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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 13 O MONÓLITO DE DIGHTON

Encontramo-nos, numa fase destas crónicas, em que para nos obrigarmos a ir mais adiante, temos de fazer abordagens, tropeçar em repetições e colar acrescentos ao que já foi referido. Para nós, faz parte das leituras, bisa- leituras e extra- leituras que nos habituamos, para chegar ao ponto que pensamos ser o certo. O leitor, porventura, não estará muito de acordo connosco.
Atente, porém, que demasiada ligeireza, abre muitas roturas à informação e que mesmo novas colheradas de conhecimentos nem sempre fecham as falhas resultantes do iletrismo dos personagens que viveram os êxitos, os fracassos e as canseiras, de há centenas de anos.
Sabíamos que, em passageiras lições históricas Miguel Corte Real tinha ido procurar o irmão nos mares da Terra Nova e que por lá ficara por mor da má sorte, de gelos, dos nevoeiros.. De certeza, era que não regressara.
No Século XX, porém, um seixo de mais de 40 toneladas, com gravações no seu dorso, que desde 1680 seduzira o Rev. John Danforth, e mais outros pelos anos adiante, era afinal, o «recado» para o porvir, gravado por Miguel Corte Real e companha, a narrar o sucedido. Cinco Séculos sem notícias. Quinhentos anos de explicações provisórias...
Atendendo que no Novo Mundo, foi o primeiro a saber gramática, desenho, heráldica e escrever mensagens, o «Monólito ou Pedra de Dinghton», merece que lhe seja atribuída a faculdade de descrever os acontecimentos principais de que fez parte , após a sua colocação para o cargo no ensino público que, diariamente exerce a todos os visitantes. Porque o pavilhão, propositadamente construído para o resguardar da erosão ao ar livre é, por isso mesmo, um recinto escolar. De grande valor docente.
O Monólito de Dinghton, como inquestionável «testemunho ou padrão», ocupa lugar não confundível com os previamente trabalhados com destinos de localização mais ou menos previstos. Ou mesmo dos manufacturados de improviso, para marcar «posse» ou ponto de importância estratégica. Possui características diferentes
Transcende a sensibilidade. Há um chamamento ao passado, para trazer a presença de factos ensombrados pela tragédia, demasiado vincados para simples «borracha de aluno aprendiz» os apagar.
Ao GRANDE HOMEM, de 1500, o amimado adulto- menino do Século XXI, de telemóvel no ouvido a comunicar com interlocutor a poucos metros de distância, deve sentir-se obrigado a prestar veneração, à coragem, confiança, à vontade indómita de unir a família e empenhamento de executar funções da grei.
A «Pedra de Dington», é um monumento.
Devia ter outro ao lado, da altura de uma igreja majestosa - a estátua de Miguel Corte Real.
Não se sugere, todavia, a imponência merecida. Não se sobe ao óptimo. Suficiente, uma personagem que fale e diga que ao desembarcar, por determinação do seu Rei, a lei vigente de então, chamou sua propriedade a esta terra, onde muito sofreu. E que, privado do transporte para dar conta do que lhe acontecera e regressar aos familiares, naquele «Calhau», numa das suas praias privativas, gravou todas as ansiedades que na parte final da vida o amarguraram, sem meios de as amenizar.
Se em vida, lhe não foi enxugado o pranto, na morte, conquanto 500 anos sejam passados, se afigure a compreensão do feito que, a par de outros que estavam a ocorrer para os lados Sul do equador, se destinava ao desenvolvimento da humanidade, por esforço dos portugueses e neste caso concreto, ao Novo Mundo, tendo um açoriano como Homem ilustre, intimorato e de Paz. E, como já foi dito, Miguel Corte Real, tem de passar de hipótese ou lenda, para a História. documentada de todos os tratados mundiais.
Alguém terá de insistir.
As Casas de Cultura, devem debruçar-se sobre esta questão, sem parar à primeira contrariedade. Esclarecer, indagar, por a verdade no seu devido lugar. A Região não deve deixar-se empobrecer, por delegar a outrém, que se não sabe quem, nem quando, a defesa do que lhe pertence por herança e direito. Mais ainda, pelo vínculo afectivo às Nove Ilhas, em especial, a Terceira. Se a palavra «Arquipélago» já juntava as nove, no melhor e no menos bem, a substituta «Região», não lhe fica atrás.,
As naus portuguesas, revelaram Mundos Novos, ao Mundo que se julgava Único... o Europeu. Tão único, que os autóctones que chegaram nas duas naus que se salvaram do comando de Gaspar Corte Real, que nunca mais foi visto, incorreram na interrogação, se eram ou não «humanos». Os de pigmentação escura, vindos da África, também se encontravam ainda na bitola de quanto pesavam de «humano» e quantas gramas lhe faltariam para o ser. Foi essa diferença de classificação, que os colocaram no lugar distintivo, de bons «escravos».
O homem dos nossos dias, falte-lhe ou não, pundonor de «juiz», supera a sua inabilidade, taxando de retrógrados os espíritos de então. Deve, porém, ter cautela. Coloque-se no tempo, antes dos Séculos XVIII, XIX e XX, que lhe puseram à mesa, a ciência, a técnica, a filosofia, para uma lata escolha dos cómodos caseiros e do pensamento. Goze o que lhe é agora facultado com o menor esforço, mas não acuse os seus avós.

O Piloto Veneziano Sebastião CABOT,(1474-1557), compartilhava a suposição de Colombo, na certeza de que havia uma rota que permitia, ligar a Europa, rumando a oeste, directamente à Índia. Seu Pai, John Cabot, já o havia experimentado, em 1496 a 1498, sem sucesso, até porque da última viagem nunca mais regressou.
Em 1508, Sebastião abalou da cidade de Bristol, na costa ocidental da Inglaterra, dispondo de dois barcos, tomando a direcção noroeste. O gelo, contudo, obrigou-o a rumar ao sul e voltar à cidade donde partira..
. Ademais, parece que só os Reis portugueses sabiam (como o demonstraram ante as propostas de Colombo, Cabot ) que para chegar à Índia, era indispensável contornar as costas ocidental e oriental da África.
Julgavam os Pilotos, como Cabot e os filhos,( assim como Colombo) que as proas dos barcos ao rumarem ao ocidente batiam nas costas da Ásia e só a partir .de 1520 é que se começaram a convencer, que a América era um Continente, o Novo Continente .e que era preciso atravessá-lo a pé, para alcançar outro mar e escolher outra embarcação, para, em realidade, avistar as Índias e descer no Cipango.
Foram as viagens do Navegador italiano Giovanni Verrazano (1485-1528), que desanimaram a crença que o continente americano não era costa asiática, nem tinha aberturas para lá chegar.
A acomodada ignorância do Rei de França, Francisco I, fez aceitar a proposta de Verrazano, para encontrar a tão desejada passagem para o Oceano Pacífico, entre a Terra Nova e a Florida. Fez duas viagens, em 1523 e 1528. Viajou nas costas dos Corte Real, para cima e para baixo e por seu mérito de estudo minucioso, deu forte contributo, para acabar com a doutrina fantasiosa colombiana.
Proa ao ignoto, os navegadores portugueses, construíram faróis, em todos os promontórios do Mundo.
Desenvolvendo-se nas terras descobertas, as diferentes civilizações encontraram-se, também. Daí, o conhecimento do HOMEM, oferta incluída na iniciativa do Infante D. Henrique.
Colombo, chamou Índia, onde o acaso lhe permitiu desembarcar, nada semelhante, nem próximo do País asiático.
Colombo pensava vir a ser missionário de raças disformes e sub-humanas, todavia, negociáveis para escravidão.
Colombo, viveu e parece que morreu, com a convicção de poder viajar até à Ásia, pelo ocidente.
Colombo aprendeu em Portugal a arte de navegar e praticou durante anos. Casou com Filipa Moniz, filha de Bartolomeu Perestrelo, descobridor da Ilha do Porto Santo, onde viveu algum tempo. Depois da morte do sogro e obter os portulanos herdados, é que avançou para descobrir a Índia, por caminho mais curto que o delineado pelos Reis Portugueses.
Colombo, insistiu para cumprir a missão impossível, de levar uma carta da Rainha de Espanha, para a entregar a Vasco da Gama, no hipotético encontro na Índia. Teve de a devolver no seu regresso a Espanha. A Rainha não gostou do desaire Colombo foi considerado génio. Talvez haja exagero......