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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

14 de janeiro de 2011

A vida é preciosa e saber vivê-la é coisa rara.

Basílio José Dias foi um homem que tanto fez e tão longe chegou. À sua maneira, soube apreciar a vida: alimentou-se do que quis, foi activo até ao fim dos seus dias, fazendo a sua ginástica diária e escrevendo grande parte do seu tempo. Tinha um computador portátil, um blogue e, até, uma conta no Facebook – ainda modernices para muitos com menos de metade da sua idade. Era, portanto, um homem admirável.

Dizem as filhas que nunca teve jeito para elas enquanto crianças, mas a nós, netos, sempre nos mimou imenso, fazendo-nos sentir vaidosos com os presentes que nos dava, poderosos com os conhecimentos que nos transmitia e capazes de tudo. Aos bisnetos, transmitiu uma amizade imensa, bonita de se ver e de sentir.

Foi sempre um homem sério, mas nunca lhe faltou o humor. As suas graças, muitas vezes ditas em rima, diziam grandes verdades e, prestando-se a devida atenção, davam respostas a muitos dos nossos problemas. Imensos foram os momentos em que fez rir a família e são esses que vão ficar na memória.

O seu grande amor era a família. Era enorme a sua alegria quando estava reunida e esforçava-se continuamente para que assim estivesse. A sua boa-disposição era contagiante e os seus olhos brilhavam de contentamento nos almoços familiares, que lhe davam grande prazer. Será, certamente, um ritual a manter.

Teve muitas histórias para contar: dos sítios por onde passou, dos trabalhos que teve, das pessoas que conheceu. Mas à sua maior história atribuo o título “Eu sou o homem mais feliz do Mundo” – porque viveu 91 anos de plena saúde, foi activo física e intelectualmente até aos últimos dias, era informado e dotado e uma grande inteligência, estava sempre pronto a ajudar quem precisava, teve o privilégio de ter casado com a mulher com o maior coração e a maior bondade que já se conheceu, teve três filhas imensamente dedicadas, cinco netos e dois bisnetos muito diferentes, mas, tal como ele, imensamente unidos e chegados à família. Tudo coisas que nem a mais avolumada soma de dinheiro consegue comprar.

O dom da escrita ficou comigo. Prometo-lhe seguir os seus passos, pois também a mim a escrita me faz sentir viva. E, se isso me permitir chegar à sua idade, olhar para trás e ver uma vida plena, então também eu serei a mulher mais feliz do Mundo!

Obrigada por toda a amizade!

Beijinho enorme da “[sua] neta mais nova”,
Márcia


Janeiro de 2011