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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

28 de abril de 2008

Nº 164 A IDEIA NÃO TEM ÁTOMOS. FAZ-SE VALER DA FALA, DA ESCRITA E DO OUVIDO PARA COM ELES REVOLUTEAR COM O INTELECTO

Para nós, a volubilidade da fala, e a resistência da escrita, são as forças que entortam ou endireitam o sentido do ouvido no contacto com os neuróticos favoráveis ou os opostos à razão.

Enquanto a verbosidade se impõe a limitados instantes de relógio e campainha, findos os quais, manterá lembrança nos ecos que, de grau a grau, conforme o alimento cultural distribuído, balouçarão no fio curto e frágil da memória ou, repentinamente se deixará de ouvir, se as ondas discursivas baterem na superfície improdutiva do conteúdo, na escrita, bem ou mal respeitadora da gramática, manterá sempre a probabilidade de merecer interpretação real. Quer nas mudanças dos hábitos ou crenças nas tendências sociais, quer no rodopio dos idealismos passageiros ou nas ansiedades das incertezas bruscas, criadas nos descuidos ocasionais da actuação humana.

Em qualquer dos casos, o intento ronda o objectivo da perfeição, mas desmazela-se na medicomania de debelar males com paliativos fortificantes para, algum dia… se esse dia chegar, poder vir a atingí-lo.

O descrito nestas nossas crónicas, porém, reage ao exacto.

Procura focar datas, actividades, interpretações históricas, que o estádio civilizacional abrange e fazer relembrar que o atordoamento do ideal + ISMO, mexe com o tino e com o aprumo de épocas passadas, transtornando obcecações que alternam o critério do passado e a realidade do presente.

Afinal, o modo de apresentar acontecidos ao acaso, não dá direitos de impecabilidade no raciocínio sujeito a tropeços de todos os tamanhos, qual os dos teimosos que ocupam o tempo a descrever para o futuro, o que a experiência dos anos deseja transmitir. É este o nosso caso.

Nesta época transitória de estilos, desde o dos automóveis, motores nos transportes velozes, fatiotas masculinas e femininas, com estações de serviço, para afoitezas nas governanças públicas, os livros antigos - entenda-se, com mais de 40 anos - perderam a validade de consulta, perante a modernidade de cobrir a origem e movimento dos factos, com o veludo de cores sombreadas.

Para não nos despistarmos, com dúvidas avelhentadas e mostrarmo-nos, também, modernos representantes da « nova vaga », quisemo-nos actualizar, consultando descrições de recentes edições que estariam «plenas» de avisos «actualizados» em diplomas de erudição maciça e saberes pousados em alicerces de camaradagem influente…

Do livro referido na anterior crónica, do 12º ano de escolaridade - HISTÓRIA, 1ª Edição~2001, das autoras Dra. Rósário Lobato Faria e Dra. Olinda Dagge, transcrevemos as políticas desfavoráveis ao País, na década de 1950, portanto, a seguir à Segunda Grande Guerra, de 1939 a 1945.

Uma série de itens, constantes na página 166, atraíram a nossa atenção, ao ponto de os transcrevermos quase todos, não sem o nosso espanto, acompanhado, de breves e justificados comentários. Lá estão na crónica anterior. Não nos admira que tenham feito parte da euforia de 1974 a 200l, ou mesmo a 2008. O que nos embaraça explicar, é a coincidência, com precisão algébrica, com o aflitivo do actual Governo, querer levar o País a porto de salvação. Deixai recordar um dos itens condenatórios da «política» de 1950:

Portugal ganhara dinheiro com a guerra e com a política de neutralidade durante a mesma, mas Salazar não pretendia desenvolver o país. Procurava, antes, estabilidade financeira. Por isso, o investimento era reduzido e a economia estagnada, apesar do aumento das reservas de ouro e da moeda forte. Ponto final do período, no que consta à gramática.

Os Órgãos de Comunicação Social, diários, semanais ou mensais, actualmente à venda, informam o POVO, do cenário colorido de esperanças, conquanto a realidade enfrente o desamparo por promessas aeriformes, que o vento se tem encarregado de assoprar…

As entidades governativas sentem dificuldades administrativas, por não conseguirem «estabilidade financeira», apesar de terem recebido avultadas verbas da EU e verem-se obrigadas a «deitar mão» ao ouro poupado pela «condenada» administração de 1950. O POVO, em nome do qual, lutam o desconexo e o coerente, prova a sua ingenuidade, ao não distinguir qual o fato que melhor lhe assenta. E todos vivem à sua custa… e a todos paga com a mesma complacência… incluindo, inadvertidas e ideológicas bifurcações da história… da sua própria História…

No mesmo livro de instrução básica para a juventude – do 12º ano – a página 155, salienta-se: As colónias portuguesas e a guerra colonial

Índia: - Portugal já perdera os territórios do «Estado da Índia». Em 1954, ocorrera o corte de relações diplomáticas e a anexação dos enclaves de Drá-Drá e Nagar-Aveli e, em 1961, Goa, Damão, Diu foram invadidas e anexadas pela União Indiana.

Angola: - 1º levantamento armado contra o colonialismo português, em Fevereiro de 1961 – início da insurreição armada com ataques aos quartéis , em Luanda.

Março de 1961- ataques no Norte pela UPA/FNLA, levantamentos militares muito violentos, com massacres da população ( entre 700-900 brancos e milhares de negros considerados aliados dos portugueses.

Em Portugal, o Ministro da Defesa, Botelho Moniz, propôs uma renovação e valorização dos valores políticos existentes. Salazar demitiu Botelho Moniz e assumiu a Defesa ordenando « Para Angola, rapidamente e em força».

Maio de 1961 – primeiros contingentes de tropas com o objectivo de acabar a guerra até Outubro. Todavia, esta durou mais 13 anos.

1971 – a UNITA, procurou um acordo com o governo português.

FNLA e MPLA tentaram uma plataforma de unidade sem sucesso.

1974 – A iniciativa militar pertencia a Portugal.

GUINÉ: em 1963, o PAIGC, iniciou o levantamento armado, bem organizado, com grande mobilidade, dada a reduzida dimensão do território e apresentando grande capacidade de mobilização das populações. Desenvolveu campanhas militares, mobilizou, politicamente a população campesina e utilizou um armamento mais apropriado à guerra de guerrilha.

Portugal foi obrigado a aumentar, consideravelmente, o número de militares envolvidos ( de 10.000 para 30.000 ), sem resultados.

António de Spínola, estabeleceu contactos com o PAIGC e procurou apresentar uma solução para o problema.

1973 . Amílcar Cabral, líder do PAIGC, que seria assassinado pela PIDE, no final desse ano, proclamou a independência, sendo esta reconhecida pela ONU.

1974: - A situação no território era, de facto, controlada pelo PAIGC.

. MOÇAMBIQUE: em 1964, a FRELIMO, iniciou a luta armada no Norte, que alastrou , depois, a outra áreas . 1965- Distrito de Niassa. Atingiu os territórios ferroviários de Nacala. 1969-Assassinato de Eduardo Mondlane. Construção da barragem de Cabora-Bassa com capitais da RFA, França e África do Sul. Os ataques aumentaram no Norte. 1972:- Massacre da população civil levado a cabo por comandos da PIDE, denunciado e condenado na ONU. Isolacionismo português perante os outros países europeus e o Mundo. Maior isolamento do governo face à população do país e mesmo das forças armadas, dado que não se descortinava uma solução militar para o conflito. Condenação de Portugal nas Nações Unidas. Impotência de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar, para conseguir uma mudança credível do regime. Os apoiantes de Portugal, eram a África do Sul e a Rodésia, igualmente condenadas pela ONU, devido ao regime racista e ao «apartheid». As guerras coloniais aceleraram a inevitável mudança do regime.

A crónica que se segue, vai trazer, como sempre, virtudes e defeitos a essa época de caldos e cozinhados, obrigatórios ao tempero inexperiente de aprendizes e profissionais, pretendentes aos lugares rendosos das quotas do Povo, a quem afirmam defender.

Até próximo.