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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

10 de setembro de 2006

Nº 90 GRÉCIA… RÚSSIA… MODELOS QUE FORAM…

Exemplo, é meio caminho andado para chegar ao ponto de encontro do conceito com o facto concluído. Nas suas épocas, tanto a Grécia como a Rússia, expendem conselhos correctores das disparatadas fendas, por onde se escoam a ponderação e o senso de modernizar, o actualizável.
Os gregos, ao pastorearem as reses para sustento do corpo, ou remavam para a pesca ou comércio, olhavam o céu, os montes, os mares e procuravam explicações para os fenómenos da Natureza exigente de esforço de sobrevivência, no território desabrido que lhes calhara em sorte. Na agressividade do trabalho, medrou a faculdade de compreender, Donde se conclui, ser a ocupação manual ou intelectual, as vias complexas, mas disponíveis, para atingir a razão, a harmonia e o senso. A guerra e a paz, fizeram parte da sua aprendizagem humana. A pilhagem, também, pois a fome quando dói, liberta o braço para agarrar o alimento mais à mão.
A Grécia, deu provas de entender a estabilidade entre os habitantes de duas cabanas, estendendo-a, por igual, aos milhares que se juntam em cidades e países. E com cacos de cerâmica inutilizada, fazer votos para escolha dos preferidos para assumirem a administração dos bens pertencentes à comunidade. Foram esses «cacos» que deram «votos», quando acertaram na escolha da inteligência para governar, que aos poucos, descolaram o «ego social», dos «egos individual e familiar», dando azo ao alicerce da igualdade.
De fase em fase, chegou a vez a SOLON ( 640-560 AC). Sob o seu comando, se chegou mais perto do que viria a ser a democracia.
Depois de um intervalo de 68 anos, surgiu Péricles (492-429 AC). Imperou na cidade de Atenas para lhe dar o aspecto democrático e de grandeza que havia sonhado. Facultou a igualdade entre os cidadãos. Mandou remunerar quem exercesse funções públicas.
Há, todavia, uma linha a suster a obsessão democrática. Cremos serem as opiniões de Platão e Aristóteles, referenciadas na crónica anterior, merecedoras da nossa atenção: - «Péricles tentou lisonjear a plebe».
Foi, porventura, o «Ditador Péricles», quem doutrinou a democracia na Grécia. Tentou e conseguiu ser estimado. Distribuiu dinheiro à plebe. Na pequena Ilha de Delos, um santuário arrecadava as ofertas dos peregrinos. Péricles tomou conta delas e… evaporou-as em benesses que lhe aumentaram o afecto dos beneficiados. A «Liga de Delos», como era chamada a administração do «santuário», dava à Ilha, grande movimento religioso. Depois… até hoje, ruínas e pobreza espalham-se na rusticidade do chão abandonado…
Péricles, enamorou-se da democracia, deu-lhe casa e pucarinho, para se abrigar dos maus fados. Conseguiu popularidade, enlevou-se na ideia de engrandecer a Grécia e agradar à multidão, avara de ganhos.
Tornar-se popular, repartindo a uma parte da população, o que pertencia a todos, sem acautelar a maioria, não será, obrigatoriamente, ser «demófilo», ou seja, «Amigo do Povo».
Péricles mereceu elogios ... A Grécia, por uma banda, tem motivos, para agradecer. Talvez tenha pago caro, a outra banda...

Passemos, agora, à vista de olhos, na Rússia, interrompida no final da crónica anterior.
Não obstante, a produção russa não atingir valores suficientes, para enfrentar dificuldade extras, a Rússia emproou-se a proteger os «amigos do coração», na guerra civil espanhola, de 1936/1939. No meio da contenda, esses «amigos»,mandaram para a Rússia parte do «erário público espanhol» para não cair nas mãos dos franquistas. Consta-nos que o total não regressou ao seu dono. Também crianças espanholas, foram «exportadas» para a Rússia e por lá ficaram, sem terem visto riquezas à sua volta, até hoje.
Em 1938, foi assinado pacto de não agressão germano soviético e outro em Abril de 1941, com o Japão. Tal não impediu de a Alemanha atacar a Rússia em 22 de Junho de 1941, esta sofrer durante dois anos e só em 3 de Fevereiro de 1943, ter oportunidade de expulsar os invasores, em Estalinegrado. Num ímpeto de valentia e resistência, o exército russo encontrou-se no Rio Elba, com o americano, em 8 de Maio de 1945, derrotando a Alemanha, de Hitler. As tropas soviéticas e americanas, libertaram, juntas, a China, a Indonésia, a Birmânia e a Coreia. Empreendimentos de grande mérito internacional, fascínio tira dúvidas da admiração do regime que conseguira tamanhos feitos.
Só em 9 de Novembro de 1989, com o derrube do «Muro de Berlim», se abriu, de par em par, a porta secreta que comunicava com a realidade soviética, mostrando ao Mundo os sacrifícios escondidos de todo um Povo, para rotular progressos ideados, por meio de uma propaganda de perfeição excepcional.
Os séculos XX e XXI, abalofados com as mercês da ciência e da técnica, em comodidades e mobiliário de repouso, diversão, transportes e comunicações, sentaram-se na plateia do grande teatro da fantasia e puseram-se a delinear argumentos publicitários, para filmar as perfeições terrenas prontas a distribuir, magnanimamente, os princípios da acção governativa para atingir o bem estar geral, com esforços reduzidos.
A Europa, geralmente sobrecarregada com discussões de direitos a posses e heranças e às desafiadas guerras para as provar com morticínios copiosos, logo se propôs fazer greve geral a favor da tranquilidade e da mudança de refeições amiudadas e discursos inflamados, mais agradáveis do que trocas de tiros, bombas e remunerações. Visita para lá, ministro para cá e tudo ficaria saldado em contas de amigos.
Essa imaginária «Boa Nova», correu em todas as direcções e, inevitavelmente, influenciou as idades de obtenção de ganhos mais fáceis, da rapaziada mundial e, em particular, a portuguesa, desejosa de afugentar os perigos a que se tinham sujeitado os antepassados, para conseguirem os sustentáculos de independência do pequeno País, à beira mar plantado.
A Rússia era uma esfinge, um enigma fabuloso e geria «boatos de desconfianças», contrapondo batalhas a ganhar, como metas para a perfeição no futuro. Por isso, ocupava a curiosidade da gente que desejava mais do que guerras e incertezas.
No véu, que lhe cobria o rosto e a verdade interna, estaria a salvação da estabilidade do Mundo que teimava em ser livre.
O desabamento, custou a acreditar…A máscara mal parecida e arrogante do efémero, surgiu acabrunhada, arrependida do fingimento demorado em demasia, para colaborar com os mansos, amigos da confiança entre as nações e da segurança na paz do velho continente.
Onde estará a crença?...
Até próximo.