Nº 128 ADMINISTRAR PORTUGAL… DESGOVERNADO DE 1910 a 1926… SOLON, O SÁBIO… RESOLVEU HÁ 2.600 ANOS…
Dos bons propósitos que titulam esta crónica, partiram, de 1926 a 1928, os convites ao Dr. António de Oliveira Salazar, para timonar a atrapalhada pasta das Finanças e por cobro às ofensas à protecção e moral públicas. A última insistência, levou-a o Engenheiro Duarte Pacheco, em 1928, resultando feliz para a normalização da vida em Portugal, mas envolto no sacrifício pessoal do novo Ministro, consciente da aventura a enfrentar, no ambiente reinadio da governação vigorante dos «Senhores das Ideias», ávida de vantagens preconcebidas, umas «no papo, outras no saco».
Os prosadores, os poetas, os cientistas, os artistas plásticos ou pintores, os Engenheiros, os músicos, os inventores na transformação da matéria, etc. e mais os de «mãos nas algibeiras» a verem passar a procissão dos menos afortunados, afincam a instalação neurótica, no contacto directo com a sua especialidade e desapertam as cautelas, no desempenho ordenado da coisa pública e do «amanho da terra» para o pão nosso de cada dia. São, por isso, de quantidade baixa, os sabidos em governar lares e sociedades, os cientes do sentido humano indivíduo e da metamorfose desventurada, quando em esbracejo compacto e gritos discordes, busca vencer o negativo às melhorias espelhadas nos semelhantes.
A partilha, em partes proporcionais de grandeza e valores, é uma sapiência mental, invulgar na orgânica distributiva nos mercados e nos consumos. Em cada especialidade se acredita na utopia de merecimentos ou finalidades de medidas iguais. Até, porque já se sabe que cada especialidade, puxa para si o quinhão mais gordo.
Na fuga a prestar contas e a fazer valer o ardil de considerar distúrbios áridos de razão, constituem-se partidos políticos. Agora, sim, tudo correrá para a perfeição. Palavra de um lado, resposta do outro, o fiel da balança tomará o fio de prumo e os pratos conterão a pertença certa e justa… nas milésimas em grãos de areia.
Quando, porém, se reconhecem as fatias desajustadas no corte e a substância se apresenta esponjosa, com demasiados poros prenhes de vento, o verniz da capa da «Democracia», estala e desfeia o intento, traduzido na palavra que tomará a forma moderada, libertina ou ofensiva. Os remendos mal cosidos, rebentam os pontos essenciais nas discussões. A esperança esvai-se. O comestível, obtido nas colheitas, em vez de produzir melhores resultados, tende a secar, o PO -«Produto Obtido».
Se cada pessoa tem de produzir para viver, -Lei Universal - o método actualizado de confiar na «palavra», lançada de tribuna bem paga pelo Povo, não dá fruto. Saltita de cabeça em cabeça para o cesto do Erário, fazendo engrossar o rol das despesas.
Sólon ( 640-560 AC), por consequência, cerca de dois mil e seiscentos anos atrás, ao ser «convidado» para cercear as animosidades excitadas pelos influências dos habitantes da «Superfície», da «Montanha» e da «Costa», correspondendo em termos actuais, dos Ricos, da Plebe e dos Comerciantes, abateu-lhes as excentricidades de mandões auto nomeados.
O Estado, – disse Sólon - representava o Povo acima de classes, agrupamentos, individualizações. Superior a ideias circundantes à esfera escavada dos conhecimentos.
Desde então, direitos, pelos séculos adiante, até aos nossos dias não sofreram grandes alterações. Foram gérmen dos impressos na «Revolução Francesa», (1789). O que pende favorável ao Século das Luzes, proveio do desvendamento da ciência e da técnica, a mimosear a qualidade e quantidade no trabalho. O temperamento humano, ainda é o mesmo. Mantém-se irrequieto e insatisfeito.
Os deveres, contudo, mereceram cautela há 2.600 anos, se bem que nos Séculos XVIII e seguintes, quase caíram no esquecimento, falha que confunde obrigações nos tempos que correm.
O ser pensante, só por se ligar à ideia, exige direitos e passa por alto na lista comprida dos deveres. O Homem não aprecia o trabalho, desde que entrou na civilização e, ao somar as regalias da ciência e da técnica, mais se quer ver livre do esforço para sustentar a vida.
O convite, de 1926 a 1928, ao Dr. António de Oliveira Salazar, para deter Portugal, da queda eminente, correspondeu, sem dúvida ao que SOLON recebera há 2.600 anos. Em primeiro lugar, firmar a paz interna e em segundo, tirar proveito dos bens existentes e distribui-los o mais acertado possível.
A base da paz, aplanou-a o Marechal Gomes da Costa, em 1926, dando o mote para ser continuada. Gerir os domínios produtivos, era principal função do Ministro da Finanças. Os «convites» dirigidos a Sólon e Salazar, apesar de 2.600 anos os separarem, nada tinham a ver com políticos e politicagens.
Ambos foram convidados para ADMINISTRAR os bens das suas nações. Sólon, teve de « baixar a grimpa» à arrogância, auto assumida soberana da lei. Subiu mais elevado o nível da cidadania. Diminuiu para níveis mais equilibrados, as faculdades cívicas. Pôs de pé, o esquema da verdade útil e produtiva, a que chamou «democracia». Emparedou a turbulência e o assalto ao arbítrio de mandar.
O Dr. Salazar, para exercer a incumbência tomada por respeito a Portugal, não aviltou o que de útil saiu da imparcialidade de Sólon. Sabia dos princípios que a actualizavam em todas as épocas. Não ignorava as deturpações, minadas por desmedidas cobiças de compadrios e desejos de tomadas ou mudanças do poder, por investidas contra a fraqueza do pouco saber do Povo.
Nenhum Governo Português, podia deixar «à solta», a traição atraída pelo Sol russo ou de outro jogo de interesses encapotados, e que no território nacional, às ocultas, atentasse contra a segurança da gente ordeira, com actos criminosos, a provocar temores, mortes e destruições. Nem tão pouco, permitiria a propaganda de qualquer advogado noctívago e folgazão, a lançar boatos infundados no estrangeiro. Mandá-lo-ia para S. Tomé para amornar vaidades e atalhar a piromania, de apagar fogos, por si acesos. Também não deixaria ao seu bel-prazer, os que se propusessem desertar dos seus deveres cívicos ou militares . Nas casas de correcção, entravam os prevaricadores da ordem pública e dos contrários à missão expressa nos convites propostos ao Dr. Salazar.
As prisões não receberam inocentes. Mas sim, mais ou menos culpados, com a vantagem de serem em muito menores quantidades dos actuais. O número de polícias inovadas, são disso prova. Evitar faltas, é empreitada muito mais humana do que corrigi-las. A emenda deixa marca. Do cerzido ou do remendo.
Desde algumas crónicas anteriores, decidimos parar com os antecedentes históricos do Dr. Salazar. E esta, era a definitiva, chegamos a pensar. Diligenciaremos acabar na que vai seguir-se. Mas não tomamos compromissos…



<< Home