Nº 139 O ENVELHECIMENTO DA INSTALAÇÂO NEURÓTICA
Nas duas crónicas anteriores, referimo-nos às curvas da sobrevivência, se utilizando o real valor do PIB, na contabilidade obrigatória à justiça social e a filosofia política, reunindo a hipótese da verbosidade transformar a ideia em moléculas consumíveis nos aparelhos digestivos.
Vem-nos isto à memória, ao atendermos o presenciado nos últimos três séculos. Por um lado, recebemos mensagens de Homens, muitas vezes indiferentes a comodidades pessoais, mas estudiosos da harmonia nas famílias, estas células criadoras dos povos e das graças transmissoras da felicidade no júbilo de continuar a vida.
Por outro lado, apesar dos conselhos apresentados pela plêiade ilustre e intelectual que referimos acima, não foi possível evitar os tristes factos explodidos no Século XX e na derrapagem incontrolada a que estamos a assistir, sem se descortinar forças ou argumentos, capazes e suficientes de travarem o que parece ser monstro destruidor daquilo que nos chegou em instruções de estima, à aprendizagem dos meios que defendem a vida.
A Europa, pequena e arrebitada, é um Continente estranho. A confluência de civilizações, rompendo todas as suas fronteiras, deu-lhe uma contextura anómala no tino e de desvio na pontaria.
Será, por essa pecha que, possuindo pensadores brilhantes e aproveitáveis no benefício da irmandade entre as nações, quando enfrenta o ensejo de decisão rápida, amolece e afrouxa a urgência na concordância ao pacifismo e se precisa da verdade nas boas contas sociais, dilui a lógica em chuvadas de ideias em abstracto. Paradoxo?... Daltonismo?... Crença na cartomancia?...
Vislumbramos, sem afirmação categórica, felizmente, que parece haver, no nosso Velho Continente, um toque de chamada para a imprudência. Antes da guerra, ninguém tem medo dela.
Enquanto demora o desatino da chacina, fazem-se preces para que ela acabe. Feita a paz, reza-se para que não falte pão às refeições. Assegurado o alimento rogado, começa-se na conjura e resistência, ao subterfúgio da excessiva superioridade individual.
Observemos a Europa no começo do Século XX, que a electricidade fez chamar, DAS LUZES. Olhai bem. Era uma Europa nova, se assim se pode chamar ao retalho recente, de fronteiras com escassos 100 anos.
A Revolução Francesa, estrondeou em 1789, espalhando por toda a Europa, cinzas a abafar inconveniências centenárias e fagulhas de lumes a incendiar ódios e ambições. Mecanizou, em praça pública, a «arte de matar», por meio daqueles dois paus, suportes de lâmina de ferro, de trepar e deixada cair no pescoço de pecadores e inocentes. O renovado espectáculo do circo de Roma, 1.700 anos antes, entusiasmava espectadores de temperamentos afeiçoados à incivilidade e ensinava a malquerença aos que lhes sobejavam tendências de abraço ao vizinho, ambos sujeitos à mesma sentença.
E, batalhas aqui, ali e além, humedeceram o solo, para reverdecer a planta da Paz. O Húmus de sangue, porém, fez rebentar ramos vigorosos da anterior espécie que ainda restava na raiz… Napoleão tomou o trono.
« Cavalos de Batalha», cavalgaram a coerência, até Napoleão pedir à França um esforço supremo em 1815, nos campos de Waterloo. O General inglês Wellington, não o permitiu.
Voltou a « linhaça à cabaça», ou seja, sofridas mudanças de usos e costumes, normais depois de guerras e pazes, o que restou, foi continuar a luta interminável entre o PIB, sempre mais baixo que as bocas que se apresentam para o consumo e a aceleração do produto para regularizar a distância da fome ao por da mesa. Os filósofos dos séculos XVII, XVIII e XIX, não conseguiram ensinar método perfeito para a retoma da Paz. Os escombros da Primeira Grande Guerra, também não.
A Rússia, em 1917, experimentou o método do alemão Marx+ismo. Fuzilou a Família Romanoff, na floresta de Iekaterinburg, em 1918 e deu plenos poderes ao advogado Vladimir Illich Ulianov, (18970-1924), mais conhecido pelo alcunha de Lenine, para encomendar balança, com um prato para o justo e no outro a Lei, para julgar a justiça que aquela família tinha recebido e continuava fora do parecer da herança de Pedro, o Grande.. Não dispondo de tempo para concluir todas as mudanças que lhe pululavam na cachimónia, nem para matar todos os adversários que se lhe opunham, delegou no Camarada, Iossif Vissariaovich Djucadchevili (1879-1953), conhecido como Estaline, o encargo de tal missão. O menos preparo instrutivo de Estaline, em princípio, seguiu os conselhos do advogado. Vendo, porém que as mortes não resolviam as questões imensas, no País das estepes, por irem rareando as inteligências esclarecidas e a mão-de-obra experimentada, necessária ao progresso, resolveu sofrear os enterramentos e distribuir verbas aos mais pobres e aos «amigos do coração». Deu mais certo.
A Paz, que permite a liberdade de distribuir afeição social e movimento no trabalho, sustento das famílias, abrandou o mal estar que atrasava a Nação e impulsionou o crescimento, tendo em conta que o Mundo não estava para paciências e queria entrar em nova metamorfose. E alguém tinha de sofrer, escapando os mais fortes. A Rússia, refez o exército para o que « desse e viesse». Venceu, com o socorro de inverno rigoroso, a valente armada de Hitler.
O equilíbrio social na Nação Russa, - o baluarte que embasbacava a «ideologia» das outras nações - feitas as contas do «Erário» e medidas as consequências, nos mercados internos de compra e venda, afinal, não era o que aparentava. Ganhara na guerra contra os intrusos alemães, pudera mostrar carranca na GUERRA FRIA, durante anos, mas não tinha fundos para satisfazer os compromissos, nem podia sustentar os seus filhos, como havia pensado e executado antes. Apareceu NUA, a Lei das proporções. O que parecia «bondade do regime», resultara erro contra o Estado, sem barragem que lhe segurasse a corrente volumosa e constante da despesa.
A subida ao cume do mando de Mikhail Gorbachev, um conhecedor de tabuada e aritmética, portanto, também de contas, retirou horas de descanso, para chegar às simples, mas apreensíveis conclusões, de que os «cofres do Estado» estavam doentes, prestes a parar a circulação fiduciária. O desengano, esfriou, não só Gorbachev, como a parte do Mundo que se entusiasmara com o «milagre» apregoado, acima do «sermão da Montanha», a aproximar os Homens. A verbosidade convencera a vitória do «idealismo», mas o «idealismo», não correspondera, por não possuir meios de pagar «fosse o que fosse». Arriara a bandeira da prosápia.
O exemplo russo, todavia, derramou na «Rosa dos Ventos», esperanças na estabilidade social, bastando distribuir verbas de «amanho nos lares», mesmo sem fazer contas. Enganou os que mal sabem copiar, dizendo-se gerentes do Erário Público. Agora, estão a querer verem-se livres das responsabilidades, não obstante, continuando a ignorar as bases elementares.
Em Portugal, é o que está a acontecer.
Até próximo.



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