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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

10 de setembro de 2006

Nº 85 EUROPA ECONÓMICA… A EUROPA PALPÁVEL …

As primeiras investidas do Homem, aos meandros do conjunto dos conhecimentos coordenados, relativos à salvação da espécie, começaram muito antes de se tornar sedentário. O cansaço do nomadismo, o temor de surpresas, antes e depois de avistar o alimento, induziram ao vislumbre de haver processo de facilitamento nessa questão de teimar em viver. Era quase impossível resistir, contando com o acaso. Tinha de «puxar» por si e iniciar algo que lhe garantisse eficiência.
Foram os primeiros indícios, para ligar a abrangência das modificações naturais à satisfação das necessidades de um organismo franzino, em relação à aspereza exterior, implacável contra a timidez e cruel no atraso da diligência. Terá sido neste enquadramento, que borbulhou o sentido de gerir para simples subsistência, ou para assegurar a complementaridade dos bens essenciais e convertê-los em fruição permanente. Se assim aconteceu, de entendimento em evolução, no ano de 1615, o Senhor Antoine de Montchrestien, publicou uma obra que, pela primeira vez, intitulou de Economia Política. Depois deste - 143 anos de intervalo – o Senhor Quesney, em 1758, publicou o Quadro Económico.
Desde essa altura, o «palavrão» ECONOMIA, tomou assento nos lares, nas sociedades, na administração das nações, usando modalidades diferentes, conforme o critério da gerência: com travão, conflituosa, ou destravada, sem «rei nem roque».
A marcha do Homem para a civilização, na sequência de paragens ou retoma de esforço para subir as fases de aperfeiçoamento, está relacionada com o preparo do intelecto, para ir assumindo a responsabilidade de discernir o grau social. Isso se deu no esgaravatar os primeiros utensílios de ajuda na caça e no resguardo do corpo. E aí por diante, até a este marco evoluído, para atingir boa ordem na responsabilidade de possuir e administrar elementos essenciais à existência.
Vamos mencionar os principais intelectos que se dedicaram a este estudo novo, indicando as datas de nascimento e morte, por as considerarmos balizas importantes, nas ilações finais.
De escola clássica, surgem os nomes: Adam Smith (1723-1790:
Ricardo (1772-1823): Say (1767-1832; Malthus (1766-1834;
Stuart Mill (1806-1873).
De Economia nacionalista: List (1789- 1846); Carey (1793-1879).
Escola socialista : Saint Simon (1675-1755); Fourier (1772-1837):
Proudhom (1809-1865).
Socialismo científico: Karl Marx 1818-1883) : Friederich Engels
(1820- 1895).
Não conhecemos a obra de todos, nem para estas crónicas tem interesse as suas avaliações. Mas valerá retroceder na História, a precaver deduções caídas na vulgaridade.
A ideia, desde sempre, ocupou trono em inteligências solitárias, em todas as civilizações, que milénios e séculos, têm mantido até aos nossos dias. Mas tem sido repartida em períodos de maior ou menor paragem, de acordo com o amadurecimento da massa encefálica.
Poder-se-á entender, em nosso critério retirado da História, que do «ninho» de intelectuais, acarinhado por Luís XIV ( 1638-1715), eclodiu o poder da ideia, em Corneille (1606-1684), Racine (1639-1699), Molière (1622-1673), Lafontaine (1621-1695), Pascal (1623-1662), Bossuett (1627-1704), Fénelon (1651-1715) , Descartes (1596-1650), e outros mais, E que essa expansão se manteve acesa, até aos enciclopedistas D’Alembert (1717- 1783), Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Rousseau (1712-1778), Buffon (1707-1788), Turgot (1727-1781).
Esta torrente, volumosa e imparável, da expansão do idealismo, colocou na cauda da responsabilidade social, o alimento diário das populações, o produto resultante do trabalho e esforço, advindo dos reinos animal, vegetal e mineral. Tal a força atribuída à mente, que se considerava capaz de ter arrastado a parte material para a mesma igualdade consumível. Paradoxo, ainda hoje, em vigor.
Falha grave, quase no imediato, ao influir no fervedouro da caldeirada de 1789, tomando o cognome de Revolução Francesa. O Rei e a nobreza, tinham de completar o ideal a pronto, em serviços e valores.
Difícil ser prevista a emancipação da ideia, menos de um século antes, quando, ajoujada na mesma canga, pachorrentamente, acompanhava o produto sustento da vida, obtido da pastorícia, do cultivo e do minério.
Ideia e matéria, andavam juntas, compartilhavam a mesma canga de proporcionar ao Homem, os meios necessários e suficientes para manter vivo, este animal temeroso das dádivas da Natureza.
Reconhecido o mérito de ter sido cortada a trela à ideia, para livre, esvoaçar no etéreo, algo estranho aconteceu. E o que acontece, tem base na parte material a que o Homem se não pode furtar. O trabalho esforçado e permanente, para obter dos reinos animal, vegetal e mineral, o pão de cada dia, continuou sem alteração e com igual préstimo.
Conquanto a ideia se dispersasse na área de beneficiar a raça humana, a realidade não lhe atribuía o poder de materializar, fosse o que fosse, para agrado do seu fim teórico. Era muito vaga a afirmativa que confiava no companheiro e amigo, que é o produto que sustenta a parte física.
Será neste vértice, porventura, de convergência da ideia, vogando no etéreo ilimitado, de responsabilidade sem acção palpável e da matéria, que mata a fome e a sede, que residirá a controvérsia dos homens, nesta época de incertezas e malquerenças.
Os Homens juntam-se para comungar idealismos, com o pressuposto dos produtos alimentares estarem nas prateleiras a aguardar pretendentes.
No seu seio, nos mercados de compras e vendas, a Europa nunca conseguiu contrabalançar estes dois pilares de sustentação da economia, abastecedora dos povos, tranquilizante dos condicionalismos humanos.
Lutas e contratos de paz, têm comprovado pelos acontecimentos históricos, que a «ideia», ocupa «estação de serviço turístico», ao curioso de conhecer lugares distantes ou apetecíveis. A «ideia» aconselha, aponta, descreve…mantém conversação, resolve problemas, relembra o passado, imagina o futuro. Mas não calcorreia estradas na procura dos precisos para o estado de existir, desdenha o suor na cava para a semente, não assina escritura de compra ou venda. Não se transforma em barco ou avião para exemplificar o que vulgariza.
Por felicidade do ser que pensa, a «ideia» foi, é e será o melhor auxílio à sua sobrevivência. Virtuosa… mas… parcial…
Até próximo.