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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 34 DA EDUCAÇÂO...

Querer atrair amigos. Propor ser amigo.
Ajuntar benquerença e proposta para a amizade, conterá a súmula da EDUCAÇÃO. Simplificada de ornatos.
O dicionário, apesar de assumir a sua função de esclarecer, resumindo, menciona: Aperfeiçoamento das faculdades físicas, intelectuais e morais. Conhecimento dos hábitos da sociedade. Polidez, civilidade, urbanidade, delicadeza e mais algumas definições....
Ocasiões há e cremo-lo de ânimo deprimido, que tanto se apregoa a palavra que ela faz parte da unidade de um maço de cigarros e se esfuma, quando lhe calha a vez. Confrangemo-nos ao pensar que EDUCAÇÂO, milhares de anos a dar-lhe sentido civilizado, moldar-lhe formato intelectual, induzir para a prática do bem, se descaminha em vulgar rota de ideias e aspirações, bravatas e apitos, a atrapalhar o trânsito, a desgastar o ensino de regras e costumes, o que de belo e instrutivo ela representa, com a força do interesse público e da razão
Desengano e acabrunhamento acompanhar-nos-ia, pelo resto dos nossos dias, se nos abstêssemos de medir a generosidade e complacência da mais nobre e profícua concepção que o homem pôs em prática, tendendo a harmonizar a, rudemente amarrotada natureza. Empreendimento excêntrico, abrangente das diversas ocupações activas, constituídas e marcantes nas sociedades.
EDUCAÇÃO, padecendo, do vai não vai, na desamarra do ego, aferrado à dubiez das atitudes, nem por isso deixa de ocupar posição de ordem e destaque para impor arbítrio. Tem domínio na matéria e no espírito, na apresentação física e na afluência do raciocínio. Entra em todas as fases do comportamento especial e colectivo. E não teme ser deselegante a quem a procure amachucar, enfeitando-se com penas de polidez que não possui.
Damos abaixo, alguns significados - se omissos de conhecimentos educativos- uns mais, outros menos apropriados, mas o leitor ficará com a independência de contestar, ou discorrer a seu jeito e humor :
PERSONALIDADE, tem de ser educada, para merecer respeito. Se o não honrar, obterá o nome de má-criação.... desvergonha... etc.
BONDADE, sem presença educativa, é futilidade para Zé ver.
ADMINISTRAÇÃO, sem competência educada, é proeza falida.
PAZ, sem ambiente educado, é amofinação e tortura.
POLÍTICA, eivada de deseducados, é afundamento da coerência, do progresso, da concórdia. E da verdade.
TRABALHO, falho de método educativo, é desperdício do tempo e do rendimento.
DILIGÊNCIA, desprevenida das faculdades físicas e intelectuais, dissemina-se entre a improdutividade e a aparência teatral.
TRIUNFO, inculto e desordenado, prosterna-se na contenda.
ORDEM, dirigida sem educação, emaranha-se na irregularidade e cai no prejuízo colectivo.
PATRIOTISMO, ausente dos deveres educados, enloda-se na traição, nos erros da verdade e conta História privativa de desculpa.
IDEIA, esfolhada de educação, reflecte direitos sem esforço.
DIREITOS, depenados de educação, confundem o colectivo, mas não resistem à necessidade do trabalho, da disciplina, da produção.
DIRECTOR, desaprimorado de educação, transfigura o cargo em prepotência ilegítima.
DEMOCRACIA, distante da educação, é nega das faculdades intelectuais, morais, do pensamento e da prosperidade do Século de Péricles, o que construiu e projectou até nossos dias, o ideal Helénico.
DITADURA, sem controlo e Assembleia, é opressão a valores alternados.
Não sendo nós versados em filologia, já avançamos demasiado como a pretender compor um dicionário. Nada disso nos moveu. O nosso intuito, limita-se a dar alguns exemplos da indispensável presença da EDUCAÇÂO nas convenções sociais, na moral, na competência, na dedicação, nos departamentos particulares e oficiais que pontificam na engrenagem da Lei e do civismo.
Tudo a propósito do que observámos na nossa fugaz visita à América, País governado por Homens, o que desde logo lhe retira o estatuto da perfeição. Não deixa, porém, de comprovar, com misto de simpatia e agrado, a obediência, ou melhor, a aceitação tácita das normas que regem a harmonia, o respeito ao semelhante e ao Estado, com ou sem entidades fardadas na peugada. Cumprir a Lei, não é mais que um hábito obrigatório de higiene diária.
A Natureza está impregnada da disciplina essencial ao ordenamento para formar pessoas responsáveis na Família, no convívio e no trabalho.
Possuir o que é vulgar na América, tenta o estrangeiro. Não ficaria mal, todavia, que a Educação que lá manda, mesmo com deficiências, que as há, sem dúvida, fosse a primeira igualdade a ambicionar. Seria lucro imediato, moeda sonante, que reverteria a favor dos que vivem menos abonados.
Pois é aí que vale a pena recordar Leibnitz, o filósofo e hisrtoriador alemão, nascido em 1646, falecido já lá vão 289 anos, em 1716: «Dai-me educação que eu mudarei a face da Europa, em menos de um Século».