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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 17 DAS ECONOMIAS

A economia é um romance. Muitas economias, são dois romances, Um que descreve a vista alegre da mesa farta, o segundo, enreda a trabalheira de assegurar o pequeno almoço, até à próxima refeição. Em todos os Continentes, em todas as épocas.
As primeiras escavadoras da terra, foram as mãos. Os padecimentos acrescentados, constrangeram a buscar pedra ou pau, para fazer a cova. A delonga e a canseira, terão criado o primeiro decreto do mando do homem para outro homem. Nascia a autoridade, a escolher os mais aptos para imporem obediência.
A agricultura intensiva, porquanto tão necessária ao bem dos parentes e aderentes não caiu em graça, nem era bastante para a todos contentar no momento de engolir alimento. Tinha, todavia, de existir. Quando não com agrado, com vislumbre de repressão, ou... castigo mal vindo.
Então, o arado acudiu ao falhanço no rendimento da tarefa e na dor do corpo.
Há cerca de 5.000 anos, no Vale do Nilo, burros ou burras, puxavam um pau comprido e robusto, com um pedaço de ramo amarrado, que rasgava a terra úbere , ante os olhos surpresos e contentes, dos aliviados de tantas cavadelas e poucas passadas.
Desta sorte, de arranjo em arranjo, chegou a simbiose do aproveitamento da energia do irracional prestável, ao fraquejado racional, porém, decidido a conseguir força, esconjurando a Natureza grosseira. O Homem, domesticou o animal e fê-lo, amigo, camarada, servidor a tempo inteiro.
Juntaram-se muitos outros Homens, teceram a ordem. Necessário ter, hora a hora, minuto a minuto, segundo a segundo, quem defendesse e conciliasse o colectivo, aclamando regras, previamente estabelecidas, a que se chamaram direitos. Aí estava a Lei. Instala-se ao lado do maior número e dos mais fracos. Tem intuito. É pertença do Homem. Mas é a volubilidade do Homem que a rege...
Desperta curiosidade, presenciar que esta sequência de decisões humanas, tenha acontecido em períodos evolutivos semelhantes, quer no resto do Mundo, quer no Continente Americano. A geografia afasta os habitantes, com a familiaridade, somente estampada nas parecenças físicas com os orientais da Mongólia.. Em pontos isolados, distantes uns dos outros, sem transportes de admissível aproximação, práticas pouco diferenciadas tiveram sucesso.
Desvendado o cultivo dos terrenos, a intensificar a dominação das regas e a profissão sedentária, intuitivo o nascimento das grandes cidades e consequentes impérios. Isso deu-se, na antiga China, no Egipto dos faraós e, admirável, ainda ao Norte da Cordilheira dos Andes, grande cadeia de Montanhas, que vai desde a Patagónia, até à entrada do Istmo do Panamá. Numa faixa de montanhas e vales, tendo a Norte o Equador e a Colômbia, a Este o Brasil e a Bolívia, a Sul, a Bolívia e Chile, a Oeste o Equador e Oceano Pacífico.
Num País modesto, que depois de Colombo, deixou as suas línguas nativas de « cuna, paez, pasto, etc.» e passou a falar espanhol, a língua do conquistador.
O Peru, país com 1.900 Km. de costa com o Oceano Pacífico, irrigado por diversos cursos de água, alguns afluentes do Amazonas, e, relativo pouco espaço de vales para produzir alimento à crescente população, sentiu o estímulo de vencer a força das águas que se espraiavam sem destino e recebê-las, onde o povo, melhor as pudesse aproveitar. Por tal vitória, no Peru desabrochou, também, a autoridade, para dirigir a construção das represas.
Domadas as águas, com mistela de noção e farfância, da autoridade dirigente, para com a obediência cangada, muitas vezes dorida, manchada de suor e sangue dos submetidos, parte da mão-de-obra manteve-se a vigiar e «proibir» desajustes ao bebericar das terras.
Depois, a autoridade, ajuntou os desmobilizados das construções e formou o exército. O exército não foi feito para estar parado. O vizinho que se cuide. Se for pobre, não venha roubar, se é rico ajude, a bem ou a mal.
Depois, ora depois, a meia desmobilização deu lugar a que os mandados – os que obedeciam – mas aspiravam a pular para cima, infiltraram-se em todos os recantos das actividades, como mandões. Destes, como não há regra sem excepção, lá de onde em onde, sobressaem os verdadeiros administradores. Porque mandar, qualquer um .... Saber mandar... acontece, ou é êxito do passado, ou depende do talento, do pouco comum administrador. Carência de mando, a pouca sorte universal...
O Peru, os da antiga China e os do Egipto e seus fronteiriços, sabem, por experiência própria, de tal evolução da humanidade. Decorre, insensível a Assembleias de Ensino, Sociedades de Nações, a Tratados de Não Agressão.
Igual, em todo o Mundo, para resolver «economias». O aparelho digestivo, suplanta a cordura, a piedade, o patamar das emoções
O antropólogo americano, Lewis Henry Morgan, concebeu um mapa de transição dos primeiros 20 ESTADOS, que se unificaram no Mundo, por ordem de antiguidade. Vamos mencionar os que nos pareceram essenciais para estas nossas crónicas..
Número um, Angkor, no Camboja – Século V
« dois, Ankole, no Uganda – Tanzânia,
« três, Axum, actual Etiópia,
« quatro, Asteca, no actual México.
« dez, Inca, no actual Peru.
Em cata de provas ou indícios que abram luz clara ou mortiça na obscuridade das coincidências, perguntamo-nos como é que as compridas Américas, distanciadas dos outros continentes, conseguiram os lugares 4 e 10, para atingir organização política, seguindo uma linha de adaptação idêntica a lugares bastante afastados. Será que a Atlântida, não foi um estado poético de Homero, cujo nome apareceu no Século VI, AC. e terá vivido entre 850 e 650 AC., mas sim grande área de terra firme a ligar continentes e que maremotos afundaram?
Ou a sorte salvou do afogamento, alguns dos aventureiros fenícios, gregos, cartagineses, árabes, egípcios, com instrução mais avançada no tempo, que transmitiram bases instrutivas, do aprendido dos seus mestres?