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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

12 de novembro de 2007

Nº 145 O PIB … DÁ O PRODUTO CONTADO… UM A UM… A IDEIA… OFERECE O VÁCUO INTEIRO

O Homem, desde o Século XIX, conta com dois marcos fontanários, onde busca beber esperança de afastar a morte. O velho e essencial, está no produto alimentar, pormenorizado na actual contabilidade do PIB, na tentativa de dar para todos os contribuintes. E o secundário, amplamente dado a saber ao público em geral de ser capaz da mesma virtude, firmando-se na família ideológica de sapiências decoradas no desejo.

Nos tempos que correm, na descoberta do «consumo de massas», onde tudo se compra, tudo se vende e tudo se consome, entrou-se na órbita para o «Estado Providência». E acreditou-se que, se as «massas» QUEREM e pagam no mercado aberto ao capricho individual, razão existe, de as posses dos cofres públicos poderem acompanhar, instante a instante, as exigências do espírito, traçadas nos programas delineados nas maravilhosas partilhas das ciências políticas. O grito «Heureca», ouviu-se nos ecos de montes e vales.

As gargantas convencidas de possuírem «massa cinzenta» igual, semelhante ou … superior à de Arquimedes, ao descobrir a lei da física, ainda hoje com o seu nome, espantaram, por ondas sonoras, uma certeza ansiosamente esperada, mas nunca vista. O Espírito e a Física, fundidos no mesmo cadinho da Natureza. O etéreo, desprovido de átomos, a unir-se a moléculas constituídas por um ou mais átomos…uma rasteira bem sucedida à ambição humana. O movimento fiduciário, estava, finalmente, controlado pelo idealismo redentor das terminadas controvérsias em descontento.

Coordenada depois da «Segunda Guerra Mundial», tornada dona e Senhora dos sectores - chave dos rendimentos, para os poder planificar e distribuir, essa montanha de ideias criou um sistema adequado de «Segurança Social», imaginando dar resposta positiva, às reacções dos martirizados nas carnificinas, provocadas por inquietações de fome assumida, na Alemanha e Itália, depois da Primeira Grande Guerra. Era o aproveitamento de oportunidades a ambições mais alargadas, de absorver vantagens industriais e comerciais em territórios, onde mais farturas se expunham ao que mais valentia apresentasse.

O estado de fraqueza da França e Inglaterra, despreocupadas em armamento, confiantes na lição infligida à Alemanha no Armistício assinado em 1920 e 1921, também contribuiu para a segunda conflagração. O que nos faz repetir a locução romana: SI VIS PACEM PARA BELLUM, em português vulgar, quer dizer: Se queres a Paz, prepara a guerra.

Esta sentença, ainda não perdeu validade. Está encasulada, como a larva do «bicho da seda». Não morreu. Simula letargia, expelindo a saliva pegajosa da verbosidade. Um dia a capa do invólucro, amolece e rompe-se. Sairá a borboleta a por os ovos de armamento mais destruidor e deles nascerão desculpas bastantes para continuar as «guerrinhas» espalhadas por todo o orbe, com violência multiplicada para só escapar a quem pousar a sorte.

Ao afastarmo-nos, dos pensadores de cartaz, pousamos os olhos no livro «História», para o l2º ano de escolaridade, do Dr. Mário Sanches, 1ª edição-1999. Logo no início, na página 3, o autor, explica: - …procura-se colocar à disposição dos estudantes de 12º Ano…… um instrumento que, privilegiando critérios de rigor científico e qualidade pedagógico - didáctica, seja capaz de sintetizar as aprendizagens relevantes e essenciais a realizar pelo aluno.

. Trata-se, portanto de um livro dedicado a quem deseja não esquecer o passado e, por consequência, aos que nunca deixaram de ser alunos e se não envergonham no estudo permanente, em ligação com o respeito à memória e à expressão válida que ela contém.

O princípio desta crónica, destacou a retórica da fantasia, em contraste com a realidade nua, visível e palpável. A instalação neurótica, faz parte do Sistema Nervoso da Natureza, porém, não é órgão ou músculo, substituíveis por outros semelhantes.

O choro do nascimento, a sobreposição de moléculas para aumentar grandeza, a vontade e o querer alegram a paternidade, mas não expelem valores de troca. A realidade, ao contrário, tem formato, embolsa e desembolsa importâncias correspondentes aos compromissos técnicos, assinados e postos na atmosfera da propaganda, sujeitos às leis que sobraram do Big-Bang de há 15.000 milhões de Anos.

Por melhor que seja a vontade de espalhar « Heurecas», a Natureza permanece inalterável.

Abramos o livro do 12º ano escolar, acima mencionado, página 48.

Título: - O PROCESSO DE REGRESSÃO DAS DEMOCRACIAS.

Crise Económica e Afrontamentos Políticos.

Nos princípios dos anos 20 – dois anos após a Primeira Grande Guerra, 1914/1918 – a Europa, aumentava a massa monetária em circulação, sem a reserva do luzidio e poderoso ouro, para calar uma pequena parte, das muitas bocas necessitadas de pão e pedia empréstimos à América, na ânsia de ressuscitar o que as destruições haviam empandeirado, arriscando a liberdade de se bastar a si própria, na perda dos encargos financeiros que os credores não perdoam nos prazos, sem castigo de mais pesada carga.

Nuvens de furacões violentos, não conseguiam limpar o «Céu da Paz», nas « assinaturas entre vencidos, no Comboio francês dos Perdedores», em 11 de Novembro de 1918, pois vencedora tinha sido a crise europeia já enraizada para crescer até à América». Como nada se perde e tudo se aproveita, foi o mesmo chão, o escolhido por Hitler, para ser assinado o colapso da França em 1940. A data de 1918, caía muito bem ao ser relembrada…

De pouco serviram os «papéis, contendo os compromissos dos representantes das nações» para confirmar o Armistício de responsabilidade LIMITADA, nos salões da nobre Versailles, em 28-6-1919 e 10-01- 1920. Do lado Europeu, assinaram os dois lados. Ambos vencidos … O sangue vertido, as construções humanas destruídas, os campos devastados, não premiavam o nome de vencedor em nenhum aspecto.

Assim, ao luto do terminado pavor da mal sucedida Guerra, outro medo o preencheu, o da obrigação de dar trabalho, comida, vestimenta e teto aos milhões de desempregados de profissões estancadas por interrupção de transportes, terrestres e marítimos, de pessoas e bens de consumo, para mercados e serviços, regularizados para as condições normais de… volta à tranquilidade.

Um terceiro vazio se formou nas actividades físicas…em busca de soluções, para a humanidade se não matar até à exaustão.

Já se sabia, desde as primeiras balbuciadelas da indústria em Portugal, nos princípios do Século XIX. por volta de 1836, que são as «massas», os fundamentos para atrair capitais e satisfazer mercados, sendo imprescindível, organizar «empresas», construir «fábricas», assegurar transportes regulados para garantia da consequente rede de distribuição.

A página 22 lê-se: A difícil e tardia industrialização de Portugal.

Esta frase, merece breve comentário.

A Revolução Francesa, fez emergir ideais maravilhosos.

No prático, no terreno, produziu os efeitos imediatos: - Na França e no Mundo Europeu, alastrou temor por vidas e bens, nomeou aprendizes de proprietários, mais inexperientes e ineficazes que a acomodada nobreza, baralhou leis e conceitos, modificando modos de agir, em conformidade com exigências chanceladas com tinta limpa de vírus epidémicos ou soro anti-cívico. Plantou fruteiras intelectuais e alimentares de grande valia social, mas partiu o casulo do civismo, donde se espalharam ervados danosos para plantios tenros, batidos pelos vendavais nascidos dos três «ocos» do pós guerra, vagarosos a preencher, alguns e outros a aguardar o crescimento do PIB, para poderem oferecer matéria de utilidade pública.

A indecisão, perdurou por muitos anos e não lançou foguete que atingisse, logo e já, o Sol do progresso. Sem esquecer « os dias de Glória da Marselhesa», fez atordoar a França, empurrando-a para a debilidade económica.

Portugal, enfraquecido pelas Invasões Francesas, não tinha meios de entrar na corrida industrial, na proporção das suas necessidades.

Até próximo.