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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

8 de outubro de 2005

Nº 8 A SEGUNDA PEDRA


É uma pedra comum, escura, nenhuma referência especial que a distinga de outra ao lado ou a milhas de distância. De tamanho avantajado e peso de algumas toneladas. Do seu berço de nascença, foi transportada para lugar que a protege das fúrias do mar e das travessuras dos visitantes. Eis a «Pedra de Plimoth».
Esquecia informar que ambas as «pedras», de Dighton, a nº 1 e Plimoth, a nº 2, que é esta que nos estamos a referir, se situam no Estado de Massachusetts, a 9 milhas de Fall River a primeira, no interior, na Baía de Narragansett e a segunda, poucas milhas além, na costa dos Bacalhaus.
Apresentada esta SEGUNDA PEDRA, que pode aguardar para dela escrevermos mais à frente, vamos, afinal, ao que prometemos na nossa crónica nº 3 e na anterior a esta, a nº 7.
As DESCOBERTAS, dos Séculos XIV, XV e XVI, deram que falar, em todos os Países europeus, ou nos conhecidos mais civilizados. Normal reflexão, pela ousadia do pequeno e estranho País, situado num enclave da internacionalizada Espanha (ainda hoje, confundido com o vizinho, por muita gente civilizada), que se atirara ao mar para agarrar bóia de salvação, onde baixasse âncora que robustecesse a sua independência.
O «Velho Mundo», sentiu pasmo e alguma ciumeira com os «Novos Mundos». Suspeitava-se que lhe vinham arrebatar a supremacia de ajustar lições de força com os mais fracos e próximos, conforme o seu bom ou mau humor de ocasião. De ora em diante, teria de mudar a arte de combater, se para mais proveitos, mas com maiores gastos e exigências de reformular ideias de competição, aperfeiçoar maneiras de obter lucros por luta ou astúcia e aprender a construir estaleiros, para também se emproar de navegante nos oceanos.
A cogitação, porém, levou anos a por em prática. O grande território da América, lá para ocidente, constava que só tinha arvoredo crescido, abundante e resistente para construções de barcos e moradias, muitos rios, montes de gêlo e habitantes de físico emproado e bom humor para escravo, que protegiam os corpos e as habitações, com peles de animais. Parecia, não ser muito convidativo.
Até ver, era preferível viajar por África, até à verdadeira Índia, onde as especiarias eram tentação já existente e de fácil proveito.
Mas o homem põe e os motivos empurram...
As guerras, em princípio, geravam-se por causas do alimento. Saciados os estômagos, cobiçou-se a posse de territórios para as produzir e fazer negócio. Asseguradas mais terras de cultivo e a correspondente produção excedentária, veio a disputa de mercados para ganhar mais reservas e gozar melhores comodidades. Como o dinheiro passou a dar importância e poder, conquistar tornou-se a forma trivial de subtrair dos mais fracos, com medalhas e nobreza.
Como tudo satura, outras justificações se descobriram para agrado da agressividade do homem para outro homem. Com o «altruismo das menções honrosas e das nomeações heráldicas», estalaram as guerras religiosas. Para não esticar a crónica, esqueçamos o que já lá vai, aprovado por quem não sofre a guerra e, pelos predestinados a morrer antes do tempo.
Martinho Lutero (1483-1546), padre católico alemão, resolveu «reformar» a Igreja de Roma e, João Calvino (1509-1564), deliberou o mesmo em França. As repercuções em Inglaterra foram notórias e profundas.
A religião, desafia os cérebros a pensar. Várias religiões, apresentadas as mensagens em leque de mostruário, os reflexos directos definem o aceite ou recusa dos receptores, mas também desapressam a firmeza íntima, ou exigem maior perfeição na crença.
A civilização que, quando progressiva, preenche, rápido, os vácuos das convicções hesitantes, todavia, se se queda na «miudeza» de medir e pesar, pergunta a pergunta, para «respostas tira dúvidas», desiste da paciência de esperar e começa a atirar pedradas para os lados donde ouve ruidos. E, aí está, a tal guerra religiosa pegada, sem data a marcar fim.
Martinho Lutero de 1517 a 1521, pretendeu «reformar» e religião de que era Padre. Mas Luteranos, insatisfeitos, porque o que o homem faz não é perfeito, «reformaram» a religião de Lutero, em diversas descendentes, com a indispensável raíz católica.
Percorremos este arrazoado histórico- religioso, com o fim único de comparar os «repovoadores» da América do Norte, com os da Central e Sul. Não basta tecer encómios ao que os nossos sentidos, hoje dão apreço. Baixemos o binóculo para as pedras das enseadas, onde pés descalços ou envoltos em couro, pisaram pela primeira vez.
No Sul e Centro da América, homens, mulheres, crianças, desembarcaram com os cérebros pouco recheados de letras e algarismos, ou em aprendizagem e, só depois, lhes chegou o ensino mais intenso, por intermédio dos jesuitas, que resultou positivo, mas em ondas de quezílias e ideias fixas, das novidades da terra úbere, do ouro, da prata, jóias e, mais tarde, do café.
Os colóquios nas famílias e nas sociedades, consistiam nos rendimentos do solo e os brilhos do subsolo.
A «Pedra de Plimoth», acima apresentada, actualmente defendida da destruição das marés, em local de propósito construido, os primeiros pés de europeus que recebeu, sustinham cérebros já desenvolvidos e aptos a fundar e prosseguir na orgânica de povoações.
Os ingleses que a pisaram em 1620, a si próprios se denominavam «peregrinos».
Arrasados de fadiga, tresandando a suor e vómito, barba suja e hirsuta, tez amarelecida pelas privações e balanço das ondas, aspecto bravio, de ânimo amolecido e desajeitado, por momentos descansaram na pedra firme de Plimoth, que a Nação americana guarda com fervor. Motivo de sobra.
Aquela inquieta e magrizela tripulação de devotos do MAYFLOWER, caravela de construção aperfeiçoada no tempo, disponibilizava o seu já elevado preparo intelectual, para dar início à construção de um País a progredir na justeza da MAGNA CARTA, documento destinado a por termo a abusos de autoridade, nervosamente assinada pelo Rei João Sem Terra, em 1215, a favor dos Barões Ingleses.
Eram os PURITANOS, portadores do catecismo de uma religião, que a queriam tanto ou mais «pura» d, na instrução, na sociedao que a Magna Carta, percursora dos «Direitos Humanos» na educaçãode.