Nº 58 COISAS ...
Desde o 25 de Abril de 1974, era-nos incomodativo acreditar que jovens de uma classe militar em ascensão, tivesse a ousadia de conceber os meandros canalizadores, os objectivos obscuros a atingir e a final encruada que desconjuntou a pátria jurada a defender.
Ver na televisão, «documentário» - técnica e cautelosamente ordenado, na descrição e na paisagem – onde o senhor vice- almirante, que terá redigido e, prazenteiro, assinou (e redigiu?...) a «ordem de serviço» com que terminou a nossa última crónica, narra, com displicência, uma viagem para os lados da América, tendo permanecido em Havana, por ACASO, durante três dias, conferenciado com o ditador Fidel, seguindo-se o aparecimento das tropas cubanas em Angola, comprova que a ingenuidade dos capitães sofreu desvio por manejos ocultos, para derrapar em desprimor não previsto, no roteiro da revolta em preparo.
Os Órgãos da Comunicação Social, depois do 25 de Abril de 1974, encheram laudas de papel e programas televisivos, a espalhar a catadupa de notícias, todos os dias novas, todos os dias repetidas, de heróis efémeros, dos de «pés de barro», dos artistas patinadores, na rebusca de oportunidades e dos felizardos nos píncaros dos heroificados lugares cimeiros.
Experimentemos, transcrições dos jornais cá da terra, neutros por posição geográfica, independentes a não nos omitir dúvidas do noticiado:
Jornal AÇORES de 14-12-1974 – DESCOLONIZAÇÃO – Portugal contribui com 6 milhões de contos para os seus territórios africanos. Almeida Santos, acrescentou: A situação interna do País não permitiria repetir o auxílio em 1975, porque uma vez criados os governos transitórios, a descolonização deveria ser considerada como um facto e a responsabilidade fundamental de tal auxílio era mais da comunidade das nações do que de Portugal.
Jornal AÇORES de 3-5-1975: : Rosa Coutinho na TV.: - Spínola foi um empecilho ao programa do MFA, sobre descolonização.
Jornal AÇORES, de 1—10-1975 : - Tomada de posse do VI Governo Provisório, cuja vida será prestada pela força que tiver em repor a ordem.
Jornal AÇORES, de 7-10-1975: - Manifestações, ontem em Lisboa: Abaixo a disciplina militar, gritaram 300 soldados e milhares de trabalhadores, empunhando dúzias de bandeiras vermelhas.
Jornal AÇORES, de 7-10-1975: - Melo Antunes avistou-se em Paris, com Jean Sauvagnard: Os Nove da CEE ( Comunidade Económica Europeia) de acordo no auxílio urgente a Portugal.
Jornal AÇORES, de 8-10- 1975: - A CEE, pôs à disposição de Portugal, quatro milhões e meio de contos. Sobre os refugiados de Angola, os Estados Membros procurarão desenvolver uma ajuda bilateral.
Jornal AÇORES, de 7-01-1976 : - O Ministro da Finanças, desmentiu notícias, segundo as quais Portugal vai vender grandes quantidades de oiro. O Ministro disse que das reservas portuguesas de 800 toneladas de oiro, apenas quatro toneladas foram vendidas. BBC
Jornal AÇORES, de 8-01-1976 : - Melo Antunes não tomou posição em relação a uma notícia que dizia que os aviões cubanos que transportam material de guerra para Angola, fazem escala nos Açores.
N.R.- Como noticiamos, durante a segunda quinzena de Dezembro, escalaram o Aeroporto de Santa Maria, alguns aviões provenientes de Havana, uns à Guiné Bissau e no regresso.
Desde o dia 1 de Dezembro findo, não se verificaram aquelas escalas.
Jornal AÇORES, de 10-01-1976: - Spínola abandonou Madrid, por ordem da polícia espanhola.
Jornal AÇORES, de 11-01-1976 : - Terminaram as escalas de aviões cubanos em Santa Maria, após pressão dos E. Unidos.
Jornal CORREIO DOS AÇORES, de 29-XI-2005: - Independência de Timor, foi uma utopia, diz Bispo Ximenes Belo. ........Não havia Governo, nem sequer governo na clandestinidade. O primeiro presidente, Xavier do Amaral, foi obrigado a render-se, o segundo, Nicolau Lobato, foi morto e, por isso o poder ficou como que vazio................. Não havia embaixadores, não havia constituição - a constituição da FRETILIN tinha sido congelada – não havia órgãos de soberania, por isso aqueles quase 24 anos foram um interregno, em que apenas havia uma nação e um povo timorense que lutava pela independência..........
Jornal AÇORIANO ORIENTAl, de 30-XI-2005: Primeiro Ministro de Timor:- Independência foi desconsiderada........ O poder saído da revolução do 25 de Abril, de 1974, em Portugal, nunca considerou a possibilidade de TIMOR-LESTE, ascender à independência........... num jantar em casa do falecido general Vasco Gonçalves, para que fui convidado pelo contra-almirante Rosa Coutinho, foi-me confirmado que na altura o poder português saído da revolução achava que a lógica seria a integração ( de Timor Leste ) na Indonésia..............
Jornal DIÁRIO DOS AÇORES, de 30-XI-2005: - Título: Portugal podia ter encurralado os indonésios no terreno, diz EUA,........, devido à falta de apoio dos timorenses a uma invasão indonésia e às dificuldades no terreno...... ( de um telegrama confidencial) : Os portugueses não praticaram o apatheid e as relação inter-raciais são excelentes. Não existe qualquer possibilidade de simpatia por uma autoridade indonésia entre a elite timorense ou a população em geral........ sem o apoio da população, operações militares no Timor português seriam um grande peso para as melhores forças armadas do mundo.
O general indonésio Yoga, conferencia com representante americano e expõe: - Encontra-se frustado, por não conseguir clarificar o que o actual governo português vê como as suas obrigações e responsabilidades no Timor português ou como é que os portugueses tencionam cumprir as suas responsabilidades..... que o governo da Indonésia não sabia quem estava no poder em Portugal e não conseguia obter respostas de Lisboa ou de qualquer outra representação diplomática portuguesa em Macau, Hong-Kong, Nova York e noutros locais ........ que os socialistas portugueses, são pró- Moscovo e os comunistas pró- Pequim.........que se daqui a 4 ou 5 anos, Timor português for pró soviético ou pró chinês, então os problemas não serão só da Indonésia......
Para Washington, Timor –Leste não era uma prioridade...
Se bem contámos, fizemos menção de 11 transcrições do jornal AÇORES, de 1974 a 1976 e de 2005 do CORREIO DOS AÇORES, do AÇORIANO ORIENTAL e DIÁRIO DOS AÇORES iniciadas no final da nossa última crónica prosseguindo nos princípios desta. O reduzido número de elementos obtidos, não descreve todo um período de insensibilidade para distinguir a prática do bem e evitar intrometimentos, a danificar a honra, o dever e ao preito onde se nasce. Declínio Histórico. A fraqueza humana, em plano mais avantajado que o normal.
Atribuímos preferência a transcrever, de uma assentada, as notícias publicadas no tempo, para o leitor ter liberdade de as assimilar a seu entender. Os nossos comentários, virão em seguida, com a franqueza habitual.
Já não cabem nesta crónica as ilações do que nos propomos transmitir. Ficarão para as próximas.
Até para a semana.
Ver na televisão, «documentário» - técnica e cautelosamente ordenado, na descrição e na paisagem – onde o senhor vice- almirante, que terá redigido e, prazenteiro, assinou (e redigiu?...) a «ordem de serviço» com que terminou a nossa última crónica, narra, com displicência, uma viagem para os lados da América, tendo permanecido em Havana, por ACASO, durante três dias, conferenciado com o ditador Fidel, seguindo-se o aparecimento das tropas cubanas em Angola, comprova que a ingenuidade dos capitães sofreu desvio por manejos ocultos, para derrapar em desprimor não previsto, no roteiro da revolta em preparo.
Os Órgãos da Comunicação Social, depois do 25 de Abril de 1974, encheram laudas de papel e programas televisivos, a espalhar a catadupa de notícias, todos os dias novas, todos os dias repetidas, de heróis efémeros, dos de «pés de barro», dos artistas patinadores, na rebusca de oportunidades e dos felizardos nos píncaros dos heroificados lugares cimeiros.
Experimentemos, transcrições dos jornais cá da terra, neutros por posição geográfica, independentes a não nos omitir dúvidas do noticiado:
Jornal AÇORES de 14-12-1974 – DESCOLONIZAÇÃO – Portugal contribui com 6 milhões de contos para os seus territórios africanos. Almeida Santos, acrescentou: A situação interna do País não permitiria repetir o auxílio em 1975, porque uma vez criados os governos transitórios, a descolonização deveria ser considerada como um facto e a responsabilidade fundamental de tal auxílio era mais da comunidade das nações do que de Portugal.
Jornal AÇORES de 3-5-1975: : Rosa Coutinho na TV.: - Spínola foi um empecilho ao programa do MFA, sobre descolonização.
Jornal AÇORES, de 1—10-1975 : - Tomada de posse do VI Governo Provisório, cuja vida será prestada pela força que tiver em repor a ordem.
Jornal AÇORES, de 7-10-1975: - Manifestações, ontem em Lisboa: Abaixo a disciplina militar, gritaram 300 soldados e milhares de trabalhadores, empunhando dúzias de bandeiras vermelhas.
Jornal AÇORES, de 7-10-1975: - Melo Antunes avistou-se em Paris, com Jean Sauvagnard: Os Nove da CEE ( Comunidade Económica Europeia) de acordo no auxílio urgente a Portugal.
Jornal AÇORES, de 8-10- 1975: - A CEE, pôs à disposição de Portugal, quatro milhões e meio de contos. Sobre os refugiados de Angola, os Estados Membros procurarão desenvolver uma ajuda bilateral.
Jornal AÇORES, de 7-01-1976 : - O Ministro da Finanças, desmentiu notícias, segundo as quais Portugal vai vender grandes quantidades de oiro. O Ministro disse que das reservas portuguesas de 800 toneladas de oiro, apenas quatro toneladas foram vendidas. BBC
Jornal AÇORES, de 8-01-1976 : - Melo Antunes não tomou posição em relação a uma notícia que dizia que os aviões cubanos que transportam material de guerra para Angola, fazem escala nos Açores.
N.R.- Como noticiamos, durante a segunda quinzena de Dezembro, escalaram o Aeroporto de Santa Maria, alguns aviões provenientes de Havana, uns à Guiné Bissau e no regresso.
Desde o dia 1 de Dezembro findo, não se verificaram aquelas escalas.
Jornal AÇORES, de 10-01-1976: - Spínola abandonou Madrid, por ordem da polícia espanhola.
Jornal AÇORES, de 11-01-1976 : - Terminaram as escalas de aviões cubanos em Santa Maria, após pressão dos E. Unidos.
Jornal CORREIO DOS AÇORES, de 29-XI-2005: - Independência de Timor, foi uma utopia, diz Bispo Ximenes Belo. ........Não havia Governo, nem sequer governo na clandestinidade. O primeiro presidente, Xavier do Amaral, foi obrigado a render-se, o segundo, Nicolau Lobato, foi morto e, por isso o poder ficou como que vazio................. Não havia embaixadores, não havia constituição - a constituição da FRETILIN tinha sido congelada – não havia órgãos de soberania, por isso aqueles quase 24 anos foram um interregno, em que apenas havia uma nação e um povo timorense que lutava pela independência..........
Jornal AÇORIANO ORIENTAl, de 30-XI-2005: Primeiro Ministro de Timor:- Independência foi desconsiderada........ O poder saído da revolução do 25 de Abril, de 1974, em Portugal, nunca considerou a possibilidade de TIMOR-LESTE, ascender à independência........... num jantar em casa do falecido general Vasco Gonçalves, para que fui convidado pelo contra-almirante Rosa Coutinho, foi-me confirmado que na altura o poder português saído da revolução achava que a lógica seria a integração ( de Timor Leste ) na Indonésia..............
Jornal DIÁRIO DOS AÇORES, de 30-XI-2005: - Título: Portugal podia ter encurralado os indonésios no terreno, diz EUA,........, devido à falta de apoio dos timorenses a uma invasão indonésia e às dificuldades no terreno...... ( de um telegrama confidencial) : Os portugueses não praticaram o apatheid e as relação inter-raciais são excelentes. Não existe qualquer possibilidade de simpatia por uma autoridade indonésia entre a elite timorense ou a população em geral........ sem o apoio da população, operações militares no Timor português seriam um grande peso para as melhores forças armadas do mundo.
O general indonésio Yoga, conferencia com representante americano e expõe: - Encontra-se frustado, por não conseguir clarificar o que o actual governo português vê como as suas obrigações e responsabilidades no Timor português ou como é que os portugueses tencionam cumprir as suas responsabilidades..... que o governo da Indonésia não sabia quem estava no poder em Portugal e não conseguia obter respostas de Lisboa ou de qualquer outra representação diplomática portuguesa em Macau, Hong-Kong, Nova York e noutros locais ........ que os socialistas portugueses, são pró- Moscovo e os comunistas pró- Pequim.........que se daqui a 4 ou 5 anos, Timor português for pró soviético ou pró chinês, então os problemas não serão só da Indonésia......
Para Washington, Timor –Leste não era uma prioridade...
Se bem contámos, fizemos menção de 11 transcrições do jornal AÇORES, de 1974 a 1976 e de 2005 do CORREIO DOS AÇORES, do AÇORIANO ORIENTAL e DIÁRIO DOS AÇORES iniciadas no final da nossa última crónica prosseguindo nos princípios desta. O reduzido número de elementos obtidos, não descreve todo um período de insensibilidade para distinguir a prática do bem e evitar intrometimentos, a danificar a honra, o dever e ao preito onde se nasce. Declínio Histórico. A fraqueza humana, em plano mais avantajado que o normal.
Atribuímos preferência a transcrever, de uma assentada, as notícias publicadas no tempo, para o leitor ter liberdade de as assimilar a seu entender. Os nossos comentários, virão em seguida, com a franqueza habitual.
Já não cabem nesta crónica as ilações do que nos propomos transmitir. Ficarão para as próximas.
Até para a semana.



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