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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

5 de março de 2007

Nº 117 S I S… PORQUÊ…… PARA QUÊ…

A nossa última crónica, referiu-se à oportunidade ofertada à nossa mocidade, metodicamente dirigida, para Portugal não interferir nos azares da guerra que enlutou o Mundo, de 1939 a 1945.

Se sorte houve, foi na obra delineada por quem esteve no cerne das tomadas de decisão. A começar, no aprovisionamento dos valores do Povo para enfrentar as incertezas de um futuro temido por incerto e inquietante, no interregno das duas Grandes Guerras. A precaução de ter de repelir agressões à Nação e a todos os territórios que lhe pertenciam, mais o prestígio que fica bem ao patriotismo, à dignidade e à honra do cidadão cônscio dos direitos e deveres pertencentes à Família de uma só bandeira.

Ora, pela realidade dos factos, o Dr. Salazar, defendeu o Povo e não separou um cêntimo a seu favor. Morreu pobre, como sempre foi em Santa Comba Dão. Diplomatas estrangeiros, admiravam-se da sua intransigência no que dizia respeito ao Estado Português, ganhando um ordenado inferior à posição que ocupava.

Porquê, então a animosidade dos «Senhores e Senhoras das Ideias»? Permita-nos, caro leitor, dar resposta, meio séria, meio brincalhona, para não ferir quem merece compaixão:

Em primeiro lugar, por que haviam perdido a batalha de 1910 a 1926 para se superiorizarem na administração dos bens do Povo, uma tentação, seguida de outras mais. O consumo, ou a aplicação desses bens, como eram de todos, deveria obedecer, simplesmente, à necessidade de cada pessoa, ou à convicção de cada encarregado dador de ordens.

Seria desempenho, exclusivo do critério, brotado da «fonte luminosa» donde nascera o mandato. Aceitava-se a condescendência de manter as Leis gerais, pois que serviriam para casos onde surgissem dúvidas, antes de serem postas em prática. Porque depois de terem ou não prestado serviço, passariam ao monte, na prateleira do esquecimento.

O poder legislativo, pelo seu nome autoritário (poder), estava sentenciado à simplificação maior. Porque a vivência sem governo, não era como o descrito em pareceres pessimistas. Pelo contrário, representava a modernidade de simplificar a «bicha indiana » da entrega das pensões ser a constância a todo o carente. Nada de autorizações especializadas. Os cofres do Estado, nunca se fecham. Governos… para quê… se o alargamento de liberdades, tinha de ser posto em vigor?...

Em lugar imediato, mas não menos importante: - para poderem despejar nos lugares públicos, as rebeldias sufocadas pelas boas educação e tranquilidade, condições sociais ganhas por milhares de anos de conhecimentos adquiridos por entre a dor, a sensibilidade e a afeição, porém de controlo não «moderno», por tratar mal a desobediência…

E Pronto, leitor paciente. Voltemos a falar sério…

A forma simples e voluntaria de dar ao semelhante, paz e conforto, não se coaduna com o egoísmo e a ambição de encher ganhos, à custa da bagatela dos restantes…

O salto para o abuso, não dá tréguas à razão. A tranquilidade não terá hipótese de se implantar carregada com a disciplina, por espontâneo desejo individual . Algo terá de vir por meios exteriores, armado com a autoridade de regras e programas.

Competirá à Polícia dar exemplo e fazer respeitar a racionalidade e o Estado. O SIS, renasceu contra as reacções a sinais de trânsito e obediência colectiva. Mas foi uma retomada dos «direitos do Povo», inclusos na confiança ao coberto, ao visível e ao aplanamento dos baixios da sociedade.

Iguais responsabilidades atribuídas à PIDE. Impor a Lei, é a tomada de rumo à directriz civilizacional, na participação do carril dos «direitos» humanos, à justeza do senso comum, sendo, ao mesmo tempo, a negativa à liberdade circunscrita aos cidadãos vestidos de determinada cor política, libertando a acção para a utilidade pública, em harmonia com a justiça.

As excomunhões à disciplina, partem dos inadaptados ao trabalho normal do dia a dia, de tocaia às aberturas de oportunidades resultantes das barulheiras e revoltas, de iniciativa dos ingénuos, que acabam por ceder os melhores lugares, à astúcia desobrigada de pudor.

O temperamento nato do prevaricador, constantemente bate na inocência do idealismo, enquanto esconde o filamento activo que irá faiscar o curto circuito da infidelidade.

Descarregados os dois corpos de sinal contrário, o raio luminoso que se expande em todas as direcções, atingirá o fim comodista da falácia volúvel, mas que aumentará a importância social e a remuneração bancária.

O SIS – Serviço Internacional de Segurança, teve início sob determinados regulamentos destinados a «segurar ímpetos» pressupostos em diferentes áreas. Para quem conhece, mesmo de raspão, o temperamento humano, prevê que as obrigações iniciais, ir-se-ão degenerando, à medida da gravidade dos actos a por cobro na imensidade dos «furos» a esvaziar a Lei. Não será necessário subir os degraus de profecia.

A PIDE, também nasceu singela. Apesar dos ronrons de acalmia, as falhas aos deveres, aliciadas pela imagem vã da revolução russa e dos rublos correntes a tapar desorientações morais, fizeram detonar explosivos destruidores e seduzir, até ao risco de vida, portugueses, na luta para a entrega ao estrangeiro do território pertença de toda a Nação.

A Polícia Internacional e Defesa do Estado, cumpriu, se bem que ferindo, alguns, nem todos, os «Senhores das Ideias». Empurraram-na para o Museu da malquerença no passado, para legitimar atrevimentos e deslealdades, no embrulho das utopias do presente.

Tanta ilusão, a desabonar a coerência…

Até próximo.

Nº 116 O MELHOR…. QUEM É… QUEM… MAIS MERECE?...

O merecimento, é pau de bandeira. Deixa-se hastear por quem ata o pano que tem à mão, para referência ao viandante necessitado de aviso na cautela de pisar o chão e seguir a via do destino.

O madeiro ergue-se aprumado, firme, qual estátua a premiar operário ilustre e mão-cheia de atributos. Parece importante, medido de baixo a cima. O drapejo no topo, atribui-lhe vida e importância.

Vénias e continências, reverenciam o seu posto da honra.

Por velhice , ou para conservação, desocupa o lugar das honrarias.

Deitado no chão duro, onde toma desiludido, a posição horizontal, perde todas as distinções para que fora seleccionado. É pau vulgar. Porventura servirá para se transformar em energia calorífica, fervendo o caldo na cozinha ou a aquecer o quarto de repouso. Na sua última função, contudo, quando chega a brasa, ainda causa temor, não vá incendiar a moradia. Descansa, de seguida, acomodando-se à suavidade de um calor ameno. Esvai-se o vigor. É cinza. Espalhada no quintal, mata insectos e fertiliza algumas culturas. Já não há Pau de Bandeira.

Retornemos à jornalista Maria Elisa, no Palácio de Queluz, ao organizar um encontro, de todos os níveis sociais, captado pela televisão, destinado a «sondar» o concurso «Qual o melhor Português».

Presentes, alguns representantes de diplomas conferidos pelas nossas universidades. Depois de alguns nomes para constar, veio à baila o Dr. António de Oliveira Salazar.

Senhores Doutores e Senhoras Doutoras, fizeram parte da maioria, que o recusava sequer, na inclusão nos nomes dos candidatos.

Alcandorando-se em «altruístas defensores do Povo», apresentavam o argumento justificativo de ter sido silenciada a minoria dos insubmissos que recheiam os aglomerados distribuídos no globo terrestre.

Possuir ideias próprias, é acção beneficente à convivência e ajudante do progresso. O marasmo atrofia o raciocínio e desatrela o carro da aprendizagem. Parar… é morrer, lentamente.

Mas nós já recordamos, em crónicas anteriores, que o período de 1910 a 1926, desarrumou a ordem, facilitou assassínios, destemperou atentados bombistas, amarfanhou critérios. E as inteligências propensas à rebeldia, deram vazão ao aproveitamento das oportunidades que as guindassem a postos de comando, sem medição de custos e consequências.

O Povo … a massa anónima das multidões preferentes ao sossego, tem ideias fixadas no «pão nosso de cada dia». A Família obriga a acertar o juízo mais depressa que os profissionais da oposição. E são estes que se apresentam como defensores daqueles, para que paguem e não discutam.

Na verdade, não existindo haveres que pesem na balança de quem deve, só resta o nada da promessa a implorar longínqua hipótese no adiamento, com o problemático fim do caloteiro.

Sendo a ideia da mesma contextura da promessa, isto é, ambas volatilizam no espaço do pensado poder vir a ser Natureza, haverá que matutar se isso se tornará concreto.

Neste baile de desejos ardentes no bem da humanidade, movem-se os idealismos dos Senhores Doutores e Senhoras Doutoras, mais os seus sequazes. Lógico. Humano.

Uma fenda, porém, abre-se na abnegação ao semelhante. Também rodopia na área do pensamento, que o produto Interno de cada Nação é suficiente para distribuir todo o preciso a cada Família, desde o individual ao colectivo, nos actuais moldes de BONDADE. O que não é realizável.

Resiste a pergunta: - O Povo, que paga e não assopra aborrecido, vai continuar a receber promessas dos idealismos sem fundos em moeda luzente?…dentro ou fora da Lei? Ou melhor dito: Quem protegerá o Povo de se deixar lograr na troca de alimentos por «balões de matéria não visível, nem comestível »? … Que são de excepcional poder de persuasão?.....

Os idealismos, de verbosidade para todas as ocasiões, encontram sempre onde buscar função rentável. O povo sente prazer em acreditar.

O nosso Povo, ingénuo, de boa fé, vivendo do que produz, quando tenha onde? Quem defende o Povo de cair no contraditório de obter graças, sem matéria circulante?

A «bondade» do Povo, fá-lo abonador do crédito de ser possível fazer vestidos, sem o tecido fabricado para o fim em vista…

Quando lhe chega a realidade, e o frio lhe entra no corpo, é que nota estar desagasalhado… A quem será atribuída a responsabilidade de evitar que tal desastre aconteça?

Em princípio, pertencerá a quem governa. O poder que lhe é dado na disputa dos votos, concede-lhe a faculdade de acertar o rumo pela bússola das faculdades intelectuais, sapientes, humanas e… sobretudo, administrativas. A política, não sendo casa da moeda, com fabrico e distribuição instantâneas, onde haja carências… ela terá a noção da arte de distribuir nas ocasiões, no tempo, nas deduções… antes das consequências?

O Engenheiro Guterres, não poderá ser acusado de «homem mau», nem os seus colegas de equipa. O derrame dos dinheiros públicos, como devolução às origens, à primeira vista, foi um acto de «boa alma». Correspondeu a um remoto «apanha moscas», mas que «deu certo», perante a ingenuidade popular. Essa ingenuidade que deve ser acautelada, se a Nação pretende continuar a opção da independência.

Aqui, repete-se a pergunta: - A quem pertencerá a obrigação de convencer o Povo da lógica subordinar a fantasia?

As Senhoras Doutoras, Senhores Doutores e demais assistentes no espectáculo da jornalista Maria Elisa, primeiro que serem críticos, deveriam perguntar-se, se o Povo está bem informado e em caso duvidoso - normal que existam dúvidas - a quem cumprirá tal arriscada missão. Ou, para mais fácil pergunta e resposta :- Que critério optou o Dr. Oliveira Salazar, no seu relacionamento para com o Povo? O que se pede a um «bom administrador», em especial o que mexe com o erário público ?

O Dr. Oliveira Salazar, para bem cumprir o encargo recebido por quem de direito, na altura, mandava observar os alunos universitários mais estudiosos e de comportamentos cívicos respeitadores do contribuinte anónimo, a quem dirigia convites para o acompanharem na aptidão e honestidade de governar.

O Povo, manteve-o no poder, porque sabia não se tratar de oportunismo de ocasião e cor clubista, a tratar os seus interesses.

Gente séria e com o tino no seu lugar, administraram os bens do Povo. Na política, amigo da verdade, afirmava que o que parece …é.

Dentro de casa, a paz regressou ao Povo, a acalmia permitiu a execução de melhoramentos em todos os territórios nacionais, as finanças normalizaram-se, retomando confiança a nacionais e estrangeiros. Tudo feito às claras, para todo o Mundo ver e todo o Mundo viu.

Foi pondo em prática este sábio critério, que o Dr. Oliveira Salazar, conseguiu o afastamento de Portugal da carnificina da sua juventude na última Grande Guerra. Não foi acaso da sorte, milagre feito à pressa ou condescendência dos beligerantes. Lutou contra o imaginário ( que quase esteve a tornar-se concreto) de Hitler, os sonhos do Japão, a autoridade de Churchill, o poderio de Roosevelt.

Roosevelt, exteriorizou que gostaria de cumprimentar o estadista que se comportou brilhante, durante o conflito. A morte repentina, impediu-o de cumprir a vontade. Mas consigo levou o reconhecimento.

Bastaria o talento de evitar a entrada de Portugal na Guerra para que aos portugueses, restasse o orgulho de o ter tido Chefe do Governo.

A crónica cresceu mais que o indispensável.

Até Próximo.

Nº 115 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS…… Continuação VII

Fama… a voz do povo…o pregão da glória …a excelência … o anti paralelismo…o descrédito… o esquecimento… a intemperança do crível…

A reputação, tem bojo para a todos receber com iguais cartões de livre trânsito.

Num ápice, fora do previsível, honras e méritos bóiam na enxurrada da maledicência. Maior arena ocupa, se respeita à sabedoria de governar Povos que lutaram, durante séculos, para serem independentes.

Tertúlias de «livres pensadores», ( LIVRES de estacionar no idealismo barafusteiro), antepondo bonomia nas máscaras disfarçantes do rosto verdadeiro, amoldáveis a «quixotes na concepção de quimera », lançam-se em ataques às velas enfunadas, do moinho útil, de moleiro abstido de malquerenças, derrubam a sensatez de proteger a mais valia na paz, desbaratam a «liberdade» de moer o grão, pertença do trabalho do contribuinte entusiasta na família e erguem o estandarte da guerra ao opositor de pleno direito, para intervir e suster o abuso a «terra conquistada».

Faces ocultas na conspiração, concorrem em público, aos lugares de comando, ao mesmo nível das remunerações. Argumentos frescos e tenros em firmar a novidade, após consequências menos airosas para o povo descuidado, começam a por à prova o acto pensado de roldão, de mudar o que vigorava harmonioso com a lei, aprovada por costumes, tendências e ambições de melhorar a convivência e municionamento dos lares. A investida às regras estabelecidas, usam a mão sorrateira de mudar a favor de interesses, atrás da cortina da sinceridade.

Assim, o negativo enfraquece os débeis e divergentes motivos idealizados, acontecendo acções de sucesso duvidoso, ou prejudicial à finalidade apregoada. Concordar com o fracasso da «ideia», porém, não é questão aceitável ao «porta bandeira». As frustrações nos resultados, passam a ser justificados, pelos antecessores nas responsabilidades aclaradas pelo tempo e pelos lamentos, quando surge a fealdade.

Este repesar os acontecimentos em Portugal, pós 5 de Outubro de 1910, até 28 de Maio de 1926, particulariza a intenção do, ainda General Gomes da Costa e do triunvirato atento, de por cobro à indisciplina governativa, ao esvaziamento dos cofres públicos, aplaudido no abstracto dos valores, em completa imperícia de distinguir a real pertença e sustento da Nação. A verdade, ensina a gerir, procurando os remédios para restabelecer a saúde. Na «Finança», porém, perdida a estabilidade, para a banda do débito, o ponteiro da balança, a custo volta ao prumo.

O ser pobre, só enrubesce a face e desfeia a vergonha, quando renega a realidade. A mentira de ser rico, limita-se a adiar o dia de prestar contas, esse momento de fechar o saco enfeitado de rosas e abrir o substituto, a pedir pão ou moeda para calar a hora da refeição.

Em 1926, a lástima destroçava famílias e sociedades e lamentava a fraqueza e timidez do poder central. Gomes da Costa era um português completo, valente e honesto, de consciência altiva e aprumada, sabendo decidir quando o País dele necessitava.

Nestas últimas sete crónicas, esforçámo-nos a transcrever de livros da nossa História, a trapalhada acontecida, nos primeiros 16 anos da República. Copiámos, frase a frase, factos reais e correspondentes conclusões.

Decretos, choviam em catadupa, fazendo crer nos ziguezagues primorosos e certeiros da «zibelina forte, decidida e bem alimentada»… enquanto o povo gemia as carências nas famílias, chorando por tranquilidade e caldo com o sabor da couve. Volatilizavam-se, porém, ao ar livre da maravilha idealizada, indiferentes,.. a quem padecia para por a mesa … no assarapanto de encontrar esquina de abrigo, temendo receber nega ao modo de ganhar para sobreviver na perspectiva da ira estraçalhar a ordem, a vida e a harmonia pública.

Surpreende-nos, pelo que nos diz a História, não idosa e decrépita, assistir a afirmações, advindas de «formados» em bons cursos, demonstrarem aversão ao Dr. António de Oliveira Salazar. E, no caso concreto da discussão, no Palácio de Queluz, dirigido pela jornalista Maria Elisa, como consta na nossa crónica nº 107.

Merece algum tempo de meditação, o julgamento actual, do período que decorreu de 28 de Maio de 1926 a 1974, pondo-se de parte, ou fazendo-se por esquecer, o desmoronamento da fartura ideológica que arruinou o País de 1910 a 1926. Impressiona entender.

Portugal, de 1910 a 1926, decaiu de rendimentos, de paz, de coerência nacionalista. De 1926 ( inclui-se o ano no corte à agitação ) a 1974, retemperaram-se a Lei, os deveres cívicos e as finanças, repondo no Erário Público, o que pertencia ao Povo, acautelando o futuro, incerto nos acontecimentos nacionais e internacionais.

Nessa altura incêndios políticos, abrasavam a Europa, sobretudo na Alemanha e na Itália. As opiniões balançavam na ingenuidade da hecatombe de 1914/1918, ser exemplo ainda vivo, de desaconselhar a entrada em «vias de facto», de que resultariam «vias de carnificinas, de prejuízos incalculáveis no edificado pela mão do Homem, de rombos nos dinheiros do povo, que teria de acrescentar, as vidas dos seus filhos, na idade de amarem o Mundo e serem os «astros das Famílias». Por outro lado, as opiniões pessimistas, que não viam com bons olhos as «paradas de tropas», com acompanhamento de discursos inflamados de ameaças, dos «delirantes» de dar de comer aos seus povos, por meio de força, Hitler e Mussolini, com inquietudes vindas do Japão.

O nosso «escudo», tinha validade em todos os mercados europeus. A nossa Nação, era credenciada ao lado das pequenas, médias e grandes, sem complexos no tamanho. A «Portuguesa», o hino nacional, era cantado com emoção, nas escolas, nos actos oficiais, nos contactos de prestígio entre os fracos e os fortes.

De 1974 a este tempo de crise, os «Senhores das Ideias», retomaram o poder. Não se transformaram, até ver, nos «Senhores da Guerra», graças às poupanças de 1928 a 1974 e ao estatuto concluído na hora certa e salvadora, da União Europeia. Arrepiaram caminho, por se aperceberem de que foram eles mesmos, os causadores do «aperto do cinto» do povo pagador dos erros de quem se não agacha à sinceridade da «mea culpa».

O regabofe do imaterial, contudo, porfia em converter-se em «produto interno» nas nações. A Europa, empertiga-se na dianteira. Os vizinhos mais chegados, invadem-na na certeza de alcançar hotel estrelado, ambiente confortante e espaço folgado a quem quiser optar por boa vida.

A Europa, porém, não pode dar o que promete. Devolvem-se os imigrantes às suas terras de origem. A malquerença desce, de todos as latitudes geográficas.

Corre de boca em boca, nos continentes de cultura ensombrada pela inércia, nascida do meio da floresta milenária que a Europa é soberba e de coração duro. Não dá a quem chega e lhe pede auxílio, casa, mesa e trabalho remunerador…

É o que resulta a quem promete «mãos largas», o que não tem.

Continua actualizado, o provérbio antigo: Ao rico não devas e ao pobre não prometas.

Os «Senhores das Ideias», ao pobre, fazem todo o tipo de promessas na ganância do voto. E quase transpõem a fronteira do ilimitado. A candura popular vai tudo aceitando, enquanto lhe restar a côdea de pão. A Verdade, ao chegar ao terreiro, que novidades trará ao viandante a que é dirigido o aviso?...

Até próximo.

Nº 114 O MELHOR…. OS PORQUÊS SUBESTIMADOS … Continuação (VI)

Assumir a responsabilização de tornar normal, um País, afogado em dívidas, espartilhado por ideologias desinteressadas de patriotismo, crivado de furos e amolgadelas administrativas, amedrontado pelos motins e chinfrineiras do dia seguinte, com o coração apertado de vir a acordar ao som aterrador de explosões, tiros, assaltos, gritos e mortes, demonstra o carácter íntegro, decidido, corajoso de quem estudou as fraquezas humanas e as pode amansar e, até mesmo, deixar de as temer.

O bicho Homem, empertiga-se perante outro bicho homem, quando manuseia arma ou dispõe de argumento que entenda superior para o desautorizar na sociedade onde os dois ocupam plano horizontal.

É a rixa perdurável que implica o bem e o mal; o que serve o Homem e o que o danifica; o que honra o Homem e o desmascara, perante o luzeiro da ambição; o que o acompanha no civismo e o que lhe reduz hombridade e dimensão educativa. É um decurso, cheio de contradições.

E a volubilidade recusa o sossego ao Homem que escolheu ser sedentário, depois de calcorrear a incerteza do amanhã, claro ou nebuloso, calmo ou barulhento, pacífico ou guerreiro. A «ordem», assentou no civilizável e no gesto respeitoso.

Mas os dois Homens existem e estão sempre presentes. Para onde vai um, o outro segue-o na esteira. A conformidade do dever e da moral, podem recorrer a todos os métodos possíveis e imaginários, para se isolarem da maldade e da oposição, mas nenhum lado anula o outro.

Para amenizar a contenda, criaram-se regras. O temperamento humano, construiu a escada de subida e descida da hierarquia na deferência aos valores sociais, a princípio entregue ao livre arbítrio.

Mal entendidas as regras no aspecto voluntário, pois há sempre os solitários que impõem melhor quinhão, a força da autoridade cresceu, mudou-lhe o nome e passou a determinar o cumprimento das Leis.

Como regularizar o comportamento de cidadãos, na amálgama de normas que tocam a todos, a maior parte a preferir a tranquilidade e uma minoria organizada, menos serena, obcecada em contrariar o direito ao repouso? Fala em conversações, mas não as adopta, faz mesuras à bondade, mas morde à socapa e atira bombas às massas distraídas.

À sombra de defesa do mais fraco, torna-se flagrante o desprezo pela vida e interesses do semelhante.

Foi neste permeio, que o ainda General, Manuel Gomes da Costa, comandou o exército, em 28 de Maio de 1926, proclamando posição firme «contra os políticos e contra os partidos». Ele o escreveu.

A contabilidade confusa, constatada nos livros do Ministério das Finanças, pelos seis representantes da Sociedade das Nações para o pedido, em 1928, de empréstimo de 12 milhões de libras, célebre pelo vergonhoso desfecho, legitimava o objectivo da revolta e o desabafo do seu comandante, dois anos antes. Muitos a mandar nos temperos e a distribuir rações pelos protegidos, rápido se vê o fundo do taxo.

Portugal, externamente sem prestígio e, no seu interior, com a autoridade na «rua», ao sabor de caprichos e exigências partidaristas, com os rublos a pagar revoluções, petardos e tramas russófilas, estes últimos, os verdadeiros fundadores da PIDE ( Polícia Internacional de Defesa do Estado), convocada para defender a Nação e acautelar o Povo, dos assalariados, no empenho de enfraquecer os ânimos e entregar o poder ao ideal, longínquo, centrado em Moscovo, divertido a sanar o que pouco antes ferira de morte.

Não era fácil, por de pé a autoridade, diagnosticar remédios apropriados, pois implica conhecimentos de farmacologia psicológica e rigidez na aplicação prática.

É no «Erário Público» e na convivência sadia da população, que assenta a serenidade de qualquer País. Os gastos populistas e a conspiração desleal e devastadora, desgastam o Erário, tornam insignificante o prestígio de quem Governa e deixam mais pobre o eterno perdedor – a classe de ânimo abalado pelos contornos da sorte, vazia de vivacidade que sustenta o trabalho, auto inutilizado para a luta de sobrevivência.

O boato deselegante e difamatório, desagrega a unidade nacional, alastra receios, suja a confiança no trabalho, diminui a produção activa, impulsiona o temor ao semelhante, o que está do mesmo lado, mas que retém o medo de desabafar e pedir auxílio.

Portugal, em 1926, era um carente de Paz. No interior, ansiava um pulso forte, que pusesse cobro ao descalabro visível do Algarve ao Minho, nas Províncias Ultramarinas, na Madeira, nos Açores. Porque, nós, aqui nas nove Ilhas, também sabíamos e sentíamos os efeitos da mandância idealística em vigor. As gentes das Ilhas Adjacentes, mencionadas na geografia de então, sofriam os mesmos efeitos envergonhantes do progresso, com acinte na distância, que perdia direitos, aos restos do esvaziado Erário Público do Portugal completo.

Foi, assim, depois de l6 anos de instabilidade para encontrar o abstracto, com tumultos, lutas no trabalho, mortes de oponentes à anarquia, crises aprofundadas pela entrada teimosa e inútil na Primeira Grande Guerra, pela leviandade de agarrar o existente no etéreo da fantasia, que a única força que poderia suster tamanho dislate, metido à força – com martelo, escopro e foice - na mente do pacato povo, mais afeito ao trabalho e à unidade familiar, ou ao folclore nos momentos separados ao folguedo, que o Exército reuniu o poder, para uma autoridade com o tino agrupado num só lugar. Como não havia outro, foi-lhe repetido o nome já baptizado e aprendido em ensaios ao natural, de «Ditadura».

Porque, em verdade, depois de 1910, os termos «Ditadura» ou «Ditador», já faziam parte do vocábulo nas cozeduras da demagogia.

O Dr. Afonso Costa, com residência em Paris, onde se refugiava, quando, em Portugal, as marés revolucionárias alagavam o bem estar, portanto, um dos grandes «democratas», ascendeu a Primeiro Ministro, em 1913, conseguindo equilibrar o orçamento. Mas como estes resultados administrativos positivos, resultaram das decisões de verdadeiro «ditador», o Dr. António José de Almeida e outros não gostaram e substituíram-no por Bernardino Machado. Mas uma «ditadura encapotada», para não dar nas vistas e, por este motivo, frouxa, chamada «Ditadura Democrática», tenta retomar alento. Não o consegue. A 14 de Maio de 1915, os barcos de guerra surtos no Tejo, bombardeiam a cidade de Lisboa, onde se combate furiosamente. O General Pimenta de Castro, Presidente do Ministério, é preso e o Major Sá Cardoso, repete da janelas do Município, a Constituição de 1911. Na turbulência do nascimento, em 5 anos, tempo tacanho para aprender e governar a Nação, a República é proclamada 3 vezes: em 1910, no «adeus ao Rei», na Ericeira, 1911 e 1915, na leitura arrevesada da Constituição.

Continua.

Até próximo

2 de março de 2007

Nº 113 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS… Continuação (V)

Transcrever, é meio caminho andado, para dar uma explicação. Mas tem de conter essência sustentável às questões que se querem manter válidas e razoáveis como exemplos a figurar em todos os presentes.

Por palavras nossas, poderíamos transmitir os acontecimentos do passado, aplicando-os como espelhos a mostrar semelhanças ao presenciado menos bonito aos nossos olhos.

Se todos queremos paz, ela não será visível, sem o estudo. Em compêndios que contenham exactidão e conselho, calmante e verdade.

Os assuntos em que nos temos embrenhado, assenta na História. Dizem historiadores, que História, também acusa lacunas, consoante o partidarismo do historiador. Mas os livros são escritos por ideias e tendências, amizades e ilações, saberes profundos ou superficiais.

A perfeição é difícil de alcançar.

Vamos por diante, com os livros especializados na História e, no nosso caso concreto, de referência ao antes e depois, do Dr. António de Oliveira Salazar, tomar conta do Governo de uma Nação a deslizar para a ruína, em 1926, tal como 80 anos depois acontece.

Da História de Portugal do Professor Caetano Beirão, respigamos: - Em 1915, Bernardino Machado sobe a Chefe do Estado; Presidente do Governo Afonso Costa e Ministro da Guerra, um dos heróis do 14 de Maio, antigo monárquico e agora democrático avançado: Norton de Matos. O primeiro propósito do governo é levar-nos para a conflagração. Apesar de Londres insistir em que, se o nosso País entrar na contenda, o fará sob sua «responsabilidade», pois que a isso o não obriga a aliança. A 24 de Fevereiro de 1916, Portugal apossa-se dos navios alemães que se encontram no Tejo. É a guerra.

Forma-se um Ministério de União Sagrada, presidido por António José de Almeida, partem expedições para África, enquanto Norton de Matos organiza as forças que hão - de ir colaborar com os aliados em França. ………………. Todavia, o mal estar no País é cada vez maior e, a 5 de Dezembro de 1917, um movimento militar chefiado pelo major Sidónio Pais, triunfa da forças do governo e instaura nova ditadura militar. Afonso Costa é preso no Porto e Bernardino Machado obrigado a exilar-se. A República estava bem a ser a «balbúrdia sanguinolenta», prevista por Eça de Queiroz. ………. No campo político, limam-se as arestas da Constituição Democrática, restabelecem-se liberdades religiosas, reatam-se as relações de Portugal com a Santa Sé e a Inglaterra eleva a sua representação em Lisboa à categoria de Embaixada.

A seguir descreve a História, um acontecimento triste, mas que era previsível, sabendo-se do material de guerra antiquado, com que os bravos soldados portugueses lutavam nas trincheiras em França. Os Alemães, conhecedores da insegurança no sector português, atacaram –no, com uma parte do seu poderio, no dia 9 de Abril de 1918. Foi uma razia de bons soldados portugueses. Para enfeitar o desastre, os responsáveis, elevaram o 9 de Abril, a dia da heroicidade lusa. Foi dia feriado por muitos anos, afastando, assim dos reais faltosos, a responsabilidade merecedora de julgamento em tribunal que deveria ser severo.

Os «SENHORES DAS IDEIAS, DE ENTÃO», são os mesmos impulsionadores actuais do Portugal, onde tudo é fácil, mas não impedem o sorvedouro, para onde todos nós escorregamos.

Acoima-se Sidónio Pais de germanófilo e de traidor à República. A Maçonaria é a sua grande inimiga. Após um atentado contra o Presidente, gente que lhe era afecta assalta a sede do Grande Oriente Lusitano. Como bem observa João Ameal, «tocou-se no mais profundo da alma republicana». Há efervescência. Constituem-se no Norte as Juntas Militares com o propósito de defender a situação de qualquer golpe das esquerdas. Não há senão um meio de triunfar: liquidando o ditador. A 14 de Dezembro, na estação do Rossio, Sidónio é morto a tiro, por José Júlio da Costa. Quem armou o braço assassino?

Sem o seu fundador, a República estava morta.

A página 144, lê-se:

DEMAGOGIA SANGRENTA

O funeral de Sidónio Pais, constituiu uma apoteose….Situações pessoais como a de Sidónio Pais não podem sobreviver ao seu animador. O dilema tornou a pôr-se como à data da morte do Rei D. Carlos: ou Demagogia ou Monarquia.

Várias tentativas de restaurar a Monarquia, abortam ao nascer. Não seria, porventura, o sentimento monárquico, isolado, mas, sobretudo, a ânsia de paz, no País irrequieto, desgovernado pelos «Senhores das Ideias», que são, sem dúvida, os duros «SENHORES DA GUERRA».

A República é restabelecida, em toda a sua pureza, isto é, com todo o seu espírito demagógico e truculento.

Um governo democrático, não consegue manter a ordem. Vive-se então o período mais agitado e anárquico do regime republicano: greves, motins, bombas, governos relâmpagos, alguns derrubados pela «rua», até que em 19 de Outubro de 1920, como reacção contra um Ministério moderado, presidido por António Granjo, a camioneta fantasma, saída do Arsenal, vai a suas casas buscar o Presidente do Conselho e a outros ex- ministros, descrição já feita anteriormente, nestas crónicas, matando-os, sumariamente, sem apelo, nem agravo.

A República descera à última degradação

Mas a balbúrdia sanguinolenta não cessa. Sucedem-se os ministérios, os escândalos e as desordens.

O caso do Banco Angola e Metrópole, é o fecho sinistro desse período no qual António Maria da Silva, ultimo chefe do Governo da República demagógica, não se pejou de dizer no parlamento que «o País estava a saque».

Estamos a descrever, sem mais intuito que relembrar a História de Portugal, ANTES, do 28 de Maio de 1926, enquanto o Dr. Oliveira Salazar, se limitava a dar aulas na Universidade de Coimbra.

Continua.

Até próximo.