Nº21 CIVILIZAÇÕES ... ANTICIVILIZADORAS
Civilização, é a capa matizada, empregue na cobertura da animalidade humana. Consta do somatório dos últimos retoques dos estados sociais nas diversas parcelas onde o intelecto conseguiu entretecer o pano protector da autoridade.Os fios das contingências, alinham-se, por calibre e cor, no tear do tempo. Entrelaçam-se na pedalada das circunstâncias.
As civilizações foram tecidas em ambientes diferentes, o que lhes alterou a igualdade, mas não retirou semelhanças em muitos pontos essenciais.
As teceduras preparadas nos primeiros teares que o engenho humano fez máquina, destinados a proteger os franzinos corpos humanos, não saíram iguais nos separados Continentes, mas a obra completa foi, sem dúvida, parecida e redundou nos mesmos remates, protectores da conservação da saúde e das desagradáveis sensações do frio e do calor.
O Cérebro nunca pára, ajuntando motivos, causas, efeitos e correspondentes funções orgânicas e psicológicas. Desse esforço contínuo, os remédios para as carências da constituição humana, física e mental, têm a dita de surgir nos momentos oportunos. As coincidências, são o produto desse esforço que se não vê, mas se sente na razão de estarmos vivos.
Na anterior crónica, observamos semelhanças na evolução INCA, com as europeias e asiáticas, que são aquelas que mais servem de exemplos, nos nossos compêndios de História. Só referimos uma parte, mas vamos focar mais acontecimentos, senão simultâneos, mas enquadrados na tendência, dentro dos continentes, de racionalizar métodos na convivência humana.
O Povo INCA, construía as habitações em traçado geométrico e trabalhava com perícia metais, cobre, bronze, ouro, prata, transparecendo pelos usos e costumes, mais riqueza do que a realmente existente. Era, nem mais nem menos, atrelar, também a beleza, fabricada por mão humana, ao progresso que decorria calmo e decidido, por inteligências a almejar sempre mais e melhor.
O exército foi constituído para a guerra, seguindo uma táctica proporcionada às forças que teria de defrontar, escalonada a preceito:
1º - Os armados de fundas;
2º - Os armados de maças e achas de armas;
3º - Os que correspondiam à artilharia actual, os armados de propulsores, que lançavam projecteis.
4º - Os lanceiros.
Os tácticos INCAS, ponderavam, como os europeus, egípcios ou japoneses. Táctica, é táctica, onde seja necessário aplicá-la. O ponto de convergência da guerra é universal, reflectir – pensar e repensar- para possibilitar a vitória. Os intelectos agem, em todas as longitudes e latitudes, de forma idêntica.
Francisco Pizarro, (l475-l541), guardador de porcos em Espanha, de espírito buliçoso, deve ter imaginado muitas batalhas, vencendo-as todas, enquanto cumpria a profissão. A ânsia de ganhar, por qualquer processo, «montões» de ouro, prata e pedras preciosas, a gente que se sabia meio - humanas, guindou-o a comandante da conquista do Peru. Venceu, com facilidade o bem organizado exército do INCA. Não foi, porém, a sua táctica que conseguiu a vitória. As armas de fogo e os cavalos, robustos e ligeiros, é que desbarataram os guerreiros que se lhe opuseram com armas desvalidas de pólvora e sem estorvos para animais de grande porte.
Eis como, uma civilização – a europeia- ainda a apear-se da alimária, de lança e elmo, na sorumbática Idade Média, preparando-se para entrar na esperançosa Idade Moderna, muito à custa dos Descobrimentos Marítimos, iniciados pelos Portugueses, destruiu outra, além Atlântico, também em vias de progresso, mas melhor organizada, deixando-a impotente para vir a recompor.- se.
Porque a civilização dos INCA, mantinha uma alta craveira de boa ordem, precisamente, não por abundância de recursos, mas pelo método racional como administrava os bens resultantes do somatório dos esforços de cada um, para todos . Obrigava-se a trabalhar, apresentando resultados, a saber economia para bem calcular e a regulamentar com sisudez, para a distribuição ser equitativa.
Sem «ofensa» para a generalizada concepção actual, estamos inclinados a afirmar que o que mandava, no Sapa Inca, era a equilibrada moralidade da educação. Porque o povo era aguerrido, também se sabe. Mas não guerreava o INCA, que era quem detinha e aplicava a autoridade.
A crença, tem muita força, mas só aos inscritos na santidade, supera a falta de pão e água.. O aparelho digestivo, sozinho, sem alimento, é caldeira em ebulição, não marca a milésima de segundo para dar de si.
O ser Humano, sofre a lei natural, de ter de amar o trabalho, como meio de sustento. Esclarecem as realidades observadas, que o amor não está distribuído, por igual, em todos os que precisam comer. Ensinam cientistas, que as glândulas que estimulam a vida, não segregam hormonas nas proporções exigidas ao bom funcionamento do organismo.
A faculdade de «querer», ou «cumprir», com o organismo imperfeito, não recebe, por igual, o estímulo físico, na relação inevitável, entre o trabalho e o alimento. Doença a tratar pela ciência das moléstias, mas que a filosofia, impotente, com berloques idealizadores, quer resolver. Mudada a maneira de tratar, fica a luta.
Sem fim...
Porquê, em tal dilema, não outorgar à civilização INCA, o prémio da mais avançada da Idade Moderna?
A civilização de Francisco Pizarro, despedaçou a civilização INCA, deixando-a sem capacidade de se recompor. É dura e recita: Quem com ferro mata... com ferro morre». Não poupou Pizarro, que morreu com as mesmas espadas, empregues na façanhice no Peru. Os partidários do já morto, seu ex-amigo Almagro (1475-1538) , cumpriram a sentença.



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