América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

A minha foto
Nome:
Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

8 de outubro de 2005

Nº 9 A ESCOLA


Prossigamos a anterior «Crónica».
Em 1620, a seita protestante, nascida no Século XVI, durante a perseguição da católica Maria Tudor, de interpretar com todo o rigor a Sagrada Escritura e, por consequência, possuidora de «maior pureza que os sermões e cantos de Martinho Lutero», mandou a primeira embaixada à América, onde poderia enraizar os seus princípios morais severos e adoração simples.
O desembarque aconteceu em Plimoth, naquele enorme calhau, de algumas toneladas, já descrito.
A princípio cuidou-se serem os primeiros repovoadores da América documentados, dúvida que perdurou até ao Século XX, quando o Dr. Manuel Luciano da Silva, identificou o «TESTAMENTO» comprovativo de essa prerrogativa pertencer, passe as condições dramáticas que o obrigaram, a Miguel Corte Real.
Se, todavia, os «peregrinos do MayFlower», não foram, os primeiros na data, foram-no, sem dúvida, na bagagem intelectual que transportaram.
A Língua, a escrita, a velha experiência europeia, a imprensa, a engenharia, uma religião definida, costumes educados e tantas outras vantagens da civilização avançada....
No momento de assento dos pés no Continente Novo, na «Pedra de Plimoth», a inteligência, o método, a submissão às Leis, a ordem, começaram a edificar a «América.. América» dos nossos dias.
Era gente que já sabia muito. Razão mais que suficiente, para aquele apoio do desembarque ocupar local preparado para o manter em sossego e servir de relembrança às leis que se viriam a suceder ... e a seus cumpridores...
Em terra firme, o primeiro contacto com os habitantes locais, aliviou a fadiga e prometeu confiança no culto evangélico.
Gestos de paz, aproximaram os visitantes aos indígenas, chefiados pelo pacífico MASSASOIT (Massa= grande + soit= chefe), de verdadeiro nome Osamequina (Hosana + Quina) e as caras alegres dos prasenteiros seminús que o rodeavam.
MASSASOIT, título pessoal por ser o Rei de Rode Island que derivou MASSACHUSSETS, o «Chefe Bom», como iria ser denominado pelo peregrinos, seria um multineto dos povoadores, oriundos dos caminhos da Mongólia que chegaram pelas veredas do Estreito de Bering, ou pela cor da pele e gentileza no trato, terceira ou quarta geração de Miguel Corte Real, ou de algum dos seus companheiros de desventura.
Chamava-se o irmão de Massasoit, Quadrequina (versão fonética de CORTE + QUINA, da bandeira das quinas).
Massasoit, era o «MAIOR», «Chefe máximo» ou REI da tribo dos Wampanoags que quer dizer POVO BRANCO.
Acalmados com a simpática recepção e esfregada a higiene com escova, água e sabão, cada tripulante, tratou, sem demora, de executar o que estava, prèviamente determinado – trabalhar com esquema e método. Logo de princípio... ordem.
Começaram por fundar uma pequena aldeia, evidentemente, não semelhante às dos aborígenes, mas bastante melhor, formando um complexo de convívio, na defesa, conservação de gado e gestão familiar.
É essa aldeia que se encontra patente ao estudo dos temerários «peregrinos» de 1620, encimada com o letreiro PLIMOTH PLANTATION.
As edificações, distanciam-se mediante o auxílio a receber ou a prestar. Paredes bem feitas, de pedra, elevam-se a cerca de dois metros e pouco, portas de carpintaria aperfeiçoada e vergas a condizer. A cobertura, de colmo, formato em V ao contrário, perfeitamente amarrada, tal como ainda nos princípios do Século XX, encontrávamos nas nossas Ilhas, protegendo da chuva, da neve, do frio.
Dentro das casas, lá estão os seus habitantes nas lides diárias, usando o vestuário semelhante aos peregrinos. Na lareira, a panela de ferro com tripé, contém os alimentos, que o lume ateado está a cozinhar e que vão ser servidos e comidos pelos que ali representam. Uma travessa serve os comensais que utilizam o garfo, que quando não apanha a posta de carne ou peixe, o dedo polegar auxilia o transporte. Ali se exemplifica que os dedos também foram feitos para por a comida na boca. Tudo ao natural.
Nalgumas casas um monte de algodão para uso caseiro ou para venda. O tear, faz parte do mobiliário.
A meio da «aldeia», um forno de cozer pão, de utilidade pública. Uma adega, contém os apetrechos indipensáveis, prensa, vasilhas, etc.
No exterior, crianças, vestidas à época, brincam com uma bola de couro, mal ajeitada. Mas se serviu naquela altura, também serve agora, para exemplo, É igual.
Cada casa dispõe de um rectângulo de terreno, onde semea a hortaliça para consumo. Há, também quarteis para algodão e outras sementeiras,
Um curral para cabras, guarda os seus residentes que reclamam erva com os bramidos choramingueiros que lhe são próprios e que grande parte dos visitantes se sorri, por nunca os ter ouvido antes.
Em amplo terreno, bois e vacas pastam, pachorrentamente.
Apesar de estarmos a ver, confirmando pelo tacto, quase não acreditávamos que o cenário à nossa frente era , precisamente o mesmo de há 384 anos. Mas não valia a pena negá-lo.
Em 384 anos... que diferença...
América do Sul... América Central... América do Norte ... A Lei, ... alimenta o progresso.