descreveu, ao pormenor, a expressão firme da ideia, frente a frente com o objecto. Desobrigou o pensamento de estacionar na matéria de interesse físico imediato, criou lugar educado na parte imaterial do ser humano e tornou maior a responsabilidade do ser sociável.
Se bem que a ciência, desamarrados, no Século XVIII, os estorvos impedientes de se estender à matéria, com toda a liberdade, tenha dominado o bem estar, universalmente apreciado, não desfazendo origens e devendo merecer mais atenção aos Homens de hoje.
A Grécia, foi concebida , tal qual as populações dos Continentes. Ajuntamento de famílias, rodeio de «tribos», escora de cidades e impérios. Dos poucos, enfaixar a força.
A actualidade, pretende desmentir. As minorias, surgem para criar bolsas de discórdia. Alastram a enfraquecer a ordem. Retornam ao princípio. Atrasam o civismo.
Até próximo.

Nº 91 AS LIÇÕES GREGA E RUSSA

Temo-nos demorado a alongar as principais saliências em duas nações que marcaram épocas e acenderam archotes a iluminar intelectos e esperanças.
A busca da faculdade de conhecer e julgar e a conquista das forças bravias da Natureza, foram sempre as atracções primordiais do ser humano, a consciencializar o trabalho para a sobrevivência da espécie. Produzir, foi, sem dúvida, a resposta prudente de «valer a pena».
Este encadeamento das nossas crónicas, levou-nos a escolher, em propósito, a Grécia e a Rússia, a sintetizar ilações e saberes, de que a História é pródiga a prestar contas, conquanto algumas alisadas e tendenciosas, para olvidar a realidade terrena e embelecer a inverdade do sistema ideológico.
Falam-se nas virtudes «gregas» que servem de exemplos aos séculos. Mas foi SOLON, indivíduo… nascido na Grécia, o corretor de desacertos, de abusos, de despautérios gregos, semelhantes aos similares crescidos no seio de todas as civilizações… PÉRICLES, sucedeu-lhe no equilíbrio social, mas não conseguiu escapar-se da falibilidade humana. Sem estes dois Chefes, todavia, a Grécia, dificilmente atingiria o apogeu da fama, na ordem e na coerência e, talvez nós não estivéssemos a usufruir a liberdade que hoje faz parte do nosso quotidiano. Nem a «democracia» se deixaria enredar em ambiguidades e palratórios, na facilidade dos profissionais «bem falantes».
Não fora SOLON, nem Péricles, mentores da ordem e moral administrativas. Seriam outros, em outras regiões…
Mas PERSONALIDADES, desagregadas da vozearia de opções e interesses de nomes votados no escuro das consciências.

À Rússia, o nosso apreço pela coragem experimental, de avanço no aprimoramento do tecido governativo, para proveito da multidão dos governados. Aguentou luta singular, de persistência extravasada na expectativa dum final vitorioso, no intuito de encorajar e fortalecer o seu povo, para vir a ser o orientador de todos os povos.
O excesso de ambição, como os excessos na generalidade, não recebem aplauso à primeira vista, mas confirma merecimentos, pelo muito que padeceu e pelos tumores malignos que ficaram para tratamento. Ilusões governamentais, impostas na martelada do poder, saem sempre muito caras ao obediente, dia a dia lutador, que as tem de pagar sem prazos previsíveis, nem quantos trabalhos acrescentados.
Apesar das vicissitudes internas, a Rússia só veio a exteriorizar as falhas ideológicas, que espartilhavam os cidadãos, em 9 de Novembro de 1989. Caiu o «Muro de Berlim» e a verdade, espremida como pus infeccioso, pode sair do invólucro atarraxado à policia do Estado
Pelos anos 1960 a 1980, a enigmática Rússia, liderava as atenções do Mundo e não perdia terreno, no frente a frente da «guerra fria» com o portentosa América. Se bem que a América abrisse as portas à liberdade e mostrasse, ao vivo, o seu modo de ser, era para a Rússia misteriosa que a «malta nova» ponha as suas condescendências.
Portugal, não foi excepção. Entrou de rompante no período errático dos adolescentes. A paz existente, convidava ao reavivo dos movimentos pós 1910, para concretizar o que o Dr. António José de Almeida, anos antes tinha afirmado: Bastava a substituição da Monarquia, pela República, para todos os males portugueses desaparecerem, para todo o sempre.
Com actuações entusiásticas, o Dr. AJ Almeida, foi presidente da República de 1919 a 1923. O Produto Interno Bruto, permaneceu semelhante. Os gastos em greves e revoluções, acicatadas pela Rússia, que queria mais uma voz no ocidente europeu, mais empobreceram a nação. Em 1926, o Governo Português, pretendeu um empréstimo da Sociedade das Nações, com sede em Genebra, então a pacificadora europeia, para amanhos financeiros. Portugueses, idealistas – ou da fatalidade doentia - nas irresponsabilidades, alfinetaram os Directores de que Portugal não necessitava ajuda. Para tirar a limpo, cinco representantes estrangeiros, vieram examinar as contas públicas portuguesas. Portugal, de facto era pedinte sabido e provado.
Concedido o pedido se… viessem representantes da financiadora, fiscalizar aplicações e importâncias…
Assim, não, respondeu o Governo Português.
Por simples coincidência, é do conhecimento público, que Portugal, oitenta anos depois, em 2006, mais conto, menos milhões, está na mesma posição ingrata, de querer pagar o que deve… mas sente a bancarrota à porta.
Procuremos tornar claro, estas nossas referências à Grécia, Rússia e Dr. António José de Almeida.
A Grécia, é um foco ilimitado de informes e deduções. Pôs à prova o valimento da ideia e tentou nivelá-la à sensibilidade humana, no arranjo das suas falhas e direitos. Não conseguiu, porque o produzido, estava abaixo do expendido para pagar o consumo mediano de manter a vida, na população sempre em crescendo. Teve o seu auge… para depois cair, até aos nossos dias.
A Rússia, manejada por Pedro e Catarina, subiu alto. Filósofos, escritores, matemáticos e outros que mais, predisseram que a sua base, poderia sustentar alturas maiores. Mas sem os Romanoff. ..
Liquidou-se o Czar e a Família, não ficassem resíduos desmancha prazeres. Já vimos na anterior crónica, que a substituição redundou em atrasos, mortes, experimentações de todos os géneros. Os dirigentes, solícitos, ajudaram todas as bolsas menos abonadas. Fizeram o que humanamente estava ao seu alcance. Encobriram ao Mundo o que lhes minava vitória. De nada valeu a diligência. O tal dia de prestar contas, chegou. Novembro de 1989… Surge a verdade: - O Produto Interno Bruto, era insuficiente para pagar… O mesmo que fora passado com a Grécia…
O Dr. António José de Almeida, no arrebatamento da BONDADE, de que era simples governar, depois da Monarquia, deixou o País que tanto amava, em situação financeira, pior da de 1910. O Produto Interno Bruto, era inferior ao que a ideia tinha concebido. Situação idêntica, à que havia desfeiteado a Grécia e a Rússia.
Até próximo.

Nº 90 GRÉCIA… RÚSSIA… MODELOS QUE FORAM…

Exemplo, é meio caminho andado para chegar ao ponto de encontro do conceito com o facto concluído. Nas suas épocas, tanto a Grécia como a Rússia, expendem conselhos correctores das disparatadas fendas, por onde se escoam a ponderação e o senso de modernizar, o actualizável.
Os gregos, ao pastorearem as reses para sustento do corpo, ou remavam para a pesca ou comércio, olhavam o céu, os montes, os mares e procuravam explicações para os fenómenos da Natureza exigente de esforço de sobrevivência, no território desabrido que lhes calhara em sorte. Na agressividade do trabalho, medrou a faculdade de compreender, Donde se conclui, ser a ocupação manual ou intelectual, as vias complexas, mas disponíveis, para atingir a razão, a harmonia e o senso. A guerra e a paz, fizeram parte da sua aprendizagem humana. A pilhagem, também, pois a fome quando dói, liberta o braço para agarrar o alimento mais à mão.
A Grécia, deu provas de entender a estabilidade entre os habitantes de duas cabanas, estendendo-a, por igual, aos milhares que se juntam em cidades e países. E com cacos de cerâmica inutilizada, fazer votos para escolha dos preferidos para assumirem a administração dos bens pertencentes à comunidade. Foram esses «cacos» que deram «votos», quando acertaram na escolha da inteligência para governar, que aos poucos, descolaram o «ego social», dos «egos individual e familiar», dando azo ao alicerce da igualdade.
De fase em fase, chegou a vez a SOLON ( 640-560 AC). Sob o seu comando, se chegou mais perto do que viria a ser a democracia.
Depois de um intervalo de 68 anos, surgiu Péricles (492-429 AC). Imperou na cidade de Atenas para lhe dar o aspecto democrático e de grandeza que havia sonhado. Facultou a igualdade entre os cidadãos. Mandou remunerar quem exercesse funções públicas.
Há, todavia, uma linha a suster a obsessão democrática. Cremos serem as opiniões de Platão e Aristóteles, referenciadas na crónica anterior, merecedoras da nossa atenção: - «Péricles tentou lisonjear a plebe».
Foi, porventura, o «Ditador Péricles», quem doutrinou a democracia na Grécia. Tentou e conseguiu ser estimado. Distribuiu dinheiro à plebe. Na pequena Ilha de Delos, um santuário arrecadava as ofertas dos peregrinos. Péricles tomou conta delas e… evaporou-as em benesses que lhe aumentaram o afecto dos beneficiados. A «Liga de Delos», como era chamada a administração do «santuário», dava à Ilha, grande movimento religioso. Depois… até hoje, ruínas e pobreza espalham-se na rusticidade do chão abandonado…
Péricles, enamorou-se da democracia, deu-lhe casa e pucarinho, para se abrigar dos maus fados. Conseguiu popularidade, enlevou-se na ideia de engrandecer a Grécia e agradar à multidão, avara de ganhos.
Tornar-se popular, repartindo a uma parte da população, o que pertencia a todos, sem acautelar a maioria, não será, obrigatoriamente, ser «demófilo», ou seja, «Amigo do Povo».
Péricles mereceu elogios ... A Grécia, por uma banda, tem motivos, para agradecer. Talvez tenha pago caro, a outra banda...

Passemos, agora, à vista de olhos, na Rússia, interrompida no final da crónica anterior.
Não obstante, a produção russa não atingir valores suficientes, para enfrentar dificuldade extras, a Rússia emproou-se a proteger os «amigos do coração», na guerra civil espanhola, de 1936/1939. No meio da contenda, esses «amigos»,mandaram para a Rússia parte do «erário público espanhol» para não cair nas mãos dos franquistas. Consta-nos que o total não regressou ao seu dono. Também crianças espanholas, foram «exportadas» para a Rússia e por lá ficaram, sem terem visto riquezas à sua volta, até hoje.
Em 1938, foi assinado pacto de não agressão germano soviético e outro em Abril de 1941, com o Japão. Tal não impediu de a Alemanha atacar a Rússia em 22 de Junho de 1941, esta sofrer durante dois anos e só em 3 de Fevereiro de 1943, ter oportunidade de expulsar os invasores, em Estalinegrado. Num ímpeto de valentia e resistência, o exército russo encontrou-se no Rio Elba, com o americano, em 8 de Maio de 1945, derrotando a Alemanha, de Hitler. As tropas soviéticas e americanas, libertaram, juntas, a China, a Indonésia, a Birmânia e a Coreia. Empreendimentos de grande mérito internacional, fascínio tira dúvidas da admiração do regime que conseguira tamanhos feitos.
Só em 9 de Novembro de 1989, com o derrube do «Muro de Berlim», se abriu, de par em par, a porta secreta que comunicava com a realidade soviética, mostrando ao Mundo os sacrifícios escondidos de todo um Povo, para rotular progressos ideados, por meio de uma propaganda de perfeição excepcional.
Os séculos XX e XXI, abalofados com as mercês da ciência e da técnica, em comodidades e mobiliário de repouso, diversão, transportes e comunicações, sentaram-se na plateia do grande teatro da fantasia e puseram-se a delinear argumentos publicitários, para filmar as perfeições terrenas prontas a distribuir, magnanimamente, os princípios da acção governativa para atingir o bem estar geral, com esforços reduzidos.
A Europa, geralmente sobrecarregada com discussões de direitos a posses e heranças e às desafiadas guerras para as provar com morticínios copiosos, logo se propôs fazer greve geral a favor da tranquilidade e da mudança de refeições amiudadas e discursos inflamados, mais agradáveis do que trocas de tiros, bombas e remunerações. Visita para lá, ministro para cá e tudo ficaria saldado em contas de amigos.
Essa imaginária «Boa Nova», correu em todas as direcções e, inevitavelmente, influenciou as idades de obtenção de ganhos mais fáceis, da rapaziada mundial e, em particular, a portuguesa, desejosa de afugentar os perigos a que se tinham sujeitado os antepassados, para conseguirem os sustentáculos de independência do pequeno País, à beira mar plantado.
A Rússia era uma esfinge, um enigma fabuloso e geria «boatos de desconfianças», contrapondo batalhas a ganhar, como metas para a perfeição no futuro. Por isso, ocupava a curiosidade da gente que desejava mais do que guerras e incertezas.
No véu, que lhe cobria o rosto e a verdade interna, estaria a salvação da estabilidade do Mundo que teimava em ser livre.
O desabamento, custou a acreditar…A máscara mal parecida e arrogante do efémero, surgiu acabrunhada, arrependida do fingimento demorado em demasia, para colaborar com os mansos, amigos da confiança entre as nações e da segurança na paz do velho continente.
Onde estará a crença?...
Até próximo.

Nº 89 A GRÉCIA…A RÚSSIA… E… GOVERNOS…

A Grécia, convocada a apresentar candidatura de boa prestação de governo de nações, durante o regime de afectos democráticos, de boa vontade cedeu os informes pedidos. Terá sentido alguma estranheza ao solicitado, face à sua recente posição, pouco abastada, em relação às colegas mais ou menos distantes, onde ocupava a cauda, no rigor de gerência, na prestação de contas.
Não esquecia ter havido períodos de a religião e a política, não interferirem nos administradores públicos. A vivência em ilhas, era um atraso não favorável a reuniões, para discutir procedimentos e leis. E as altas montanhas da metrópole, faziam perder tempo em excesso para encontros, onde a seriedade dos serviços a prestar, não mereciam tantos sacrifícios. Administrar, só consentia honestidade e consciência. Era o preciso ter com quê… para por em prática…justiça e nexo
A Grécia, também se lembrava, que na História da sua vida, os períodos de real evolução e desapego da magra sorte, se tinham efectuado, nos mandos de SOLON, ( 638-558 A.C.), que, sob a concentração dos poderes públicos, resolvera os crescidos problemas, redutores dos direitos que a todos pertenciam, elaborara uma constituição, acrescentando rectificações em vários ramos do tecido público e privado. Seguiu-se PÉRICLES ( 490-429 AC), que dizem ter sido o maior dos estadistas que dirigiram o destino ingrato de uma Nação com a maior extensão de costas do mundo, em relação à superfície. Por contraditório que pareça, foi sob a autoridade de o poder executivo, manter em respeito o legislativo, que as inteligências das classes sociais, puderam concorrer a todas as funções públicas. até então, só permissíveis à mais elevada. Todos os funcionários, passaram a receber ordenado pelos seu serviços. Todos os gregos possuíam os mesmos direitos.
A chefia de Péricles, fortalecendo a marinha e as restantes forças armadas, trouxe à Grécia riquezas provindas de vitórias sobre os persas e povos limítrofes. Inteligência insatisfeita e solta de estéreis «caldos políticos», com os valores pilhados aos vencidos, predispôs-se a restaurar templos destruídos, mandando erguer outros, de traça nacional. Atenas impôs-se, magnificente, no Mundo e não mais deixou de ser «símbolo» e museu de arte.
A literatura, as belas-artes, a filosofia, tudo o que enobrecesse o desenvolvimento intelectual, tiveram livre acesso na sociedade grega. E se reproduziram no orbe terrestre para todo o sempre.
Foram tais as transformações constitucionais, promovidas por Péricles que, ao período activo na política de cerca de 36 a 38 anos, a História lhe chamou de Século… «O Século de Péricles».
Descendo ao vulgo, Péricles obteve críticas. Boas e menos bem imaginadas. Platão e Aristóteles, acusaram-no de lisonjear a plebe. Igualar o mérito intelectual, não terá sido a causa. Mexer nos ordenados, distribuindo-os a grande massa de funcionários, sem a correspondente entrada de igual valorização no erário público, poderá ser o pretexto da decrescente economia grega.
A moda de referenciar o jeito de governar grego, de há 2700 anos, para, livremente adulterar o que deveria pertencer à ciência, à técnica, à experiência dos séculos XIX, XX e XXI, é uma retrogradação de indiscutíveis inteligências, para «levarem a água ao seu moinho». O moinho privativo, que faz a farinha do ganho individual no salário e dos grupos de amigos do pensamento.
Foi por estar neste uso corrente, o meio social grego, que SOLON, foi convidado para governar… e resolveu.
O sofrimento, nem sempre deixa marca na memória, suficientemente profunda, para não ser repetido. A Europa é um modelo de teimosia e amnésia Se lhe dá na «mola» executar, ou imitar, ou ainda, ouvir frases entusiásticas e seguir um primeiro arrebatamento de simpatia, fecha os olhos e atira-se «de cabeça», sem mais pensar nos conselhos do passado, só parando depois dos factos consumados.
A Rússia de 1917, tinha conhecimento do que acontecera em 1789, na França. Começada uma sublevação, amontoada de problemas sociais, o período , até chegar à acalmia, descreve toda a sorte, ou falta dela, de acontecimentos que envergonham o ser que afirma entusiasmar-se com a paz.
Na França, a máquina – a guilhotina – industrializou a morte. A lâmina decepou as cabeças – pecadoras ou inocentes - que lhe chegavam, dominadas pelo «terror», nas carroças dos odientos cabecilhas.
Na Rússia, as máquinas –espingardas e metralhadoras-, entraram no laboratório de especializações, qual matava mais certeiro. Ensanguentados os cursos e padecidos os mestrados, o repouso impeliu a Rússia à tomada de «poses» conspícuas e atraentes, para dispor de púlpito, para falar alto quando o entendesse. E pregou, em audiências entusiastas e comovidas.
Em 1914, a Rússia ocupava o quinto lugar, como potência mundial.
De 1917 em diante, saiu da conflagração europeia, para poupar vidas, mas enfiou-se na implantação do novo regime, que lhe sepultou milhões. Redigem-se reformas na Agricultura e Indústria. Avanços, trémulos e imprecisos e retrocessos, por enganos e desoras, nos efeitos, até que em 1924, a agricultura consegue nivelar-se a 1913… Onze anos de martírios improdutivos e tormentos na classe rural…
Organizaram-se planos quinquenais e definiram-se colectivizações. Em 1935, quase sufoca o défice orçamental. Apesar dos problemas económicos internos, que poluem a imperfeição do disfarce, o Plano Marshall, é recusado, com soberba e retumbância para o Mundo ver . No entanto, o PIB, na Rússia, correspondia a 30%, dos E.U.América…em 1950/1960, aumentando para 40%, em 1976/1982
Em 1957, o envio do primeiro satélite artificial - o sputnik- e em 1961, do cosmonauta Gagarine percorrer a primeira órbita celeste por um humano, incendiaram a juvenilidade estudantil e dos que não ultrapassam esse período de aprendizagem. Mais não indo adiante, por carência dos milagreiros e restauradores capitais que atingem os complementos científicos e entopem os carrilamentos técnicos.
Estas demonstrações de grandeza, todavia, entusiasmaram os liceus, universidades e não só, o Mundo inquieto com postos de trabalho, que é o que verdadeiramente conta na plebe virada à rotina da família e à indiferença nas obrigatoriedades do cidadão.
A partir de 1986, as malhas mafiosas, apropriam-se de parte do comércio e provocaram pobreza. Em 1992/1997, há profunda recessão. O produto interno, não preenche o consumo.
Esta crónica, já dispõe de pouco espaço para terminar. Falta, ainda matéria para escrever. A satisfação que nos cumpre dar, para já, ao leitor paciente e amável, resume-se em melhorar a ideia.
- A luz que a Grécia derrama no mundo, vai para os 3.000 anos, toma parte importante no que somos de civilizados. Mas, se quisermos, corresponder, nos Séculos XX e XXI, aos efeitos práticos que agucem a nossa altivez ou a oca vaidade de, por gozarmos à larga, do desenvolvimento da ciência e da técnica, somos mais capazes de discernir o que convém ao cidadão comum, cumpre-nos retirar da nossa caixa craniana, pensamentos, ainda mais puros e proveitosos dos derramados pela sabedoria grega. Aprender de cor e repisar frases bonitas, não dá para esmaecer a sombra que nos vai borrifando a realidade.
Até próximo.

Nº 88 A REALIDADE… É. A IDEIA… SERÁ OU NÃO...

Administrar, tem muito a ver com a prudência, o cálculo matemático, o padrão moral, a denúncia do espírito, o aperfeiçoamento cívico, a consciência social, medições das consequências, instrução a rodos, etc. e… educação. Se no etc., não constar todos os requisitos, que se aumente a dose da… educação, pois é medicamento imune a transmutações, somente susceptível a «cantigas de embalar».
Naturalmente, sem oposição, os políticos tomaram conta dos seus afazeres. Aos poucos, preencheram as vagaturas, que iam encontrando, absortos no cumprimento de utilidade nos resultados. Validar o pensado, era a coroa de Glória, a servir na bandeja da lógica, na convivência humana. Nada se apresentava complicado.
Dar, estava escrito em todos os compêndios, como a mais elevada expressão dos sentimentos caridosos, . Repartir, do mesmo modo, seguia no mesmo circuito da oferta, necessitando, porém, da rectidão dos números, de esquadro, compasso e saber… saber manejá-los.
A convergência de todos os meios ideológicos, conciliadores da massa heterogénea que mora e informa o Mundo, desagua no lago, de nível constante e abastecimento perene, do Produto Interno Bruto. É uma grande superfície, isenta de condições atmosféricas adversas, habitada por gente pacata, cumpridora das leis em vigor , pagante dos impostos devidos, sem «furos» de carestias ou crises financeiras. As águas alimentícias corriam constantes e seguras.
Por conseguinte, tamanhos princípios fundamentais da lógica, serviam de base a qualquer espírito, tendente a acertar o que estaria duvidoso à ignara gente que compunha o Povo.
Ademais, era só reler, o que inteligências de excepção, tinham tido a perseverança de advertir e rebater, nos Séculos XVII, XVIII, XIX e XX, o que não merecia controvérsia. Os escritos eram claros, por em prática, ficava a cargo de « quem sabia interpretar» posturas complexas. Seriam os políticos… que percebiam desenvencilhar-se uns com os outros de enigmas de «ferir lume»…
Na nossa crónica nº 85, referenciámos «Escolas, nomes e datas dos principais animadores». Actualmente, continuam a ser apontados como «mestres» da ideia. Com razão. Pois que acertariam, em cheio, na solução dos problemas que atormentaram Cristo e os apóstolos, se… se a coisa produzida, existisse, em igual proporção da inexistente « não coisa ideada». SER, merece o apalpão, NÃO SER…nem odor.
Ovo, é «coisa» de valia… galinheiro vazio…nem coisa, . nem ovo.
Sobrepuseram-se escolas, na mestrança das questões. Recordemos um só representante de cada uma:
Escola Clássica: Adam Smith; Século XVIII
« de Economia Nacialista: List; Século XVIII
« Socialista: Proudhon; Século XIX
« « Científica: Karl Marx - Século XIX
Sem excepção, dedicamos a estes Homens admiráveis, o respeito que lhes é devido, pelo intento e pureza humana. Foi na mescla ideogénica de tais «Mestres remexidos da consciência» que os políticos assentaram apoiar a defesa das classes operárias e da Lei.
Entusiasmaram a ciência, a técnica, o trabalho, o estudo, para entrarem em competição com os estatutos rudes das normas que regem a Natureza.
Produzir quantidades suficientes ao abastecimento das populações, passou para o dever maior dos «direitos humanos». A legitimidade de receber, não se diferencia da obrigação de dar ajuda moral, pecuniária ou científica, a quem delas necessita.
Direito, não é um lucro individual, singelo ou premeditado. Carrega o «peso pesado» de corresponder a «pessoa» que terá de, olhos nos olhos, não dever favores a outra «pessoa. Porque também deu e terá gosto de dar, quando se lhe proporcione ocasião.
Todos as «Escolas» referenciadas acima, tiveram e mantêm discípulos entusiastas a acompanhar os critérios a que dedicaram preferência.
Karl Marx, como foi o último e a esmiuçar contas, apanhou para a sua escola o indicador de «socialismo científico». Foi, sem dúvida, um degrau que subiu, pela mão de Lenine e seu sucessor, Estaline.
A Rússia, acreditou e valeu-se da deposição e extermínio dos Csares, para aproveitar a oportunidade de por à prova os ideais excelentes que previam resultados além possíveis.
Nada mais natural, em período de guerra perdida e hipótese de regeneração, num instante que não facilitava demoras a pensar.
Nós acreditamos, em absoluto, na «boa mente« dos revolucionários russos, em 1917. Havia «pontos de costura», em Marx, que poderiam resolver «pontos na retórica» de Lenine. Um, não eliminava o outro. Em tudo, se davam «pontos», para acabar com a injustiça dos Csares, mortos «por justa causa»...
As condições administrativas, não permitiam hesitações. A cartada estava jogada e tinham de dar certo, as opções baseadas no socialismo científico. Populações, em rebanhos, transferiam-se a «tapar buracos» estratégico/comerciais ou culturais, sem o rendimento prático profetizado; adversários políticos audaciosos, contradiziam êxitos e finalidades, terminando dizimados por processos fora da colecção dos textos benquistos para todos… Enfim, a foice, cortou trigo e erva daninha, molhando-os como grão utilizável e o martelo bateu na «cunha» política para acomodar sentimentos, interesses e aparências.
Passa… que já é demasiado…
Até próximo.

Nº 88 A REALIDADE… É. A IDEIA… SERÁ OU NÃO...

Administrar, tem muito a ver com a prudência, o cálculo matemático, o padrão moral, a denúncia do espírito, o aperfeiçoamento cívico, a consciência social, medições das consequências, instrução a rodos, etc. e… educação. Se no etc., não constar todos os requisitos, que se aumente a dose da… educação, pois é medicamento imune a transmutações, somente susceptível a «cantigas de embalar».
Naturalmente, sem oposição, os políticos tomaram conta dos seus afazeres. Aos poucos, preencheram as vagaturas, que iam encontrando, absortos no cumprimento de utilidade nos resultados. Validar o pensado, era a coroa de Glória, a servir na bandeja da lógica, na convivência humana. Nada se apresentava complicado.
Dar, estava escrito em todos os compêndios, como a mais elevada expressão dos sentimentos caridosos, . Repartir, do mesmo modo, seguia no mesmo circuito da oferta, necessitando, porém, da rectidão dos números, de esquadro, compasso e saber… saber manejá-los.
A convergência de todos os meios ideológicos, conciliadores da massa heterogénea que mora e informa o Mundo, desagua no lago, de nível constante e abastecimento perene, do Produto Interno Bruto. É uma grande superfície, isenta de condições atmosféricas adversas, habitada por gente pacata, cumpridora das leis em vigor , pagante dos impostos devidos, sem «furos» de carestias ou crises financeiras. As águas alimentícias corriam constantes e seguras.
Por conseguinte, tamanhos princípios fundamentais da lógica, serviam de base a qualquer espírito, tendente a acertar o que estaria duvidoso à ignara gente que compunha o Povo.
Ademais, era só reler, o que inteligências de excepção, tinham tido a perseverança de advertir e rebater, nos Séculos XVII, XVIII, XIX e XX, o que não merecia controvérsia. Os escritos eram claros, por em prática, ficava a cargo de « quem sabia interpretar» posturas complexas. Seriam os políticos… que percebiam desenvencilhar-se uns com os outros de enigmas de «ferir lume»…
Na nossa crónica nº 85, referenciámos «Escolas, nomes e datas dos principais animadores». Actualmente, continuam a ser apontados como «mestres» da ideia. Com razão. Pois que acertariam, em cheio, na solução dos problemas que atormentaram Cristo e os apóstolos, se… se a coisa produzida, existisse, em igual proporção da inexistente « não coisa ideada». SER, merece o apalpão, NÃO SER…nem odor.
Ovo, é «coisa» de valia… galinheiro vazio…nem coisa, . nem ovo.
Sobrepuseram-se escolas, na mestrança das questões. Recordemos um só representante de cada uma:
Escola Clássica: Adam Smith; Século XVIII
« de Economia Nacialista: List; Século XVIII
« Socialista: Proudhon; Século XIX
« « Científica: Karl Marx - Século XIX
Sem excepção, dedicamos a estes Homens admiráveis, o respeito que lhes é devido, pelo intento e pureza humana. Foi na mescla ideogénica de tais «Mestres remexidos da consciência» que os políticos assentaram apoiar a defesa das classes operárias e da Lei.
Entusiasmaram a ciência, a técnica, o trabalho, o estudo, para entrarem em competição com os estatutos rudes das normas que regem a Natureza.
Produzir quantidades suficientes ao abastecimento das populações, passou para o dever maior dos «direitos humanos». A legitimidade de receber, não se diferencia da obrigação de dar ajuda moral, pecuniária ou científica, a quem delas necessita.
Direito, não é um lucro individual, singelo ou premeditado. Carrega o «peso pesado» de corresponder a «pessoa» que terá de, olhos nos olhos, não dever favores a outra «pessoa. Porque também deu e terá gosto de dar, quando se lhe proporcione ocasião.
Todos as «Escolas» referenciadas acima, tiveram e mantêm discípulos entusiastas a acompanhar os critérios a que dedicaram preferência.
Karl Marx, como foi o último e a esmiuçar contas, apanhou para a sua escola o indicador de «socialismo científico». Foi, sem dúvida, um degrau que subiu, pela mão de Lenine e seu sucessor, Estaline.
A Rússia, acreditou e valeu-se da deposição e extermínio dos Csares, para aproveitar a oportunidade de por à prova os ideais excelentes que previam resultados além possíveis.
Nada mais natural, em período de guerra perdida e hipótese de regeneração, num instante que não facilitava demoras a pensar.
Nós acreditamos, em absoluto, na «boa mente« dos revolucionários russos, em 1917. Havia «pontos de costura», em Marx, que poderiam resolver «pontos na retórica» de Lenine. Um, não eliminava o outro. Em tudo, se davam «pontos», para acabar com a injustiça dos Csares, mortos «por justa causa»...
As condições administrativas, não permitiam hesitações. A cartada estava jogada e tinham de dar certo, as opções baseadas no socialismo científico. Populações, em rebanhos, transferiam-se a «tapar buracos» estratégico/comerciais ou culturais, sem o rendimento prático profetizado; adversários políticos audaciosos, contradiziam êxitos e finalidades, terminando dizimados por processos fora da colecção dos textos benquistos para todos… Enfim, a foice, cortou trigo e erva daninha, molhando-os como grão utilizável e o martelo bateu na «cunha» política para acomodar sentimentos, interesses e aparências.
Passa… que já é demasiado…
Até próximo.

Nº 87 A GRÉCIA… A POLÍTICA E O MODELO DA PRAXE

O pequeno pais situado na parte meridional da Península dos Balcãs, constituído por mais montes que superfícies aráveis, não facultou a quem o quis habitar, folgas preguiçosas, no alcance de pão e saúde.
Pois, apesar do solo e clima desabridos, a instalação dos neurones, calhou bom alojamento no exercício de funções «para que foram indigitados», assumindo responsabilidades, divulgando rumo ao ensino e dando pistas ao discernimento e à coerência.
Ora, os gregos, porque já usavam bolso – ou bolsa, ou receptáculo de pano onde se guardavam objectos pessoais, inclusive, moedas, se as havia - e pesavam as despesas para poderem comer e conservarem cidadania, repararam que os intrometidos na administração da «coisa pública», sempre estavam habilitados a diferençar, quando se tratava dos seus interesses que dracma valia seis óbolos, que 100 dracmas, valiam uma «mina» e 100 «minas», um talento. Mas se o trato abrangia o colectivo, baralhavam os valores e faziam-nos seguir destinos não inscritos na função. Isto é, nem todos se apegavam muito a prestar contas ao inocente que as pagava.
Então passaram a atribuir-lhes classificações de acordo com as participações comunitárias, «limpeza higiénica» privada e explicações dos caminhos extravagantes que os trocos tomam, enquanto não é paga a conta do merceeiro: - de administradores óptimos, muito bons, bons, suficientes, medíocres, maus e péssimos.
Como intróito, atribuíram o nome de «Tirano», porque se a princípio eram 30, o número foi descendo até ser um só a responder pelos seu actos. Quando, porém, pelo aumento das populações, muitos mais pessoas teriam de intervir e os «tiranos» perderam a fama, inventaram uma só referência, para definir a « verdadeira imaginação doutrinal». A extensão do significado, mereceu de Aristóteles, ser o primeiro a escrever livro sobre as autênticas intenções em dinâmica, diplomacia, legislação, direito administrativo, que assinalou de: A POLÍTICA.
Políticos, seriam chamados os que a servissem e a arte de representar, intitular – se - ia, à maneira de Aristóteles.
Os romanos, na pressa das conquistas, não se preocuparam alterar a palavra, deixaram-na ficar, visto se enquadrar nos administradores que iam semeando no império crescente. E depois dos romanos… o plagiato, para respeitar o vocábulo.
Em seguida a esta breve passagem pela Grécia, para reaprender o significado da palavra mais referida na Europa e… em Portugal, passemos a tornar mais claro, o nosso modo de observar assuntos passados e deduções tiradas dos efeitos da realidade presente.
Em 1789, governava a «realeza» e os amigos mais chegados que forneciam os colaboradores na administração, denominados «nobres». A Revolução, concebida para clarear responsabilidades, fez uma «limpeza geral». Restaram poucos e os que escaparam preferiram arrefecer os ânimos, evitando, assim, maiores desgastes para revalidar influências. As «impurezas» que desfeavam as sociedades, receberam jactos de perfumes para criarem uma sociedade nova, vigorosa, ascendente ao bem estar dos «sem colete», ou sem vestuário completo.
Na governança das nações, sempre se discriminava uma camada social, próxima das cúpulas, a fornecer os elementos mais aptos para conseguirem as harmonizações possíveis, no emaranhado dos pareceres.
Abatida a Nobreza, considerada avelhentada, incapaz e perturbadora das ansiedades dos humanos em sociedade, outra classe, essa então com todos os quesitos de sucesso, teria de se apressar na ocupação do lugar vago, apetecível para demonstrar que o passado se tinha entretido com bagatelas egocêntricas e nocivas, todavia sanáveis, na amplitude da competência, da sabedoria e… com os padrões do quilo e do metro em cada mão. Seria o advento do martelo da justiça, a bater forte e certo, no tribunal da aspiração humana.
Entra um, sai outro, nunca faltou gente para ocupar postos vagos.
A desfiguração de capacidades capazes, contudo, não correspondia ao que estava no ouvido das massas, compreensivelmente a gastar paciência, até lhe entrar em casa, o que constava existir quantidades, em outras de maior sorte e haveres rendosos, destinados ao viajante, pedinte de direitos. Algo indefinido, se recusava a aparecer, na defesa dos profundos pensamentos dos Homens que tanto trabalho sacrificaram a escrever os métodos do bem social, de qualidade evidente e perfeição das virtudes solenes e finitas
Pondo termo a indecisões, regressou-se ao País robusto em ideias e que era um símbolo a copiar no presente, para endireitar o futuro. Boa sugestão. A Grécia tinha muito a dar, se bem que não vivesse entre riquezas, nem as tivesse herdado de algum Arquimedes, que gritasse «Heureca», ao pastar ovelhas de gestação multiplicável, ou pescasse cardumes pela graça do milagre, ou, ainda, que comercializasse fortunas, à boa sorte de milionários Onassis. O destino tem destas coisas, por justa fama que promova… só dá o visível e criador.
Mas o conselho era válido. A camada social a substituir a nobreza», seria a encarecida por Aristóteles, um pensador sublime, com afinidades intelectuais de belezas cristãs.
Consumada a ausência da «nobreza» nas administrações da república, da lotaria e do trabalho, outra espécie de dirigentes se postou a ocupar a vaga em aberto. Foram os «políticos», formados para convencer.
Até próximo.

Nº 86 IDEIA … O DESAFIO DE SER HOMEM

Razão, a faculdade de discernir… o bem, oposto ao mal, o médio, preferível à fantasia e à tristeza.
Da razão, brota a ideia, o bem maior do poder de escolha. Enquanto não pisa a linha que a separa da matéria.
Dificultoso descrever os favores prestados pela ideia. Ela conduz o lápis que desenha as letras pelas mãos dos escritores; nas pranchetas arquitecta as construções; nos momentos azados defende vidas; inventa para facilitar esforços; colocou as notas a Shubert, Beetoven, Bontempo; guiou os riscos na areia, a pintura nas cavernas, a Miguel Ângelo, a Fra Angélico, a Grão Vasco; predisse o voo, subiu aos céus… desce ao fundo dos mares, Quantas vantagens preconizou, fez construir e conseguiu efectuar… E tem ainda farta reserva para as emergências...Quantidades incomensuráveis…
Imparável carreira a conduz, de influência directa a favor da vida.
Por muito que lhe custe, porém, atinge o limite. Quase… quase se confundiu com a matéria… mas … mas não pode transformar-se no corpo que se desenvolve molécula a molécula . Esse quase contacto, todavia, desvirtua-lhe a argúcia e a precisão no seu conteúdo de avaliar as leis naturais, morosas e atempadas.
A ideia, deserdada de formato, destituída de constituição atómica, que nem com o éter se deturpa ou mistura, na Natureza, é a força mais poderosa e acutilante, nas manifestações referenciadas ao humano. Tolera a interpretação de que é matéria, o que nunca pode ser. Daí, contudo, de tanto intervir, convence, se um tem propriedades definidas, aceita-se acompanhamento igual de ambos. Onde estiver a ideia, estará a matéria pronta a satisfazer, com todos os seus ingredientes, para uso e glória da humanidade….
Satisfeito o homem pouco afeito ao estudo, mas necessitado de salário para compra dos materiais alimentares e porque não sabe muito mais, bate palmas à ideia, salvadora da paz e harmonizadora de antagonismos na produção, não obstante, permaneça escrava sem indulgência, das leis que regulam o Universo.
As opiniões, porém, contentadas com este simples termo, juntam-se em grupos, desfraldam bandeiras de cores berrantes, gritam frases decoradas no interesse da classe, defendem e morrem, em nome do milagre da ideia vir a ser transformada na promessa de preços liberalizados nos mercados abertos à eliminação das necessidades do fracola corpo humano.
Eis, como uma obstinação, provocou uma falsa vitória que, por sua vez, deu lugar ao «busílis» assombroso, que hoje adoenta as sociedades.
A ideia, nasce, volita, transmite o que lhe ocorreu, repete-se e multiplica-se, faz executar maravilhas ou publica nomes feios, sem usar sequer, apetrecho palpável. Vem e vai, no silêncio da inexistência.
Mas provoca reviravoltas em tudo o que existe. Bastantes vezes, corrompendo o positivo, para se espalhar no negativo desumanizado, extenso e incongruente.
Era, pelo sim, pelo não, o motivo que levava Rousseau a detestar a realidade. E quem diz, Rousseau, provavelmente se referirá a grande parte dos pensadores. A realidade, meticulosa a catar factos, chega a ser a antítese da ideia leviana a medir ao calhas, utilizando o padrão do «mais ou menos», mas no final, supondo tudo bem na sociedade imaginária.
A chusma de ideias a encarecer o necessário para satisfazer as condições físicas do Homem, que se foram avolumando dos séculos XVI ao XVIII, não caíram no saco roto do desleixo. Foram sendo reunidas, uma a uma, para uso urgente das multidões.
Embora envolvendo certa confusão, pela quantidade e qualidade dos distintos intelectuais, de mérito indiscutível, ainda hoje, válidas, tornou-se público, ser o « somatório dos valores acrescentados produzidos em cada ano, mais que bastante para o comum social.
Por pouco se não afirmava que na lavoura, as fases da cava, da sementeira, da colheita, se processavam na mesma ligeireza dos argumentos postos a circular, como futura legislação a oficializar. Haveria, simplesmente, que evitar abusos na repartição dos produtos colhidos, usando equidade para eliminar glutões e famintos.
Mais uma vez se chama Rousseau, a desabafar, abominando a realidade triste … pobre, ilusória… ofensiva à esperança da perfeição...
Superior faculdade de entender e exteriorizar, tinha a consciência, de que nem tudo o que idealizara, se coordenava com a marcha lenta dos condicionalismos das forças que obram no Universo. Impressionável à verdade, ele que faleceu em 1778, é de supor que se assistisse às consequências de 1789, desse à estampa, soluções que aliviassem os enganos, as pungentes revindictas, que estremeceram o Mundo nos últimos 11 anos do Século XVIII e princípios do Século XIX.
A Revolução Francesa, mostrou até à saciedade, o modesto rendimento da superfície europeia, para sustentar a população que a apeteça habitar. Evidenciou a força da ideia …gloriosa, excelente… decidida a proteger o ser predestinado a buscar companhia e a respeitá-la como a ele próprio. Mas, também, ministrou conhecimentos, incomoda e dispendiosamente práticos, do exíguo talento, da arte, da ciência, da técnica, para possuírem os mesmos predicados evolucionistas, dos conjecturados pelo circunspecto, afectado, libertino e para completar, volúvel pensamento.
As conclusões, se não foram pueris, ficaram muito aquém dos dotes intelectuais que remexeram no encruado em usos, hábitos e consciências. O materialmente útil e proveitoso, continua em suspenso até melhor qualidade:
A Monarquia, cedeu a cadeira a outros Homens e Mulheres, mas
Sem diferenças de agrado dos cinco sentidos;
Os Direitos do Homem e das Mulheres, recauchutagem da Magna
Carta de 1215, está a sofrer, nesta data, nova demão
quando começa e onde acaba;
O Produto Bruto, não cresceu o suficiente para designar o que toca a
Cada cidadão;
A Igualdade, não conseguiu ainda acatar o anúncio de Igual ;
A Fraternidade, anda à procura do Irmão;
A Liberdade, aconselha à construção de novos estabelecimentos
Prisionais.
Até próximo.

Nº 85 EUROPA ECONÓMICA… A EUROPA PALPÁVEL …

As primeiras investidas do Homem, aos meandros do conjunto dos conhecimentos coordenados, relativos à salvação da espécie, começaram muito antes de se tornar sedentário. O cansaço do nomadismo, o temor de surpresas, antes e depois de avistar o alimento, induziram ao vislumbre de haver processo de facilitamento nessa questão de teimar em viver. Era quase impossível resistir, contando com o acaso. Tinha de «puxar» por si e iniciar algo que lhe garantisse eficiência.
Foram os primeiros indícios, para ligar a abrangência das modificações naturais à satisfação das necessidades de um organismo franzino, em relação à aspereza exterior, implacável contra a timidez e cruel no atraso da diligência. Terá sido neste enquadramento, que borbulhou o sentido de gerir para simples subsistência, ou para assegurar a complementaridade dos bens essenciais e convertê-los em fruição permanente. Se assim aconteceu, de entendimento em evolução, no ano de 1615, o Senhor Antoine de Montchrestien, publicou uma obra que, pela primeira vez, intitulou de Economia Política. Depois deste - 143 anos de intervalo – o Senhor Quesney, em 1758, publicou o Quadro Económico.
Desde essa altura, o «palavrão» ECONOMIA, tomou assento nos lares, nas sociedades, na administração das nações, usando modalidades diferentes, conforme o critério da gerência: com travão, conflituosa, ou destravada, sem «rei nem roque».
A marcha do Homem para a civilização, na sequência de paragens ou retoma de esforço para subir as fases de aperfeiçoamento, está relacionada com o preparo do intelecto, para ir assumindo a responsabilidade de discernir o grau social. Isso se deu no esgaravatar os primeiros utensílios de ajuda na caça e no resguardo do corpo. E aí por diante, até a este marco evoluído, para atingir boa ordem na responsabilidade de possuir e administrar elementos essenciais à existência.
Vamos mencionar os principais intelectos que se dedicaram a este estudo novo, indicando as datas de nascimento e morte, por as considerarmos balizas importantes, nas ilações finais.
De escola clássica, surgem os nomes: Adam Smith (1723-1790:
Ricardo (1772-1823): Say (1767-1832; Malthus (1766-1834;
Stuart Mill (1806-1873).
De Economia nacionalista: List (1789- 1846); Carey (1793-1879).
Escola socialista : Saint Simon (1675-1755); Fourier (1772-1837):
Proudhom (1809-1865).
Socialismo científico: Karl Marx 1818-1883) : Friederich Engels
(1820- 1895).
Não conhecemos a obra de todos, nem para estas crónicas tem interesse as suas avaliações. Mas valerá retroceder na História, a precaver deduções caídas na vulgaridade.
A ideia, desde sempre, ocupou trono em inteligências solitárias, em todas as civilizações, que milénios e séculos, têm mantido até aos nossos dias. Mas tem sido repartida em períodos de maior ou menor paragem, de acordo com o amadurecimento da massa encefálica.
Poder-se-á entender, em nosso critério retirado da História, que do «ninho» de intelectuais, acarinhado por Luís XIV ( 1638-1715), eclodiu o poder da ideia, em Corneille (1606-1684), Racine (1639-1699), Molière (1622-1673), Lafontaine (1621-1695), Pascal (1623-1662), Bossuett (1627-1704), Fénelon (1651-1715) , Descartes (1596-1650), e outros mais, E que essa expansão se manteve acesa, até aos enciclopedistas D’Alembert (1717- 1783), Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778), Buffon (1707-1788), Turgot (1727-1781).
Esta torrente, volumosa e imparável, da expansão do idealismo, colocou na cauda da responsabilidade social, o alimento diário das populações, o produto resultante do trabalho e esforço, advindo dos reinos animal, vegetal e mineral. Tal a força atribuída à mente, que se considerava capaz de ter arrastado a parte material para a mesma igualdade consumível. Paradoxo, ainda hoje, em vigor.
Falha grave, quase no imediato, ao influir no fervedouro da caldeirada de 1789, tomando o cognome de Revolução Francesa. O Rei e a nobreza, tinham de completar o ideal a pronto, em serviços e valores.
Difícil ser prevista a emancipação da ideia, menos de um século antes, quando, ajoujada na mesma canga, pachorrentamente, acompanhava o produto sustento da vida, obtido da pastorícia, do cultivo e do minério.
Ideia e matéria, andavam juntas, compartilhavam a mesma canga de proporcionar ao Homem, os meios necessários e suficientes para manter vivo, este animal temeroso das dádivas da Natureza.
Reconhecido o mérito de ter sido cortada a trela à ideia, para livre, esvoaçar no etéreo, algo estranho aconteceu. E o que acontece, tem base na parte material a que o Homem se não pode furtar. O trabalho esforçado e permanente, para obter dos reinos animal, vegetal e mineral, o pão de cada dia, continuou sem alteração e com igual préstimo.
Conquanto a ideia se dispersasse na área de beneficiar a raça humana, a realidade não lhe atribuía o poder de materializar, fosse o que fosse, para agrado do seu fim teórico. Era muito vaga a afirmativa que confiava no companheiro e amigo, que é o produto que sustenta a parte física.
Será neste vértice, porventura, de convergência da ideia, vogando no etéreo ilimitado, de responsabilidade sem acção palpável e da matéria, que mata a fome e a sede, que residirá a controvérsia dos homens, nesta época de incertezas e malquerenças.
Os Homens juntam-se para comungar idealismos, com o pressuposto dos produtos alimentares estarem nas prateleiras a aguardar pretendentes.
No seu seio, nos mercados de compras e vendas, a Europa nunca conseguiu contrabalançar estes dois pilares de sustentação da economia, abastecedora dos povos, tranquilizante dos condicionalismos humanos.
Lutas e contratos de paz, têm comprovado pelos acontecimentos históricos, que a «ideia», ocupa «estação de serviço turístico», ao curioso de conhecer lugares distantes ou apetecíveis. A «ideia» aconselha, aponta, descreve…mantém conversação, resolve problemas, relembra o passado, imagina o futuro. Mas não calcorreia estradas na procura dos precisos para o estado de existir, desdenha o suor na cava para a semente, não assina escritura de compra ou venda. Não se transforma em barco ou avião para exemplificar o que vulgariza.
Por felicidade do ser que pensa, a «ideia» foi, é e será o melhor auxílio à sua sobrevivência. Virtuosa… mas… parcial…
Até próximo.

9 de setembro de 2006

Nº 84 CONGRESSO DE VIENA… PREPARO DE ASSINATURAS MOVEDIÇAS

Comecemos esta análise, em forma de crónica, da perturbação na arte de governar Estados, em moda nos tempos que correm.
Logo que haja referência à palavra «exaltação», a classe que se alcandorou em alta e a incontornável plebe, abrem alas aos que a sorte bafejou para vitória e atiram-lhes os títulos de «sapientes e extraordinários » no bem da Pátria. Os de «agora», são os activos e inteligentes, os de «ontem», viveram ao abrigo da incompetência e passividade. Os argutas de «hoje», sabem e tudo adivinham, os «velhos», viveram por questão de sorte, acabrunhados às carências e ensinados pela inabilidade. Abre-se conflito, entre o presente, o finório que nunca se atrapalha e o passado, o «anjinho» «sofredor» de maldades e traições.
Reaprender as reacções históricas, dos nossos antepassados, em nossa apreciação, servirá, para abrir o livro das misturas de pareceres, dentre decisões tomadas e tirar-lhe as dúvidas principais, que comicham nos ouvidos de curiosos, falhos de leituras.
Continuemos com a História «acontecida», para, melhor habilitados, tirarmos conclusões, um tanto mais seguras. Retomemos o desconjunto das «sentenças» do Congresso de Viena.
Depois de 1815, pouco além de meio século, mais de metade da superfície europeia, tinha desviado as fronteiras, em acordo com consentâneos ajustamentos, a nível linguístico, de raças, de interesses aprofundados em convivências de séculos. Os agrupamentos de pessoas, assim como as repulsas, servem-se de mecanismo próprio, nem sempre fácil de explicar e entender pelos mesmos vizinhos e casamenteiros.
No oriente europeu, a paz sempre foi «bem de pouca dura». Superfícies aráveis, exigentes para dar «pão e conduto», fundem os temperamentos, na forja do fogo e do martelo. Alimento é sagrado. É a vida. Não se brinca com a Família.
A Áustria e a Rússia, aproveitaram pequena fraqueza turca e abocanharam o que puderam. A França, a Inglaterra e o Piemonte, opuseram-se e a guerra da Crimeia, durou de 1854 a 1856. Perdeu o lado russo.
A Rússia, todavia, não tirava os olhos de Constantinopla, que já havia acalentado como sua, para dominar o Oriente. Meio esquecido o desgosto anterior, em 1871, rompe-se o tratado de Paris. Assinar e romper tratados, eram gestos que a arrogância desculpava. O Montenegro, a Sérvia, Bulgária, Romania, Rússia, de 1876 a 1878, divertiram-se a «petiscar» no território turco, cabendo ainda algum quinhão à Áustria e à Grécia, por questões de apaziguamento. Em 1908, a Bulgária, anunciou que era independente. Em 1912, coube à Itália, a vez de subtrair à Turquia e chamar seus, a Tripolitana e a Cirenaica. No mesmo ano, Montenegro, Sérvia, Bulgária e Grécia, para mostrarem que também eram gente, declararam guerra à Turquia e dilataram as suas fronteiras, em tratados de Londres e Bucarest, de 1913.
Em 1914, a Áustria, redige «ultimato» à Sérvia, pela assassinato do Arquiduque Francisco Fernando e faz explodir a Primeira Grande Guerra, para exemplificar que durante quatro anos, não era execrando matar e destruir, desde que fosse justificado o motivo de posse, no aumento territorial. Mais superfície arável, fazia parte da «arte de governar», na abastança dos povos.
A Europa, quando recebeu a responsabilidade de ser a dirigente máxima do Mundo, por ter aceite a herança intelectual, das diversas civilizações que a ela se foram juntar, promoveu-se a orientadora do desenvolvimento e depositária dos fundamentos nos preceitos legislativos da convivência de simples aglomerado de pessoas, ou num povo, ou entre todos os povos.
Dispensável será inferir, que à Europa, sôfrega de mais fartura na dispensa, e usando fundilhos para tapar buracos, nunca estiveram em falta, nem esquemas de jogos do perde ganha, nem prosápias de grandes títulos. «Vaidade e água benta», sempre tomou a quantidade das conveniências, só pecando, por amiudados excessos…
Por isso, ao proporcionarem-lhe ocasião, resolvia-se a fazer reformas, mudando as pedras mais cansadas de serem vistas e maior número de topadas tinham provocado, por outras de cor diferente, ainda não gastas pelo bater da sola.
O absolutismo dos reis europeus, não podia durar sempre, pois até tinha sido ultrapassado pelo irrequieto Napoleão. Para o combater, outra força teria de se interpor, com hipótese de êxito, Assim, nasceu o liberalismo, para corrigir os vícios e acertar as virtudes.
Os absolutistas tomaram a posição de defesa, mas prontos a atacar. Os liberais, entraram na forma dos pelotões de vanguarda, carregaram as espingardas, enfiaram as baionetas e correram a agredir quem se lhe opusesse. O choque provocou mortes…. Quantas ?...Milhares.?... Milhões.?...
Os soberanos, os absolutistas «pela graça de Deus», renitentes nos seu direitos, lutaram até lhes cair as coroas. Os conformados com as surpresas naturais que encadeiam os factos armados com armas de fogo, cederam a novos administradores, o lugar da autoridade.
Na cadeira real, outro arbítrio se sentou. Alguém, predisposto a emendar os desacertos malbaratados do passado e atingir a perfeição, prometendo as delícias e os favores de tudo o que existe.
A plebe, aguardou… aguarda…e guardará…Não se apercebe que a cadeira do poder, tem sido tomada, a maioria das vezes, pela vanglória de mandar e que desregramentos…são parte intrínseca do Homem…
Até próximo.

Nº 83 REAGRUPAR A EUROPA… O CONGRESSO DE VIENA

Desunir é simplificado na bofetada. Com mão, deixa marca na cara do recebedor e a ofensa fica por aí. Sem mão, dá choque imediato e agrava a sensibilidade no futuro.
Ferimentos e beliscões, só o tempo sara a ferida do sangue jorrado e faz esquecer a dor provocada por mãos de maldade intencionada. A resposta não chega no momento, leva o tempo de chegada da oportunidade, surgida no poder recuperar força maior.
A Europa, pelos vistos, aceita a herança do seu solo, subsolo e clima, para regular a manutenção dos seus habitantes. Mas, cautela, cada qual no seu canto e se contente com o que produz. Por tentação ou carência, se alguma entidade, lançar mão de bens pertencentes a outro mais farto, a mão sorrateira, sofrerá as consequências da arma que estiver preparada para o castigo.
O acabado de expor, explica a trambolhada de acusações, bofetadas e ferimentos que confrontaram as nações umas contra as outras.
Na Europa, sempre foi assim. As necessidades induzem algumas refregas, passageiras, as de pouca duração e as demoradas, por mais duras que sejam, acabam em abraços de amizade eterna e lágrimas com a lixívia, do que não seria resolvível no momento, para lavar os pecados maiores.
Desta vez, com as habitais boas intenções, os soberanos que escaparam das pelejas cruentas, reuniram-se na Áustria para resolverem as questões que as dividiam.
Chamaram às reuniões, em 1815, o Congresso de Viena. Nome pomposo e impressionável, para merecer crédito e aprovação, embora as roupagens interiores, dos proponentes, se apresentassem em mau estado e de aroma suado nas refregas.
Para marcar solenidade, nunca faltaram pompa e circunstância, nos tratados e reuniões de apaziguamento, na nosso Europa, presunçosa em ser capaz de passar do estado de guerra aberta, para o de paz como se nada tivesse sofrido com os balanços, os estampidos, as lesões e os enterros de «carne humana». Não sendo o europeu, muito condescendente com a paciência, o Congresso, não poderia esbanjar tempo a reter o pensamento para tomar decisões. Andar… andar era a inquietação principal.
Os mais fortes, satisfeitos com os resultados favoráveis, achavam que já se haviam gasto as principais ofensas que teriam votos para novas retaliações. E, vai daí, toca a cortar rápido e ligeiro, para cada representante seguir para suas casas, nos transportes que estavam a pagar hospedagem. Valsar, tanto poderia ser em Viena, como nos seus palácios com salas e orquestras.
A França, perdeu os territórios que havia conquistado, para a tornar mais robusta, quando tivesse de entrar em vias de facto e lhe melhorasse a garantia das refeições. A Inglaterra, a mais ardente inimiga da «Revolução»… e de Napoleão, engrandeceu o poder colonial, que já não era pequeno. A Rússia, retomou parte da Polónia e tirou fatias à Turquia. A Áustria, normalizou todas as perdas. A Prússia recuperou as províncias perdidas. A Alemanha formou a Confederação Germânica com 35 Estados. A Itália foi retalhada em numerosos Estados. A Bélgica e a Holanda, uniram-se num só Estado - Países Baixos. A Suécia e a Noruega, também foram reunidas numa coroa. A Suiça e a Espanha, readquiriram a independência. Portugal… diz uma História que readquiriu a independência, mas essa, custou luta e sangue, ao despedir Massena em 1811, conquanto tivesse perdido tesouros, autorizados a fazerem parte da bagagem de todos os militares invasores. Os fracos, contrariam as obrigações, recompensando … ou obedecendo, com valores a pronto, aos mais fortes…«caridosos» a receber o que lhes cumpria pagar.
Assim terminaram os trabalhos «importunos», do Congresso de Viena, para aproveitar a «oportunidade», de se resolverem os problemas europeus, enredados pela Revolução Francesa. Foi mais uma varredela, para baixo do tapete, que a limpeza apalavrada, como desejariam os donos da casa.
Manta de retalhos era a Europa antes, retalhos a drapejar ao vento da sorte, foi o que o escrivão da magna reunião traduziu para ficar registado.
Certifiquemo-nos ser a evolução um esquema de demorados ensaios de mesclas, para chegar mais perto da perfeição. O Congresso de Viena, não foi mais que um exemplo a experimentar, para se juntar a outros, caminhantes a acertar rotas.
Não nos elevemos a juiz, presidindo a julgar falhanços. Já antes e depois de 1815, quantas alterações têm tomado partido, sem se chegar a pleno aprazimento?... E as imprecisões, continuam… Não acusemos…
Os factos demonstraram, que o boa vontade de acertar, na fascinadora cidade de Viena, era irrealista, quanto às afinidades de raças, língua tradições históricas e interesses, truncadas por simples cálculo de rendimento ou simpatia.
A pequena nação, a Grécia, foi a primeira a lutar para ter um lugar independente. De 1821 a 1827, conseguiu recuperar a liberdade, ajudada pela Inglaterra, Rússia e França, reconhecendo estas, que se tinham enganado no Congresso de Viena.
Os Países Baixos, evidenciando antagonismo nas Línguas e nas religiões, tremeram a União obrigatória. A Bélgica, de língua Francesa e religião católica, em 1830, quis separar-se da Holanda, alemã pela raça e pela língua. Com o apoio da França, Áustria, Prússia, Inglaterra e Rússia, também com o «mea culpa» de 1815, permitiram a independência das duas nações em 1831.
A Itália, também se entusiasmou para a independência. Napoleão, transmitira o sentimento da unificação. O «Congresso», desfizera esta inclinação e voltara a fraccioná-la em diversos Estados. Tem História movimentada, reagrupar, a «bota» da Itália e incutir-lhe a alma de nação, ( de 1859 a 1870). Em 1883, constituiu, com a Alemanha e com a Áustria, a «Tríplice Aliança. Na guerra de 1914, coligou-se com os Impérios Centrais..
A Alemanha, que Napoleão, tentara unificar, dividida em 35 Estados, em Viena, formando a «Confederação Germânica», também reagiu ao enfraquecimento sofrido e determinou ser Império. Tem História tal reacção, porém desnecessária nestas crónicas. A Prússia, inconformada, provocou a unificação comercial da Alemanha – o Zoollverein , em 1834. Em 1848, o parlamento de Francfort, decretou a unificação. Em 1701 foi elevada a «reino». Em 1870, entrou em guerra com a França e… vence. Faz coligações com as nações do centro da Europa, provoca a guerra de 1914 a 1918, mas acaba por pedir a paz, assinada a 28 de Junho de 1919.
Talvez seja maçador, recordar a História Europeia, mas valerá saber, quais as dificuldades que o imbróglio actual, pode estar a criar no nosso futuro.
Por hoje, ficamos por aqui.
Até próximo.

Nº 82 … FACTOS… A LIÇÃO ESTUDADA…

Ninguém sabe tudo. Nem a memória retém a resposta para cada momento. Interpõem-se as lacunas que separam conclusões. A separação de advertências, requisita estudo e exemplo no texto do saber. Enfim, o absorvido, é a matéria de facto integrada no questionário, útil e seguro. A Confiança nas imagens das virtudes teologais, espelha-se na Fé, Imprime-se na Esperança, Humilha-se na Caridade. O Facto, decide. A Historia, lecciona, não deixa esquecer.
O núcleo intelectual desenvolvido no reinado de Luís XIV, ou a ideia a ultrapassar, em vagas ofensivas, o moroso crescimento da matéria, fez decepar a cabeça do neto, Luís XVI. Os borbotões de sangue, reformas e contra reformas, dos substitutos, deveras enfronhados na crítica, mas incipientes na realidade administrativa ( característica comum no «revolucionário ), tantas voltas percorreram, que entroncaram com o deposto, não como «ferro velho», mas merecedor de lustre e reciclagem.
O trono do Rei, passou a chamar-se cadeira de cônsules e os cônsules, nas mudanças de lugares, esculpiram os enfeites, para mais alta categoria – UM IMPERADOR. Que venha ELE.
Não será assim tão fácil a mudança, mas Rei, foi termo para pessoa mais simples, de menos valimento. O enciclopedismo, tanto pretendeu denegrir, que ergueu o Império. Falhado, por só ser retido meio feito.
Caberia ao novo inquilino, o pretendente a Imperador, completar a obra, porque a França… entenda-se… a França podia muito bem pagar a despesa. Se os nobres não sabiam administrar, os actuais inquilinos no Governo, multiplicavam o poder das finanças em rufos de leis. Era só pensar... e a fina flor de nova doutrina, era impressa e aparecia a «nota»
Os ideais voavam em todas as direcções. Ambiente estruturante, para ser entregue a um corajoso inteligente, ousado, ambicioso e bom aproveitador das ocasiões que fazem a celebridade ou o fracasso.
Direitos… eram direitos. A França, tinha direitos e o direito maior de impor a garantia da «paparoca«, para completar o meio «Império», herdado da matança «notável» que provocou o rareamento de títulos e nobiliarquias. Façanha com «direito» a retribuição…
A Itália, compreenderia tal «altruísmo», estampado em letra de forma. Poderia, ao abrigo dos «direitos franceses» garantir «as provisões» para a expansão imperial.
O jovem Napoleão, a quem Robespierre, um ano antes de sofrer a sua própria justiça em 1794, que a milhares de nacionais havia sentenciado, ao deixar rolar a cabeça, nomeara no posto de General de brigada, por actos de « valentias e bravezas», coloridas do vermelho de artérias e veias. No mesmo ano do casamento com a idolatrada Josefina, recebeu o comando em 1796, de um exército para resguardar «grão alimentício», enquanto a França não dispunha de tempo suficiente na retoma da agricultura e rareava a azáfama da guilhotina. Com este «Bonapartoso» «afago de convivência», se reataram as refeições da França, na mesa da Itália.
Na acumulação de vitórias, regressado a Paris em 1797, agiganta-se o Homem a escrever o futuro, em letras de ouro maciço de vencedor.
Napoleão, alastrando antipatia, não se detém a alisar a testa, incluindo louros e colher frutos no regozijo palaciano. Ataca a Áustria e em 1798, embarca para o Egipto, para puxar as orelhas à inimiga Inglaterra, no caminho para a Índia. Interrompe o «passeio», para vir a Paris, completar o golpe de Estado, que lhe vai entregar o poder.
Depois, mais lutas ganhadoras com os vizinhos temerosos de tal poderio, mas fracos para contrapor resistência. Fazem coligações, Como a primeira, em 1793, não tinha dado resultado, ao ser vencida em 1794, fazem outra em 1799 e mais outras, ao todo sete, sendo a última em 1815, para o golpe final de Waterloo. A Inglaterra, o mais persistente adversário de Napoleão, que não da França, por fortuna e mérito do seu General Wellington, deu o «golpe sem misericórdia» definitivo.
Mas antes de cair no golpe final, Napoleão fez muitos estragos.
Assinou tratados, renegou palavras e juras, desenvolveu a escola de que em política «vale tudo» para mandar e obter o que os adversários guardam de valor e estimam a liberdade. Deu aula psicológica ao advindo Hitler ou outro que aceitasse posições maganas.
Divorciou-se de Josefina, casou com a Arquiduquesa de Áustria, Maria Luiza, de quem teve o filho, logo levantado em braços como troféu maior e crismado Rei de Roma, em 1811, no ano que Massena, o comandante da terceira invasão, foi obrigado a ausentar-se de Portugal.
Tomou as rédeas da administração, grande parte destruída pela ânsia revolucionária. Corrigiu, a seu critério, o aparelho do Estado. Muitas reformas, ainda hoje aproveitadas.
A Família Bonaparte, passou a ser a herdeira das monarquias, na Europa semi-vencida.
Para encurtar a crónica, referiremos que Napoleão atacou a Rússia em 1812. O heroísmo russo, recebeu auxílio do único aliado que o poderia amparar na invasão de um exército melhor organizado que o defensor. Sua magnificência, o INVERNO, com os rigores máximos do seu poder destruidor, desfalcaram homens e animais intrusos, anunciando o declínio de quem se convenceu dominar um Império para todo o sempre.
Foi o desmoronar da necessidade de aumentar rendimentos, subtraindo de quem os possuía pelo seu trabalho, amalgamando a aventura, o sangue, a ambição, a ânsia de salvar erros ideológicos, tudo reunido na « Declaração dos Direitos do Homem». Tanto suor, lágrimas, desunião entre povos, para repetir ou plagiar o que já estava proclamado na «Magna Carta, em 1215», em diversas leis, no Século XVII, acentuando-se nos Estados Unidos em 1776, na « Declaração dos Direitos» e nas « Constituições de 1777 e 1784.
Este trecho da História, é parte do símbolo da vida difícil, sofrida pelo trabalhador europeu. A tendência humana, inclina-se para o esquecimento. Por um lado, descarrega a compressão psicológica, da amargura dos nossos antepassados. Por outro, esvai-lhe a resistência para evitar reproduções de ocorrências semelhantes. Não há emenda…
Até próximo.

Nº 81 ÍNDOLE HUMANA…. A COERÊNCIA IRREVERENTE…

História, é a narrativa das atribulações do Ser, dito pensante, faseada por acontecimentos ponderados e medidos, com entremeios rendilhados de sinuosidades e complicações, cedendo folga a responsabilidades.
A nossa última crónica, andou de ramo em ramo, à procura do fruto maduro, germinado pela ideia e que soubesse bem a todos os paladares, isto é, perfeita combinação concretizada na realidade. Será possível que algum dos nossos leitores tenha aceite bem a nossa tentativa, mas, preferível será, retomarmos a prudência de rever factos históricos, para tirar conclusões, no seu devido tempo.
A árvore das ideias, plantada no Século XVII, no reinado de Luís XIV, ramificou esplendorosa, no Século XVIII, como já vimos na anterior crónica. Todos os mandões dos países europeu – Imperadores, Reis, Presidentes, Ministros Primeiros - visitavam a França, para «verem » o que lá se passava. E ficavam encantados … à vista…
Sem a correspondente parelha com a realidade, todavia, muito mais lenta a crescer, e que era obrigada a pagar a despesa avançada e sempre a avolumar, da «IDEIA», a carestia nos mercados de consumo e o rareamento fiduciário, rastilhou a explosão da massa popular. Admiração geral… Como era possível, em França…
O Rei Luís XVI e a Rainha, Maria Antonieta, perderam a cabeça na guilhotina – retirada a imperfeição pelo mesmo Rei - assim como muitos milhares de nobres, plebeus, pecadores e santos. Tudo foi na enxurrada das ideias, A maior parte não possível de serem transformadas em valores palpáveis e consumíveis – a tal realidade, que depende do valor moeda ou mercadoria, não do agrado de Rousseau – germinou ódios tamanhos, que se espalharam em todas as direcções e acompanharam os exércitos invasores a Portugal, de 1807 a 1811.
Junot, Soult e Massena, chefes respectivos nas três invasões, comandavam, hordas de soldados de diversas nações, com maioria de franceses, onde pairavam ideias aos molhos, mas carregadas da ambição de pecúlios para melhorar o futuro das famílias ou satisfazer instintos diversificados e ocultos.
Territórios invadidos, não eram parte dos DIREITOS HUMANOS. Isso ficava na retórica dos invasores.
Os que chegavam, famintos, esqueléticos, de fardas andrajosas e ensanguentadas e armas a pedir consertos, embora reservadas para a morte, é que possuíam DIREITOS de roupa nova, mesa farta, botas luzidias e armas funcionais. Após as refeições e explosão de gases, talvez só via bocal, os entretenimentos diversificavam-se aos passatempos singelos, sem ofensas, ou a subtrair a carga dos celeiros do trabalhador de sol a sol, ou atirar aos portugueses que passassem na mira das espingardas, qual pássaros inocentes para o guisado extra.
Divertir, primava do lado dos mais fortes. Sofrer, fazia parte das obrigações do indivíduo submetido. E viva a liberdade… de ontem… de hoje… de …até quando?…
A ideia não caída em agrado ou em vias de manutenção, mostra carranca ao comprazimento. E, se não é aceite às primeiras e a bem, expande-se com violência e fere os cristais preciosos, no louceiro valioso e quebradiço da piedade.
Continuemos a ver marchar a História e como o passo bate com o rufo do tambor. Passo trocado… passo em vão…marcar passo…passo em falso… passos perdidos…vencimentos certos…, etc.
Historiadores, acusam o Rei Luís XVI e a nobreza, de não terem sabido evitar a Revolução de 1789. E as revoluções posteriores, especialmente a de 1917, na Rússia…. têm, também, acusados.
Convenhamos que ACUSAR, prestigia o «acusador», ou a ideia que representa. Peca, somente, por não acrescentar que o produto mercantilista - o que põe em concreto, o que materializa - obedece a muito mais tempo para atingir a mesma fasquia da ideia.
Aponta-se o dedo à nobreza e um pouco menos, ao clero, as classes sociais, ao tempo, imediatamente abaixo do sector administrativo, pois eram delas que se buscavam os elementos mais capazes para exercerem a função de mantença da ordem e regularização da economia. Foi o critério popularizado, para desculpar a sujidade cruenta da Revolução Francesa, dos Robespierres, Marats e companhias incontroláveis. .
O Homem, por instinto de sobrevivência, une-se a outros para subdividir obrigações na estabilidade do alimento e resguardo na luta pelos haveres e «direito» de viver. E deixa-se levar pelo hábito, para não dar muito trabalho a pensar. O hábito, porém, tem margens frágeis e preguiçosas. Sem dar conta da novidade, outros caminhos são trilhados.
Antes de avançarmos em conclusões que vão tomando perfil, em nuvem que passa, continuemos a rever o que a História nos descreve, como lição viva a todas as eras, com duas mostras, uma do temperamento humano, lento a mudar, a segunda, que a produção total, abasteça a colectividade à maneira das ideias, ou que estas abrandem para receber o «testemunho» do tempo de produção.
É um indispensável exemplo, da índole que põe e dispõe, no encadeamento do percurso da civilização, para quem se interesse a abrir a curiosidade à neblina que esconde o futuro.
Na actualidade, só se aceitam telas de cores berrantes, o verde esperança, na filosofia que se recusa a «ver» modelos feios e no sangue fresco de cordeiros no altar que recebeu o corpo de Isac - o Menino condenado, desconhecedor do mal ou a inocência pagadora de promessas.
Insistir a relembrar História, será um processo de apresentar a realidade, ao jeito de enfermagem em Casa de Saúde. Sossegar as reacções que vierem a suceder.
Prevenção, mesmo com a antecedência, de recuperar proveitos, não desfaz maleficências. Mas predispõe a sensibilidade, para as aceitar com a razão elucidada.
Outra vez nos encontramos, no fracasso de não medir a paciência do leitor. Má lição nos atribuímos… Descortesia, poderá ser… Mea culpa..
Até para a semana.

Nº 80 HISTÓRIA…RADIOGRAFIA DO PASSADO…

Os acontecimentos registados nos nossos compêndios escolares, a ensinar-nos o encoberto pelo tempo, não conteriam mistérios, se seguissem as veredas, de silvados e pedregulhos que, na verdade conduziram aos desfechos por nós, actualmente estudados.
A abrangência à pureza, porém, é mais difícil que redigir para curto artigo, ou desenvolver para dar livro. Num e noutro caso, o retiro psicológico dos acontecimentos, depende bastante, da têmpera emocional de quem se prontifica a clarear o que os tempos já evaporaram na cozedura de muitos outros factos posteriores, que perturbam as interpretações. Por nossa parte, também sentimos desencontros ou anomalias, nos relatos entusiásticos dos historiadores, sem dúvida de grande mérito, mas que nem sempre provêm de fontes assistidas com a coragem retratada no escrito. Revolução faz tremer mais que o normal. E a verdade… verdade… muitas vezes já vem de trás.
Revoluções nascem da ideologia, usando contornos sobranceiros ao material alimentício que todos os anos, gasta meses para crescer e presentear o consumo, o círcuito vicioso da moeda, alentando as casas onde se trabalha, de quem cede mão-de-obra e abastecendo o comprador menos precavido e necessitado..
A ideia, extravasa a cismada fronteira do Mundo. O comestível, que sustenta os habitantes do Mundo, é, infinitamente mais pequeno. Tem o tamanho da soma do dia a dia, repetitivo e ansioso das perturbações dos movimentos de rotação e translação do globo terrestre, da hora a hora do tratamento das reses, do amanho das terras, dos consertos do arado e dos carregos, da limpeza da casinha da besta e a ração na manjedoura.
Ideia e matéria, juntam-se a todos nós a entusiasmar a vida. Pomo de discórdia passaram a ser, quando se desmembraram a arreliar a existência.
Naquela pré Idade Média, das «Cantigas de Amor, de Amigo, de Escarnho (escárnio) e Maldizer, do Amadis de Gaula, dos Autos do nosso Gil Vicente, da Gestas de Cavalaria, Ideia e Matéria, felizes, gozavam as dádivas da Natureza, na simplicidade das grandes afeições. Andavam a par, uma com a outra. Tinham o cheiro comum do suor.
Gutemberg ( 1398?, 1400- 1468), ao inventar a imprensa, praticou o primeiro desvio, daqueles dois amores. A Ideia, subiu degraus. Ocupou patamar mais alto, donde leu e arengou saberes antigos, como exemplos ao presente e melhoramentos do futuro. A Matéria, agarrada à rabiça do arado, continuou a lavrar a terra e a repisar as sementeiras.
Na Grécia, na China, na Índia, em Roma, raciocínios de excelência, deram grandes passadas para elevar a ideia a posto de comando.
A plêiade, apadrinhada por Luís XIV, porém, rebuscando a filosofia do «ego » por todos os recantos e ligando-a aos apoios essenciais para alívio do físico, soltou-lhe as amarras da tradição oral e pô-la a desenvolver as delícias da satisfação plena.
A Europa, enraizada como oficina de mestria, distribuiu por todo o lado, as bases para as atenções se deixarem atrair pelas tertúlias de oratórias e omissões e, se possível, dentro do campo da teoria que cede alívios e exige benesses, sem dar garantias da parte material, das colheitas suficientes e necessárias ao bem do aparelho digestivo.
Com estes elementos predominantes, focos evolutivos iluminaram sítios vários, localizando-se mais na França. Voltaire defendeu a liberdade de consciência; Montesquieu, fez-se apóstolo do liberalismo; Rousseau, sonhou a justiça e a pureza, condenou a realidade, embora confessasse fazer parte dela; Diderot e Alembert, descreveram os conhecimentos humanos; Lavoisier, Laplace, Lagrange, dignificaram trabalhos e descobertas. Os escritores abriram o livro de reclamações, para pedirem reformas, em abono ao ser humano.
A pena, manejada por homens inteligentes, portadores de conhecimentos que dão explicações completas, mas de bamboleante suporte prático, fazem exigências sem calos nas mãos. São os enciclopedistas, na vanguarda de opiniões e juízos, mas na retaguarda das medidas de tempo e esforço que acompanham a mão-de-obra e a coisa produzida. Por isso, ideia ou pensamento, vozes de altas vibrações, desnorteiam a REALIDADE, que Rousseau detestava, «embora fizesse parte dela». A realidade… o facto sem impurezas…desgosta o actor… mortificava Rousseau e, cremos os outros enciclopedistas mais virados para eternizar a ideia volante… que passa sem fazer mossa.
Enquanto a ideia, na Terra e no Céu, esvoaça a seu bel-prazer, a agricultura, a indústria e o comércio –trio composto de matéria – continuam a dar as voltas repetidas, quando ambos – ideia e matéria – coexistiam em paz perfeita. Como a ideia e a matéria, não crescem em simultâneo, uma delas, tinha de contribuir para a outra. A ideia, criou forças de segurança e elaborou leis. Venceu a matéria.
Por estes reais motivos, o trio composto de matéria, ficou mais entrevado, no Século XVIII, ao obrigar-se a obedecer a leis e Alfândegas, pois teria de optar, ou contribuir para a Paz Social, pagando o que lhe era imposto, ou rebelando-se com prejuízos comuns e imprevisíveis.
A ideia, sente a alegria das promessas que operou no espírito humano e não se detém a cogitar se bom, mau ou sofrível. Progrediu a valorizar cada indivíduo, o que exigiu muito mais dispêndio à matéria. A diferença, portanto, foi preenchida com mais fatias cortadas na agricultura, na indústria e no comércio. Na mão-de-obra…das três nascentes de mais valias sociais.
Porque, cada pagamento advém de uma fonte de produção. E de cada fonte de produção, jorra o caldo dos valores empregues, de: a) – Apetrechamento; b ) – matéria prima; c) – mão de obra; d) – reservas.
No Século XVIII, o altruísmo dos enciclopedistas, pouco fortes em álgebra, fixava-se na alínea d) – reservas. Que eram suficientes, bastantes e demasiadas, para regularizar a ciência dos problemas financeiros na sociedade.
Davam individual apreço às «reservas», como se englobasse benefício para um só cofre. Não as desdobravam em « desgaste no apetrechamento», «desníveis na matéria prima», «reposições na mão-de-obra», «alterações nas preferências do mercado», «suportes para acontecimentos fortuitos», «garantia para o risco nas perturbações da camada gasosa e inconstante que envolve o globo terrestre», «nos desarranjos repentinos das relações humanas», « nas presenças estrangeiras a desmoralizar mercados»…. e, etc. e tal… Porque, no Século XVIII, os raciocínios nas lavouras, obrigadas a produzir mercadorias às populações, ou no comércio interessado em diversificar apetites aos compradores e, também na incipiente indústria para alargar mercados, já se pensava em normalizar ganhos, entre proprietários, rendeiros e trabalho, pois que este entrou na mira das atenções especiais.
Criou-se a tendência de atenuar a rudeza, ainda vivaz da Idade Média, do Senhor para com o subalterno e que a Idade Moderna ( 1453-1789), para dar solução ao imbróglio, publicou livros, descobriu processos, completou tratados, multiplicou decretos para por « tudo a limpo». E a Idade Contemporânea, que iniciou a sua aventura, logo a seguir à Revolução Francesa ( 1789), pretendendo impedir o que nunca poderá ser evitado - desavenças a sério – nada acertou até agora, tudo continuando a andar, na esperança de se resolver no próximo… no próximo decreto … em qualquer país, europeu ou do Oriente ao Ocidente, por enquanto não designado…
O espaço terminou.
Até para a semana.

No 79 MAIS HISTÓRIA … PARA MELHOR ENTENDIMENTO…

A variável mente humana, diverte-se displicente, a parodiar os actos dos iguais e semelhantes. Não se revê nas caricaturas que desenha, mas aflige-se das decisões inopinadas que toma.
E lá vem a repetição da velha quadra, aprendida na escola, a dar uma ajuda, a tempo e horas:
Pelo céu vai uma nuvem
Todos dizem: - Bem na vi.
Todos falam e murmuram,
Ninguém olha para si….
Neste deambular pelo passado, pretendemos, tão-somente, retirar lições que possam servir ao futuro sombrio, envolto na incógnita da intervenção humana.
Voltemos à História.
Na Inglaterra, terminou a guerreia religiosa, mas regressou a desavença pelo poder, se pertencia ao Parlamento, se ao Rei, que queria governar sem amarras. O representante da primeiro, o zangado Cromwell, cortou rente, a cabeça do Rei, no cadafalso que não deixa fazer contas. Cromwell, era tão imparcial… que teve a ousadia dos seus descendentes virem a ocupar o trono real. Imparcialidade, quanta vejas…
Posto no trono o filho do Rei degolado, este continuou a teimar incompatibilidade com obediência a quem quer que fosse. O filho, Jaime II, governou ainda com menor agrado. Nova revolta em 1688.
O Presidente da República holandesa, Guilherme de Orange, genro do rei Jaime II, foi a Londres resolver a questão. Tão bem o fez, que o sogro buscou refúgio, na corte de Luís XIV e ele foi proclamado Guilherme III de Inglaterra, com a imposição de jurar OS DIREITOS DA NAÇÃO INGLESA, uma continuidade da Magna Carta, de 1215 que mais tarde, virão a ter o seu ponto de honra, nos DIREITOS DO HOMEM.
No Século XVIII, a Prússia e a Rússia, tomam acento na bancada em destaque das nações do velho continente.
A Prússia, à custa da Suécia, Áustria e Polónia. A Rússia, governando-se da Suécia, Polónia e Turquia. Na Europa, sempre deu jeito viver mais folgado, subtraindo os torresmos suculentos, com o menor esforço. O de mais força, ultrapassava a fronteira e fazia escritura de posse. Se o fraco se atrevesse a remocar, alguns açoites acalmavam.
O certo é que a Prússia, um pequeno Estado, constituído por duas províncias, ao ver-se aumentada, assim, de repente, subiu-lhe a ambição de ser grande… poderosa. Frederico Guilherme I (1713-1740), alinhou como o Rei Soldado. Armou um exército. Deslocou da Suécia, a Alta Pomerânia, por métodos não honestos, como ele próprio confessava. O filho, Guilherme II, encarregou-se da Áustria e Polónia.
A Rússia, extensão enorme, sem portos de mar, fechada sobre si mesma, conservou-se nos limites do barbarismo. Um dia, nasceu Pedro…
Pedro, o Grande ( 1672-1725 ) - Por temperamento e desejo de transformar o seu País, semelhante ao Rei Soldado prussiano, viajou, fez-se operário e gostava de aprender para saber mandar. Fundou S. Petersburgo, para nova capital. Os terrenos pantanosos e doentios, enterraram milhares de russos, mas a cidade lá está a mostrar o querer do salto do semi-barbarismo para entrada na civilização do continente velho, mas sempre receptivo à vaporização da ideia. O filho de Pedro, tentou por cobro a imoderações de duvidosa humanidade. Foi preso e condenado à morte. Perdoado, regressou ao palácio, mas os maus-tratos sofridos na prisão, completaram a sentença.
Dizia-se de Pedro, ser meio tigre, meio homem. A História, chama-o de Grande e o Pai da Pátria.
Para glória da Rússia, coube a Catarina II (1729-1796), continuar a obra de alargamento, começada por Pedro, na vizinha Suécia. Os restos da Polónia e a Turquia, apresentaram-se como pombas mansas, sem hipóteses de escapar ao rapinador faminto. Catarina, protegeu a agricultura e o comércio, fundou escolas, animou as artes e a literatura.
Entretanto a Inglaterra, de «vista grossa» nas «Descobertas», foi amealhando as posições mais distraídas, cultivando os terrenos de vastidão produtiva e abrindo cavas profundas no sub solo com brilhos por desenterrar. Para fruir os «direitos», ou «imposições» de propriedade, construir uma «esquadra» imbatível, era o argumento eficaz para as restantes nações. O poder marítimo e colonial inglês, no Século XVIII, tornou-se único. Para a posse inglesa, passaram, a Jamaica, Gibraltar, Port Mahon, Nova Escócia, Terra Nova.
A seguir, de braço dado com os franceses, «aliviaram» os portugueses de quase todos as possessões na Índia, fundando poderosas companhias comerciais. Uma «rasteira» mais violenta, atirou os franceses para o seu País, ficando os ingleses sem competidores na incomensurável Índia. A França, ao acordar atarantada, do voo transatlântico, ainda voltou à liça, mas mal preparada, viu-se obrigada a «ver os navios ingleses» a comercializar à sua bela vontade.
A comunicação com o Canadá, também ficou a cargo da fácil viagem para os navios ingleses. Os franceses reagiram, mas a «razão» estava do lado de quem tivesse mais força. A Inglaterra, somou o Canadá.
Em 1763, assinou-se em Paris, o tratado para «alimpar» tibiezas dum lado e severidades do outro. A França cedeu, por escrito, o Canadá e a Índia, à portentosa Inglaterra. A América, já era inglesa, por ocupação de colonos, em 1620, autorizados pelo meio amalucado, Rei Jaime I, no navio MayFlower- os Peregrinos.
Mas como não há bem que sempre dure, nem mal que se não acabe, os colonos ingleses na América, habituados a não deverem obediência a nada, nem a ninguém, receberam, em 1763, certificado para pagarem impostos. Caiu a desavença entre amigos e parentes. Os ingleses que sim, havia o dever de pagar licenças ao proprietário. Os americanos, que não, pois se nunca haviam pago antes… Razão puxa atenuantes, justificativas geram desculpas. Não há concordância.
Nasceram os Estados Unidos da América. Nação Independente.
A concretização, porém, durou sete anos, de 1776 a 1783, entre dois Estados, um soberano e o outro a resfolegar para a soberania. Dois Homens, pesaram a favor da América. Washington, a organizar, unir, encorajar o exército e adaptá-lo, com trabalhosa disciplina, à táctica das vitórias. Franklin, no convencer a Europa – a França, a Holanda, a Espanha, a Rússia – no bom senso de uma Nação a contrabalançar devaneios de ambições, num paralelo, sofrivelmente afastado.
• As colheradas de fermento progressivo, deixadas semear pelas civilizações que afluíram à Europa, levedaram a massa intelectual, protegida por Luis XIV, nos séculos XVII e XVIII.
• A abertura, contudo, excedeu a expectativa. A mente, envaidecida pela compreensão, aceite sem balbúrdia, armou tenda de estacionamento e entrou nos compêndios de filosofia geral.
Compreensível, que o Século XVIII, se esmerasse em ditar os preceitos do Século XVII e acrescentasse pensamentos da sua própria lavra. Homens excepcionais se distinguiram. Lavoisier, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot, Alembert, entraram no pelotão dos enciclopedistas. Estava preparado o idealismo acerbo para 1789. O intelecto sobre todas as coisas… acima …acima de tudo. Acima da matéria… substituto dos produtos alimentares, que estes estão sempre garantidos, pela «massa» anónima e infindável, que mantém a mesa posta à liberdade da ideologia…
Puro engano, na mixórdia das ideias. Exagero caro, muito caro, nos efeitos práticos desta nossa Natureza, que cresce molécula a molécula, em tempo próprio e pouco alterável por influência dos seres vivos,
Exagero…Exagero que se não dilui. Nem nos exemplos dramáticos, que a História relembra…
Até próximo.

Nº78 DO PEQUENO CONTINENTE QUE JÁ FOI O MUNDO

Na Índia, na China, na África, pouco acontecia, na Idade Moderna, nem intensas atracções se destacavam a interessar trabalhosas vistorias a buscar lucros. A História que, na Idade Média (395-1453), se deslocava a pé, ou montada em camelo, burro ou cavalo, não atingia lonjuras cansativas, por desertos e estepes, donde se não avistava o fim, motivo bastante e suficiente para se ficar nas referências excitantes da Europa irreverente, que tanto exercitava espaventos dignos de narrar, como encolhia bobices medíocres ou enciumava ambições além direitos e haveres.
O que merecia relatos verbais ou escritos, era o que se exponha mais próximo da vista. Ou dos ecos e efeitos, do relampejo do ferro das espadas, contra o ferro das couraças. Logo, as guerras é que preenchiam os vazios do banal, para assumirem o pedestal de serem tombados no livro das eras… dos tempos e das importâncias. A Europa, pródiga em volubilidades, campeã em mudanças de parecer, clamava alto, ser o sumário do globo terrestre. E era. Agarrou a coroa do Mundo e pô-la na cabeça. Falar do Mundo seria falar da Europa, falar da Europa, tinha de referir o Mundo. Mais que suficientes princípios e causas.
À crónica anterior, vamos dar-lhe continuidade.
As lutas entre católicos e protestantes, na Alemanha feriu a Guerra dos 30 anos (1618-1648). A última a intervir foi a França, para ficar com o melhor quinhão e atrapalhou a Espanha, não a deixando com pernas para impedir a Independência de Portugal em 1640.
Para se desligar da Espanha, Portugal manteve guerra, até ao tratado de Lisboa, de 13 de Fevereiro de 1668.
Luís XIV – Rei da França (1643-1715), encontrou reservas no Cofre público, suficientes para se erguer a árbitro europeu, na paz, na guerra e, até como Petrónio, amigo ( depois inimigo ) pessoal de Nero, «Árbitro das Elegâncias».
Exaltar um País, um reinado, um presidencialismo, uma governação, é muito mais acessível do que manter os dinheiros públicos equilibrados e saudáveis. Ostentar feitos, fascina a vasta massa da ingenuidade, que é quem segura o prestígio do Estado, do Rei, do mandante. No acto de prestar contas, o remanescente acusa a fasquia da realidade, que penderá para a medição dos benefícios chegados aos contribuintes, depois da cavalgada de compromissos e orientações de maior ou menor eficiência.
A França, ou Luís XIV, subiram aos píncaros da fama e das magnificências, nos meados do reinado. As letras, as artes, a filosofia, a amplitude da cultura, ilustraram a Europa, que era o Mundo visível.
No término, porém, o sistema dos vasos comunicantes das contas do Estado, estava anómalo. Roturas nos departamentos, ferrugem na harmonização social, entupimentos na legislação do povo, circulação fiduciária, em convulsões, irregularmente localizadas.
O cadinho de raças e civilizações, nunca formou confluências de duração confiante. Nem o pilão das guerras, fundiu caracteres e pareceres.
A acção de Luís XIV, alargando os portões do intelecto, deu reflexos imediatos nas cortes existentes, mas não veio a reflectir a realidade europeia. O espaço infinito das ondas do pensamento, com Corneille e Racine nas tragédias, Molière nas comédias, Lafontaina pelas fábulas, Pascal e Descartes nas questões filosóficas, Bossuet e Fénelon na oratória, endeusaram a ideia e o reinado.
As lavouras trabalhosas que fazem nascer o pão para o corpo e o saber, balança do espírito, não corresponderam, nem era possível melhorá-las na mesma proporção, Os mercados diários de consumo, permaneceram com pouca fartura.
Assim, o pensamento e os géneros alimentícios, que já se vinham desentendendo, desde os gregos, reacenderam luta. Opõem-se duas forças, muito mais diferenciadas que David e Golias, que uma funda decidiu sem o « diz tu, direi eu…», que na generalidade termina por empate técnico, incluindo desconfiança, para a coragem do que se assumiu juiz encartado.
Ao morrer, o absoluto Rei Luís XIV, deixou a França pobre de bens e sem influência, frente às outras nações europeias. Pelos trabalhos dos intelectuais a quem protegeu, todavia, e pela vocação imperialista que sempre o dominou, introduziu critérios filosóficos que fizeram escola e nunca corrigidos.
Esta ressurreição histórica, deu mais passos que o previsto.
Até próximo