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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

5 de março de 2007

Nº 115 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS…… Continuação VII

Fama… a voz do povo…o pregão da glória …a excelência … o anti paralelismo…o descrédito… o esquecimento… a intemperança do crível…

A reputação, tem bojo para a todos receber com iguais cartões de livre trânsito.

Num ápice, fora do previsível, honras e méritos bóiam na enxurrada da maledicência. Maior arena ocupa, se respeita à sabedoria de governar Povos que lutaram, durante séculos, para serem independentes.

Tertúlias de «livres pensadores», ( LIVRES de estacionar no idealismo barafusteiro), antepondo bonomia nas máscaras disfarçantes do rosto verdadeiro, amoldáveis a «quixotes na concepção de quimera », lançam-se em ataques às velas enfunadas, do moinho útil, de moleiro abstido de malquerenças, derrubam a sensatez de proteger a mais valia na paz, desbaratam a «liberdade» de moer o grão, pertença do trabalho do contribuinte entusiasta na família e erguem o estandarte da guerra ao opositor de pleno direito, para intervir e suster o abuso a «terra conquistada».

Faces ocultas na conspiração, concorrem em público, aos lugares de comando, ao mesmo nível das remunerações. Argumentos frescos e tenros em firmar a novidade, após consequências menos airosas para o povo descuidado, começam a por à prova o acto pensado de roldão, de mudar o que vigorava harmonioso com a lei, aprovada por costumes, tendências e ambições de melhorar a convivência e municionamento dos lares. A investida às regras estabelecidas, usam a mão sorrateira de mudar a favor de interesses, atrás da cortina da sinceridade.

Assim, o negativo enfraquece os débeis e divergentes motivos idealizados, acontecendo acções de sucesso duvidoso, ou prejudicial à finalidade apregoada. Concordar com o fracasso da «ideia», porém, não é questão aceitável ao «porta bandeira». As frustrações nos resultados, passam a ser justificados, pelos antecessores nas responsabilidades aclaradas pelo tempo e pelos lamentos, quando surge a fealdade.

Este repesar os acontecimentos em Portugal, pós 5 de Outubro de 1910, até 28 de Maio de 1926, particulariza a intenção do, ainda General Gomes da Costa e do triunvirato atento, de por cobro à indisciplina governativa, ao esvaziamento dos cofres públicos, aplaudido no abstracto dos valores, em completa imperícia de distinguir a real pertença e sustento da Nação. A verdade, ensina a gerir, procurando os remédios para restabelecer a saúde. Na «Finança», porém, perdida a estabilidade, para a banda do débito, o ponteiro da balança, a custo volta ao prumo.

O ser pobre, só enrubesce a face e desfeia a vergonha, quando renega a realidade. A mentira de ser rico, limita-se a adiar o dia de prestar contas, esse momento de fechar o saco enfeitado de rosas e abrir o substituto, a pedir pão ou moeda para calar a hora da refeição.

Em 1926, a lástima destroçava famílias e sociedades e lamentava a fraqueza e timidez do poder central. Gomes da Costa era um português completo, valente e honesto, de consciência altiva e aprumada, sabendo decidir quando o País dele necessitava.

Nestas últimas sete crónicas, esforçámo-nos a transcrever de livros da nossa História, a trapalhada acontecida, nos primeiros 16 anos da República. Copiámos, frase a frase, factos reais e correspondentes conclusões.

Decretos, choviam em catadupa, fazendo crer nos ziguezagues primorosos e certeiros da «zibelina forte, decidida e bem alimentada»… enquanto o povo gemia as carências nas famílias, chorando por tranquilidade e caldo com o sabor da couve. Volatilizavam-se, porém, ao ar livre da maravilha idealizada, indiferentes,.. a quem padecia para por a mesa … no assarapanto de encontrar esquina de abrigo, temendo receber nega ao modo de ganhar para sobreviver na perspectiva da ira estraçalhar a ordem, a vida e a harmonia pública.

Surpreende-nos, pelo que nos diz a História, não idosa e decrépita, assistir a afirmações, advindas de «formados» em bons cursos, demonstrarem aversão ao Dr. António de Oliveira Salazar. E, no caso concreto da discussão, no Palácio de Queluz, dirigido pela jornalista Maria Elisa, como consta na nossa crónica nº 107.

Merece algum tempo de meditação, o julgamento actual, do período que decorreu de 28 de Maio de 1926 a 1974, pondo-se de parte, ou fazendo-se por esquecer, o desmoronamento da fartura ideológica que arruinou o País de 1910 a 1926. Impressiona entender.

Portugal, de 1910 a 1926, decaiu de rendimentos, de paz, de coerência nacionalista. De 1926 ( inclui-se o ano no corte à agitação ) a 1974, retemperaram-se a Lei, os deveres cívicos e as finanças, repondo no Erário Público, o que pertencia ao Povo, acautelando o futuro, incerto nos acontecimentos nacionais e internacionais.

Nessa altura incêndios políticos, abrasavam a Europa, sobretudo na Alemanha e na Itália. As opiniões balançavam na ingenuidade da hecatombe de 1914/1918, ser exemplo ainda vivo, de desaconselhar a entrada em «vias de facto», de que resultariam «vias de carnificinas, de prejuízos incalculáveis no edificado pela mão do Homem, de rombos nos dinheiros do povo, que teria de acrescentar, as vidas dos seus filhos, na idade de amarem o Mundo e serem os «astros das Famílias». Por outro lado, as opiniões pessimistas, que não viam com bons olhos as «paradas de tropas», com acompanhamento de discursos inflamados de ameaças, dos «delirantes» de dar de comer aos seus povos, por meio de força, Hitler e Mussolini, com inquietudes vindas do Japão.

O nosso «escudo», tinha validade em todos os mercados europeus. A nossa Nação, era credenciada ao lado das pequenas, médias e grandes, sem complexos no tamanho. A «Portuguesa», o hino nacional, era cantado com emoção, nas escolas, nos actos oficiais, nos contactos de prestígio entre os fracos e os fortes.

De 1974 a este tempo de crise, os «Senhores das Ideias», retomaram o poder. Não se transformaram, até ver, nos «Senhores da Guerra», graças às poupanças de 1928 a 1974 e ao estatuto concluído na hora certa e salvadora, da União Europeia. Arrepiaram caminho, por se aperceberem de que foram eles mesmos, os causadores do «aperto do cinto» do povo pagador dos erros de quem se não agacha à sinceridade da «mea culpa».

O regabofe do imaterial, contudo, porfia em converter-se em «produto interno» nas nações. A Europa, empertiga-se na dianteira. Os vizinhos mais chegados, invadem-na na certeza de alcançar hotel estrelado, ambiente confortante e espaço folgado a quem quiser optar por boa vida.

A Europa, porém, não pode dar o que promete. Devolvem-se os imigrantes às suas terras de origem. A malquerença desce, de todos as latitudes geográficas.

Corre de boca em boca, nos continentes de cultura ensombrada pela inércia, nascida do meio da floresta milenária que a Europa é soberba e de coração duro. Não dá a quem chega e lhe pede auxílio, casa, mesa e trabalho remunerador…

É o que resulta a quem promete «mãos largas», o que não tem.

Continua actualizado, o provérbio antigo: Ao rico não devas e ao pobre não prometas.

Os «Senhores das Ideias», ao pobre, fazem todo o tipo de promessas na ganância do voto. E quase transpõem a fronteira do ilimitado. A candura popular vai tudo aceitando, enquanto lhe restar a côdea de pão. A Verdade, ao chegar ao terreiro, que novidades trará ao viandante a que é dirigido o aviso?...

Até próximo.