Nº 40 DA RIQUEZA...

Posse. Mando. Gozo. Direitos.
A criança quer o brinquedo reflectido nos olhos, o jovem exige vestuário a marcar presença na prosápia da idade, o adulto ambiciona escolher a gosto, lograr sem estorvo, consumir com saldo positivo, visitar propriedades, reunir papel moeda, na soma da conta bancária.
De ingénuo a ajuizado, estimula-se o capricho de dominar, de iniciativa a trasbordar vaidade, por em ordem a faculdade de exercer a «justiça» egocêntrica, de ser o maior...de ver de cima, os «outros» lá por baixo. Achar-se mais que outrém. Esta será a «riqueza» mínima, ou média ambicionada. Porque desejar riqueza alentada, gorducha, impressionável, não tem limites, é um crescendo de honrarias, glórias, operações comerciais e financeiras, crachás de bom comportamento, qualquer que seja ele, banquetes regados de escolhidos etílicos e louvaminhas com lente de aumentar.
Pessoa, tem boa ligação com Estados e Continentes, visto que são pessoas que transmitem seus defeitos e virtudes, ao exercerem as administrações para que foram investidos.
O título América- América, parece contradizer o realce a dar à Europa... Velha, sepultura de nossos avós, campo eivado de contrastes para os nossos descendentes.
A convivência dos Homens, das Nações, dos Continentes, cada vez mais facilita a comercialização das colheitas do grão e frutos, privilégios endémicos de regiões afastadas por oceanos e montanhas que os transportes facilitados distribuem, sem fazerem notar distância, tempo, prazo de pagamento. É um tal converter em dinheiro tudo o que se preste a negócios inteligentes em peso, medida, tamanho, formato e arte, ou tráfico da bagatela camuflada, por preço colado na mente do comprador simplório.
A totalidade das coisas pode ser transferida de lugar ou trocada por outras, em espécie ou em moeda. Nada de empecilhos. A intimidade das gentes, dos valores, do vigoroso e do menos contaminado, gera a credencial da abolição das fronteiras de regiões ou países.
Sedutora regalia....
A ideia, até então resguardada pela modéstia de dona de casa, retirou o avental da cozinha, vestiu saia e blusa de seda estampada e saiu à rua a tomar o combóio para além horizonte.... Entrou na aventura do indomável sem finito à vista. E pôs logo sentença para valer...
Se pessoas, bens e toda a tralha visível e palpável pode mover-se e estacionar a belo prazer, porque não a ideia também, em outro aspecto, visto ter as suas vantagens, ou melhor palavreado de convencer, onde entenda lucrativo, pois é ela a escora resistente, - por não consumir energia -, na subida das ladeiras fatigantes do progresso?
Quando menos se espera, num «nó górdio», levanta-se a ideia, «bota palavra» e resolve a facilitar mais uma passada. Mostra aparência, balbucia, mas não executa.
Neste deambular da América para a Europa e vice versa, ao empreender o equilíbrio que parecia estar ao alcance da igualdade, - no que é recebido, ser bastante para o necessário ao aparelho digestivo - de coisa certa, ou quase evidente, boiamos em dedução duvidosa, ao ponto de não nos agradarmos com as provas finais. Aquilo que ocupa espaço, tem o seu lugar marcado e definido. A ideia, voga em todas as direcções e só define sítio, depois de obra visível feita, concluída e posta a ser admirada pelos sentidos. Matéria e ideia, convivem juntas, mas separadas cada qual com seu valimento.
A ideia, ampla, livre, dona de si própria, apavona-se e convence defensores acérrimos. Defendem as «suas ideias», com «unhas e dentes», como se fossem as únicas a brilhar no ambiente opaco do não imaginário.
A matéria põe o comestível no prato, mais o guardanapo, a ideia fanfarreia de o adquirir em quantidades à vontade dos plebeus e apresta-se em transformar-se no anfitrião da bondade. A diferença entre mastigar e engolir e dar carácter de hipótese a essa função vital, está no valor mercantil do negócio, na utilidade prática humana.
A crença - além imaginação - do trabalho individual se submeter à mercê de preceitos a artificiar mudança de dono, não enche barriga, nem se enquadra na presença do indivíduo pedinte, entre outros homens que se esforçam, dia a dia, em produzir para si, para a Família, para os fracos e doentes e para o Estado responsável, que a todos deve protecção.
Ideia... moeda sonante... aspiração ... trabalho... valor ideológico ... valor real... .
Estes são os princípios de contradição que, segundo o dicionário, são os princípios lógicos, segundo os quais uma proposição não pode ser simultaneamente verdadeira ou falsa.
Isto é teoria, que dá explicação de um certo número de factos.
Haverá, por isso, por de parte o intocável e abstracto, a IDEIA, a ASPIRAÇÂO, o VALOR IDEOLÓGICO, que se esvaem no fluido da fantasia e separar o que o homem conhece e julga:
MOEDA SONANTE, produto do trabalho;
TRABALHO, dignificação do ser que pensa,
VALOR REAL, o trabalho em movimento.
A filosofia – chamada para aqui, liberta de segundas intenções – que talvez seja a maior faculdade do intelecto humano de, em cada segundo se embrenhar na ciência geral dos seres, dos princípios e das causas e nos intervalos, gozar férias a adaptar-se às condições de vida, a deambular entre princípios e actividades, a confundir objectivos, causas e ... obrigações. Aparenta ser a inteligência, complacente, a sorrir sem maldade, daquilo que a rodeia, conforme a Natureza, ou criado pelo cérebro do egocentrismo comum, do semelhante em busca de rumo na encruzilhada das escolhas baralhadas na vocação, no acaso ou na aventura.
Há sarcasmo do intelecto sorrir de si próprio, ao abarcar a tendência crescente dos excedentes caprichos humanos, que se embaraçam nas exigências da vida, ter de estar presente em todos os problemas excêntricos e apartar os incontestáveis. Evidente, que só com bonomia, a inteligência vai cumprindo a sua missão.
Leitor Amigo, não calcula o esforço que tivemos de suar, para alterarmos o rumo desta crónica, inicialmente a expor algumas conclusões do que temos escrito até agora. A responsabilidade, que se senta ao nosso lado quando estamos a trabalhar, martela-nos os ouvidos para que não nos desviemos do inicialmente projectado nestas crónicas, mas é ela mesma que nos impõe, esclarecer, com serenidade, o porquê dos acontecimentos. Ficamos sem saber qual o pecado a evitar. Como são pecados veniais, leves, que não levam a perda das graças de Deus, nem de todos os leitores, lá vamos pecando... sem emenda...



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