América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº31 AGRURAS ... MALEITA DE ILHAS E CONTINENTES

Na nossa secretária, o livro «O Estado Novo», do Dr. Alberto Franco Nogueira, Ministro dos Negócios Estrangeiros Portugal, de 1961 a 1969, por estudo, carácter, experiência e patriotismo.
É uma exposição didáctica de acontecimentos reais, seguros nos factos, preciso nas datas, transcrita dos livros, de HISTÓRIA,- de PRATA ALEMÃ MUNDIAL e de OURO, da PORTUGUESA - realçando a posição geográfica do Arquipélago dos Açores e o interesse que desperta nos Continentes que lhe ficam a Oriente e a Ocidente.
Diz-se que o valor do Homem, não se mede aos palmos e pode adequar-se aos territórios acima da superfície do mar, de qualquer extensão, por modestos que se apresentem, não se reduzindo a pobretanas com vestes de domingo, pois dispõem sempre de um valor acrescentado, no leilão das situações, quando embaraçosas, dos grandalhões que, próximos ou afastados, lhes fazem acenos de simpatia.
A existência determina-se por regras, conquanto não fixas, mas a carraça das inevitáveis excepções, autorizam parâmetros com dupla, ou dúbia função de limitar abusos e embrulhar renúncias.
Os haveres do insulano, medem-se pela variação da temperatura no termómetro do mercado de trabalho e pelos litros do suor escorrido. O passadio e a morada, levam a maior parte dos ganhos. As sobras, não dão para as repetitivas compras dos dispendiosos gatilhos defensivos ou de arremesso a incutir medo a quem se sabe possuir força.
Enquanto a subtileza anárquica, desenfreia a rebeldia e arma a balbúrdia, indiferente a lugares e pessoas, na ânsia de alastrar o terror de qualquer maneira, a cautela dá o conselho de antes prevenir que remediar. Mas para acautelar, é necessário dinheiro. E como o «maganão» se dessora dos cofres do Estado, o armamento vai para quem mais pode. Não se amealha em Ilhas. O desamparo, é fácil de entender...
Em tais condições, aos Ilhéus, impõe-se a obrigação de tirar proveito da fertilidade do solo, empunhando sacho e arado nas «terras de pão, salsa, couve e fruta». A mão só deve ser estendida, por braço enrijado pelo trabalho e suspenso pelo direito de existir.
Propor modelos para ombrear jactância, esconde o risco de esvaimento antes dos aplausos. Vale a pena, referir o método de Descartes (1596-1650): PENSO, LOGO EXISTO. Convirá completar: EXISTO, LOGO DEVO DEDICAÇÃO AO TRABALHO.
Este pensamento, leva-nos a divagar, afastando-nos do título da crónica, mas não fugindo ao esclarecimento, que será completado mais adiante, como é nossos dever.
A América, deslumbra e atrai para servir de modelo aos menos abastados. A acessibilidade à igualização, é abertura franca e livre. Qualquer pode solicitar meças. Sofre, porém, dos comentários da raposa abaixo das uvas lá em cima. A verdejante, a tenra sabedoria do suposto direito de mandar, logo se parte nas primeiras investidas à árvore do poder.
América, contudo, é um quadro de Miguel Ângelo (1475-1564), com as apoteoses romanas, a um projecto do artista e homem de ciência, Leonardo Da Vinci,- (1452- 1519) ainda a vislumbrar, mas com acerto, os conhecimentos e a técnica dos Séculos XVIII a XX. Não é fácil pressupor o currículo que vai levar por diante.
O que se sabe do seu passado, apresenta-o no presente. A pesados problemas, vai-os resolvendo, a favor da Nação.
Uma pequena paragem para repouso. Descanso, pensamento e recordar um mau período mundial que não poupou a América.
Na década de 30, do Século XX, o manto de «depressão económica» passou no Mundo, com grave incidência naquele País. Desemprego a afundar a dignidade do homem que trabalha, revertendo o efeito da fome, a má conselheira a fazer cruzes na boca e a martelar as consciências. Cozinhas ambulantes saíram às ruas onde mais apertava a escassez para o consumo mínimo. Imperioso arquitectar movimento de capitais, entrar no Erário Público, contar-lhe as notas, calcular encargos e certificar quociente de êxito. A ocasião recomendava decisões da gente que pensa e dos técnicos competentes. Falhas e derrapagens, repelidas dos cálculos e da justeza da acção. Distanciadas as metediças falácias e politicomanias. Fundamental, resolver a favor da América, antes de tudo, a América. Pátria sadia, reforça o bem estar dos seus filhos. A grandeza, requeria medicação apropriada. O remédio, adivinhava-se intenso. O objectivo justificaria os meios.
Reflectida a empresa, entrou em execução.
Domar o irascível e tumultuoso Rio Colorado; destemer as suas elevações de rocha maciça, com centenas de metros de altura; afrontar temperaturas de 40 graus e mais em território virgem, selvagem desde que assentou, hostil à lassidão humana, foi a medida corajosa, adequada, onde caíram os votos dos responsáveis lúcidos, íntegros, defensores das três componentes, por ordem decrescente: funções vitais, Estado, cidadão.
De uma cajadada e são critério do interesse nacional, resolver quatro assuntos importantes para acalmar a angústia que oprimia o povo americano, habituado a produzir, como motivo e exigência da vida:
1 – Abrandar o desemprego. Distribuir Pão e Saúde.
2 - Controlar as cheias destruidoras do multissecular, vagabundo
e feroz Rio Colorado..
3 - Encaminhar as águas para vasta região inóspita, sedenta
para produzir e enriquecer, a curto e prazo eterno.
4 - Fazer explodir altas rochas para encaixar uma barragem
para potentes centrais eléctricas distribuírem benefícios a
milhões de americanos.

Assim foi.
De 1931 a 1935, milhares de empregos surgiram nos trabalhos directos da grandiosa obra. Outro leito do Rio foi aplanado, destruindo montanhas de rocha com alturas de centenas de metros, consumindo pólvora, coragem, sacrifícios e vidas dos menos acautelados, ou não resistentes às tentações do perigo. Fábricas surgiram, em auxílio ao projecto principal, criando mais empregos. A cadeia do movimento fiduciário, cresceu e engrossou. A América, gritou hosanas à liberdade.