América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

A minha foto
Nome:
Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

26 de dezembro de 2005

Nº 22 CIVILIZAÇÃO, O ALVO DO INTELECTO UNIVERSAL

Coincidências intelectuais, são reencontros da razão convergentes ao ser civilizado.
Civilização, não se bitola por acaso. Está dentro da instalação de cada cérebro que nasce, se desenvolve e, porque vem imbuído de sensibilidade, desabrocha nos argumentos adequados a preceitos harmoniosos para a constituição dos efeitos sociais. É uma propensão intrínseca, normal, acorrer ao estado de amabilidade de criatura para criatura.
Nos separados continentes, em regiões longínquas, desconhecedoras umas das outras, mas onde se encarrapitavam abrigos para animais e, a caminho da praia, passava água abundante, a matar a sede, a refrescar corpos, abastecendo peixe e caça, as famílias decidiam abancar e enquanto o corpo esvaía a fadiga da última refeição, a vista retirava à sua volta, marcas, donde pudesse apoiar o menor esforço para confortar o aparelho digestivo, para a próxima. Ali se deixavam ficar.
A acalmia, aliviava a fadiga, abrandava a afeição dos semelhantes que se olhavam mais lentos, alargava os lugares de lazer a reduzir os temores, desabafava o riso na chamada para o amor, melhor resguardava a fragilidade da cria, a reclamar o seio da mãe e fugir ao animal feroz. E, segundo as normas ainda hoje seguidas, sem ofender o exagero do ego não preocupado com os restantes... para dispor do descanso e saborear o consolo da caça, do peixe, do fruto...
Na mesma área circunscrita, mais tempo para repouso e vagar para busca do alimento. Hábitos e costumes desabrochavam em ramos de convivência. Os raciocínios tomavam o leme, com o sentido da salvação dos seres reunidos. Aproaram às civilizações. Maquinalmente.
Em nossa frente, o livro «Religiões do Mundo».
Autor John Bowker. Edição portuguesa de 1997.

O autor faz a pergunta; O que é, ser religioso ?
Responde: Significa quase tudo, porque as religiões se imiscuem na globalidade da vida humana- e da morte.
Estas singelas crónicas, não incluem desvios religiosos. O livro, porém, contém referências cabidas no que temos escrito, quer no aspecto histórico, quer nas normais omissões de quem se deixa atrair pela paciência de consertar ou, pelo menos, por remendos no passado acontecido.
Retomemos o livro mencionado.
Contém 200 páginas, 34X25 centímetros. Grandes.
Começa por conceder às religiões, o mérito de unir e alicerçar os povos. A estes dois princípios básicos, junta-lhe os recursos naturais do meio ambiente, enrola os três em corda forte e puxa-os para se desdobrarem em pessoas, com direitos de receber e deveres de dar.
O intelecto é bom. Dirige-se para o bem geral. Os interstícios, metediços em todas as obras, é que abrem fendas a enfraquecê-las. As religiões intervêm a dar uma ajuda, a fundamentar motivos de aproximação sentimental
A civilização é uma predisposição intelectual que, como tudo na vida, enquanto forte, sobe ao zénite, ponto alto, onde aplica ou desbarata parte das energias iniciais, advindo o enfraquecimento e a descida, quando não ao nadir, ao meio termo de lutas, travessuras, ódios, vinganças, todas as manifestações de repulsa da temperança humana.
Na página 11, vem esta afirmativa: « Sem religião, não teria havido comunidades humanas no passado e, no presente, poucas...... religião parece ser parte intrínseca da vida humana».
Em todas as amplas páginas, textos breves intercalam gravuras interessantes a explicar símbolos, usos, representantes religiosos, deuses, deusas, templos, formas de culto, vitórias, derrotas e os indispensáveis ensinamentos aos crentes e seguidores.
As civilizações ou religiões europeias, indianas, chinesas, japonesas, cristãs, etc. ocupam lugares de relativo destaque. Sobre a América, porém, referência breve na página 180.
Relembrámos, em crónicas anteriores, que a América, até ao Século xv, era, para europeus e Asiáticos, um dos «mistérios» do «Mar Tenebroso», o tal Mar imaginário, terrível, destrutor do que dele se chegasse. Era este, afinal, o sustentáculo que impedia aventuras no mar largo, a embarcações impreparadas para aventuras além da costa, mas que as caravelas portuguesas deslindaram, sulcando em todas as direcções e distâncias.
A demora da descoberta do continente americano, todavia, parece ter delimitado, o estudo das suas gentes primitivas. As civilizações e suas religiões, que nela nasceram e prosperaram, são dignas de emparelhar com as demais. Verificamos, contudo, que esse «casulo», rompido há 550 anos, ainda se turva em comentários aligeirados dos Brasis... do Amazonas... do Mississipi ... dos dolars...
Esta nossa observação, deverá ser resultante, por desconhecermos trabalhos históricos mais profundos a circular em livrarias dos países interessados em divulgar as suas honrosas origens.