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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

17 de setembro de 2007

Nº 137 EUROPA…DOIS MIL E TAL ANOS VOS

O nosso Continente, é o vasto mostruário do que é possível acontecer no Globo Terrestre. Nem sempre ocupando lugares pioneiros, tanto nas expedições à amizade e na investida à sabedoria, como no empenho às mais valias do trabalho alheio e da ânsia do poder. Mas singrando, firme, nas curvas das circunstâncias oportunas , doadas por ingenuidade congénita e, à primeira vista, de aspecto simplório.

A Europa, de há dois mil a tal anos, pouco conhecia de letras, nem o significado de PIB. Durante as digestões, porém, sabia ser o solo, o atractivo de todos os povos que a habitavam e da vinda de outros dos continentes limítrofes, feitos rebanhos, tanto os de cá, como os chegados, faces encovadas, a pedir raiz, legume, fruto, ou animal do mato, para matar a fome, gruta para agasalho, água para hidratar o corpo sedento e passar pela cara emplastrada de pó e suor. A esses peregrinos, buscantes de alívio contra as necessidades físicas, os enraizados, os de passagem, ou os que se encravaram em ambiente favorecido, chamaram-se invasores.

A cobiça de mais lavoura para colher alimento, partiu, todavia, da própria Europa, dos que trabalhavam as bases de sete colinas, mais tarde denominada «Liga dos Sete Montes», unida por uma autoridade que lhes perpetuou o nome – Roma.

O dilema de se deixar vencer pelos interesseiros do produzido em cada área, suficiente para os esforçados habitantes, mas não para sustentar malfeitores, ou investir em forças defensoras das colheitas para celeiro comum, deu lugar à formação do exército que chamou a si, 754 anos Antes de Cristo, a prepotência do mundo de então, formando um império poderoso, ao mesmo tempo que espalhava a instrução e o «Direito Romano», ainda hoje válido a repor a ordem e a justiça. Chegou à Península Ibérica no Século I A.C. e terminou no Século V, (Ano 476) depois de Cristo, com a queda do Império Romano do Ocidente

Passadas à disponibilidade as «Legiões Romanas», substituídas por diversões, luxos, incluso o período de «pão e circo», roubalheiras e «desvios», incompatíveis com o decadente produto interno desse tempo, (PIB de hoje), tornou fraco o que havia sido forte.

Demonstração de o PIB, ser um lucro, de valor não confiável, no tempo, na quantia, nem na administração do homem aureolado de promessas.

Menos ainda, em famílias adoptivas, de discurso combinado, unidas por expectativas siderais, entradas no balancé de resultados, visionários de esperanças no PIB, eternamente saudável para os povos e… para empregos de rendibilidade garantida.

Guerra e paz, tomaram lugares de destaque, sem nenhuma se querer superiorizar à outra. Guerra é guerra e não admitia bondades a intercalarem matanças bem evidentes nos programas da ansiada sobrevivência.

Por outro lado, paz é paz, só acordando nas juras agradáveis e intenções santificadas. Unificar pensamentos, exigiria menos esforço que separar o bem e o mal e depois ter de desmentir o que, na ocasião mais conviesse a ser transmitido.

A concórdia sempre foi mercantil e farta nos preços de compra e venda. Mormente, quando a escassez de coragem, se sobrepõe à dignidade de arrostar perigos e afrontas.

Na Europa, a perda do orgulho de ser independente, tem estado a desfazer-se na opção de gozar o conforto, pertença do cansaço alheio. O patriotismo, passo a passo se esvazia nas promessas discursivas de « viver à grande e à União Europeia», por mentes presumidas de terem descoberto o enigma da matéria se multiplicar em conciliação com a idealidade. O ódio, pouco a pouco, vai tomando conta das condições, por milénios aplanadas pela convivência, ao avanço das condições moldáveis à civilização de um Homem, ou de muitos reunidos. O que o dorimento de séculos abriu o coração para a amizade, hipóteses de igualdades por armas e violências, dirigidas por incapacidades governativas, tendem a destruir os valores acrescentados à Natureza, pelo físico melindroso do Homem, acostumado ao emprego chagado de sacrifícios, para alcançar o direito de viver.

De degrau em degrau, chegamos à angústia de o PIB nos ensinar, sem rodeios, que é um enguiço de estudo importante à civilização, não atingindo, porém, ponto fixo para assegurar a paz entre os humanos, na ramificação do aparelho digestivo à ambição desmesurada na partilha de interesses e…na esperteza da preguiça se confundir com a burla…e a honestidade.

A História, no amassar dos acontecimentos, é a mestra paleontóloga, que desenterra factos para decifrar o encoberto pelo pó dos séculos.

As legiões romanas, partindo da sua capital na Europa, não a conquistaram por inteiro, posto que se tivessem ramificando em todas as direcções, mas deram mostras de excepcional poder guerreiro e instrução acima da média no tempo, distribuída por onde passavam, reflectida na actividade dos nossos dias. Civilizações, reconhecidas como abrutalhadas, contudo, nunca cederam dos seus direitos de serem independentes. Eram, por isso, conhecidas como « bárbaras».

As principais «invasões» da Europa, foram, por consequência, consumadas por povos que já a habitavam, por séculos. E, todas elas, tiveram como causa principal, as variações do ( para nós jovem) anagrama PIB. O Produto Interno Bruto, foi, é e será sempre, o «tratado» primeiro da Paz, da luta pela vida, do Progresso… e de passos desastrados à retaguarda…

Os Germanos, no ano 376, deram o grito de avanço, contra o poder de Roma, seguindo-se os Visigodos, de Alarico, vencedores de 410, até 507 e os Vândalos, de Genserico, de 455, até 534. Como resultado destas invasões, iniciou-se a destruição da unidade do Império Romano, a formação de vários reinos independentes, a paralisação, por séculos da marcha da civilização e a mudança do modo de viver.

Os bárbaros, pouco sabiam do progresso sustentado dos romanos e, por consequência, foi grande a pilhagem e ruína, em monumentos, teatros, arenas, escolas e reduzido o que conseguiram reedificar. Quase se limitaram a imitar a ostentação e a forma de governar das tradições romanas, sem mais valias que viessem, mesmo que paulatinamente, a ajudar o desemperro da rudeza mosqueteira da Idade Média.

Poucos foram os intervalos de hostilidades, entre os povos ibéricos, pois os romanos, para acertarem a sua própria orgânica, só chegavam a convenções, após renúncias da paz e fartanças de espadeiradas a explicar razões, com ou sem razão. A lei do sangue derramado, era a tinta que assinava tratados e decidia os termos da paz. Os Séculos, acabados de passar –sobretudo o das Luzes – são exemplos frisantes dos haveres europeus, parcos no valor e desperdiçados nos temperamentos predominantes.

Este nosso Século e os que se estão a preparar em escritos de acordos incertos de cumprir e que a plebe ainda se agarra à esperança da paz, auguram a Europa com dois sentidos: - Um a desenvolver a ciência e a técnica com precisão matemática e do outro, a matar por desconhecimento de fazer contas do que, na realidade rende o PIB.

Até próximo.