América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 33 DA QUANTIDADE

Desde os tempos imemoriáveis, o Homem somou. Medir o alimento, induziu ao número. Contar entrou no celeiro Toda a soma apresenta resultado. Amealhar equivocou a comparação. A diferença acendeu o egoísmo e a prudência. A quantidade subiu ao poleiro do prestígio.
Este arrazoado, é mera distracção escrevinhadora. Com boa vontade, cremos e adiantamos, terá ocasião de fazer parte deste «ser mais um» .- que é o que nos consideramos - a expandir pareceres e «botar» palavra de amizade com o «coração ao pé da boca».
Ao correr no teclado do computador, relembrámos, na crónica nº 32, um episódio, acontecido nos Estados Unidos da América, nos anos trinta do bom, mau e péssimo conselheiro Século XX, testador de uma salsada de progressivos exemplos, entre outros feios e tristes, ao seu herdeiro XXI.
A construção da BARRAGEM HOOVER, uma das gigantescas obras concebidas por inteligência e arrojo e executadas pelas corajosas administração e mão de obra humanas, evidencia o critério moderado e perspicaz da governança de quem entra na psicologia e na aptidão do ganho maior, mais perto do consensual.
Quanto a nós, o acesso ao equilíbrio da justiça, tem raízes que se podem apontar e constam da sua História. Não virtudes perfeitas ou circunvizinhas, pois as sensações ondeiam em particularismos, dentro e fora de cada indivíduo, agitando-o fortemente, no momento de diferençar os preceitos do que lhe está mais acima, ou do que lhe cumpre acertar ou, ainda do mando que lhe pode trocar as voltas. Direitos, virtudes e defeitos no Globo Terrestre, acompanham o ser humano, no singular, no plural e... no colectivo.
Sem pretender, portanto, mostrar sabenças profundas do território americano, à vista desarmada, notam-se normas a ter em conta ao estudante de psicofísica.
Na aventura da nossa crónica Nº 1, apontámos o porte dos transportes motorizados no cumprimento diário dos milhentos afazeres dos seus condutores. Do nosso autocarro, mais alto que a maioria dos atarefados que circulavam na estrada de 4 faixas, víamos a igualdade caminhar em ritmo ensaiado ao segundo. Pressentia-se a batuta da autoridade no coro do respeito mútuo. Ultrapassagens ocasionais, espertezas juvenis ou suicidas, mantiveram-se sempre fora da viagem. A calma, embarcada em Fall River, desceu do autocarro, na nona Avenida de New York, sem sofrer, sequer, ameaças de encontrão ou dichotes de carranca e dissonância. Assistimos a EDUCAÇÃO. Na via pública.
Referimo-nos, com real admiração, à feira em que se transformou a Nona Avenida de New York, recheada de todos os apetrechos e temperos das feiras europeias, incluindo a fumaça do assador de maçarocas de milho verde, ainda encamisadas, que eram apreciadas por muitos assistentes, como charamela de menino brincalhão. Notámos a ausência das sardinheiras e das cantigas sonolentas, pelos retardadores « branco ou tinto», se bem que alegretes de pressão ao soluço. Presenciámos EDUCAÇÃO. No mercado do barato e contente.
Na mesma Nona Avenida de New York, em dia normal, passeámos em todos os sentidos, misturado com gente, dos cinco Continentes, de faces aprazíveis, sempre encontrando a via livre, sem colisões por passadas irreflectidas ou displicentes. Confirmámos EDUCAÇÃO. No trânsito trivial e azafamado.
Nos convívios familiares ou entre amigos, a referência às normas de conduta, privadas ou públicas, eram tidas com rigoroso respeito e fiel acatamento . Impensável anular ou iludir intimação ou polícia. Donde, repetidamente assimilámos EDUCAÇÃO. Nas esferas social e familiar.
Recreámo-nos a acompanhar as corridas repentinas dos esquilos que gozam os parques de lazer com os mesmos estatutos oficiais da criançada e nunca avistámos apressamento nas deslocações voluntárias, por perseguição ardilosa ou em algazarra, de menino ou adulto. Esquilos e humanos, não juntam convivência, só que os de tronco perpendicular, se deliciam com os abanicos das caudas em leque dos pequenos mamíferos roedores que se alimentam e divagam à vontade. Esta mesma impressão sentimos ao sair da porta da casa onde nos aboletámos ao presenciar os esquilos destemidos, ali à volta, sendo mais uma amostra da presença afável, da boa e atraente EDUCAÇÃO. No meio heterogéneo do racional e do outro, de razão atrofiada.
E, de imediato, aos trambolhões, nos veio ao juízo, a descoberta e determinação do consciente, ao propor a ordem e a emenda. Nestes dois pedestais, todas as populações se altearam no progresso e na civilização e se apressaram a unificar Estados, a permitir-lhes a independência, a garantir a segurança, a implementar a autoridade,
A balbúrdia, por muita música e recitações empregues para a suavizar, descontenta e importuna o convívio social. O linguajar excedido, ou mistificado, quaisquer que sejam as premeditações justificáveis até à santaria de altar, tende a perder entusiasmo e credibilidade e acaba por se reconhecer estorvo e tédio a si próprio e aos demais. Esconde-se na acalmia, bastante mais preferida. A disciplina, firme no seu aspecto e rendimento, requisita a restrição ao abuso, e funda a obediência. Foi, por conseguinte, do chinfrim malfadado que nasceu a autoridade harmónica, com o fim de impor as faculdades cívicas.
Os cidadãos são aproximados e afastados, em iguais princípios e normas e reaprendem, dia a dia, que a fricção emperra o sossego, piorando-se ao atravessar o tempo e representa ameaça do regresso à malquerença, por indesejável e conflituosa.
A EDUCÇÂO, é o maior arranjo arquitectónico que o intelecto humano deu, dá e dará forma, aplainando e bendizendo a rude Natureza. Empreendimento extraordinário, elevar cada indivíduo a pessoa e inculcar em cada uma, o grande universo de condições para o entendimento imparcial, próprio para fazer amigos.