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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

15 de julho de 2007

Nº 131 FUTEBOL… E OS IDEALISMOS… OS JOGOS DO POVO…

A bola… é redonda. Descocado lema para começar uma crónica. De nós mesmos, pensámos o que vai pela cabeça dos leitores ainda de paciência no activo para, durante alguns minutos, apreciarem os nossos escritos.
Claro que a bola é…redonda. O que a torna especial, são as surpresas dos embates na superfície esférica, surpreendendo as multi-direcções que sofrem os satélites batidos para mudarem de rumo. É esta qualidade anormal à certeza do choque entre dois corpos o que a atrai para variadas competições e na diversificação de negócios.
Há milheiros de anos que o Humano se entretém com sólidos redondos. A esfericidade dificulta o batimento acertar no ponto exacto, transmissor da direcção na entrada triunfal. Mas foi esta negativa à perícia, que em algumas civilizações os crânios dos vencidos eram pontapeados entre dois grupos até entrarem em espaço pré combinado. Se o futebol provém deste jogo, ainda se está por confirmar, mas as parecenças vêem-se na fúria entusiástica dos jogadores actuais e na assistência desalmada, adoradora do que doa a quem doer, desde que vença o clube predilecto.
O que sabemos é que na Grã Bretanha, em 1863, foi aperfeiçoada a disputa de uma bola por 22 jogadores, divididos em duas metades, com uma baliza de 7,32 m. de largura, por 2,44m de altura, em cada lado, para receber a esfera da sorte, com a circunferência de 68 a 71 centímetros. Intervém na disputa um sujeito, armado com um apito, para interromper a violência ou ultrapassagem das regras, baralhadas na refrega.
O primeiro campeonato inglês, disputou-se em 1872. A FIFA nasceu em Paris, no ano de 1904. Em 1908, o futebol entrou nos Jogos Olímpicos.
Uma a uma, todas as nações do Mundo, adoptaram, como Rei, este desporto ao ar livre, onde os assistentes, sem receio de explodir a esfera celeste, se podiam esbravecer, dando largas às vibrações das cordas vocais e, desengonçando o corpo, necessitado de ginástica, mexendo braços e pernas, como se fizessem parte dos componentes na refrega.
Nos princípios do Século XIX, já se disputavam encontros entre nações no Continente Europeu.
Em Portugal, 1889, marcou o primeiro desafio entre uma equipa portuguesa e um misto inglês. O futebol foi introduzido na Real Casa Pia de Lisboa, em 1893. Em 1906, foi organizado o primeiro Torneio da Liga de Futebol, que em 1910, se filia à FIFA. Daí em diante, o futebol, tomou posição de destaque, quase a par com as ideologias, nos tecidos sociais de todos os Países, onde «ídolos» nas artes do «taco ou pé na bola», se glorificavam, após os golos a somar para o triunfo.
A existência de um entusiasmo dominante a exteriorizar convicções, pouco altera o convívio e a lei. Se, porventura, outra animação surge, repartem-se os espíritos em sentenças e critérios, como bola na triangulação do bilhar. As convenções de um, não correspondem às do outro, as alternâncias são tornadas obrigatórias para prestígio das diferenças. A igualdade amarfanha o orgulho do mais poderoso.
O recreio que fazia reunir famílias, amigos, conhecidos e multiplicava tertúlias, era a política. Em simultâneo com a troca de pareceres, alimentava o bate-papo entre as pessoas, como se fora o desporto maior da primeira metade do Século XIX. A constituição da equipa orientadora dos negócios do Estado, para marcar importância, começava por dividir tácticas à «esquerda, direita e centro», cada uma autodidacta na missão específica, não fácil, de aprender, «à sua maneira», a dirigir a Nação. A equipa nomeada para dirigir a vida complicada de um Povo, ainda joga, como desde o princípio, com o «Produto Interno Bruto».
Mantém-se o objectivo cauteloso de não fazer ondas encrespadas.
Fortalecer e pontuar o agrado dos confrades ideológicos, assegurando a repetição dos votos é ponto essencial na verbosidade de cada promessa.
Posteriormente, sempre com o verbo afinado, animar a população em geral, das benfeitorias que irá receber em tempo…quase…quase à porta.
Para isso se esforçam a «esquerda, o centro e a direita», convictos de, com tal princípio, o Estado financeiro está certo e seguro, conquanto os critérios de gerência, tomem a primazia no encaminhar as benesses primeiro aos seus e depois distribuir o remanescente, ficando para último, quando houver tempo, fazer contas às receitas.
No jogo político interno, mono disputável, por não haver adversários fora do interesse nacional - finalidade única de melhorar o País - segue-se a regra de ganhar adeptos e, em segundo plano, estudar tácticas e fazer contas. Disparidade de alto preço na paz desejável e ultra caro, no dispêndio do Erário Público.
A «evidência» mais flagrante, inexplicável na prática, reside no facto, conquanto visto de passagem, ser o PIB europeu, se bem que mais elevado do português, inferior ao suposto e, por consequência, não corresponder ao volume real e necessário do consumo. Portanto, aquém da volumetria, obcecadamente vigorante nos intelectos dos profissionais administradores da coisa pública. Nacionais e estrangeiros.
Nesta perspectiva, do que deveria ser – e não é - numa equipa ( Portugal é uma equipa ) organizada para defender o Povo, criam-se três forças independentes principais, cada uma a puxar para o seu lado, na crença extravagante, do PIB ( que não deve ter fundo). preencher falhas ou vácuos em qualquer circunstância.
Equipa só é coesa, quando as suas vitalidades se reúnem num mesmo objectivo e acto de fé.
Em comparação e mais coerentes, as equipas de futebol, são constituídas por três partes: - Defesa, médios a defender e ajudar os da frente, ou seja a linha de ataque, para marcar os tentos da vitória. A sequência de fortalecimento dos sectores numa só força, é o fim a vencer na luta empenhada pelas duas partes.
Desta maneira, se bem que o propósito seja amealhar louros e ovações públicas, os discernimentos tácticos são dispares e antagónicos. Enquanto a equipa desportiva tenta constituir uma só força para desfeitear o adversário, a equipa política, enfraquece-se, subdividindo-se em partes isoladas, de direcções dispersas, de manejo retesado pelo desvairo de resolver a mal humorada questão social. Pontapeia a bola para longe, para dar tempo a que outras mãos e pés, se responsabilizem na área do golo na outra baliza.
No desporto há técnicos, bem ou mal preparados. Na política, há «nomeações» retiradas das juras a partidos. Num, procuram-se conhecimentos e competência, no outro, indicam-se, à medida da locacidade, os colegas ou camaradas. Um fim… dois estilos. A inclusão da técnica, mesmo que deficiente, tem mais valia que o amadorismo… vestido de carreira profissional.
Apanhemos as conclusões. O Povo, absorve grande parte do seu tempo de laser, nos dois divertimentos que lhe amenizam o infortúnio da ideia ser muito mais veloz que as promessas da natureza e dos humanos. O número um, é o trocadilho de regras, utilizado pelas equipas que gerem a Nação, acercando-se do «quase», como se pudesse ser tocado. O número dois, junta as disputas entre clubes seguidores de esquemas e leis, mas que, também acabam por engrossar a desilusão.
O acaso da sorte, não é estilo…
Até próximo.