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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 35 DA AMBIÇÃO... DA HERANÇA...

Ambição, nada tem de anormal, se intencionada a finalidade útil e justa. Desejar sempre mais, faz parte intrínseca das sensações humanas e é uma das grandes presenças no impulso da civilização, da ciência, da técnica e, sem tempo de folgas, sempre em crescendo, de colocar no «espaço» investigadores à conquista de planetas e estudo de estrelas , para encontrar outra pousada, para os que cá ainda vivem, visto esta estar a ser desmantelada pelos próprios que a habitam.
Entre muitos tipos de ambições, duas dão nas vistas, nos tempos que passam. Uma, que, destituindo cautelas e afastando, ou esquecendo os efeitos nocivos da química mal parada que envolve o Globo Terrestre e está a destrui-lo, sem remédio, mas não pára de piorar ainda mais, no desatino de diminuir despesas e não deixar descer os lucros; e outra que, afanosamente, pretende salvar o nosso velho Mundo, experimentando antídotos que anulem a nocividade da precedente, numa corrida onde se não descortina o vencedor.
Encontro de ambições, é ponto de controvérsia. Não se interprete, porém, como paragem amorfa ou descontraída. Ambição nega inércia, desdém ou indiferença. Arrosta tanto a realidade, o previsível ou inopinado com a convicção única de vencer. Mas se perde, não desiste e prossegue, por outra ou mais vias, com o mesmo afã de alcançar o melhor resultado.
Ambição, vive no movimento incessante da ideia e da transformação em figura vistosa do lucro instantâneo e usufruto alongado de honrarias. Não se lhe pode retirar o fito de construir, por excelência no concreto que dá rendimento, pois arquitectar é a sua especialidade.
Alterar-lhe a acção normal e benéfica, substituindo o esforço físico e intelectual por requerimento ou decreto, será retirar a ferramenta do carácter, do talento, do génio inventivo, indispensáveis à existência da humanidade e atirá-las ao vai vem do fluxo que se simplifica na monotonia das marés.
Ambicionar e querer, por princípio da existência, contudo, não justifica a posse. Sentir o ganho pelo trabalho, é um fim que entra na alma e completa o orgulho de ser Homem. Fazer Homens, o principal preceito da autoridade.
Se algo acontece de menos estável na temperança do desejo, localiza-se numa deformidade natural. Os parafusos de repressão ao excesso, vão rodando com a chave de fendas do tempo, o aperto do ensino e o cunho da educação. Não é produção industrial, de feitio uniforme e modelo único. Varia. Em particular nas ranhuras que lhe marcam o tempo, o ensino, a educação, mas, sobretudo do meio calmo ou tumultuoso onde a ambição idolatra alvos, sem olhar a funções e comportamentos.
Donde se conclui que ambicionar, não será transgressão social, se o esforço que sujeita a humanidade a obter a sua sustentação, for cumprido à maneira normal para Humano válido.
Os anos enformam os costumes, as circunstâncias engendram hábitos, os dois juntos, deduzidos os efeitos práticos, combinam a Lei. Esta, não consta automaticamente, dos deveres cívicos. Os costumes são escalonados, batidos e entram na linha da experiência antes da distinção de serem postos em letra de forma, adicionados aos restantes preceitos eleitos, para servirem de conduta aos procedimentos públicos.
As Leis, são, por conseguinte, ditadas, linha a linha, por um critério que diligencia ser uniforme, aconselhando, sem lesar. Nem pretendem atingir o castigo.
Há, porém, costumes e hábitos mal curados, que permanecem latentes, sem garantir, nem negar actividade, mas que esporadicamente, vociferam injúrias mal cabidas e ofendem o determinado como moral. É quando a emenda toma posição e se cruza com o dilema da negligência ou da punição. A negligência ou « fechar os olhos», chama ou estimula outras prevaricações, o castigo pretende travá-las. Nem uma, nem outra peia, todavia, são bem acabadas. Têm um sucesso parcial.
«Fechar os olhos», por muitas voltas que se rebolem, é a solução acompanhante do abuso, do declínio do bem, para oferecer à vilanagem o desregramento da ordem, do tratado de bem viver.
As sociedades, as nações, que mantiverem o menor número de prevaricações, serão, portanto, as que asseguram melhores probabilidades de vida mais sadia.
Sem esforço e sem querer entrar em controvérsia, levanta-se o rosto austero e triste do sábio Leipzig, com o dedo acusador: Eu já te disse e não será preciso repetir. Dai-me educação e eu mudarei a face da Europa, em menos de um Século.
Temos de compreender a razão daquele Homem de pensamento que honrou a inteligência, que conhecia a História do seu País e dos que o rodeavam e sem ir mais longe, media as consequências das lutas religiosas de Martinho Lutero, (1483- 1546) que fizera esbracejar a Europa com toda a falha de comedimentos.
A maior parte das complicações, que dia a dia atormentam a humanidade, são provocadas por ela própria. Apesar de todos os conselhos e intimações, a repulsa à educação, é responsável pela desvirtuação do que é plausível.
Mas, também nos inclinamos, que foram essas mesmas irreverências europeias, que coaram uma minoria religiosa, que resolveu divorciar-se da balbúrdia e indefinição existente, e que zarpou para a nova Nação Americana, para se afastar da algazarra alastrada e, mesmo arriscando saúde e vidas, distribuir ensino a língua e educação aos nativos. Os PURITANOS.