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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

9 de setembro de 2006

Nº 69 …PENA…ULTRAMAR… O VIGOR PERDIDO…

Para escrever com o devido respeito ao leitor, o dicionário simplificado oferece a conveniência do mais imediato. O que se formaliza mais carregado de ensino, de nome enciclopédia, amplia os conhecimentos obrigatórios para a transmissão a quem deseja usufruir distracção e acrescentos na faculdade de saber, como melhoras do azafamado dia a dia da profissão.
Na colecção mais económica de vocábulos, PENA, apadrinha os significados, de dor, valência, merecimento, castigo, veste das aves, utensílio para escrever, (antes das esferográficas), condenação à «pena capital», onde a pena deixa de ter pena e, finalmente rocha ou pedra para atirar à janela alheia, palavras que encurtam o esforço da memória, com acumulo de encargos no desenvolvimento do intelecto. A Enciclopédia, mais tarde, se encarregaria de fornecer outros informes, como esta quadra popular, de valia filosófica à estima e sabor amoroso à contemplação:
Com pena, peguei na pena,
Na pena p’ra te escrever,
Com pena pousei a pena,
Com pena de te não ver.
Pena é, também nome de pessoa e de inúmeras freguesias de norte a sul de Portugal. Também do adágio: Sofra-se quem penas tem, que atrás de tempo, tempo vem.
Há a pena sofrimento, ligado ao aparelho sensitivo, desde o nascimento e há a pena castigo, desde que a humana e o humano, discerniram, o bem e o mal, Concordam, porém, que é pena, aplicar pena, a quem pena, por sentir pena, de merecer a pena, da sentença da pena penada …
Do que se conhece das civilizações que, da antiguidade se preparavam para as idades média e moderna, esse «curto circuito», provocado por terminações nervosas convergidas para os centro cerebrais através da espinal medula, disparando gritos e lamentos, baptizado dor, foi um princípio civilizacional, utilizado a tempo inteiro ou em momentos oportunos.
Enquanto a mente, não reconhece a angulosa diferença dos direitos delimitados, maior obrigação nos deveres mutuantes, não assimila a concórdia individual e os correspondentes efeitos na colectiva, continua ligado à animalidade ancestral, com dúbio emprego na dor: - feri-la ou recebê-la. O dilema não hesita e prefere o ataque, fazendo atrasar a harmonia. Até hoje, as consciências, sentem-se abaladas, nas tomadas de decisão. O desagrado, difere da doçura. Por que não, só o agrado ?
Platão ( 427-348 ? AC), nos seus «Diálogos», desdobrava a pergunta: Por que é que se pune?
Para que é que se pune?

Caro leitor, não pretendemos entrar pelos caminhos de melindre oficial, de penas, penados, penosos, ou… de quem merece pena…. Isso fica para quem está preparado em Leis e ocupa cadeira de magistratura. O título desta crónica, não conduz ao martelo de juiz.
A temeridade da descolonização, segue o currículo dos cavaleiros andantes na busca do reverso da medalha, do esconderijo da sorte, do consolo de uma amizade, da chapa gravada na peitaça da glória. Figuras móveis, atiradiças, intemeratas no presente, apreensivas… no qualquer dia de reabertura … do «caderno de encargos»…
O Portugal afoito, perdeu lança e anteparo. A agulha do alfaiate mágico, vindo das estepes do oriente, coseu vestimenta que aos olhos do povo, lhe cobrisse o couro calejado em demasiadas injustiças e ocultasse a mutilação recém sofrida e o consequente agravo na segurança e na rectidão.
Parece Portugal, mas a nobreza de porte, perdeu vigor . Gestos requebrados, circulares, amanuenses…. Lençol branco, esvoaçou ao vento das palavras. Embasbacou, perante factos sem licença. Na lapela, ou no braço, passou de moda o uso corrente dos crepes . A impressora do entendimento, porém, gravou nos Órgãos de Comunicação Social o que ficará para desenterrar, se tal valer a pena. Ou se o dilúvio de ideias, não avançar o assoreamento …
Apliquemo-nos na História que temos vindo a limpar os olhos, da cobertura de terra que os têm inflamado, tendendo a miopia.
No jornal Açoriano Oriental, de 19 de Fevereiro de 2006, lemos a notícia: O Presidente da República, Jorge Sampaio, inicia terça feira ( 21)uma visita de três dias a Timor Leste, tendo escolhido para a sua última viagem como Chefe do Estado um país a cuja independência ficará historicamente associado.
Vem abaixo, o voto do Parlamento Timorense, da cidadania honorária em reconhecimento do seu empenho na defesa de Timor Leste. Aprovação por todas as bancadas, sintetizada pelo chefe da diplomacia, José Ramos Horta….. Portugal foi o maior parceiro no desenvolvimento de Timor Leste, com cerca de l68,2 milhões de euros, entre 1999 e 2006.
O envolvimento de Portugal, enquadrado pelo Plano Indicativo de Cooperação 2004/2006 e assinado pelos dois governos em 5 de Janeiro de 2004, assenta em três eixos fundamentais : educação e apoio à reintrodução da língua Portuguesa, capacitação institucional e apoio ao desenvolvimento económico e social. Com a assinatura do Plano Anual de Cooperação em Janeiro passado, foram distribuídas para o ano em curso verbas para as três áreas prioritárias.
O Açoriano Oriental de 22-02-2006, publica:
O Presidente português, Jorge Sampaio, declarou ontem que a cidadania honorária de Timor Leste, representa uma homenagem a Portugal. O acto, que abriu o primeiro dia da visita……. última viagem oficial do seu segundo mandato presidencial, realizou-se ontem de manhã, defronte do Palácio do Governo, numa cerimónia testemunhada por dezenas de convidados, mas a que faltou a participação popular.
Numa breve declaração à imprensa, Jorge Sampaio defendeu que as Nações Unidas deverão garantir a sua continuidade em Timor Leste à medida que se aproxima o final do mandato da actual missão, a UNOTIL, de molde a garantir e «capacitação do Estado e dos quadros timorenses».

O Jornal Açoriano Oriental, de 23 de Fevereiro de 2006, trouxe para o público, a acção solene, do Presidente Sampaio, em Timor, realmente representativa da Portugalidade expressa no supremo Magistrado da Nação, quando consegue abstrair-se de vínculo a conteúdo partidista
Esta crónica completou o espaço. Não é agravo que mereça pena… Outra virá oferecer mais contributos.
Até breve.