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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

2 de março de 2007

Nº 113 O MELHOR… OS PORQUÊS SUBESTIMADOS… Continuação (V)

Transcrever, é meio caminho andado, para dar uma explicação. Mas tem de conter essência sustentável às questões que se querem manter válidas e razoáveis como exemplos a figurar em todos os presentes.

Por palavras nossas, poderíamos transmitir os acontecimentos do passado, aplicando-os como espelhos a mostrar semelhanças ao presenciado menos bonito aos nossos olhos.

Se todos queremos paz, ela não será visível, sem o estudo. Em compêndios que contenham exactidão e conselho, calmante e verdade.

Os assuntos em que nos temos embrenhado, assenta na História. Dizem historiadores, que História, também acusa lacunas, consoante o partidarismo do historiador. Mas os livros são escritos por ideias e tendências, amizades e ilações, saberes profundos ou superficiais.

A perfeição é difícil de alcançar.

Vamos por diante, com os livros especializados na História e, no nosso caso concreto, de referência ao antes e depois, do Dr. António de Oliveira Salazar, tomar conta do Governo de uma Nação a deslizar para a ruína, em 1926, tal como 80 anos depois acontece.

Da História de Portugal do Professor Caetano Beirão, respigamos: - Em 1915, Bernardino Machado sobe a Chefe do Estado; Presidente do Governo Afonso Costa e Ministro da Guerra, um dos heróis do 14 de Maio, antigo monárquico e agora democrático avançado: Norton de Matos. O primeiro propósito do governo é levar-nos para a conflagração. Apesar de Londres insistir em que, se o nosso País entrar na contenda, o fará sob sua «responsabilidade», pois que a isso o não obriga a aliança. A 24 de Fevereiro de 1916, Portugal apossa-se dos navios alemães que se encontram no Tejo. É a guerra.

Forma-se um Ministério de União Sagrada, presidido por António José de Almeida, partem expedições para África, enquanto Norton de Matos organiza as forças que hão - de ir colaborar com os aliados em França. ………………. Todavia, o mal estar no País é cada vez maior e, a 5 de Dezembro de 1917, um movimento militar chefiado pelo major Sidónio Pais, triunfa da forças do governo e instaura nova ditadura militar. Afonso Costa é preso no Porto e Bernardino Machado obrigado a exilar-se. A República estava bem a ser a «balbúrdia sanguinolenta», prevista por Eça de Queiroz. ………. No campo político, limam-se as arestas da Constituição Democrática, restabelecem-se liberdades religiosas, reatam-se as relações de Portugal com a Santa Sé e a Inglaterra eleva a sua representação em Lisboa à categoria de Embaixada.

A seguir descreve a História, um acontecimento triste, mas que era previsível, sabendo-se do material de guerra antiquado, com que os bravos soldados portugueses lutavam nas trincheiras em França. Os Alemães, conhecedores da insegurança no sector português, atacaram –no, com uma parte do seu poderio, no dia 9 de Abril de 1918. Foi uma razia de bons soldados portugueses. Para enfeitar o desastre, os responsáveis, elevaram o 9 de Abril, a dia da heroicidade lusa. Foi dia feriado por muitos anos, afastando, assim dos reais faltosos, a responsabilidade merecedora de julgamento em tribunal que deveria ser severo.

Os «SENHORES DAS IDEIAS, DE ENTÃO», são os mesmos impulsionadores actuais do Portugal, onde tudo é fácil, mas não impedem o sorvedouro, para onde todos nós escorregamos.

Acoima-se Sidónio Pais de germanófilo e de traidor à República. A Maçonaria é a sua grande inimiga. Após um atentado contra o Presidente, gente que lhe era afecta assalta a sede do Grande Oriente Lusitano. Como bem observa João Ameal, «tocou-se no mais profundo da alma republicana». Há efervescência. Constituem-se no Norte as Juntas Militares com o propósito de defender a situação de qualquer golpe das esquerdas. Não há senão um meio de triunfar: liquidando o ditador. A 14 de Dezembro, na estação do Rossio, Sidónio é morto a tiro, por José Júlio da Costa. Quem armou o braço assassino?

Sem o seu fundador, a República estava morta.

A página 144, lê-se:

DEMAGOGIA SANGRENTA

O funeral de Sidónio Pais, constituiu uma apoteose….Situações pessoais como a de Sidónio Pais não podem sobreviver ao seu animador. O dilema tornou a pôr-se como à data da morte do Rei D. Carlos: ou Demagogia ou Monarquia.

Várias tentativas de restaurar a Monarquia, abortam ao nascer. Não seria, porventura, o sentimento monárquico, isolado, mas, sobretudo, a ânsia de paz, no País irrequieto, desgovernado pelos «Senhores das Ideias», que são, sem dúvida, os duros «SENHORES DA GUERRA».

A República é restabelecida, em toda a sua pureza, isto é, com todo o seu espírito demagógico e truculento.

Um governo democrático, não consegue manter a ordem. Vive-se então o período mais agitado e anárquico do regime republicano: greves, motins, bombas, governos relâmpagos, alguns derrubados pela «rua», até que em 19 de Outubro de 1920, como reacção contra um Ministério moderado, presidido por António Granjo, a camioneta fantasma, saída do Arsenal, vai a suas casas buscar o Presidente do Conselho e a outros ex- ministros, descrição já feita anteriormente, nestas crónicas, matando-os, sumariamente, sem apelo, nem agravo.

A República descera à última degradação

Mas a balbúrdia sanguinolenta não cessa. Sucedem-se os ministérios, os escândalos e as desordens.

O caso do Banco Angola e Metrópole, é o fecho sinistro desse período no qual António Maria da Silva, ultimo chefe do Governo da República demagógica, não se pejou de dizer no parlamento que «o País estava a saque».

Estamos a descrever, sem mais intuito que relembrar a História de Portugal, ANTES, do 28 de Maio de 1926, enquanto o Dr. Oliveira Salazar, se limitava a dar aulas na Universidade de Coimbra.

Continua.

Até próximo.