Nº 160 A PRECAUÇÃO DE ARRISCAR AS DESCOBERTAS… A PUSILANIMIDADE DOS SÉCULOS XX E XXI…
O Portugal de D. Afonso Henriques, de lanças, escudos e cavalaria, como haveres principais, subjugado à escuridade e aos toscos da Idade Média, carecido de meios para enfrentar o futuro na tranquilidade de Povo Independente, sustentou uma « Armada», sob o comando de D. Fuas Roupinho – personagem ainda no cenário de sombras e esbatidos - capaz de defender os «direitos plantados» por lutas e derramamento do sangue das gentes que o habitavam, talvez, também lusitanos...
Desde então, os Reis que lhe sucederam - que não tinham nos seus palácios, as comodidades da classe oratória deste nosso Século - de letras soletradas, os primeiros, sempre mantiveram a responsabilidade de defesa da livre escolha de leis próprias, compreendidas nos usos e costumes, contra o jugo alheio, arredio da sensibilidade de relacionar o que a terra produz e comer da colheita suada pelo trabalho. Questão, ou argumento «mestre», de arriscar nas «Descobertas», fundos, sangrias, independência e o prestígio da jovem Nação, vigorosa para atravessar os séculos e dar mais «luzes ao Mundo».
Passados 900 anos, o risco de defesa e ataque, não sofreu grandes alterações. E o temperamento humano, patenteado em revoltas, guerras, correrias de rapaziadas, ensanguentando ruas e impedindo a circulação pacífica dos afazeres dos cidadãos, o arremesso de paus e pedras, presenciado todos os dias no Século XXI, permite a previsão do regresso ao mato, que o motor de propulsão a gasolina, a gás ou jacto, não fez esquecer. O melhor da civilização, porém, continua a dar bons frutos, consumidos, em parte no encosto ao senso. A restante, mau grado, envolve-se na sujidade da bazófia… empanzina-se nos excessos da gula e ganância… vocifera na malquista e depreciativa ira…ou se esconde no sem fundo da ardileza.
À maneira que o contacto com a vizinhança, evidenciava contentes ou desconcertantes mostras de simpatia ou desconfiança e o interesse nos negócios era repuxado sorrateiramente, para o lado de maior força, levantava-se a «pala» da frigidez, fazendo surgir a ameaça de outra autoridade, mais felina e dúbia do que a localizada no convívio ao lado da concórdia…
Estas confirmações de insegurança, que a fronteira comum não impedia de vir a ser rompida e assolada, elevaram a noção do perigo, à responsabilidade dos Reis Portugueses, se bem que a traição nascida à nossa ilharga, nunca tivesse deixado de se alimentar de boas fatias do Erário Público. O Bem-Parecido e o Mal, confundem-se na carapaça das intenções… em todos os tempos, usaram viseira para resguardo do rosto…
Como Hoje… em maior quantidade… ao capricho da anarquia, que tenta suprimir o valor da ordem…
Os reinantes do Portugal Rectângulo Ibérico, não obstante o crescimento lento da sua modesta tendência literária, tinham consciência do que era o Povo unido de um País responsável, a principal das cautelas de o tornar duradouro.
Foi o que o «gestor» da Ínclita Geração, ( D. João I, 1357-1433), estimulou, inclusive o desenvolvimento intelectual e os seguidores romperam, durante mais de um século. Sem a educação, cultura e responsabilidade dos Infantes, o Mundo do presente, ainda estaria a aguardar as benesses da ciência e da técnica, pois que não provieram de milagre de…ninguém…
Mas, com que sacrifícios foram levados a efeito… . Em bens nacionais…em coragens inauditas do desagasalhado e mal defendido corpo Humano… em crenças que contavam mais a finalidade que os ganhos para benefício das Famílias… em conceitos de valias nos deveres e indiferença nos direitos… em certezas em firmar a honra e o dever, que temer os perigos anunciados pela precariedade da ciência …pelo obscurantismo impediente da evolução…pelo Mar Tenebroso…pelo Cabo Bojador …pelo Cabo das Tormentas ou Adamastor…pela Mitologia dominante nas civilizações, progredindo paralelas em diferentes locais do Globo, em conformidade com as oferendas da Natureza, posto que desconhecidas umas das outras …
A cada tripulante das caravelas, uma prece, a cada Comandante desses desajeitados Transportes Marítimos, joelhos em terra, a curvatura de todos nós, nos séculos XX e XXI, afinal os aproveitadores da semelhança com lenda, de um pequeno Povo, de alma enorme, dar mais luzes ao Mundo.
O princípio… tudo tem um princípio… a coragem, a virtude, a afeição da livre soberania, por mérito próprio, dando como garante, trabalho e sangue, o valor uniforme Pátrio, a repor a menor força no pequeno território.
Para valer e durar, o Povo que quer ser Nação, não se pode alienar da fidelidade no sentimento e nos actos.
Egas Moniz em 1129, exemplificou. Pés no chão, baraço ao pescoço, a humildade de ser grande e valente. A superioridade não veste de gala. É prodígio natural, parecendo vir do inexplicável.
Teimoso em não desperdiçar o que na nossa mente resta de são, na última etapa da vida, temos recordado acontecimentos, os mais diversos, para que a memória dos Homens modernos, remoam factos importantes da História e os passem à descendência com a crueza do seguimento. Entendemos ser, actualmente necessário, ligar as fases da estrada percorrida para a civilização, onde a ciência e a técnica marcaram passos em frente e os velhos sentimentos humanos, a regredirem com outros à retaguarda. Respeito à verdade…
Os trabalhos do Dr. Manuel Luciano da Silva, Médico, Historiador, Investigador, Sábio e Patriota, com folha de «Serviços Humanos e Sociais – tanto na aspecto nacional, como INTERNACIONAL-, extraordinariamente longa, para qualquer cientista actual, não parando de crescer e Sua Esposa, Drª. Sílvia Jorge Silva, dedicada à função docente e complemento do Lar erudito, desde que lemos o seu livro OS PIONEIROS PORTUGUESES E A PEDRA DE DIGHTON, nunca mais deixamos de apreciar a sua carreira profissional e cultural.
Nestas crónicas, grão de cereal à espera da colheita, iniciadas em Novembro de 2004, já registamos o feito extraordinário de Miguel Corte Real no período áureo de quinhentos, datado e assinado numa PEDRA, de cerca de 40 toneladas, encontrada no Rio Taunton, perto da cidade de Dighton. Pessoa Amiga do Dr. Luciano da Silva, que lhe acabou de decifrar as letras gastas pelas águas e pelo tempo, contactou-nos a solicitar que o nosso modesto «artigo de jornal», passasse a constar do seu «site» na Internet. Honrou-nos, sobremaneira, a solicitação.
O que era, sem dúvida, uma distinção a nosso favor, representou o triste desconsolo, de vir a sabermos, que após 40 anos de salvação de um DOCUMENTO, indubitavelmente, de grande prestígio nacional, regional e, sobretudo, INTERNACIONAL, tenha merecido o esquecimento «altivo e … ousado», das entidades oficiais, do Portugal tão necessitado do agasalho das suas relíquias e condecorações…
QUARENTA ANOS, de orgulho na decadência e pobreza do sentir pátrio.
De soberba da verdasca do mando, perante o «documento escrito e assinado, na pedra virgem que veio tornar clara uma fase da História.…Do Portugal aventureiro e da América.
Nem a sedução de mostrar interesse pelo «bom nome» dos Povos a que se candidataram proteger em todas as suas fraquezas e vitórias…
No Funchal, já está uma réplica da Pedra de Dinghton, a aguardar o dia da inauguração. Para que o Povo da Madeira, aprecie a sua presença nos primórdios da América. Que as quatro Cruzes, gravadas na Bandeira da Madeira, são iguais às da Ordem de Cristo com as extremidades em 45 graus e os seus famosos vinhos correram nas taças dos assinantes da Declaração da Independência, no dia 4 de Julho de 1776.
Com o vagar do reconhecimento no sector cultural Português, já existem quatro réplicas da PEDRA DE DIGHTON:
Uma em Belém, na Praça de entrada do Museu da Marinha;
A segunda, no Museu de Oliveira de Azeméis, cidade onde o Dr. Luciano da Silva, frequentou e terminou o Liceu;
A terceira, no Pátio da Biblioteca-Museu, pertença do Dr. Luciano da Silva, em Cavião, sua aldeia Natal.
A quarta, a ser inaugurada na Promenade do Grande Hotel Pestana, no Funchal.
Nestes nossos escritos, sugerimos em 2005, que nos Açores, deveriam merecer honras de inauguração, 9 (nove) réplicas. Mas, nem a que deveria ser número UM, em Angra do Heroísmo, cidade onde nasceu, consta estar em hipótese…
Miguel Corte Real, repetimos, Herói e talvez Santo, ainda terá de aguardar o reconhecimento e da sua «companha», sacrificados para encontrar o irmão desaparecido, Gaspar Corte Real e companheiros de infortúnio, o primeiro europeu que transportou para a Europa os primeiros aborígenes americanos.. Por quanto tempo mais?... Os «Representantes actuais dos destinos da Região, apessoados nas funções que ocupam, antes ou depois dos discursos e banquetes, não lhes resta tempo dedicado à gratidão aos mártires de há quinhentos anos, os percursores da civilização dos nossos dias.
O Dr. Manuel Luciano da Silva e Esposa, Drª Sílvia Silva, nos seus tempos livres, dedicaram Corpo e Alma, para acabar de desvendar o «mistério contido na face de um monólito de 40 toneladas, encontrado no Rio Tauton. O obrigado Português, jaz mudo, em Belém, à entrada do Museu da Marinha nos Jerónimos, a aguardar a palavra de reconhecimento, em comemoração assinalada, da História de Portugal, sob a competência de quem se sentir obrigado a juntar-lhe mais proezas, até há 40 anos desconhecidas. O abraço dos Açores, ainda é mais sobranceiro. Quando visita a América passa ao largo onde, a cinco milhas da cidade de Taunton, a salvo do lodo do Rio, descansa a Pedra de Dighton… O Testamento vivo, datado e assinado pelo Mártir Açoriano, Miguel Corte Real, um valor histórico, entregue gratuitamente pelos cientistas, Drs. Luciano da Silva. Onde param os deveres, de quem tem o « dever » de exaltar a presença «açórica»?
Até próximo.



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