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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

9 de setembro de 2006

Nº 74 POVOAMENTO AS FAMÍLIAS EUROPEIAS…

Na anterior crónica, demos largas à expansão da Natureza para revestir o Globo terrestre dos seres destinados às incumbências adstritas à criação da vida e às atenções cautelares para a conservar.
Activo o fole que faz entrar e sair o ar nas vias respiratórias e alertados os cinco sentidos - os sinais de trânsito dos meios acessíveis à vida - o humano considerou-se o ser que nunca teve princípio e não terá fim. Tem-se na conta de superlativo, não dependente do «restante»… «daqueles outros» com falta do saber e preferir as conveniências. Supondo-se acima da fadiga, abanca para comer. Franze o nariz, se não encontra com que mastigar. Zanga-se. Ofega-se no trabalho – se não encontra outra saída - para acalmar os sucos gástricos. Engole sôfrego.
Só ele conta no número dos vivos.
Até que, o alimento rareia… O perigo ronda a ociosidade….O pensamento, começa a desenlear –se na massa cinzenta.
Por um lado, reconhece que necessita aumentar a comitiva, por ele próprio escolhida, para poder assegurar a sobrevivência, pois quantos mais parceiros, melhores efeitos na defesa contra outros que, também têm direitos. Por outra banda, o decrescimento, por ele mesmo ser o consumidor, do que renasce nos reinos vegetal e animal, que são o centro do alimento, beleza e vitalidade, a valia do globo terrestre, levanta mãos à cabeça, por se sentir a resvalar para extinção lenta, não confiante em doutrinas do retorno.
Povoar, a missão dos seres vivos. À inteligência, se entrega o encargo de a dirigir por regras. A harmonia de sentimentos, porém, não é fenómeno que se enquadre na indomabilidade humana. Subdividir não resolve, mas amanha até mais ver.
O solo, o clima, os costumes, os paladares, as amizades, as atracções matrimoniais, as hossanas ao sobrenatural, serão os elementos predominantes, para os agrupamentos harmonizarem sentimentos e constituírem modo de vivência tranquila e participada.
Então, os continentes, penínsulas em ponto grande, rodeados de mar por todos os lados, menos por um, retalharam-se em nações. Foi a forma consentânea de reduzir troca de abusos e ameaças, enquanto as mentes se desenvolviam, até aceitar a presença e cooperação do semelhante nas tarefas da despensa – os víveres - e da disputa com o inimigo, o indesejado, com as mesmas aspirações e direitos.
Na África, Europa, Ásia, Américas, as civilizações, à revelia umas das outras, mas com íntimo comum à tendência social, germinaram a vocação educativa. Elevaram fronteiras, a separar os montões de gentes, onde o agrado, melhor fé dava, entre as autoridades e os servidores. A Oceânea, abraçada a milhares de ilhas, não se susteve na escolha. As florestas tropicais, forneciam folhagem para as cabanas protegerem, no essencial para mitigar as perturbações atmosféricas e os concidadãos de personalidade mais enérgica se elevavam a chefes.
Ao Continente de História mais conhecida, chamaram-no «Velho» - a Europa. Manifesto, que o Globo Terrestre se conta pela mesma idade. O Povoamento de plantas e animais, todavia, terá germinações diferenciadas, em conformidade com o solo, clima e condições alimentares, responsáveis estas, pela desobediência a distâncias de todos os seres que ascenderam à absorção do oxigénio e hidrogénio, para a continuidade das espécies.
O espaço europeu, foi sendo habitado por famílias, que se juntando por necessidade de garantir alimento e defesa dos estranhos mal intencionados, formaram «hordas ou tribos», investigadoras na escolha dos lugares mais vantajosos para descanso e seguro nos momentos ansiosos de aumento dos descendentes.
Proteger o necessário para satisfazer as condições físicas, induziu à prática de associações, com a finalidade de tornar mais fortes e resistentes, os agregados, conforme se foram consciencializando que a vida, além dos nutrientes, tem preço, -o valor da amizade e a abnegação na entreajuda.
Com este conceito intimado, as famílias, cresceram, formando as hordas ou tribos, estas se alargaram, para aldeias, que por sua vez deram cidades, as quais, não suficientes na finalidade do robustecimento, instituíram as nações.
Foi assim, que os continentes se recortaram em pedaços mais pequenos – países, com formas de relação social privativas - pois que superfícies extensas e a força concentrada, propiciava uniformizar severidades e escolher, diminuindo, as condescendências.
A «Velha» - porque recebeu o afluxo da maior parte da civilizações – a Europa, levantou e arreou fronteiras e, ainda hoje, não se fartou de experimentar convívios e desenhar novos Atlas.
De forma sucinta, estamos a descrever a ascensão de nações, ao mesmo tempo, citando o retrocesso, como também, fazendo parte das transformações que se sucedem. É como subir e descer a escada construída para os dois sentidos.
Nação pressupõe povo. Conjunto de habitantes, população.
D. Afonso Henriques, o gigante analfabeto e os descendentes, de igual conhecimento nas letras, até chegar ao poeta e «lavrador» D. Dinis, todos se preocuparam resistir ao retorno de dependerem de vizinhos, quaisquer que fossem os argumentos, promessas ou pancadinhas amistosas de relações puras e celestiais.
As «Descobertas de Novos Mundos», que a premunição de D. Dinis fez plantar o Pinhal de Leiria e o estudo das ciências náuticas pelos reis passados e seguintes, foram consequência do evidente «ponto fraco» da posição geográfica de Portugal, na Europa ambiciosa de liderar as «culturas» dos campos, promovendo contendas e do intelecto, desabrochando legislação - Sócrates, Platão, Aristóteles e quantos mais.
No frenesi de domínio do poder, nos terrenos mais produtivos, sacudidelas e repelões, para apanhar os melhores bocados, deram lugar a sangrias, azares e abraços de paz, com juras e lacrimações de amor eterno.
Não sendo a extensão europeia de igual produtividade, cada nação acabou por se contentar com a sorte de ser independente. Notaram-se fisionomias satisfeitas, por haver relativa similitude na resignação e nos bens de produção e consumo. «Não há bem que sempre dure», é sentença dos que passam, de corrida, pela fortuna e «nem mal que se não acabe», dos felizes que reingressam à legislação comum.
As nações europeias, sem regra fixa, passaram por momentos de ventura, mas mais tempo na marcha apressada/lenta, no jogo do florete. Meter medo, com dislates, para afastar perigos; recuar com escusas para dar tempo à fuga de compromissos. O vaivém da paz, da guerra, da manutenção de continuar a existir.
Dado que a riqueza só fazia negaças, a Europa enveredou pelo idealismo na bandeja do Espírito Santo, para dar sinal, especialmente imaginado, por continentes e oceanos, que o brilho do seu ouro iria distribuir-se numa União Europeizada, que petrificaria o Mundo, no exemplo do ideal fraterno.
A boa intenção, é um favor sublime do Homem, para outro Homem.
A fruição das coisas, na eterna contradita, interpõe o valimento da matéria, perante a reduzida capacidade do desvelo que assoberba o pensamento humano.
Promessa, fogo-fátuo da concórdia.
O Homem põe. O amor distribui. O real, dispõe… O desengano…encapela-se igual ao mar… sibila como o vento… estraga como recreio.
Até próximo.