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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

10 de setembro de 2006

Nº 89 A GRÉCIA…A RÚSSIA… E… GOVERNOS…

A Grécia, convocada a apresentar candidatura de boa prestação de governo de nações, durante o regime de afectos democráticos, de boa vontade cedeu os informes pedidos. Terá sentido alguma estranheza ao solicitado, face à sua recente posição, pouco abastada, em relação às colegas mais ou menos distantes, onde ocupava a cauda, no rigor de gerência, na prestação de contas.
Não esquecia ter havido períodos de a religião e a política, não interferirem nos administradores públicos. A vivência em ilhas, era um atraso não favorável a reuniões, para discutir procedimentos e leis. E as altas montanhas da metrópole, faziam perder tempo em excesso para encontros, onde a seriedade dos serviços a prestar, não mereciam tantos sacrifícios. Administrar, só consentia honestidade e consciência. Era o preciso ter com quê… para por em prática…justiça e nexo
A Grécia, também se lembrava, que na História da sua vida, os períodos de real evolução e desapego da magra sorte, se tinham efectuado, nos mandos de SOLON, ( 638-558 A.C.), que, sob a concentração dos poderes públicos, resolvera os crescidos problemas, redutores dos direitos que a todos pertenciam, elaborara uma constituição, acrescentando rectificações em vários ramos do tecido público e privado. Seguiu-se PÉRICLES ( 490-429 AC), que dizem ter sido o maior dos estadistas que dirigiram o destino ingrato de uma Nação com a maior extensão de costas do mundo, em relação à superfície. Por contraditório que pareça, foi sob a autoridade de o poder executivo, manter em respeito o legislativo, que as inteligências das classes sociais, puderam concorrer a todas as funções públicas. até então, só permissíveis à mais elevada. Todos os funcionários, passaram a receber ordenado pelos seu serviços. Todos os gregos possuíam os mesmos direitos.
A chefia de Péricles, fortalecendo a marinha e as restantes forças armadas, trouxe à Grécia riquezas provindas de vitórias sobre os persas e povos limítrofes. Inteligência insatisfeita e solta de estéreis «caldos políticos», com os valores pilhados aos vencidos, predispôs-se a restaurar templos destruídos, mandando erguer outros, de traça nacional. Atenas impôs-se, magnificente, no Mundo e não mais deixou de ser «símbolo» e museu de arte.
A literatura, as belas-artes, a filosofia, tudo o que enobrecesse o desenvolvimento intelectual, tiveram livre acesso na sociedade grega. E se reproduziram no orbe terrestre para todo o sempre.
Foram tais as transformações constitucionais, promovidas por Péricles que, ao período activo na política de cerca de 36 a 38 anos, a História lhe chamou de Século… «O Século de Péricles».
Descendo ao vulgo, Péricles obteve críticas. Boas e menos bem imaginadas. Platão e Aristóteles, acusaram-no de lisonjear a plebe. Igualar o mérito intelectual, não terá sido a causa. Mexer nos ordenados, distribuindo-os a grande massa de funcionários, sem a correspondente entrada de igual valorização no erário público, poderá ser o pretexto da decrescente economia grega.
A moda de referenciar o jeito de governar grego, de há 2700 anos, para, livremente adulterar o que deveria pertencer à ciência, à técnica, à experiência dos séculos XIX, XX e XXI, é uma retrogradação de indiscutíveis inteligências, para «levarem a água ao seu moinho». O moinho privativo, que faz a farinha do ganho individual no salário e dos grupos de amigos do pensamento.
Foi por estar neste uso corrente, o meio social grego, que SOLON, foi convidado para governar… e resolveu.
O sofrimento, nem sempre deixa marca na memória, suficientemente profunda, para não ser repetido. A Europa é um modelo de teimosia e amnésia Se lhe dá na «mola» executar, ou imitar, ou ainda, ouvir frases entusiásticas e seguir um primeiro arrebatamento de simpatia, fecha os olhos e atira-se «de cabeça», sem mais pensar nos conselhos do passado, só parando depois dos factos consumados.
A Rússia de 1917, tinha conhecimento do que acontecera em 1789, na França. Começada uma sublevação, amontoada de problemas sociais, o período , até chegar à acalmia, descreve toda a sorte, ou falta dela, de acontecimentos que envergonham o ser que afirma entusiasmar-se com a paz.
Na França, a máquina – a guilhotina – industrializou a morte. A lâmina decepou as cabeças – pecadoras ou inocentes - que lhe chegavam, dominadas pelo «terror», nas carroças dos odientos cabecilhas.
Na Rússia, as máquinas –espingardas e metralhadoras-, entraram no laboratório de especializações, qual matava mais certeiro. Ensanguentados os cursos e padecidos os mestrados, o repouso impeliu a Rússia à tomada de «poses» conspícuas e atraentes, para dispor de púlpito, para falar alto quando o entendesse. E pregou, em audiências entusiastas e comovidas.
Em 1914, a Rússia ocupava o quinto lugar, como potência mundial.
De 1917 em diante, saiu da conflagração europeia, para poupar vidas, mas enfiou-se na implantação do novo regime, que lhe sepultou milhões. Redigem-se reformas na Agricultura e Indústria. Avanços, trémulos e imprecisos e retrocessos, por enganos e desoras, nos efeitos, até que em 1924, a agricultura consegue nivelar-se a 1913… Onze anos de martírios improdutivos e tormentos na classe rural…
Organizaram-se planos quinquenais e definiram-se colectivizações. Em 1935, quase sufoca o défice orçamental. Apesar dos problemas económicos internos, que poluem a imperfeição do disfarce, o Plano Marshall, é recusado, com soberba e retumbância para o Mundo ver . No entanto, o PIB, na Rússia, correspondia a 30%, dos E.U.América…em 1950/1960, aumentando para 40%, em 1976/1982
Em 1957, o envio do primeiro satélite artificial - o sputnik- e em 1961, do cosmonauta Gagarine percorrer a primeira órbita celeste por um humano, incendiaram a juvenilidade estudantil e dos que não ultrapassam esse período de aprendizagem. Mais não indo adiante, por carência dos milagreiros e restauradores capitais que atingem os complementos científicos e entopem os carrilamentos técnicos.
Estas demonstrações de grandeza, todavia, entusiasmaram os liceus, universidades e não só, o Mundo inquieto com postos de trabalho, que é o que verdadeiramente conta na plebe virada à rotina da família e à indiferença nas obrigatoriedades do cidadão.
A partir de 1986, as malhas mafiosas, apropriam-se de parte do comércio e provocaram pobreza. Em 1992/1997, há profunda recessão. O produto interno, não preenche o consumo.
Esta crónica, já dispõe de pouco espaço para terminar. Falta, ainda matéria para escrever. A satisfação que nos cumpre dar, para já, ao leitor paciente e amável, resume-se em melhorar a ideia.
- A luz que a Grécia derrama no mundo, vai para os 3.000 anos, toma parte importante no que somos de civilizados. Mas, se quisermos, corresponder, nos Séculos XX e XXI, aos efeitos práticos que agucem a nossa altivez ou a oca vaidade de, por gozarmos à larga, do desenvolvimento da ciência e da técnica, somos mais capazes de discernir o que convém ao cidadão comum, cumpre-nos retirar da nossa caixa craniana, pensamentos, ainda mais puros e proveitosos dos derramados pela sabedoria grega. Aprender de cor e repisar frases bonitas, não dá para esmaecer a sombra que nos vai borrifando a realidade.
Até próximo.