América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 42 DA PAZ...


Cessam as hostilidades... acabam-se as discórdias... Paz.
Frase bonita. Encoraja a abertura de sentimentos, descontrai a sobrecarga de receios, anima o rosário a subir aos céus. Na Terra... há Paz . Pró eterno.
O espírito devassa a benevolência dos homens, o pensamento vagueia a descortinar a bondade das almas, o raciocínio, de beiça caída, por não ter feito parte do acordo, mal – gradado com a nova, busca modo de vida, a reembolsar o que a guerra, deveras ou açulando, se prestava a construir de novo, com acrescentos e mudança de hábitos e feitios. Concordemos, contudo, com maiores perdas evitadas, se o discordante dos interesses em vigor resolvesse as «coisas» à sua maneira, de liquidar tudo o que lhe não conviesse e levasse o que entendesse. Campanhas militares em chacina e verborreia a defender partido, rejeitam compaixão.
O raciocínio....
Indulgências, leitor Amigo. Íamos repetir a mesma inexactidão de duas linhas acima. Aplicámos o artigo definido O , a generalizar, quando todos sabemos que CADA CABEÇA, CADA SENTENÇA. Cumpre-nos acertar, com o algarismo UM. Nada de «misturas»...
UM raciocínio, saído ou não, das fileiras da «Guerra aberta, ou declarada, ou intestina», esta a mais feroz, entre concidadãos, abriu negócio para amanho da vida. Prosperou.
OUTRO raciocínio, menos venturoso, atrapalhado de finanças, montou à ilharga, a aproveitar os fregueses certos e rendosos, o mesmo tráfico mais melhorado ou menos caro, pois o anterior, o Nº UM, não deve ficar com os lucros gordos. Meia PAZ, passeia na passadeira dos dois estabelecimentos.
Se, naquela região, mercadejar dá para dois, também dará para três, raciocina o Terceiro, também à procura de emprego...
E assim por diante...
A Paz inicial, de aspecto pujante, pomposo, notável, vai-se subdividindo, tendendo à vulgaridade e perda de visão. E quando chega ao nível «zero», esvai-se numa normal metamorfose da Natureza, a antibiose que aniquila o bom ou a tranquilidade e gera o antagónico, o reprovável e travesso e reergue a luta por mais um «furo» no salto em «altura».
A Natureza, tem dois pólos a exemplo da electricidade que envolve todo o globo - o positivo e o negativo - que se atraem ou afastam, conforme o local e instalação da suas forças.
A Natureza...
Se acerta com o que temos lido, é a multiplicação do átomo errático, explodido há 15.000 milhões de anos, donde resultou o espectáculo admirável da abóbada celeste, da formação das diferentes Galáxias, das Nebulosas que se afastam e desaparecem e outras que nascem a preencher o vácuo, numa pressa contínua e sem fim. E o resto, os astros, as estrelas, o pequenino Sol, os minerais, os mares... a vida.
Esta definição, pensada, escrita e exposta, alegrou o vulgo, por se sentir com menos um mistério para matutar. Com tal descoberta, as certezas aumentaram os saberes e a coisa oculta, ficou menos enredada.
Só falta concluir, no tira dúvidas. Como, quem, onde se fabricou o «átomo errático» e o fósforo que provocou a explosão e espalhou todo o pedregulho que voa pelos céus?.
Ainda assim, dá para formar, unir e lascar ideias, mas a restante meia dúzia, não faz nenhuma claridade. É o dedo de Miguel Ângelo, quase... quase a tocar no «tempo absoluto»...
Ocupamos um espaço ínfimo, dentro da nossa Galáxia, de nome para os gregos e para nós, Firmamento, ou Estrada de Santiago, ou Via Láctea.
Acerquemo-nos do que nos é permitido usufruir: da terra, que nos dá pão e túmulo, da água, que nos lava e alimenta, do céu, vácuo da esperança e luz para o belo e o triste, dos seres vivos que convivem e lutam, dos animais e das plantas - que muito nos ajudam- se atraem e afastam entre si e se nutrem por exigências condicionantes aos sucos gástricos da tubagem digestiva.
Impossível eliminar um dos pólos da electricidade. A Natureza, não admite que lhe mexam na estrutura.
O Homem e a Mulher, são Natureza. Contêm o bem e o mal, o feio e o bonito, o alegre e o triste.
Se o Mundo nasceu de uma explosão, ela repercute-se em tudo o que é matéria e actua em conformidade com o espírito insatisfeito, em procura da perfeição. Segue, de Galáxia em Galáxia, de constelação em constelação, de nublosa em nublosa, de estrela em estrela, de planeta em planeta, de indivíduo em indivíduo, de alma em alma...
A explosão de sentimentos é uma herança patogénica. Se bem se saiba que as acções devem ser pensadas, a explosão –a doença hereditária- não o permite. Pumba! O mostrengo, recalcado por momento, ou por meses e anos, sai a invadir a propriedade, a honra, o sensível, a harmonia proposta pelo juízo social.
A Paz é apetecida, quando maltratada, e bem - vinda, com fama de santa, nas acções desordenadas, todavia, não pode deixar de ser um pólo, que nunca está parado e sofre das atracções e repulsas do outro pólo contraventor . Loas à Paz, elevam uma Fé, nas melhores intenções, mas não curam a maleita hereditária, que se tornou epidémica, ainda sem antídotos, nem chás caseiros, para reconstituir os desvairamentos materiais e a saúde da mente, das perdas e danos« sofridos pelos que entram no acto bélico - os agressores e os ofendidos. A Paz, não é golpe que extinga a maldade, nem ácido enxofrado que a queime.
Mas que está inscrito nos canhenhos dos administradores das nações, não há dúvida. Escrito e farfalhado.
Em cada freguesia, cidade, província, país, a rodagem dos mercados desemperra-se, quando as forças opostas, da venda e da compra, entendem a justeza do contracto. Os interesses, dificuldades administrativas, económicas, ambições pessoais, «explosões repentinas» e que mais, tombam o negócio para um lado. A parte lesada, interpõe os «omissos» para o controlo marcado. Lá se foi a concórdia «cantar às estrelas». Isto é a vivência, das pessoas e das nações. Ainda sem «vacina» preventiva.
Solicitam-se recompensas. A bem... Certificado de boa conduta... Repostos os prejuízos...
Quem acredita? ... Onde estão as forças da ordem ?
O exército ? E as outras ?
Paz... Dispendiosa ?... Mas, acerto... pagar a Paz
Si vis pecem, para bellum: Se não queres ser atacado, prepara a defesa , ou então, se queres a paz, prepara a guerra.
Este comentário romano, dá que pensar. Pensemos.