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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

9 de setembro de 2006

No 79 MAIS HISTÓRIA … PARA MELHOR ENTENDIMENTO…

A variável mente humana, diverte-se displicente, a parodiar os actos dos iguais e semelhantes. Não se revê nas caricaturas que desenha, mas aflige-se das decisões inopinadas que toma.
E lá vem a repetição da velha quadra, aprendida na escola, a dar uma ajuda, a tempo e horas:
Pelo céu vai uma nuvem
Todos dizem: - Bem na vi.
Todos falam e murmuram,
Ninguém olha para si….
Neste deambular pelo passado, pretendemos, tão-somente, retirar lições que possam servir ao futuro sombrio, envolto na incógnita da intervenção humana.
Voltemos à História.
Na Inglaterra, terminou a guerreia religiosa, mas regressou a desavença pelo poder, se pertencia ao Parlamento, se ao Rei, que queria governar sem amarras. O representante da primeiro, o zangado Cromwell, cortou rente, a cabeça do Rei, no cadafalso que não deixa fazer contas. Cromwell, era tão imparcial… que teve a ousadia dos seus descendentes virem a ocupar o trono real. Imparcialidade, quanta vejas…
Posto no trono o filho do Rei degolado, este continuou a teimar incompatibilidade com obediência a quem quer que fosse. O filho, Jaime II, governou ainda com menor agrado. Nova revolta em 1688.
O Presidente da República holandesa, Guilherme de Orange, genro do rei Jaime II, foi a Londres resolver a questão. Tão bem o fez, que o sogro buscou refúgio, na corte de Luís XIV e ele foi proclamado Guilherme III de Inglaterra, com a imposição de jurar OS DIREITOS DA NAÇÃO INGLESA, uma continuidade da Magna Carta, de 1215 que mais tarde, virão a ter o seu ponto de honra, nos DIREITOS DO HOMEM.
No Século XVIII, a Prússia e a Rússia, tomam acento na bancada em destaque das nações do velho continente.
A Prússia, à custa da Suécia, Áustria e Polónia. A Rússia, governando-se da Suécia, Polónia e Turquia. Na Europa, sempre deu jeito viver mais folgado, subtraindo os torresmos suculentos, com o menor esforço. O de mais força, ultrapassava a fronteira e fazia escritura de posse. Se o fraco se atrevesse a remocar, alguns açoites acalmavam.
O certo é que a Prússia, um pequeno Estado, constituído por duas províncias, ao ver-se aumentada, assim, de repente, subiu-lhe a ambição de ser grande… poderosa. Frederico Guilherme I (1713-1740), alinhou como o Rei Soldado. Armou um exército. Deslocou da Suécia, a Alta Pomerânia, por métodos não honestos, como ele próprio confessava. O filho, Guilherme II, encarregou-se da Áustria e Polónia.
A Rússia, extensão enorme, sem portos de mar, fechada sobre si mesma, conservou-se nos limites do barbarismo. Um dia, nasceu Pedro…
Pedro, o Grande ( 1672-1725 ) - Por temperamento e desejo de transformar o seu País, semelhante ao Rei Soldado prussiano, viajou, fez-se operário e gostava de aprender para saber mandar. Fundou S. Petersburgo, para nova capital. Os terrenos pantanosos e doentios, enterraram milhares de russos, mas a cidade lá está a mostrar o querer do salto do semi-barbarismo para entrada na civilização do continente velho, mas sempre receptivo à vaporização da ideia. O filho de Pedro, tentou por cobro a imoderações de duvidosa humanidade. Foi preso e condenado à morte. Perdoado, regressou ao palácio, mas os maus-tratos sofridos na prisão, completaram a sentença.
Dizia-se de Pedro, ser meio tigre, meio homem. A História, chama-o de Grande e o Pai da Pátria.
Para glória da Rússia, coube a Catarina II (1729-1796), continuar a obra de alargamento, começada por Pedro, na vizinha Suécia. Os restos da Polónia e a Turquia, apresentaram-se como pombas mansas, sem hipóteses de escapar ao rapinador faminto. Catarina, protegeu a agricultura e o comércio, fundou escolas, animou as artes e a literatura.
Entretanto a Inglaterra, de «vista grossa» nas «Descobertas», foi amealhando as posições mais distraídas, cultivando os terrenos de vastidão produtiva e abrindo cavas profundas no sub solo com brilhos por desenterrar. Para fruir os «direitos», ou «imposições» de propriedade, construir uma «esquadra» imbatível, era o argumento eficaz para as restantes nações. O poder marítimo e colonial inglês, no Século XVIII, tornou-se único. Para a posse inglesa, passaram, a Jamaica, Gibraltar, Port Mahon, Nova Escócia, Terra Nova.
A seguir, de braço dado com os franceses, «aliviaram» os portugueses de quase todos as possessões na Índia, fundando poderosas companhias comerciais. Uma «rasteira» mais violenta, atirou os franceses para o seu País, ficando os ingleses sem competidores na incomensurável Índia. A França, ao acordar atarantada, do voo transatlântico, ainda voltou à liça, mas mal preparada, viu-se obrigada a «ver os navios ingleses» a comercializar à sua bela vontade.
A comunicação com o Canadá, também ficou a cargo da fácil viagem para os navios ingleses. Os franceses reagiram, mas a «razão» estava do lado de quem tivesse mais força. A Inglaterra, somou o Canadá.
Em 1763, assinou-se em Paris, o tratado para «alimpar» tibiezas dum lado e severidades do outro. A França cedeu, por escrito, o Canadá e a Índia, à portentosa Inglaterra. A América, já era inglesa, por ocupação de colonos, em 1620, autorizados pelo meio amalucado, Rei Jaime I, no navio MayFlower- os Peregrinos.
Mas como não há bem que sempre dure, nem mal que se não acabe, os colonos ingleses na América, habituados a não deverem obediência a nada, nem a ninguém, receberam, em 1763, certificado para pagarem impostos. Caiu a desavença entre amigos e parentes. Os ingleses que sim, havia o dever de pagar licenças ao proprietário. Os americanos, que não, pois se nunca haviam pago antes… Razão puxa atenuantes, justificativas geram desculpas. Não há concordância.
Nasceram os Estados Unidos da América. Nação Independente.
A concretização, porém, durou sete anos, de 1776 a 1783, entre dois Estados, um soberano e o outro a resfolegar para a soberania. Dois Homens, pesaram a favor da América. Washington, a organizar, unir, encorajar o exército e adaptá-lo, com trabalhosa disciplina, à táctica das vitórias. Franklin, no convencer a Europa – a França, a Holanda, a Espanha, a Rússia – no bom senso de uma Nação a contrabalançar devaneios de ambições, num paralelo, sofrivelmente afastado.
• As colheradas de fermento progressivo, deixadas semear pelas civilizações que afluíram à Europa, levedaram a massa intelectual, protegida por Luis XIV, nos séculos XVII e XVIII.
• A abertura, contudo, excedeu a expectativa. A mente, envaidecida pela compreensão, aceite sem balbúrdia, armou tenda de estacionamento e entrou nos compêndios de filosofia geral.
Compreensível, que o Século XVIII, se esmerasse em ditar os preceitos do Século XVII e acrescentasse pensamentos da sua própria lavra. Homens excepcionais se distinguiram. Lavoisier, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot, Alembert, entraram no pelotão dos enciclopedistas. Estava preparado o idealismo acerbo para 1789. O intelecto sobre todas as coisas… acima …acima de tudo. Acima da matéria… substituto dos produtos alimentares, que estes estão sempre garantidos, pela «massa» anónima e infindável, que mantém a mesa posta à liberdade da ideologia…
Puro engano, na mixórdia das ideias. Exagero caro, muito caro, nos efeitos práticos desta nossa Natureza, que cresce molécula a molécula, em tempo próprio e pouco alterável por influência dos seres vivos,
Exagero…Exagero que se não dilui. Nem nos exemplos dramáticos, que a História relembra…
Até próximo.