América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

9 de setembro de 2006

Nº 67 DO LUAR…

O planeta que nos faz sonhar ao expedir-nos a luz do Sol, é um símbolo. No receber e no dar. Os contínuos traços luminosos que lá chegam da Estrela, são brilhantes, claros, alegres, primaveris… Os que para nós reflecte, soturnos, mortiços pelas directivas da natureza, acusam o embate no solo escuro, rochoso, pulverulento e até, parece, transportam o amorfo, o irritante silêncio da esterilidade, na falta do gemido de um animal, da ramagem de uma planta, do aroma de uma flor.
A Terra, sorteada pela composição (H2O), do hidrogénio e do oxigénio, recolheu a formosura, onde os raios do Sol, directos e os reflexos pela Lua, cada um à sua maneira, desenvolvem os átomos e as moléculas fomentadoras da vida.
A mutável estudante, professora precisa, mestra correctora em todos os mesteres, que é a Natureza, quando calha retirar o sustentáculo de uma composição, logo repõe outro ou outros de forma a manter a coesão dos elementos, que se valorizam, tanto na unidade, como na estrutura. Dir-se-á que a Natureza é sábia e tem tudo controlado. Verdade. É ela que nos torna conscientes, de ser a ordem, a noção da responsabilidade.
Mas o Homem… ou a Mulher?... ou os dois juntos no amanho da Família?... Não lhes é permitido ficar imóveis, dorminhocos, à espera de prodígios dos mantimentos desimpedidos do trabalho, o sustentáculo da continuidade da animação, da vida.
A Natureza, desleixada a planos distributivos, espalhou, sem matemáticas de quantidades e cuidados de qualidade, as condições essenciais para a harmonia na resistência dos reinos animal e vegetal.
Este aparente contra-senso e desprezo pela continuidade da vida, porém, foi, com andar vagaroso, mas permanente, contrariado, pela faculdade de aprender. De moldar o raciocínio aos interesses do animal, particularmente o humano e fazer válidos, cómodos, caprichos, aspirações e… ainda ao abuso de cometer ofensas pela posse de um fruto, de um ramo, de um abrigo… Saber, tomou lugar na atitude do ser escolhido para discorrer entre o mau, o péssimo, o bom e o melhor. Desfalcar o êrro, para estabelecer o convívio, quanto mais útil para cada indivíduo e para a atracção à troca de valores.
Isto terá…terá sido assim, no abstracto da consciencialização humana. Quando?... O que sustenta esta convicção, está no fio invisível que puxa o alarme da nossa sensibilidade, tenso e receoso, que produz choque psiquiátrico no momento da interrupção da verdade.
Emendas, milénio a milénio, século a século, deram contributo para aplanar ofensas, encher taças de louvores, consertar os traços de um sorriso, embrandecer os sons de uma risada em círculo de amigos
No Século XX, construiu-se tranquilo apeadeiro destinado a arquitectar melhorias, na proporção de obrigações e partilha de responsabilidades. O «indivíduo», no aumento das populações, por contrário ao número, ficou mais solitário. A catadupa de máquinas em desmedido apaparico à comodidade humana, vai retraindo o esforço físico, nas distâncias e nas actividades. A sensibilidade, acede à indolência as diversões, para dilatar o descanso, mas vai derrapando para a frieza do aparelho vulgar de gasolina e carburador. O semelhante, sem se aperceber que, assim se renova um atraso ao progresso da mente, fazendo-a recuar à futilidade, distancia o abraço, a amizade… e o acordo, o cerne da paz.
No que toca a defesa para suster, ou afastar rancores, o aconselho na reunião do ajuntamento de forças, para evitar ou diminuir a perda de vidas e haveres, o desastre mais dorido, sofre retardo para o momento preciso e urgente.
Porque o ajuste não seguiu, a sequência da concórdia prévia, a demora de decidir, faz vítimas, causa desgosto, e a culpa, ruma a lugar incerto na origem e no tempo.
Quando chegam os géneros alimentícios, porém, a escolha recai na quantidade das rações, a serem transformadas no «quilo», a segunda fase do maquinismo digestivo. Posição velha, que tornou o efeito de aspirar, sagaz avaliador, ou egocentrismo, no meio de lutas corpo a corpo e agrupamentos de paixoneta idealista, ou defensores da noção do que, na realidade é evidente e útil, mas estorvo na concórdia quotidiana.
Conflitos, tanto de armas, como de palavras, têm efeitos de má índole. A pólvora destrói a matéria, as frases cozidas em fervedouro, derretem o bom senso, desenganam a coerência, atrasam os proveitos, acendem a revindicta, esfriam as amizades, adiam incrementos. E o capricho do orgulho, não as deixa voltar atrás.
E a inocência, o lado desprotegido da disputa, paga a despesa, remenda os fundilhos e, mesmo perturbada, com menos maneio para gerir, aplaude a vestimenta nova de oradores, andantes na menor idade.
Para reencher o vácuo da dúvida, a «desculpa», voa para ramo florido, a envaidecer a fuga à culpa, para dizer que o dito, só foi dito, pelo dito que não estava preparado para dizer, o que deveria ser dito.
Assim, só nos resta lamentar, a perda de significado do choroso verbo «dizer», animando-o de ser ainda previsível, a palavra recuperar valia por si, pelo que afirma, na recuperação à sensatez.
Com estas nossas derivações, vamos a caminho de não ter leitores e o jornal ver-se obrigado a mandar-nos passear. Estamos preparados para receber a notificação. Continuaremos, todavia, nem que seja só para os netos e os que, daqui a alguns anos, quiserem rever «paródias lamentáveis», destes tempos de aero esperteza.
De novo, nos expusemos à chuva da divagação.
Agora, nos despertamos para a questão da nossa anterior crónica. Não conseguimos evitar a tentação de cobrir com a possível evasiva, o espinhoso encargo, de tratar assuntos que se descolam da História de Portugal, sobretudo no abaixamento da lucidez na defesa do futuro.
No já referido jornal Açoriano Oriental, de 30 de Novembro de 2005, também falou o actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, de Timor, José Ramos –Horta:
…Acusa a ONU de nada ter feito para impedir a invasão indonésia…….. Timor-Leste foi vítima da «guerra fria», vítima da rivalidade das grandes potências e do conflito pós Vietname…. É especialmente ácido com o então secretário-geral da ONU, o austríaco Kurt Waldheim, a quem acusa de se ter mantido «impávido e sereno, enquanto se desenhava a tragédia em Timor-Leste.
… Convidado pela Agência Lusa a comentar o papel de Henry Kissinger, o Presidente da República, Xanana Gusmão, recordou um episódio, passado em 2003, em Paris: … desloquei-me a Paris para receber um prémio concedido pela UNESCO e H. Kissinger integrava uma comissão. Não pude estar presente na sessão em que me foi entregue o prémio, mas viria depois a pedir-me desculpas por ele próprio e o seu governo terem permitido que acontecesse o que aconteceu.
O Ministro José Ramos-Horta, acusa a ONU, a rivalidade das grandes potências, a situação pós Vietname, o secretário Kurt WALDHEIM, de nada terem oposto à invasão indonésia.
Desgosto nosso, o de objectar que era difícil decidir àquelas entidades, perante a situação singular, original de despudor apátrida, a desafeição, o despego de um grupo de naturais de um País, esbanjarem a mais valia da sua pátria, doando-a a outrem…
O Dr. Ramos- Horta, que se propõe vir a substituir o senhor Kofi Anan, como Secretário das Nações Unidas, tenta aliviar o desengano magoado, da sua actual nacionalidade. Já foi português, não quer mostrar ingratidão a quem, no passado, esteve unido por pátria, bandeira e hino. Atribui faltas voluntárias a outros. Quase não acredita, serem as calamidades de Timor, provocadas por quem foram… Tem ainda, atractiva costela portuguesa. . Homem Sério. Congratulações.
Acabou o espaço da crónica.
Até próximo.