Nº78 DO PEQUENO CONTINENTE QUE JÁ FOI O MUNDO
Na Índia, na China, na África, pouco acontecia, na Idade Moderna, nem intensas atracções se destacavam a interessar trabalhosas vistorias a buscar lucros. A História que, na Idade Média (395-1453), se deslocava a pé, ou montada em camelo, burro ou cavalo, não atingia lonjuras cansativas, por desertos e estepes, donde se não avistava o fim, motivo bastante e suficiente para se ficar nas referências excitantes da Europa irreverente, que tanto exercitava espaventos dignos de narrar, como encolhia bobices medíocres ou enciumava ambições além direitos e haveres.
O que merecia relatos verbais ou escritos, era o que se exponha mais próximo da vista. Ou dos ecos e efeitos, do relampejo do ferro das espadas, contra o ferro das couraças. Logo, as guerras é que preenchiam os vazios do banal, para assumirem o pedestal de serem tombados no livro das eras… dos tempos e das importâncias. A Europa, pródiga em volubilidades, campeã em mudanças de parecer, clamava alto, ser o sumário do globo terrestre. E era. Agarrou a coroa do Mundo e pô-la na cabeça. Falar do Mundo seria falar da Europa, falar da Europa, tinha de referir o Mundo. Mais que suficientes princípios e causas.
À crónica anterior, vamos dar-lhe continuidade.
As lutas entre católicos e protestantes, na Alemanha feriu a Guerra dos 30 anos (1618-1648). A última a intervir foi a França, para ficar com o melhor quinhão e atrapalhou a Espanha, não a deixando com pernas para impedir a Independência de Portugal em 1640.
Para se desligar da Espanha, Portugal manteve guerra, até ao tratado de Lisboa, de 13 de Fevereiro de 1668.
Luís XIV – Rei da França (1643-1715), encontrou reservas no Cofre público, suficientes para se erguer a árbitro europeu, na paz, na guerra e, até como Petrónio, amigo ( depois inimigo ) pessoal de Nero, «Árbitro das Elegâncias».
Exaltar um País, um reinado, um presidencialismo, uma governação, é muito mais acessível do que manter os dinheiros públicos equilibrados e saudáveis. Ostentar feitos, fascina a vasta massa da ingenuidade, que é quem segura o prestígio do Estado, do Rei, do mandante. No acto de prestar contas, o remanescente acusa a fasquia da realidade, que penderá para a medição dos benefícios chegados aos contribuintes, depois da cavalgada de compromissos e orientações de maior ou menor eficiência.
A França, ou Luís XIV, subiram aos píncaros da fama e das magnificências, nos meados do reinado. As letras, as artes, a filosofia, a amplitude da cultura, ilustraram a Europa, que era o Mundo visível.
No término, porém, o sistema dos vasos comunicantes das contas do Estado, estava anómalo. Roturas nos departamentos, ferrugem na harmonização social, entupimentos na legislação do povo, circulação fiduciária, em convulsões, irregularmente localizadas.
O cadinho de raças e civilizações, nunca formou confluências de duração confiante. Nem o pilão das guerras, fundiu caracteres e pareceres.
A acção de Luís XIV, alargando os portões do intelecto, deu reflexos imediatos nas cortes existentes, mas não veio a reflectir a realidade europeia. O espaço infinito das ondas do pensamento, com Corneille e Racine nas tragédias, Molière nas comédias, Lafontaina pelas fábulas, Pascal e Descartes nas questões filosóficas, Bossuet e Fénelon na oratória, endeusaram a ideia e o reinado.
As lavouras trabalhosas que fazem nascer o pão para o corpo e o saber, balança do espírito, não corresponderam, nem era possível melhorá-las na mesma proporção, Os mercados diários de consumo, permaneceram com pouca fartura.
Assim, o pensamento e os géneros alimentícios, que já se vinham desentendendo, desde os gregos, reacenderam luta. Opõem-se duas forças, muito mais diferenciadas que David e Golias, que uma funda decidiu sem o « diz tu, direi eu…», que na generalidade termina por empate técnico, incluindo desconfiança, para a coragem do que se assumiu juiz encartado.
Ao morrer, o absoluto Rei Luís XIV, deixou a França pobre de bens e sem influência, frente às outras nações europeias. Pelos trabalhos dos intelectuais a quem protegeu, todavia, e pela vocação imperialista que sempre o dominou, introduziu critérios filosóficos que fizeram escola e nunca corrigidos.
Esta ressurreição histórica, deu mais passos que o previsto.
Até próximo
O que merecia relatos verbais ou escritos, era o que se exponha mais próximo da vista. Ou dos ecos e efeitos, do relampejo do ferro das espadas, contra o ferro das couraças. Logo, as guerras é que preenchiam os vazios do banal, para assumirem o pedestal de serem tombados no livro das eras… dos tempos e das importâncias. A Europa, pródiga em volubilidades, campeã em mudanças de parecer, clamava alto, ser o sumário do globo terrestre. E era. Agarrou a coroa do Mundo e pô-la na cabeça. Falar do Mundo seria falar da Europa, falar da Europa, tinha de referir o Mundo. Mais que suficientes princípios e causas.
À crónica anterior, vamos dar-lhe continuidade.
As lutas entre católicos e protestantes, na Alemanha feriu a Guerra dos 30 anos (1618-1648). A última a intervir foi a França, para ficar com o melhor quinhão e atrapalhou a Espanha, não a deixando com pernas para impedir a Independência de Portugal em 1640.
Para se desligar da Espanha, Portugal manteve guerra, até ao tratado de Lisboa, de 13 de Fevereiro de 1668.
Luís XIV – Rei da França (1643-1715), encontrou reservas no Cofre público, suficientes para se erguer a árbitro europeu, na paz, na guerra e, até como Petrónio, amigo ( depois inimigo ) pessoal de Nero, «Árbitro das Elegâncias».
Exaltar um País, um reinado, um presidencialismo, uma governação, é muito mais acessível do que manter os dinheiros públicos equilibrados e saudáveis. Ostentar feitos, fascina a vasta massa da ingenuidade, que é quem segura o prestígio do Estado, do Rei, do mandante. No acto de prestar contas, o remanescente acusa a fasquia da realidade, que penderá para a medição dos benefícios chegados aos contribuintes, depois da cavalgada de compromissos e orientações de maior ou menor eficiência.
A França, ou Luís XIV, subiram aos píncaros da fama e das magnificências, nos meados do reinado. As letras, as artes, a filosofia, a amplitude da cultura, ilustraram a Europa, que era o Mundo visível.
No término, porém, o sistema dos vasos comunicantes das contas do Estado, estava anómalo. Roturas nos departamentos, ferrugem na harmonização social, entupimentos na legislação do povo, circulação fiduciária, em convulsões, irregularmente localizadas.
O cadinho de raças e civilizações, nunca formou confluências de duração confiante. Nem o pilão das guerras, fundiu caracteres e pareceres.
A acção de Luís XIV, alargando os portões do intelecto, deu reflexos imediatos nas cortes existentes, mas não veio a reflectir a realidade europeia. O espaço infinito das ondas do pensamento, com Corneille e Racine nas tragédias, Molière nas comédias, Lafontaina pelas fábulas, Pascal e Descartes nas questões filosóficas, Bossuet e Fénelon na oratória, endeusaram a ideia e o reinado.
As lavouras trabalhosas que fazem nascer o pão para o corpo e o saber, balança do espírito, não corresponderam, nem era possível melhorá-las na mesma proporção, Os mercados diários de consumo, permaneceram com pouca fartura.
Assim, o pensamento e os géneros alimentícios, que já se vinham desentendendo, desde os gregos, reacenderam luta. Opõem-se duas forças, muito mais diferenciadas que David e Golias, que uma funda decidiu sem o « diz tu, direi eu…», que na generalidade termina por empate técnico, incluindo desconfiança, para a coragem do que se assumiu juiz encartado.
Ao morrer, o absoluto Rei Luís XIV, deixou a França pobre de bens e sem influência, frente às outras nações europeias. Pelos trabalhos dos intelectuais a quem protegeu, todavia, e pela vocação imperialista que sempre o dominou, introduziu critérios filosóficos que fizeram escola e nunca corrigidos.
Esta ressurreição histórica, deu mais passos que o previsto.
Até próximo



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