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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

22 de julho de 2007

Nº 132 FORMAÇÃO DE EQUIPAS… E OS ISMOS O IDEAL AGRUPA PARA GANHAR SEMPRE.

O ideal e o concreto, ao mesmo tempo que simbolizam o quotidiano da convivência, representam a dúbia realidade do encanto e da desilusão. A ideia, imaterializada e volátil, é a perenidade do sucesso. O concreto, submetido à lei imutável da física, sofre a lentidão do crescimento e a dureza insubstituível do esforço para criar os bens do trabalho que continuam a vida. Um e outro, amam o humano. Os dois juntos, completam a existência. Mas não duplicam a bem-aventurança na Terra, nem reduzem as virtudes para alcançar o paraíso.

O Ideal, irrequieto, controverso e repentista, alegra-se nos folguedos, nas invenções e desejos de beneficiar o descanso, com a alegria do espírito. Irrita-se, porém, com o crescimento preguiçoso do concreto, necessitado de ferramentas para modificar a matéria rija e áspera, fazendo expelir suores saídos dos corpos obrigados a ganhar o alimento. É, porém o modo de exaltar o civismo e dignificar o ponto principal das responsabilidades que se distendem a partir da Família.

Da fadiga, recebeu o Homem, a mensagem de desvendar as forças ocultas da ciência e da técnica para a protecção às suas inumeráveis carências físicas. O progresso do Homem, provém do emprego da força, da coragem, do vigor e do ânimo que suporta a perseverança.

Na Terra, os animais que a habitam, resistem pelo seu próprio esforço e subtileza em cada momento. A Lei da continuidade está na conquista do ser pensante se ter transformado em Humano e poder ganhar a auto suficiência, inventando os objectos ajustados a substituir a carapaça contra a ferocidade dos irracionais e dos que se passeiam e acotovelam para conseguirem as melhores benesses. Solitário, se a comodidade diária satisfaz. Opta por alianças, quando o interesse de melhor conforto pode ser retirado dos elementos do grupo, menos atentos a aprender contas e a dividir o «bolo» comum. Nesta situação, arrebanham-se equipas, qual tribunais do sentimento, para comoverem a sua lamurienta intenção e furtarem a volta, cantando o «vira», para cortar as fatias mais apetitosas e nutritivas do potencial público, que não os da indissolúvel igualdade proclamada à ventania da propaganda.

Se bem que os projectos escritos e jurados contenham altruísmos de primeira monta, a pretensão de cavalgar alto, estava nos desenhos arquitectónicos dos sócios no negócio, ou profissão, de guardar nas mãos o governo de quem contribui para o Estado. Uma boa «maquia», sem fundo e de corrente contínua, se balbuciava entre dentes…

Pelo seu valor e posto social, manda a tradição, serem as tertúlias familiares ou de amigos, motivadas e debatidas pelas setas molhadas na cicutina, servirem de temas críticos a quem governa as nações. E destes agrupamentos, se formarem os «partidos», clarividentes da impecabilidade na distribuição do que pertence a quem goza dos direitos civis e políticos do Estado e na premonição da prevalência da integridade cumprir todos os deveres e aguardar todas as regalias. Fazer acreditar em tal sapiência, nos pecadores cérebros humanos, não será bom conselho aos menos abonados do «pão nosso de cada dia», em falta todos os meses.

As experiências que têm sido feitas, todas se enlodaram em guerras fratricidas, na irmandade do globo terrestre. E as actuais promessas de direitos pré-natais, prolongados até vida haver, semeados, como se fora um novo maná, caído do Céu, sem exigir trabalho, estão a germinar novos conflitos, desigualados para o feio, pelas melhorias de armas mais sofisticadas para esmigalhar, mas análogas às que atrás fizeram padecer, de tão nocivos efeitos pela mortandade nos campos de batalhas célebres e pelos horrendos estragos no edificado pela mão do Homem construtor. A um período de transpirado esfalfamento, pode seguir-se um momento de esfrangalho completo.

O bípede da selva, dilacerava para comer e guardar. O humano pensador, arquitecta, lava o suor da edificado e.. se enfrenta estratégia para desopilar malquerença, reduz a obra a escombros. Índole para o bem, carácter para o mal, simbologia do sentimento humano.

O intento de dissolver contradições e obter um composto melhor proporcionado, conduziu à formação de equipas desportivas, políticas, profissionais do bem e do pior, intelectuais prontos ou em tirocínio, etc.

A esses grupos, foi dado o alcunha de «partidos», com hino, bandeira e cor clubista.

O primeiro actuante, surgiu do amor próprio dos personagens associados: - o EGOISMO, demolhado em boas intenções. Não resultou. A primeira apanha dos frutos da comunidade, rápido desaparecia, antes de chegar ao conhecimento de toda a gente. Após a segunda colheita, restava a necessidade de comer.

Em seguida apareceu o «CAPITALISMO», e seus canais de absorção. A segunda colheita - visto a primeira entrar no acerto de contas – distribuía-se pelo trabalho árduo e, depois, pelas necessidades mais prementes. Também não agradou, por o produzido se centralizar numa alfândega privada, onde o número de quinhões não constava dos livros contabilísticos. O escriturário borrava a caligrafia e dificultava a leitura.

Pela sua ordem, chegou o «associativismo» ou «socialismo», para distribuir acertado, após servidos os «cabeças de cartaz». O restante, porém, dava e, actualmente só chega para «meia missa».

As inteligências de potência agressiva e auto dinâmica, visto o ISMO estar no baptizado inicial, apresentaram sugestões para serem postas em prática, dando lugar a outros nomes com o mesmo final da palavra, que a gramática denomina «sufixo»: «comunismo», «fascismo», «nazismo», e mais uns tantos e tal. Nomes de pessoas, também deram o seu concurso, Marxismo, Hitlerismo, etc. Donde se vê que imitar é decente, desde que seja «moda». Para este desiderato, basta a futilidade tomar assento oficializado e proferir palavras agradáveis à «rosa dos ventos», a mágica que ocupa o ralo permissivo da aquiescência.

Pelos vistos, contudo, os negócios que interessam aos Estados, não têm decorrido como os conjecturados pelos ISMOS. Na dianteira dos acontecimentos, relampejaram granadas, canhões de grande estilo rebentaram tímpanos, aviação mortífera e destruidora aprofundou luto e miséria, os valores do Povo, estouraram-se com o sangue dos contribuintes. A amargura despedaçou corações, A pobreza mirrou bolsas e entornou os caldos de matar a fome.. .

Cada ISMO, considerava e ainda julga em si, o milagre da sapiência inteira e virgem. Os acólitos, aprendizes ou tirocinantes, sacristas ou artilheiros, de baixo a cima, eram tidos, como ainda hoje, mestres de todas as artes. A fantasia, não tem limites no invento, mas pára à falta de provas e encontro do senso útil e benfazejo.

O Ideal, artífice da convicção, voga ao largo desses prodígios sobre normais e aguarda a atracagem a «Continentes Novos», habitados por gente intelectualizada nos princípios dos seus ISMOS, substituindo velharias pelo que saiu das suas mentes extra realistas.

O «Concreto», todavia, cansado e desiludido, da monotonia esvaziada de tantos cérebros bem pagos para copiarem os anteriores, limita-se a ler notícias, esperando alguma novidade de outro ISMO que se apresente a levar a cabo as mesmas teorias, sem alicerces materiais.

Até próximo.