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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

23 de junho de 2008

Nº 170 SATURAÇÃO, RASTEJO, QUEDA… REGISTAM UMA ÉPOCA. AO SOFRIMENTO… CUMPRIRÁ A REPOSIÇÃO DO REAL…

O regulador íntimo do temperamento, no redemoinho dos sentimentos humanos, recorre à ideia, para amassar mezinhas que se tornem ingredientes unificadores da «salada mista» da sociedade. Assim se entendem, as mudanças lentas ou bruscas, que se reflectem no que deveria ser homogéneo ou plantado no jardim dos costumes, maquinalmente florido para gáudio do indivíduo ou ajuntamentos da mais vendável atracção comum.

O que se faz ouvir em vozes altissonantes, porém, é cavaqueira em fantasiosos tribunais de acusações mútuas, onde o desnorte dos convivas, contra-estimula a subida de mais degraus, dos que, pela vida fora, o Homem conseguiu a favor do que lhe permitiu maiores liberdades pessoais e, quando Povo, se aprontou para um futuro mais harmonioso e progressivo.

Em realidade, a têmpera não se uniformiza em atitudes individuais, nem nas rebeldias de paixões partidárias. E a ideia, tresmalhada em acordos, qual voo em ziguezague do animal insecto, libelinha, descuidada de pouso ou descanso, mudando de rumo, nos ângulos agudo, recto ou obtuso, se torna trapalhona para com o discernimento da coragem e da falta dela.

Tais características, desassociadas da unificação, não confiam determinações convictas e, muito menos, acertadas.

Há algo de duvidoso nestas deduções hipotéticas, ao comparar o «trabalho», descrito na História, com a insistência das acções do Homem, vivas e activas, singulares e enredadas, afastando a obrigatoriedade de cumprir deveres, antes de atingir, por conquista e mérito próprio os direitos que a ideologia pretende conceder por automática escritura de aquisição.

A guerra, enquanto mata e destrói, é «ferro em brasa» a marcar culpados e inocentes, maldosos e justos; quando acaba, névoa rasteira, já vinda de partidarismos antecedentes, escurece, desfoca e desfaz o passado real. Em labareda, queimam-se os acontecidos e em estirador político, redesenha o escolhido ou inventado para vir a constar na propaganda que determinará objectivos de temas ainda por demonstrar, mesmo depois das desilusões nas práticas experimentadas a «ferro e fogo».

O retirado de positivo, depois das chacinas guerreiras de todos os tempos, consta o desenvolvimento de matanças mais certeiras e, ao lado, de inventos amortecedores da rusticidade cansativa da Natureza.

De modo sucinto, as últimas duas Grandes Guerras, impulsionaram a ciência no aproveitamento de metais, carburantes, explosivos e progrediram a técnica, sua «descendente muito amimada», com a rapidez dos transportes, comodidades nos lares, aperfeiçoados meios de trabalho industrial e…temática revolucionária 1789, na regulação do «artesanato político».

Esta colecção de melhorias científicas e técnicas, intermitentes e quase intermináveis e de agrado à constituição frágil do corpo humano, fazem convencer o «artesão» que quer acrescentar ganhos na solução das questões sociais, serem as máquinas, martelos e serrotes, de produção simultânea com a que provém da agricultura, na lavra, sementeira e colheita, exemplificando, por sua vez, iguais facilidades nos contactos da «ideia» com o PIB.

Põe-se a problemática da Produção.

Para construir a Máquina, o martelo, o serrote e amanhar a terra para a semente e colheita do fruto maduro, a mão de obra utiliza o tempo. O que resiste no trabalho e o que depende da Natureza. A Obra concluída, é por conseguinte, até onde chega o esforço humano e as abertas dos períodos das mudanças atmosféricas.

Ainda na fase de artesão, o político, no natural período de tirocínio para entrar no processo de produzir para merecer, soma as semanas, horas minutos e segundos, como provisões até ao fim do mês. Classifica esta sua contagem, de maior valia que se aplicada na indústria e na agricultura. Se é honesto e com vontade de vir a «saber», trabalha mais que os outros, pois terá sempre extras a matutar em resolver imprevistos.

E, de facto, nunca falham novas propostas a apresentar, nas infinitas saturações de sentimentos no interior da alma humana e materiais, no exterior do indissociável da matéria, sustento da parte física dos seres vivos.

Se o idealismo uniformiza méritos e condicionalismos… se a política «moderna», de pronto, desfaz, propõe e legisla, porque não há-de a ideia possuir as mesmas prerrogativas nos sectores industrial, agrícola, abastecimento público, justiça, saúde, instrução, educação, erário com «deve e haver» em dia ? O pensamento conteria, o princípio, o meio e o fim de todos os problemas. A inquietação para encontrar trabalho e transformá-lo em matéria alimentar, teria os seus dias contados, por desnecessária…

A proposta, não é nova… já vem dos povos que deram forma útil à pedra, ao cobre, ao ferro, à catapulta, à pólvora. A guerra abrevia a morte e faz feridos. E ninguém gosta de vir a morrer e do sofrimento, que magoa o corpo e a alma e alastra o medo, travesso conselheiro …

Entre o sobranceiro e o dominado… melhor o meio termo… a ternura e a bondade. A obediência a muitos, mesmo que sejam Deuses… deixa o além contra-mandado… . Um só, Supremo e Perfeito, dá…dá a todos por igual.

Caim, «herdeiro em segundo grau» de Deus, não se conformou com «quinhão»…acabou dominado pela cobiça… e preferiu o excesso…

Abel, agradeceu e amou a existência, enquanto gozava a tranquilidade… Morreu Santo…indiferente à saturação da cobiça, do rastejo da lealdade e da queda da Paz . Foi Ele o precursor desses movimentos alternativos do PIB, da horizontalidade que igualiza e dos cúmulos, que desmancham a Paz, elevando «montanhas de poderes a uns e cavando fossos de carências a outros. Porque o PIB, não é «elástico», submisso a interpretações políticas … Os átomos que o compõem, dão-lhe fixidez na acção, não se acomodando à ideia volátil e insegura. No PIB, o que é… é e não muda de valor. A ideia, pelo contrário … não tem formato certo, nem sabe o que vale…

Desde então, o medo ensanguentou as sociedades. O medo…sim, o medo… A falta de confiança dos animais pensantes, que se olham, não lêem o pensamento e temem a resposta…

Tornou incuráveis as recaídas, por nunca mais ser possível voltar ao princípio da harmonia entre os homens.

Quando mais os homens, crentes ou ateus, se propõem enaltecer a fraternidade, com promessas solenes e assinaturas reconhecidas como merecedoras de crédito, menos presenças intelectuais dão o seu veredicto, «banzadas» se confrontam, com o desrespeito familiar e social, sufocantes a comentários a questões que parece estarem saturadas de bom senso e se preparam para o rastejo e queda do sector civilizado.

Até próximo.