Nº 3 PRINCÍPIOS E REALIDADES
Falar da América sem intrometer trechos da sua história, será como referir uma «meta» engrinaldada, sem referir as motivações nem o percurso da corrida.
Divulgar História, quanto a nós, é um dever a quem pretende referir situações actuais. Saber, não cai como a chuva. Tem princípio, meio e... nunca chega ao fim. E quando a História de Portugal está envolvida, mais obrigação há, em trazê-la à tona. Comecemos:
A descobertra e povoamento das Américas - do Norte e do Sul - guardam segredos, que, talvez nunca venham a ser clarificados, com os derrames de luz que se desejariam, conquanto já se tenha avançado com razoáveis hipóteses, provindas de todos os ramos onde a ciência se tem imposto.
Se o Homem, na depressão de Afar, no norte de África, perdeu o apêndice posterior, parente do macaco, se é que o perdeu sem nunca o ter usado, por ter surgido de corpo já arredondado e liso, como os gorilas, o que nos parece mais certo;
se, na posição erecta, estômago para acalmar, olhos para ver, braços e mãos para aplicação das actividades físicas, incluindo defesa e pernas para andar, se disseminou, no seu continente de origem, criou raízes e adiantadas civilizações e se acolheu nas incultas senzalas;
se, na posição erecta, estômago mal nutrido, olhos para ver, braços e mãos para apaparicar o físico e preparar a defesa e pernas para andar, avançou para a Ásia, onde calcorreou estepes, libertou ideias na agricultura, na construção de pedra e barro e na legislação para harmonizar conjuntos de habitantes de opiniões opostas, e, com isso, fundou culturas sociais, tidas em conta, na actualidade;
se, entrou na Europa, para dar largas à ambição de exigir conquistas e ensinar o que inventara na Ásia;
se, vendo madeira a boiar, construiu jangadas e desceu à Oceania;
se todos estes «ses», que não são nossos, mas das ciências paleontóloga e antropológica, que depois de apresentarem certezas pedem desculpa para revelar novas mostras de actividades, até então, descansadas em grutas ou sepulturas, que anulam as anteriores;
se todos estes «ses», repetimos, aconteceram na realidade, teremos de aceitar a arriscada travessia dos rochedos do estreito de Bering de famílias mongóis, nómadas, maltrapilhas e famintas, nessa ocasião com a superfície do Oceano, a cerca de 150 metros mais baixa, e foram os primeiros a avistar e a converter-se nos habitantes da América.
Vindos das desprotegidas estepes russas, da taiga de coníferas, atravessando a tundra gelada, revestida de musgos e fungos, estes magricelas errantes, ficaram deslumbrados com a fauna e flora, encontradas nesta terra não sonhada.
A demarcação de locais sortidos de água, caça, fruta, vegetais, retinha estes ambulantes, necessitados de alimento e descanso, enquanto se queriam certificar que teriam encontrado as dádivas da Natureza tanto ansiadas. O tempo e a procriação, por sua vez, transformaram o acampamento, conjecturado passageiro, em povoados sedentários, que se foram emancipando, por usos, costumes e que, por isso mesmo, avelhentaram tradições, zelaram pelo seu espaço, fechado a interferências de estranhos assomadiços a amizades.
Sem pressas, mas com persistência, os reais descobridores e povoadores das Américas do Norte e do Sul, foram deslocando os acampamentos até ao istmo do Panamá, passaram ao Brasil e não destemeram os rigores da Patagónia.
Ficámos, assim, a saber, em linguagem sucinta, mas sem ambiguidades, que o tirano estômago, ou melhor, o aparelho digestivo, como excitante da intepidez, foi o iniciador e finalista da descoberta e povoamento dos cinco Continentes. Em constantes exigências, estimulou a melhoria dos cinco sentidos, aguçou a inteligência para pegar numa ponta do novelo intrincado do espírito inventivo e, tosco a tosco, destapou o manto intricado da ciência e distribuiu a técnica, para ser o ganha pão da central do trabalho - as famílias. Mastigar e engulir, principais mentores da vida, mais pernas para andar e raciocínio para a protecção física.
Séculos, se passaram.
A Natureza, em cada Continente, dispensou ao Homem, o que a sua situação geográfica, solo e clima, lhe permitiam produzir.
Logo que sossegadas as ocasiões de comer e ressarcidas em sonecas as pesadas digestões de géneros não ou mal cozinhados, rebentou a faísca do conflito. No começo entre cabanas, alastraram às senzalas, juntaram tribos e sempre em crescendo, deram forma a civilizações que progrediram e deixaram monumentos. A luta, acirra os ânimos, mas também os alerta para o melhoramento do agregado social.
Civilizações sucederam-se a civilizações. As alterações climatéricas destruíram algumas. Os prazeres contentados, encarregaram-se de corroer a autoridade e desconjuntar a ordem. A queda acontecia. Saciadas a fome e a sêde, a sonolência, amolecia os corpos e degradava a obra feita, resultando runas abandonadas e vestígios de outras, decifráveis poucas, enigmáticas, a maior parte.
A Paz, não quer repouso. Fortifica-se no trabalho dedicado e insistente. Sempre impôs o trono da autoridade, desde o desforço na floresta, na estepe, no deserto, ou na savana... Por isso, instituiu a civilização e a Lei. Hoje, com maior povoamento, mais se torna indispensável a supremacia da obediência.
De portos diferentes, onde a saturação humana, consumindo mais do que as colheitas, estorvava a convivência pacífica dos agregados, saiam embarcações a ensaiar as ondas, com tripulação intrépida e aguerrida, para encontrar o que exasperava a falta de refeições.
Foram os fenícios, os gregos, os cartagineses, os egípcios, do clima mediterrâneo, germinador mediano da fauna e flora, mas insuficiente, para alimentar a avalancha da geração humana. Os povos do norte da Europa, os Vickings, nome que engloba Suecos, Noruegueses e Dinamarqueses, dispondo de uma relativa pequena área cultivável e maior de florestas, com extensas costas marítimas, polvilhada de centenas de ilhas, transformaram-se em marinheiros adestrados, corajosos, valentes e... de temperamento implacável. Os árabes, entrincheirados entre deserto e mar, também, se entusiasmaram em construir transportes para a pesca e traficância, de que eram mestres.
Todos os povos descritos, tinham profissionais de cabotagem. O embalo do vento brando, predispõe à ousadia de desvendar os mistérios do horizonte, esse beijo da céu e da terra, a esconder tentações que as carências vividas, entusiasmavam a atingir maiores distâncias.
O Oceano Atlântico, foi percorrido de lés a lés. Se a sorte estava de bom humor, teriam chegado a portos de África ou América, com os barcos bem conservados, permitindo, pelo menos, tentar retorno. Se vendavais encresparam o mar, talvez fosse possível varar o que restava da curiosidade de enfrentar o ignoto, mas o regresso estaria comprometido e os tripulantes ajuntavam-se aos nativos.
No Século X, os Vikings, arribaram à Gronelândia e ao litoral da Terra Nova.
Os Reis que nos séculos XII, nos governaram, desde o primeiro, o musculoso D. Afonso Henriques, posto que com pouca instrução, amontoavam conhecimentos náuticos para defenderem o «rectângulo», onde só era possível estender os braços para o mar. O poeta D. Denis, no Século XIII, não se fiou em «cantigas» de que o reino estava completo e teve a precaução de preparar os meios necessários para precaver o futuro. A explosão demográfica, desde o Século XI, avisava que soluções deveriam ser encontradas para alimentar quem quisesse ser independente naquele território, sujeito a ter de se obrigar a por sentinela de vigia ao vizinho ou embarcar para o já sabido norte de África.
Finalmente, no Século XIV, os marinheiros estudaram os ventos e correntes para navegação à vela e os astros para se orientarem sem terra à vista. A Estrela Polar e o Sol, pontos essenciais.
Então, experimentaram-se os «Descobrimentos».
Com este nosso arrazoado, mais longo por respeito às gerações que jorrando suor e sangue, «evaporaram» o «Mar Tenebroso», permitindo-lhe uma fugaz reaparição no «Adamastor vingativo», pretendemo-nos relembrar e aos leitores, do que foram as «Descobertas ou Redescobertas» dos portugueses de quatrocentos e quinhentos, precedidas de povos marinheiros, para quem frágeis escaleres, eram recompensa para prestar a apanha do sustento.
Sacrifícios sem conta, que o conforto do Século XX malbaratou, em leilão de herança repudiada por ideias ao desbarato.
Foi-nos oferecida a oportunidade, de uma visita a Plimoth Plantation de 1620, uma recordação viva de casais arrojados que contribuíram para o alicerce da «América ... América», donde retirámos interessantes ensinamentos, a descrever em próxima crónica.
Divulgar História, quanto a nós, é um dever a quem pretende referir situações actuais. Saber, não cai como a chuva. Tem princípio, meio e... nunca chega ao fim. E quando a História de Portugal está envolvida, mais obrigação há, em trazê-la à tona. Comecemos:
A descobertra e povoamento das Américas - do Norte e do Sul - guardam segredos, que, talvez nunca venham a ser clarificados, com os derrames de luz que se desejariam, conquanto já se tenha avançado com razoáveis hipóteses, provindas de todos os ramos onde a ciência se tem imposto.
Se o Homem, na depressão de Afar, no norte de África, perdeu o apêndice posterior, parente do macaco, se é que o perdeu sem nunca o ter usado, por ter surgido de corpo já arredondado e liso, como os gorilas, o que nos parece mais certo;
se, na posição erecta, estômago para acalmar, olhos para ver, braços e mãos para aplicação das actividades físicas, incluindo defesa e pernas para andar, se disseminou, no seu continente de origem, criou raízes e adiantadas civilizações e se acolheu nas incultas senzalas;
se, na posição erecta, estômago mal nutrido, olhos para ver, braços e mãos para apaparicar o físico e preparar a defesa e pernas para andar, avançou para a Ásia, onde calcorreou estepes, libertou ideias na agricultura, na construção de pedra e barro e na legislação para harmonizar conjuntos de habitantes de opiniões opostas, e, com isso, fundou culturas sociais, tidas em conta, na actualidade;
se, entrou na Europa, para dar largas à ambição de exigir conquistas e ensinar o que inventara na Ásia;
se, vendo madeira a boiar, construiu jangadas e desceu à Oceania;
se todos estes «ses», que não são nossos, mas das ciências paleontóloga e antropológica, que depois de apresentarem certezas pedem desculpa para revelar novas mostras de actividades, até então, descansadas em grutas ou sepulturas, que anulam as anteriores;
se todos estes «ses», repetimos, aconteceram na realidade, teremos de aceitar a arriscada travessia dos rochedos do estreito de Bering de famílias mongóis, nómadas, maltrapilhas e famintas, nessa ocasião com a superfície do Oceano, a cerca de 150 metros mais baixa, e foram os primeiros a avistar e a converter-se nos habitantes da América.
Vindos das desprotegidas estepes russas, da taiga de coníferas, atravessando a tundra gelada, revestida de musgos e fungos, estes magricelas errantes, ficaram deslumbrados com a fauna e flora, encontradas nesta terra não sonhada.
A demarcação de locais sortidos de água, caça, fruta, vegetais, retinha estes ambulantes, necessitados de alimento e descanso, enquanto se queriam certificar que teriam encontrado as dádivas da Natureza tanto ansiadas. O tempo e a procriação, por sua vez, transformaram o acampamento, conjecturado passageiro, em povoados sedentários, que se foram emancipando, por usos, costumes e que, por isso mesmo, avelhentaram tradições, zelaram pelo seu espaço, fechado a interferências de estranhos assomadiços a amizades.
Sem pressas, mas com persistência, os reais descobridores e povoadores das Américas do Norte e do Sul, foram deslocando os acampamentos até ao istmo do Panamá, passaram ao Brasil e não destemeram os rigores da Patagónia.
Ficámos, assim, a saber, em linguagem sucinta, mas sem ambiguidades, que o tirano estômago, ou melhor, o aparelho digestivo, como excitante da intepidez, foi o iniciador e finalista da descoberta e povoamento dos cinco Continentes. Em constantes exigências, estimulou a melhoria dos cinco sentidos, aguçou a inteligência para pegar numa ponta do novelo intrincado do espírito inventivo e, tosco a tosco, destapou o manto intricado da ciência e distribuiu a técnica, para ser o ganha pão da central do trabalho - as famílias. Mastigar e engulir, principais mentores da vida, mais pernas para andar e raciocínio para a protecção física.
Séculos, se passaram.
A Natureza, em cada Continente, dispensou ao Homem, o que a sua situação geográfica, solo e clima, lhe permitiam produzir.
Logo que sossegadas as ocasiões de comer e ressarcidas em sonecas as pesadas digestões de géneros não ou mal cozinhados, rebentou a faísca do conflito. No começo entre cabanas, alastraram às senzalas, juntaram tribos e sempre em crescendo, deram forma a civilizações que progrediram e deixaram monumentos. A luta, acirra os ânimos, mas também os alerta para o melhoramento do agregado social.
Civilizações sucederam-se a civilizações. As alterações climatéricas destruíram algumas. Os prazeres contentados, encarregaram-se de corroer a autoridade e desconjuntar a ordem. A queda acontecia. Saciadas a fome e a sêde, a sonolência, amolecia os corpos e degradava a obra feita, resultando runas abandonadas e vestígios de outras, decifráveis poucas, enigmáticas, a maior parte.
A Paz, não quer repouso. Fortifica-se no trabalho dedicado e insistente. Sempre impôs o trono da autoridade, desde o desforço na floresta, na estepe, no deserto, ou na savana... Por isso, instituiu a civilização e a Lei. Hoje, com maior povoamento, mais se torna indispensável a supremacia da obediência.
De portos diferentes, onde a saturação humana, consumindo mais do que as colheitas, estorvava a convivência pacífica dos agregados, saiam embarcações a ensaiar as ondas, com tripulação intrépida e aguerrida, para encontrar o que exasperava a falta de refeições.
Foram os fenícios, os gregos, os cartagineses, os egípcios, do clima mediterrâneo, germinador mediano da fauna e flora, mas insuficiente, para alimentar a avalancha da geração humana. Os povos do norte da Europa, os Vickings, nome que engloba Suecos, Noruegueses e Dinamarqueses, dispondo de uma relativa pequena área cultivável e maior de florestas, com extensas costas marítimas, polvilhada de centenas de ilhas, transformaram-se em marinheiros adestrados, corajosos, valentes e... de temperamento implacável. Os árabes, entrincheirados entre deserto e mar, também, se entusiasmaram em construir transportes para a pesca e traficância, de que eram mestres.
Todos os povos descritos, tinham profissionais de cabotagem. O embalo do vento brando, predispõe à ousadia de desvendar os mistérios do horizonte, esse beijo da céu e da terra, a esconder tentações que as carências vividas, entusiasmavam a atingir maiores distâncias.
O Oceano Atlântico, foi percorrido de lés a lés. Se a sorte estava de bom humor, teriam chegado a portos de África ou América, com os barcos bem conservados, permitindo, pelo menos, tentar retorno. Se vendavais encresparam o mar, talvez fosse possível varar o que restava da curiosidade de enfrentar o ignoto, mas o regresso estaria comprometido e os tripulantes ajuntavam-se aos nativos.
No Século X, os Vikings, arribaram à Gronelândia e ao litoral da Terra Nova.
Os Reis que nos séculos XII, nos governaram, desde o primeiro, o musculoso D. Afonso Henriques, posto que com pouca instrução, amontoavam conhecimentos náuticos para defenderem o «rectângulo», onde só era possível estender os braços para o mar. O poeta D. Denis, no Século XIII, não se fiou em «cantigas» de que o reino estava completo e teve a precaução de preparar os meios necessários para precaver o futuro. A explosão demográfica, desde o Século XI, avisava que soluções deveriam ser encontradas para alimentar quem quisesse ser independente naquele território, sujeito a ter de se obrigar a por sentinela de vigia ao vizinho ou embarcar para o já sabido norte de África.
Finalmente, no Século XIV, os marinheiros estudaram os ventos e correntes para navegação à vela e os astros para se orientarem sem terra à vista. A Estrela Polar e o Sol, pontos essenciais.
Então, experimentaram-se os «Descobrimentos».
Com este nosso arrazoado, mais longo por respeito às gerações que jorrando suor e sangue, «evaporaram» o «Mar Tenebroso», permitindo-lhe uma fugaz reaparição no «Adamastor vingativo», pretendemo-nos relembrar e aos leitores, do que foram as «Descobertas ou Redescobertas» dos portugueses de quatrocentos e quinhentos, precedidas de povos marinheiros, para quem frágeis escaleres, eram recompensa para prestar a apanha do sustento.
Sacrifícios sem conta, que o conforto do Século XX malbaratou, em leilão de herança repudiada por ideias ao desbarato.
Foi-nos oferecida a oportunidade, de uma visita a Plimoth Plantation de 1620, uma recordação viva de casais arrojados que contribuíram para o alicerce da «América ... América», donde retirámos interessantes ensinamentos, a descrever em próxima crónica.



<< Home