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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

9 de setembro de 2006

Nº 81 ÍNDOLE HUMANA…. A COERÊNCIA IRREVERENTE…

História, é a narrativa das atribulações do Ser, dito pensante, faseada por acontecimentos ponderados e medidos, com entremeios rendilhados de sinuosidades e complicações, cedendo folga a responsabilidades.
A nossa última crónica, andou de ramo em ramo, à procura do fruto maduro, germinado pela ideia e que soubesse bem a todos os paladares, isto é, perfeita combinação concretizada na realidade. Será possível que algum dos nossos leitores tenha aceite bem a nossa tentativa, mas, preferível será, retomarmos a prudência de rever factos históricos, para tirar conclusões, no seu devido tempo.
A árvore das ideias, plantada no Século XVII, no reinado de Luís XIV, ramificou esplendorosa, no Século XVIII, como já vimos na anterior crónica. Todos os mandões dos países europeu – Imperadores, Reis, Presidentes, Ministros Primeiros - visitavam a França, para «verem » o que lá se passava. E ficavam encantados … à vista…
Sem a correspondente parelha com a realidade, todavia, muito mais lenta a crescer, e que era obrigada a pagar a despesa avançada e sempre a avolumar, da «IDEIA», a carestia nos mercados de consumo e o rareamento fiduciário, rastilhou a explosão da massa popular. Admiração geral… Como era possível, em França…
O Rei Luís XVI e a Rainha, Maria Antonieta, perderam a cabeça na guilhotina – retirada a imperfeição pelo mesmo Rei - assim como muitos milhares de nobres, plebeus, pecadores e santos. Tudo foi na enxurrada das ideias, A maior parte não possível de serem transformadas em valores palpáveis e consumíveis – a tal realidade, que depende do valor moeda ou mercadoria, não do agrado de Rousseau – germinou ódios tamanhos, que se espalharam em todas as direcções e acompanharam os exércitos invasores a Portugal, de 1807 a 1811.
Junot, Soult e Massena, chefes respectivos nas três invasões, comandavam, hordas de soldados de diversas nações, com maioria de franceses, onde pairavam ideias aos molhos, mas carregadas da ambição de pecúlios para melhorar o futuro das famílias ou satisfazer instintos diversificados e ocultos.
Territórios invadidos, não eram parte dos DIREITOS HUMANOS. Isso ficava na retórica dos invasores.
Os que chegavam, famintos, esqueléticos, de fardas andrajosas e ensanguentadas e armas a pedir consertos, embora reservadas para a morte, é que possuíam DIREITOS de roupa nova, mesa farta, botas luzidias e armas funcionais. Após as refeições e explosão de gases, talvez só via bocal, os entretenimentos diversificavam-se aos passatempos singelos, sem ofensas, ou a subtrair a carga dos celeiros do trabalhador de sol a sol, ou atirar aos portugueses que passassem na mira das espingardas, qual pássaros inocentes para o guisado extra.
Divertir, primava do lado dos mais fortes. Sofrer, fazia parte das obrigações do indivíduo submetido. E viva a liberdade… de ontem… de hoje… de …até quando?…
A ideia não caída em agrado ou em vias de manutenção, mostra carranca ao comprazimento. E, se não é aceite às primeiras e a bem, expande-se com violência e fere os cristais preciosos, no louceiro valioso e quebradiço da piedade.
Continuemos a ver marchar a História e como o passo bate com o rufo do tambor. Passo trocado… passo em vão…marcar passo…passo em falso… passos perdidos…vencimentos certos…, etc.
Historiadores, acusam o Rei Luís XVI e a nobreza, de não terem sabido evitar a Revolução de 1789. E as revoluções posteriores, especialmente a de 1917, na Rússia…. têm, também, acusados.
Convenhamos que ACUSAR, prestigia o «acusador», ou a ideia que representa. Peca, somente, por não acrescentar que o produto mercantilista - o que põe em concreto, o que materializa - obedece a muito mais tempo para atingir a mesma fasquia da ideia.
Aponta-se o dedo à nobreza e um pouco menos, ao clero, as classes sociais, ao tempo, imediatamente abaixo do sector administrativo, pois eram delas que se buscavam os elementos mais capazes para exercerem a função de mantença da ordem e regularização da economia. Foi o critério popularizado, para desculpar a sujidade cruenta da Revolução Francesa, dos Robespierres, Marats e companhias incontroláveis. .
O Homem, por instinto de sobrevivência, une-se a outros para subdividir obrigações na estabilidade do alimento e resguardo na luta pelos haveres e «direito» de viver. E deixa-se levar pelo hábito, para não dar muito trabalho a pensar. O hábito, porém, tem margens frágeis e preguiçosas. Sem dar conta da novidade, outros caminhos são trilhados.
Antes de avançarmos em conclusões que vão tomando perfil, em nuvem que passa, continuemos a rever o que a História nos descreve, como lição viva a todas as eras, com duas mostras, uma do temperamento humano, lento a mudar, a segunda, que a produção total, abasteça a colectividade à maneira das ideias, ou que estas abrandem para receber o «testemunho» do tempo de produção.
É um indispensável exemplo, da índole que põe e dispõe, no encadeamento do percurso da civilização, para quem se interesse a abrir a curiosidade à neblina que esconde o futuro.
Na actualidade, só se aceitam telas de cores berrantes, o verde esperança, na filosofia que se recusa a «ver» modelos feios e no sangue fresco de cordeiros no altar que recebeu o corpo de Isac - o Menino condenado, desconhecedor do mal ou a inocência pagadora de promessas.
Insistir a relembrar História, será um processo de apresentar a realidade, ao jeito de enfermagem em Casa de Saúde. Sossegar as reacções que vierem a suceder.
Prevenção, mesmo com a antecedência, de recuperar proveitos, não desfaz maleficências. Mas predispõe a sensibilidade, para as aceitar com a razão elucidada.
Outra vez nos encontramos, no fracasso de não medir a paciência do leitor. Má lição nos atribuímos… Descortesia, poderá ser… Mea culpa..
Até para a semana.