Nº 129 O CONCURSO DO MELHOR… AÇORIANOS ESQUECIDOS…NOS NOSSOS AÇORES… HERÓIS E SANTOS…ESPERAM SER RECORDADOS.
No final da nossa última crónica, intentamos informar o leitor paciente, de estar prestes a terminar a leitura de trechos da primeira metade do Século XX, da nossa História de Portugal. Nessa revisão, expusemos os factos reais, que antecederam e justificaram os convites dirigidos ao Dr. Oliveira Salazar, para gerir a falida Pasta das Finanças.
O concurso « Quais os melhores portugueses», todavia, terminou no dia 25 de Março de 2007. Pareceria motivo de, por nosso lado, deixarmos descansar a questão na prateleira da indiferença e do desquite ao «melhor».
Acontece, porém, que estes nossos escritos, desde o início, não se vincularam a pareceres ou demarcações pessoais e, muito menos ao referido concurso, nem à lotaria do vencedor. Não votámos.
A escolha do Dr. Oliveira Salazar para ficar em Número UM, pertenceu aos que têm boa memória, ou usam da cautela no estudo das vantagens que distinguem a primazia da paz e do que repudia a balbúrdia. Sem nossa influência .
Confessamos, no entanto, não termos procedido com a correcção que se nos impunha, sabendo os açorianos figurarem entre os melhores portugueses. Mesmo que solitário e conformado com a indiferença de serem lidas estas crónicas semanais, deveríamos ter perfilado um dos nossos, no batalhão de Honra Nacional.
Cumpre-nos reavivar o passado que nos honra sobremaneira e oferecer à juventude o rol dos que saltaram, por mérito próprio, os altos muros da vulgaridade.
Apontemos dois. Um, nascido no Século XVI, colaborante e sacrificado das grandes descobertas e outro, em pleno Século XX, a admoestar a leveza com que foi consumada a deslealdade a esta Nação de 867 anos de luta para viver sem complexos de inferioridade, gravemente ferida por grupos apátridas e buscadores de oportunidades.
Miguel Corte Real, o navegador nascido na Ilha Terceira, que em busca de seu irmão Gaspar, em 1501, seguindo rota pré conhecida, arribou, com a sua companha, à América, descoberta por seu Pai, João Vaz Corte Real, em 1472, vinte anos antes do português Salvador Fernandes Zarco, acobertado com o pseudónimo de Cristóvão Colombo, é um que deveria estar presente na consciência da nossa Região . A coragem, a nobreza de carácter, o patriotismo escavado no testamento vivo da Pedra de Dingthon, com seu nome rodeado pela data – 1511 – e pelas «Cruzes de Cristo», com os 45 graus da heráldica, dão prova eloquente de um GRANDE PORTUGUÊS, muito… MUITO GRANDE.
Destruído o barco dessa proeza extraordinária, Miguel, consciente do não regresso à Família, soube acabar os seus últimos anos de vida, dando continuidade à sua missão no Portugal Europeu, a desbravar o Mundo. Ele e seus marinheiros, misturaram-se com os indígenas e criaram uma nova convivência, apreciada 70 anos depois, pelos «Peregrinos Ingleses» ali chegados em 1620. Longe das famílias, o solo americano recebeu e absorveu os seus corpos, mas começou a enriquecer a benesse da civilização. O documento escrito, gravado na «Pedra encontrada no Rio Taunton», autentica a veracidade da tragédia e o amargor de Miguel Corte Real.
Réplicas dessa «Pedra», têm merecido constar em lugares de destaque, de chamamento do passado ao exemplo do presente. O Governo da Madeira, quer uma na Ilha descoberta por Bartolomeu Perestrelo, em 1418.
É nosso parecer, que 9 réplicas deveriam expor a odisseia de Miguel Corte Real, neste nosso Arquipélago. Na Ilha Terceira, é urgente que, pelo menos uma, mostre, bem à vista, onde caiu a última lágrima do Açoriano sacrificado. Na «pedra do dever» e no trabalho de o cumprir.
O segundo candidato, é de hoje, de amanhã, de sempre…
Daniel Ornelas, o Jesuíta, a última condecoração colocada em peito honrado, pelo ex-presidente Jorge Sampaio. Um Honesto e independente candidato ao concurso do melhor português.
Cremos ainda estar vivo, este octogenário, que sobe e desce as Montanhas de Timor, passando todas as necessidades físicas e morais, para prestar amparo aos infelizes ex-portugueses, a querer desculpar a perda desprestigiante da portugalidade naquela província que tanto foi defendida pelos nossos governantes ancestrais e pelo Dr. Salazar. É um nome a fixar por todos os Açorianos e pelos que ainda respeitam a obra do nosso País no «aquém e além Mar».
Daniel Ornelas, é o voluntarioso símbolo do Portugal heróico, no tresloucado abandono de Timor, por açambarcadores aventureiros do poder legal. Nasceu na Freguesia do Raminho, na nossa Ilha Terceira. Ilustre pela sua coragem e Santo pelos benefícios que acarreta nos ombros descarnados, sem horas de descanso ou regularizadoras do sono, esquecido de moeda para a sacola, ou prece para a alma.
Dos dois, em quem votar…? Em Miguel, Marinheiro, Herói e talvez Santo?... Em Daniel Ornelas, Santo, Herói e Português?...
Pecamos, por hesitação… Que fosse só o nosso voto… contaria na lembrança de um alguém… perdido na multidão dos valorosos e moralizadores…que fizeram e ainda unem Portugal.
Os Açorianos, têm destes acanhamentos... A amplidão do mar, cultiva a modéstia de viver sem medo, mas retrai a voluntariedade de expandir «aos quatro ventos» esse mérito de valor universal.
Até Próximo.



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