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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

14 de abril de 2008

Nº 162 AS MÁS ACÇÕES, PAGAM-SE CARO. AS INVERDADES SÃO UM PREÇO… A FALTA DE REPOSIÇÂO DE VERBAS… É OUTRO…

A Crónica anterior, acabou mal. Só houve tempo de focar o cenário visto de relance, ou a moda discursiva há três décadas e ainda hoje preferida, por deixar menor compromisso aos pesquisadores da verdade, passada ou presente.

Nessa altura, a verbosidade prodigalizou-se na desculpa ao acontecido dia após dia, se bem que não fosse do nosso agrado. Mas era o que imperava na televisão e em discursos, para amornar o que escaldava nas ruas e nas esferas governativas.

Na chegada ao Hotel Borges, no exterior, o largo de António Ribeiro CHIADO, do Café Nicola, a recordação do Grande Bocage, agradaram ao optimismo. Na entrada do Hotel, no interior, crianças em brinquedo, Senhoras a conviver, Senhores a passar o tempo, também caíram em graça.

O que nos aconselhou a escrever esta crónica, desculpe o leitor, foi o que certificámos nos dias imediatos, em contradita com a redacção, aveludada, ao correr da pena, da página 172, do livro do 12º ano, edição 2001, não sabemos se ainda em vigor.

Dentro do Hotel, o que a crua realidade nos deu, foi o desfazer da aparência simpática, para o choque doloroso, que nunca mais esqueceremos.

As únicas verdades de satisfação existente, era o trabalho quotidiano do pessoal contratado para os serviços de manutenção do Hotel e o folguedo das crianças, alheias às responsabilidades do que é atingir a maior idade.

As Senhoras e os Senhores, em familiaridade, não eram pessoas.

Representavam, como comparsas, para um filme a produzir e apresentar nas oportunidades vindouras. Fingiam ter pertencido a uma classe de animais Humanizados … com os « direitos » da «Magna Carta de 1215» e dos mais falados de 1789…

Casais desmanchados por desaparecimento ou morte do cônjuge, crianças solitárias, expulsão por apátridas, com Bilhete de Identidade Português, dos «direitos» ao trabalho honrado e persistente no território nacional.

As Senhoras e Senhores no Hotel Borges, não estavam vinculados aos «direitos adquiridos». Fingiam sê-lo …Representavam o Povo inocente, connosco inserido. Eram comparsas da comédia de apresentação única, posta em cena no dia 25 de Abril, nova doadora de «pão e circo» ao descuidado cidadão de ambição inadaptada à pertença modernidade do combate à incoerência, enquanto se não descobre o que é vantajoso para o comum das consciências.

Indo buscar a frase do Cardeal Gonzaga, no Teatro de Júlio Dantas, « A Ceia dos Cardeais» : Como é diferente o amor em Portugal, aquela gente exteriorizava: - «Como é diferente o pensado político, do sofrido por quem paga as consequências, de estratagemas previstos de roldão…ou de conversa amenista, entre um café, dois cigarros e três bagaços».

A redacção no livro do 12º ano, usando a displicência de riqueza sem esforço, contém o período gramatical: - No entanto, apesar das dificuldades económicas do país, este grupo de população reactivou sectores da economia e ajudou a mudar Portugal, acabando por se reintegrar na sociedade num curto espaço de tempo, fenómeno ímpar na história da sociedade europeia.

Eloquência ou retórica, de sedução ao ideável e de esquivo à volubilidade penhorada ao passado. Entendemos o intento de emendar os factos consumados… A face cora na relembrança… O rodeio à verdade, descora o róseo da face… mas não o desfaz.

O que vimos e ouvimos nesses dias angustiantes, também nos custa transmitir ao presente…Absorve as sensações de um sonho de suores frios e, ao acordar, se repete o desalento e o desgosto da realidade. Mas os acontecidos, perduram, travam o esquecimento … e ficam para recontar a verdade.

Este GRUPO DE POPULAÇÃO, chamado OS RETORNADOS, como se refere o texto do livro do 12º ano de escolaridade, mas que a palavra os define, eram portugueses emigrantes, autorizados por Lei e «Direitos Humanos», a trabalhar para melhorar a vida, onde encontrassem remuneração pelo seu esforço. DIREITOS, absolutamente válidos e justos em todos os ramos no Mundo civilizado, quer no do emprego, como ainda da simples tentação de experimentar o desconhecido, a «correr Terras»…

Talvez com argumentos familiares, mais prementes que os apresentados pelo oficiais das forças armadas que pediam aumento de ordenado, como bagatela administrativa. Porque foi este, o único e primeiro motivo da intentona de 1974. Nada tinha de politiquices grosseiras e apatriotas e, muito menos a deposição do regime vigente, personalizado no Primeiro Ministro, nomeado a substituir o anterior, em 1968, o Professor Dr. Marcelo Caetano.

O Dr. Oliveira Salazar, por doença, já não governava, desde esta data e morrera em 1970.

A Classe dos Capitães, dada a subida do custo de vida, solicitara ao Ministério a que pertenciam, aumento salarial, argumentando as despesas de representação que os obrigava o posto e o meio social.

A resposta, como é compreensível, merecia uma atenção especial, em todos os ramos e todas as patentes, das Forças Armadas, o que acarretou demora na solução. Em África, os movimentos subversivos, que sempre os houve desde as Descobertas, tinham crescido depois das Universidades portuguesas terem aberto as suas portas aos alunos nascidos nas Províncias Ultramarinas, franqueando os cursos superiores na qualidade de gratuidade, permitindo-lhes ambicionar a independência dos seus locais de nascimento e poderem ocupar posições políticas de maior abrangência.

Os capitães solicitaram ao Ministério a que pertenciam, aumento salarial, questão necessitada de actualização de contas bem feitas, do que dependia do Erário Público, do suor de quem trabalha.

É que, nessa altura, ainda ressoavam na memória dos portugueses atentos a revoltas e precavidos às consequências, as situações de «aperto nacional», resultantes dos pagamentos – porque SIM- ou das prodigalidades ideológicas – TEM DE SER- 1910/1926, sem ofuscar a atenção que as boas contas, fazem os bons AMIGOS… e os dinheiros públicos, empregam-se na abrangência da sociedade que se apregoa e deseja harmónica.

Prosseguindo a lenta recuperação até 1935, do dispêndio das despesas inesperadas da Guerra Civil espanhola, terminada em 1938, logo seguida da Segunda Grande Guerra de 1939 a 1945 e da política, extraordinariamente bem delineada para o afastamento de Portugal nessa mistela sanguinolenta onde se esbanjariam mocidades e dinheiros pertencentes aos Povos.

E muitos portugueses, ainda se arrepiavam o ter de voltar, a sofrer «uma série de « reformas orçamentais – tal como as que estamos, actualmente a pagar - tributárias, pautais e de crédito», no consulado de 1928 a 1974, por esta ordem referidas na Enciclopédia VISUM, a folhas 207.

Hoje, sem hesitações e dúvidas, pode ser possível avaliar o passado, cheio de esforçadas decisões, para normalizar finanças, com dinheiros do trabalhador português. O actual plano inclinado da derrocada, que está a ser encarado como inevitável, ainda que somando o auxílio de verbas avultadas da União Europeia, e do conteúdo no Horário Público, deixado Pelo Dr. Marcelo Caetano, é ponto de referência a quem pensa no bem social.

Há uma azáfama, na procura da coerência, misturada no idealismo sem fronteiras, estonteado na mixórdia da quantidade.

Lemos, não há muito, num livro de ensino, não recordamos onde, que o Homem precisa ser constantemente corrigido, enquanto a sociedade deve manter-se no campo de disputa constante, no acompanhamento do progresso e da evolução inovadora.

Em qualquer caso, terá de reparar numa organização arrumada e com o juízo no seu lugar. A sementeira do ódio na ramagem da informação, da incidência da dubiez para efeitos políticos, das promessas incumpridas ou atiradas a demora sem fim, afastam a hipótese da harmonia e da noção das responsabilidades no encadeamento Universal. A virtude de aguardar com paciência, a recuperação de energias, fará de tampão ao mau conselho… ao desespero,,, e às indesejáveis ilações pejorativas.

Até próximo.