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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 41 DO SENSO...

Circunspecção, será, porventura, a palavra apropriada a esta crónica.
Não temos pressa de recomeçar História, conquanto seja ela o facho que nos poderá chegar a conclusões, serenamente meditadas, mais próximas do alvo que a realidade humana deseja entender.
Esta evolução da mecânica ao serviço da publicidade e a golpes de machadadas, moldar o sentimentalismo vulgarizado, que se quer cingir aos últimos sessenta anos, por serem os acontecimentos ferventes na memória dos cidadãos, prepondera acima do estudo, da experiência prática, do realismo natural da formação desarmónica da sociedade. E parece que esqueceu os seis anos anteriores, os da guerra- 1939-1945 - atirando as culpas todas a um só homem, por mais influente que tenha sido.
Alijar responsabilidades, simplifica explicações, lava mãos e consciências, liberta a ideia para todos os voos que lhe der na gana e desvia a atenção dos factos consumados que deixaram feridas dolorosas e recordações de acidentes e ofensas, ainda a cicatrizar.
Os últimos dois mil anos, têm muito para contar, não obstante se queira não aprender as lições que podem ter uso actualizado, em todas as épocas, a quem se mostre com vontade de não repetir desregramentos.
O Século XXI, conquanto, até ao presente, não mostre qualidades de progressos ao sentimento e com o senso que distingue atitudes que definam atingir a maior idade, tem atraído expectativas de um intelecto mais sadio e propenso ao culto do estudo, preciso e necessário ao acerto de comportamentos . Não se sabe, porém, quais os pontos que irá seguir, na « rosa dos ventos» que nunca está quieta.
Concordemos que a ciência e a técnica, têm dado pulos no adiantamento das benesses nas comodidades sociais. Do avião ao lava-louça, quanto de conforto ao físico fracalhão do empertigado e pretensioso ser que se pretende distinguir ao afirmar que dispõe de instalações neuróticas para pensar. Aqui, há excepção e com eficácia.
Mas a tri nitro glicerina... os tanques... as ogivas teleguiadas... a bomba atómica... são avanços para regredir. É a constância no «agora adianta», logo «espera»... a opor-se à inteligência que, por um lado, deseja a igualdade e o contentamento, e, no lado oposto, a armar rasteira à harmonia... Não há emenda.
Regressemos à Europa. Falemos da Itália. Napoleão ( 1769-1821) fez-se «admirador e amigo» em 1809, mandando as suas tropas e a seguir os irmãos, para lhe retirar os haveres e encaminhá-los a repor impotência e desvarios da Revolução Francesa. É um território que pode servir de padrão a todas as nações.
O panorama da agricultura, apresenta valores semelhantes em todas as regiões na produção e no rendimento. As minas de metais e carvão, valores que o subsolo guarda, excelente reforço da superfície, são pacientes a aguardar encomendas de nacionais e estrangeiros e mais valias que revertem a favor de quem sacrifica a saúde e arrisca a vida na exploração, aos proprietários, nos lucros oscilatórios, dependentes das preferências dos mercados e aos governos, nos impostos, também no balouço dos proventos.
Neste aspecto, portanto, a Itália e os restantes países europeus, contêm fertilidade, para repartir aos seus concidadãos, o suficiente para moderar a distribuição do alimento e resguardo dos maus humores ou diferenças climatéricas, do dia e da noite, mas com a condicional, de ser bem gerida, pelas gémeas «educação e instrução».
O que fará atingir riqueza, se é que haverá essa possibilidade, ser uma vez «rica», reside na implantação da indústria. Sem ignorar a arte de lhe ser incrustada resistência no embate com as congéneres e, com serenidade e modéstia, separar para a benquerença aos menos aptos, na saúde e na prudência, o indispensável para manter a vida. Há, porém, a contraposição de fomentar a languidez e a recusa da oportunidade do trabalho, princípios da depreciação social e declínio da dignidade do Homem. E quando acontece o tropeço nos afundamentos da inacção, a rixa incontrariável e destruidora, passa a mandar na confusão dos elementos e das sociedades e a reabrir o caminho do retrocesso.
O alarido pelo estado social, que nos orgulhamos de fazer parte, fortemente alicerçado na rigidez da ciência e da técnica é, por contra dita, quebradiço, ou molengo. Inclinado à futilidade, dado à emoção fugaz, repentina, leviana, falho de caboucos adequados aos moldes da inteligência que nunca se escusa pensar para o bem geral, desadapta-se à ordem e à combinação da abertura à harmonia, exigente no custo e no trabalho, no mais eficaz, para chegar à verdade civilizada.
O visual despertou a ambição, normal diante da quantidade das benesses oferecidas pela técnica ao comodismo humano. A população, cresceu, alheia à proporcionalidade ou decretos de recenseamentos. A realidade, fria e analfabeta, não se inquietou a produzir mais para repor a diferença inesperada e contentar dietas em pontos distantes que a aviação tornou próximos.
O choque decorreu com tal violência e rapidez, que tem impossibilitado desvincular a ambição, do que realmente existe. E estende-se a demora de provar, que se vier a acontecer, o produto bruto abastar a ambição, antecederá muitas novas leis apropriadas, maior rasgo na educação e mais ampla instrução.
Este desconceito de não distinguir o ideado e a aparência, do real, tem levado a Europa a desgostos bastante graves e duradouros, sem cura por panos quentes, nem baixo custo.
As nações europeias, tendo como padrão a Itália –como já vimos, remediada- dispõem de rendimentos do trabalho sofríveis, «deitando as suas linhas» para não descambar e manter a população sossegada, com administrativos, maduramente sabedores. E com mais subido nível de vida, se montada a indústria com suas mais valias e... depreciações, também medidas pela competência certa e honesta..
Entrar de chofre, na UNIÃO EUROPEIA, com a «comunhão ou comparticipação de bens» anunciada, ficam no ar os títulos de propriedade e abastança dos beneméritos «oferentes», sabendo-se da quantidade dos que virão a ser «recebedores».
Haverá motivo para exigências de «vales a pronto ou a prazo»?
A Alemanha, por exemplo, passou a ser «rica», depois da presença do «saco azul americano». Actualmente, anda queixosa de fundos e tranquilidade social. Quando voltará a alcunhar-se, novamente, de ser uma das directoras da orquestra deste Continente, construtor de bibliotecas, árbitro das elegâncias, dos desportos, mas que se tem deixado enlevar em desavenças por uma cidade,,, uma província... um principado... uma coroa reinante...uma supremacia...
Era tão fácil armar uma zaragata... Agora, adeus impérios...
Administrar com senso, é bastante difícil, dizem os entendidos e os que vivem do seu ganho mensal. A História, a vida normal das nações, o que nos informa a actualidade, comprova que não basta possuir, é preciso aplicar com sensatez as verbas dos contribuintes. Qualquer leigo, concorda com este parecer e exemplo.
Eis, contudo, que o nosso avelhentado SENSO, se sente, verdadeiramente confuso. Não consegue entender, nem profetizar, que a balbúrdia europeia, venha a aperfeiçoar o processo de fazer direito, a favor dos que menos possuem. A experiência diz que a vozearia desnorteia a tal ponto, que os lucros nutritivos, são apanhados pelos medianeiros que, nos movimentos de rotação e translação da mistura, retêm os melhores e mais suculentos nacos.
A ambição, cresce de forma desproporcionada, ao invés das promessas dos aproveitadores nas campanhas de bondade. O embolso vai ligeiro para a sacola da prédica calculada, enquanto os necessitados se extasiam no aplauso e regressam à família, confundidos. na vã esperança de um dia... qualquer dia... quem sabe... desfrutar a casa cheia...
Se isso só foi possível na Grécia, com menos gente...para grego escolher... mas que ainda está pensando... E é fácil e acessível ... constatar... A sensatez sente-se amedrontada, ao assistir à organização de programas organizados por pretendentes a administradores dos Estados, a predizer consumo garantido, inflexível, progressista, antes de saber, tintim por tintim, as fontes que o terão de alimentar e, mais importante, os caudais confiáveis ou, como as folhas das árvores: persistentes, marcescentes ou caducas ...