América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

28 de abril de 2008

Nº 164 A IDEIA NÃO TEM ÁTOMOS. FAZ-SE VALER DA FALA, DA ESCRITA E DO OUVIDO PARA COM ELES REVOLUTEAR COM O INTELECTO

Para nós, a volubilidade da fala, e a resistência da escrita, são as forças que entortam ou endireitam o sentido do ouvido no contacto com os neuróticos favoráveis ou os opostos à razão.

Enquanto a verbosidade se impõe a limitados instantes de relógio e campainha, findos os quais, manterá lembrança nos ecos que, de grau a grau, conforme o alimento cultural distribuído, balouçarão no fio curto e frágil da memória ou, repentinamente se deixará de ouvir, se as ondas discursivas baterem na superfície improdutiva do conteúdo, na escrita, bem ou mal respeitadora da gramática, manterá sempre a probabilidade de merecer interpretação real. Quer nas mudanças dos hábitos ou crenças nas tendências sociais, quer no rodopio dos idealismos passageiros ou nas ansiedades das incertezas bruscas, criadas nos descuidos ocasionais da actuação humana.

Em qualquer dos casos, o intento ronda o objectivo da perfeição, mas desmazela-se na medicomania de debelar males com paliativos fortificantes para, algum dia… se esse dia chegar, poder vir a atingí-lo.

O descrito nestas nossas crónicas, porém, reage ao exacto.

Procura focar datas, actividades, interpretações históricas, que o estádio civilizacional abrange e fazer relembrar que o atordoamento do ideal + ISMO, mexe com o tino e com o aprumo de épocas passadas, transtornando obcecações que alternam o critério do passado e a realidade do presente.

Afinal, o modo de apresentar acontecidos ao acaso, não dá direitos de impecabilidade no raciocínio sujeito a tropeços de todos os tamanhos, qual os dos teimosos que ocupam o tempo a descrever para o futuro, o que a experiência dos anos deseja transmitir. É este o nosso caso.

Nesta época transitória de estilos, desde o dos automóveis, motores nos transportes velozes, fatiotas masculinas e femininas, com estações de serviço, para afoitezas nas governanças públicas, os livros antigos - entenda-se, com mais de 40 anos - perderam a validade de consulta, perante a modernidade de cobrir a origem e movimento dos factos, com o veludo de cores sombreadas.

Para não nos despistarmos, com dúvidas avelhentadas e mostrarmo-nos, também, modernos representantes da « nova vaga », quisemo-nos actualizar, consultando descrições de recentes edições que estariam «plenas» de avisos «actualizados» em diplomas de erudição maciça e saberes pousados em alicerces de camaradagem influente…

Do livro referido na anterior crónica, do 12º ano de escolaridade - HISTÓRIA, 1ª Edição~2001, das autoras Dra. Rósário Lobato Faria e Dra. Olinda Dagge, transcrevemos as políticas desfavoráveis ao País, na década de 1950, portanto, a seguir à Segunda Grande Guerra, de 1939 a 1945.

Uma série de itens, constantes na página 166, atraíram a nossa atenção, ao ponto de os transcrevermos quase todos, não sem o nosso espanto, acompanhado, de breves e justificados comentários. Lá estão na crónica anterior. Não nos admira que tenham feito parte da euforia de 1974 a 200l, ou mesmo a 2008. O que nos embaraça explicar, é a coincidência, com precisão algébrica, com o aflitivo do actual Governo, querer levar o País a porto de salvação. Deixai recordar um dos itens condenatórios da «política» de 1950:

Portugal ganhara dinheiro com a guerra e com a política de neutralidade durante a mesma, mas Salazar não pretendia desenvolver o país. Procurava, antes, estabilidade financeira. Por isso, o investimento era reduzido e a economia estagnada, apesar do aumento das reservas de ouro e da moeda forte. Ponto final do período, no que consta à gramática.

Os Órgãos de Comunicação Social, diários, semanais ou mensais, actualmente à venda, informam o POVO, do cenário colorido de esperanças, conquanto a realidade enfrente o desamparo por promessas aeriformes, que o vento se tem encarregado de assoprar…

As entidades governativas sentem dificuldades administrativas, por não conseguirem «estabilidade financeira», apesar de terem recebido avultadas verbas da EU e verem-se obrigadas a «deitar mão» ao ouro poupado pela «condenada» administração de 1950. O POVO, em nome do qual, lutam o desconexo e o coerente, prova a sua ingenuidade, ao não distinguir qual o fato que melhor lhe assenta. E todos vivem à sua custa… e a todos paga com a mesma complacência… incluindo, inadvertidas e ideológicas bifurcações da história… da sua própria História…

No mesmo livro de instrução básica para a juventude – do 12º ano – a página 155, salienta-se: As colónias portuguesas e a guerra colonial

Índia: - Portugal já perdera os territórios do «Estado da Índia». Em 1954, ocorrera o corte de relações diplomáticas e a anexação dos enclaves de Drá-Drá e Nagar-Aveli e, em 1961, Goa, Damão, Diu foram invadidas e anexadas pela União Indiana.

Angola: - 1º levantamento armado contra o colonialismo português, em Fevereiro de 1961 – início da insurreição armada com ataques aos quartéis , em Luanda.

Março de 1961- ataques no Norte pela UPA/FNLA, levantamentos militares muito violentos, com massacres da população ( entre 700-900 brancos e milhares de negros considerados aliados dos portugueses.

Em Portugal, o Ministro da Defesa, Botelho Moniz, propôs uma renovação e valorização dos valores políticos existentes. Salazar demitiu Botelho Moniz e assumiu a Defesa ordenando « Para Angola, rapidamente e em força».

Maio de 1961 – primeiros contingentes de tropas com o objectivo de acabar a guerra até Outubro. Todavia, esta durou mais 13 anos.

1971 – a UNITA, procurou um acordo com o governo português.

FNLA e MPLA tentaram uma plataforma de unidade sem sucesso.

1974 – A iniciativa militar pertencia a Portugal.

GUINÉ: em 1963, o PAIGC, iniciou o levantamento armado, bem organizado, com grande mobilidade, dada a reduzida dimensão do território e apresentando grande capacidade de mobilização das populações. Desenvolveu campanhas militares, mobilizou, politicamente a população campesina e utilizou um armamento mais apropriado à guerra de guerrilha.

Portugal foi obrigado a aumentar, consideravelmente, o número de militares envolvidos ( de 10.000 para 30.000 ), sem resultados.

António de Spínola, estabeleceu contactos com o PAIGC e procurou apresentar uma solução para o problema.

1973 . Amílcar Cabral, líder do PAIGC, que seria assassinado pela PIDE, no final desse ano, proclamou a independência, sendo esta reconhecida pela ONU.

1974: - A situação no território era, de facto, controlada pelo PAIGC.

. MOÇAMBIQUE: em 1964, a FRELIMO, iniciou a luta armada no Norte, que alastrou , depois, a outra áreas . 1965- Distrito de Niassa. Atingiu os territórios ferroviários de Nacala. 1969-Assassinato de Eduardo Mondlane. Construção da barragem de Cabora-Bassa com capitais da RFA, França e África do Sul. Os ataques aumentaram no Norte. 1972:- Massacre da população civil levado a cabo por comandos da PIDE, denunciado e condenado na ONU. Isolacionismo português perante os outros países europeus e o Mundo. Maior isolamento do governo face à população do país e mesmo das forças armadas, dado que não se descortinava uma solução militar para o conflito. Condenação de Portugal nas Nações Unidas. Impotência de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar, para conseguir uma mudança credível do regime. Os apoiantes de Portugal, eram a África do Sul e a Rodésia, igualmente condenadas pela ONU, devido ao regime racista e ao «apartheid». As guerras coloniais aceleraram a inevitável mudança do regime.

A crónica que se segue, vai trazer, como sempre, virtudes e defeitos a essa época de caldos e cozinhados, obrigatórios ao tempero inexperiente de aprendizes e profissionais, pretendentes aos lugares rendosos das quotas do Povo, a quem afirmam defender.

Até próximo.

21 de abril de 2008

Nº 163 A DIVAGAÇÃO É UM CHAMAMENTO À REALIDADE… A TEMPERANÇA, AVISA OS PERIGOS DAS FALTAS DE MEMÓRIA

Os actos cívicos de contorno aos perigos ou os couraçados de armas de arremesso, a proteger coragens ao sabor dos ventos agitados das ideias, em agrupamentos unipensantes, ou trocas de cunho social e histórico, geralmente não obtêm sucesso, além do recebido no imediato. A maior quantidade do anti-racional e demora à resposta à anti sátira, destroem-se a si mesmas, por descabidas no tempo certo, ofuscando a afoiteza do semelhante e, levando às trincheiras das hipóteses de estratégias temporárias. O desencaminho no desbarato de bombardeios de granadas de fumo, não deixam rasto ao faro das notícias de fabrico caseiro ou partidário.

O período gramatical, transcrito do livro do 12º ano de escolaridade, na crónica anterior, nunca será demais relê-lo, para avaliar a dimensão dos desvios necessários para dissipar efeitos nocivos, de propósitos mal engenhados : - No entanto, apesar das dificuldades económicas do país, este grupo de população reactivou sectores da economia e ajudou a mudar Portugal, acabando por se reintegrar na sociedade num curto espaço de tempo, fenómeno ímpar na história da sociedade europeia.»

A sobreexcelência de loas a sucessos de armas e metralha, para ser respeitada, convirá ser modesta. Não deve avançar além da verdade. A «pedreira» a romper, se abre túnel a transpor idealismos ambiciosos, pode avariar o maquinismo do que é, realmente sério e correcto.

E depois, abre-se a contenda da razão do «ser e não ser».

Começando pelo « apesar das dificuldades económicas » pergunta-se quais DIFICULDADES, se o negociador da entrega das Províncias Ultramarinas, Dr. Almeida Santos, seguindo «novo modelo de negociações» - pagar para vender sem licença do ou dos donos - entregou um ou mais cheques, no valor total de 6 ( seis ) milhões de contos, na moeda antiga, embora avisando que no ano seguinte, isso era assunto a não repetir. Note-se, que mesmo com a diferença de câmbio – de 1975 a 2008 –daria muito jeito em pagamentos a actuais credores do Estado.

Quais DIFICULDADES, se o Erário Público, pagou, de pronto, as hospedagens dos ditos «retornados», espalhadas por todo o País e, no final, os prejuízos causados pela criançada brincalhona e a leviandade de adultos promovidos a indigentes, que reduziram mobiliário em actividade para receber clientela « pagante », a lixo sem conserto?...

Quais «dificuldades» se os « displicentes retornados», receberam subsídios para poderem reentrar na ambiência de «pessoas» ? Que retomaram a personalidade em iniciativas ou continuidades de negócios, recebendo do Estado ( poupanças do REGIME anterior ), verbas que lhes permitissem negociar contratos?

Se se deu o FENÓMENO ÍMPAR NA HISTÓRIA DA SOCIEDADE EUROPEIA, com a facilidade descrita, o que impede, na ansiedade actual, de repetição de igual «milagre económico», na rampa ensebada que aterroriza o português que aprendeu a fazer contas à vida, para garantir o presente e precaver o futuro?

Como seria possível solucionar o RETORNO de 800.000 portugueses – na altura falava-se em 500.000 - que ao abandonarem a Terra Natal, pouco terão levado consigo, mas que esta devolução repentina às origens os trouxe com a «roupa do corpo», se não fora o «seguro» encontrado nos Cofres do Estado, pelos «descontentes« da PAZ exemplar portuguesa?

Como acabamos de referir, a iluminação por SOL ORIENTAL, da «Descolonização em 1974 – Guiné, 1975- Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe», Moçambique, Angola e Timor abrangia 500.000 deslocados. No livro atrás referido do 12º ano, procura acertar nos 800.000. Mas como a álgebra, desde então, tem deambulado por acertos e corrigendas, não nos atrevemos a entrar em discussões dos destronados estudos técnicos, pois que a ficção, tirou diploma na Universidade de Partidos..

A página 166, do mesmo livro do 12º ano, aponta a Instauração da democracia em Portugal e a consolidação das novas instituições.

Da nossa parte, ainda não nos chegou ao entendimento, o encaixe de termos verbais, com correspondência efectiva e definida...

Entre vários artigos a salientar nos anos 50, estão:

Grandes transformações na população activa ( emigração).

Recusa inicial de Salazar em receber auxílio do Plano Marchall, apesar do grande atrazo face ao resto da Europa ( 50 % da população ligada a uma agricultura arcaica). Posteriormente , aceitou verbas para investimento, com resultados visíveis.

Expansão na indústria (1º Plano de Fomento Nacional), com incremento na indústria química, adubos, metalurgia,, celulose e petróleo.

Criação de grandes grupos económicos, fruto da união de bancos, com a indústria, como a CUF, Grupo Espírito Santo, Champalimaud.

Plano hidroeléctrico nacional, para apoio ao desenvolvimento.

A sociedade portuguesa iniciou um grande processo de transformação dentro do regime salazarista.

Portugal ganhara dinheiro com a guerra e com a política de neutralidade durante a mesma, mas Salazar não pretendia desenvolver. Procurava, antes, estabilidade financeira. Por isso, o investimento era reduzido e a economia estagnada, apesar do aumento das reservas de ouro e da moeda forte.

Eleições de 1958: contradição entre a mudança que estava a ocorrer na sociedade e o imobilismo retrógrado do Estado Novo. Candidatura à presidência, nesse ano, do General Humberto Delgado.

Adesão à EFTA ( 1959) e investimentos estrangeiros. Apesar da tentativa de fomento, a balança comercial, era deficitária.

Eis, uma parte do «rosário de malefícios», existentes em Portugal, no ano de 1950, apontado pelas autoras do livro do 12º ano, para assentar os caboucos de uma democracia talhada a escopro, martelo, armas na mão de rapazes e diplomas de verbosidade.

Logo se infere, que o Dr. Salazar, por enquanto, não queria o voo livre do desenvolvimento do País. ... ?... ?

Porquê, então, não autorizou às primeiras, mas aceitou às segundas, o auxílio do Plano Marchall, com resultados visíveis – repete-se, com resultados visíveis, porque o País já tinha embalagem para prosseguir, com «expansão na indústria» - 1º Plano de Fomento Nacional e Criação de Grandes Grupos Económicos, sem os quais não seria possível atingir patamares sustentáveis à inevitável competição evolutiva. Acrescentando o «Plano hidroeléctrico nacional, para apoio ao DESENVOLVIMENTO. AO DESENVILVIMENTO que qualquer gerência deseja.

Lá se escreve que o Dr. Salazar, «procurava, antes, estabilidade financeira. E o que é que o actual Governo pretende, depois de alguns ministros terem pertencido a políticas de desgaste no Erário Público? Agora que se « atira terra aos olhos, quando ela deveria fazer parte do suporte dos «pés no chão »…

Também aparece referência da «Adesão à EFTA (1959) e investimentos estrangeiros. Apesar da tentativa de fomento, a balança comercial, era deficitária. O que estamos a presenciar nestes dias de 2008, de «aperto do cinto», esclarece que os dinheiros portugueses, mais os da União Europeia – um poder aumentado, mas falhos de tabuada - não só « marcha parado», como esvazia o ouro poupado para aflições.

Por fim, mencionam-se as eleições de 1958. Deus nos livre de serem dadas «altas», a doentes necessitados de tratamento…

Até próximo.

14 de abril de 2008

Nº 162 AS MÁS ACÇÕES, PAGAM-SE CARO. AS INVERDADES SÃO UM PREÇO… A FALTA DE REPOSIÇÂO DE VERBAS… É OUTRO…

A Crónica anterior, acabou mal. Só houve tempo de focar o cenário visto de relance, ou a moda discursiva há três décadas e ainda hoje preferida, por deixar menor compromisso aos pesquisadores da verdade, passada ou presente.

Nessa altura, a verbosidade prodigalizou-se na desculpa ao acontecido dia após dia, se bem que não fosse do nosso agrado. Mas era o que imperava na televisão e em discursos, para amornar o que escaldava nas ruas e nas esferas governativas.

Na chegada ao Hotel Borges, no exterior, o largo de António Ribeiro CHIADO, do Café Nicola, a recordação do Grande Bocage, agradaram ao optimismo. Na entrada do Hotel, no interior, crianças em brinquedo, Senhoras a conviver, Senhores a passar o tempo, também caíram em graça.

O que nos aconselhou a escrever esta crónica, desculpe o leitor, foi o que certificámos nos dias imediatos, em contradita com a redacção, aveludada, ao correr da pena, da página 172, do livro do 12º ano, edição 2001, não sabemos se ainda em vigor.

Dentro do Hotel, o que a crua realidade nos deu, foi o desfazer da aparência simpática, para o choque doloroso, que nunca mais esqueceremos.

As únicas verdades de satisfação existente, era o trabalho quotidiano do pessoal contratado para os serviços de manutenção do Hotel e o folguedo das crianças, alheias às responsabilidades do que é atingir a maior idade.

As Senhoras e os Senhores, em familiaridade, não eram pessoas.

Representavam, como comparsas, para um filme a produzir e apresentar nas oportunidades vindouras. Fingiam ter pertencido a uma classe de animais Humanizados … com os « direitos » da «Magna Carta de 1215» e dos mais falados de 1789…

Casais desmanchados por desaparecimento ou morte do cônjuge, crianças solitárias, expulsão por apátridas, com Bilhete de Identidade Português, dos «direitos» ao trabalho honrado e persistente no território nacional.

As Senhoras e Senhores no Hotel Borges, não estavam vinculados aos «direitos adquiridos». Fingiam sê-lo …Representavam o Povo inocente, connosco inserido. Eram comparsas da comédia de apresentação única, posta em cena no dia 25 de Abril, nova doadora de «pão e circo» ao descuidado cidadão de ambição inadaptada à pertença modernidade do combate à incoerência, enquanto se não descobre o que é vantajoso para o comum das consciências.

Indo buscar a frase do Cardeal Gonzaga, no Teatro de Júlio Dantas, « A Ceia dos Cardeais» : Como é diferente o amor em Portugal, aquela gente exteriorizava: - «Como é diferente o pensado político, do sofrido por quem paga as consequências, de estratagemas previstos de roldão…ou de conversa amenista, entre um café, dois cigarros e três bagaços».

A redacção no livro do 12º ano, usando a displicência de riqueza sem esforço, contém o período gramatical: - No entanto, apesar das dificuldades económicas do país, este grupo de população reactivou sectores da economia e ajudou a mudar Portugal, acabando por se reintegrar na sociedade num curto espaço de tempo, fenómeno ímpar na história da sociedade europeia.

Eloquência ou retórica, de sedução ao ideável e de esquivo à volubilidade penhorada ao passado. Entendemos o intento de emendar os factos consumados… A face cora na relembrança… O rodeio à verdade, descora o róseo da face… mas não o desfaz.

O que vimos e ouvimos nesses dias angustiantes, também nos custa transmitir ao presente…Absorve as sensações de um sonho de suores frios e, ao acordar, se repete o desalento e o desgosto da realidade. Mas os acontecidos, perduram, travam o esquecimento … e ficam para recontar a verdade.

Este GRUPO DE POPULAÇÃO, chamado OS RETORNADOS, como se refere o texto do livro do 12º ano de escolaridade, mas que a palavra os define, eram portugueses emigrantes, autorizados por Lei e «Direitos Humanos», a trabalhar para melhorar a vida, onde encontrassem remuneração pelo seu esforço. DIREITOS, absolutamente válidos e justos em todos os ramos no Mundo civilizado, quer no do emprego, como ainda da simples tentação de experimentar o desconhecido, a «correr Terras»…

Talvez com argumentos familiares, mais prementes que os apresentados pelo oficiais das forças armadas que pediam aumento de ordenado, como bagatela administrativa. Porque foi este, o único e primeiro motivo da intentona de 1974. Nada tinha de politiquices grosseiras e apatriotas e, muito menos a deposição do regime vigente, personalizado no Primeiro Ministro, nomeado a substituir o anterior, em 1968, o Professor Dr. Marcelo Caetano.

O Dr. Oliveira Salazar, por doença, já não governava, desde esta data e morrera em 1970.

A Classe dos Capitães, dada a subida do custo de vida, solicitara ao Ministério a que pertenciam, aumento salarial, argumentando as despesas de representação que os obrigava o posto e o meio social.

A resposta, como é compreensível, merecia uma atenção especial, em todos os ramos e todas as patentes, das Forças Armadas, o que acarretou demora na solução. Em África, os movimentos subversivos, que sempre os houve desde as Descobertas, tinham crescido depois das Universidades portuguesas terem aberto as suas portas aos alunos nascidos nas Províncias Ultramarinas, franqueando os cursos superiores na qualidade de gratuidade, permitindo-lhes ambicionar a independência dos seus locais de nascimento e poderem ocupar posições políticas de maior abrangência.

Os capitães solicitaram ao Ministério a que pertenciam, aumento salarial, questão necessitada de actualização de contas bem feitas, do que dependia do Erário Público, do suor de quem trabalha.

É que, nessa altura, ainda ressoavam na memória dos portugueses atentos a revoltas e precavidos às consequências, as situações de «aperto nacional», resultantes dos pagamentos – porque SIM- ou das prodigalidades ideológicas – TEM DE SER- 1910/1926, sem ofuscar a atenção que as boas contas, fazem os bons AMIGOS… e os dinheiros públicos, empregam-se na abrangência da sociedade que se apregoa e deseja harmónica.

Prosseguindo a lenta recuperação até 1935, do dispêndio das despesas inesperadas da Guerra Civil espanhola, terminada em 1938, logo seguida da Segunda Grande Guerra de 1939 a 1945 e da política, extraordinariamente bem delineada para o afastamento de Portugal nessa mistela sanguinolenta onde se esbanjariam mocidades e dinheiros pertencentes aos Povos.

E muitos portugueses, ainda se arrepiavam o ter de voltar, a sofrer «uma série de « reformas orçamentais – tal como as que estamos, actualmente a pagar - tributárias, pautais e de crédito», no consulado de 1928 a 1974, por esta ordem referidas na Enciclopédia VISUM, a folhas 207.

Hoje, sem hesitações e dúvidas, pode ser possível avaliar o passado, cheio de esforçadas decisões, para normalizar finanças, com dinheiros do trabalhador português. O actual plano inclinado da derrocada, que está a ser encarado como inevitável, ainda que somando o auxílio de verbas avultadas da União Europeia, e do conteúdo no Horário Público, deixado Pelo Dr. Marcelo Caetano, é ponto de referência a quem pensa no bem social.

Há uma azáfama, na procura da coerência, misturada no idealismo sem fronteiras, estonteado na mixórdia da quantidade.

Lemos, não há muito, num livro de ensino, não recordamos onde, que o Homem precisa ser constantemente corrigido, enquanto a sociedade deve manter-se no campo de disputa constante, no acompanhamento do progresso e da evolução inovadora.

Em qualquer caso, terá de reparar numa organização arrumada e com o juízo no seu lugar. A sementeira do ódio na ramagem da informação, da incidência da dubiez para efeitos políticos, das promessas incumpridas ou atiradas a demora sem fim, afastam a hipótese da harmonia e da noção das responsabilidades no encadeamento Universal. A virtude de aguardar com paciência, a recuperação de energias, fará de tampão ao mau conselho… ao desespero,,, e às indesejáveis ilações pejorativas.

Até próximo.

7 de abril de 2008

Nº161 A NATUREZA MANDA… A FILOSOFIA INTERPÕE…O HUMANO, FAZ E DESMANCHA…

Os laços que nos amarram e desamarram à História, estão bastante delidos, de tantas vezes se querer relembrar ou esquecer o que o Humano faz de boa mente, para logo raspar, à pressa, por desfeitear a « emenda pior que o intento».

A autoridade da Natureza, não cansa de se expor aos nossos sentidos, fazendo-se entender pelo que representa nos reinos mineral, vegetal e animal, exemplificando a essência da vida, nas carências do Humano.

À coordenação dos princípios da Natureza e à sequência do que a realidade exige, interpõe-se o egocentrismo do obsequiado, que sobe sempre na ambição, reivindicando melhores presenças nas fases directivas e decisivas do destinado ao repouso. O animal, conhecido e autenticado como Humano, reivindica para a inteligência, os mesmos direitos e poderes dos doados pela Natureza, criadora do Universo. Ao Humano, porém, só há acesso directo aos 92 átomos que compõem o «sólido» da vida. O irracional sabe disso. Conta para comer, o que caça, pesca ou subtrai ao menos forte.

A Ideia, submissa ao espírito etéreo, sem átomos, não pode igualar-se à matéria, origem e continuidade dos seres existentes.

Entre o «Haver» e o «Pensar», se tem desenrolado, o cisma, ou divisão de opiniões, que muitos trabalhos acrescentam à já imaginativa vontade de auferir alimento, por produto próprio ou fintas na luta pela sobrevivência.

A Revolução de 1789, com os seus princípios de aparente pedagogia social, apresentando o símbolo presumido da guilhotina, em trabalho na praça pública, trouxe consigo a convicção de preencher os vácuos que impediam a harmonização de correcções, sugeridas ao compasso dos inventos e das comodidades. Os raciocínios, em crescendo, nos povos que queriam a paz, desentenderam o programado pelos costumes e anunciaram a igualdade do criado pela Natureza, deificando a excelência do pensamento, até à posse material dos bens comuns.

Às costas do velho Sócrates – o de há 2.500 anos, ou de Descartes ( 1596/ 1650):- « Penso, logo existo», foi posto em funcionamento, outro rifão ou provérbio, muito mais moderno, para chegar aos Séculos XVIII a XXI, bem animado e eloquente: - «Penso… e tudo se transformará em «matéria activa, planeada e alimentícia»… A ideologia, fez-se pioneira da bandeira branca da Paz… e levantou-a, em nome dos Orbes, da fertilidade da terra e do celeste, aliviado da transpiração e das dores no corpo.

Daí para cá, os impérios, reinos, repúblicas, condados, passaram a usar os fatos leves de Primavera, comercializados pelo alfaiate astuto e brejeiro que, com mãos destras, argumentos floridos e «pés de lã para convencer e ligeiros na fuga a responsabilidades» ficou rico, vendendo a ambicionada comodidade, sem NADA dentro, de velho ou novo. E quando descoberta a ilusão, as modas e feitios, foram adiados para outros alfaiates, renovadores de processos de coseduras em outros tecidos, vistosos e atractivos ao «patrão… Povo», de aparência altiva, sempre ao dispor de algo que deseja, sem saber explicar, porque, de facto não estuda as necessidades dos seus títulos do «deve e haver».

Por se distrair das reais diferenças administrativas, o «patrão Povo», abaixa a cautela à aventura de mudanças, a «horas» ou fora delas.

«Patrão -Povo», sabe pela experiência dos séculos, que a evolução das sociedades tem de seguir regras, na aparência desconchavadas à harmonia das intenções. E, desprezando esta regra, teima em descurar a previdência a acontecimentos, por via de inconcebíveis, em momentos de conjecturas pacíficas.

Patrão, só o é, enquanto tem força para equilibrar as forças do que mais útil interessa à propriedade e repelir a ambição dos «mordedores da corda», deixando à deriva, no vai vem das ondas casuais, a cortiça da independência.

Estamos a reler o livro História do 12º ano, de Rosa Lobato de Faria e Olinda Dagge, a folhas 172, linha 22, donde se transcreve a seguinte súmula dos acontecimentos em Portugal, no ano de 1975, de dolorosa recordação:

« Mais de 800 mil portugueses regressaram precipitadamente a Portugal. Chamaram-lhes os «retornados», possuidores de outros hábitos e profundamente traumatizados pela guerra e pela perda total do seu património. No entanto, apesar das dificuldades económicas do país, este grupo de população reactivou sectores da economia e ajudou a mudar Portugal, acabando por se reintegrar na sociedade num curto espaço de tempo, fenómeno ímpar na história da sociedade europeia».

1. Por motivos profissionais, ter de argumentar em repartições do Ministério das Finanças, deslocámo-nos várias vezes a Lisboa nos anos imediatos ao 25 de Abril de 1974, cidade que fora Capital do Império, segura a quem a visitava e passara a ser duvidosa referência para passeantes nos seus arruamentos, tanto de noite, como de dia. À chegada e no primeiro dia, o transcrito acima, estaria de pleno acordo com o civismo de uma Nação que anteriormente primava pelo asseio e ordem, atracção turística e de exemplar convivência.

Hospedávamo-nos no Hotel Borges, na Rua Garrett, parecendo-nos a vizinhança de excelente simpatia. Quase defronte, a estátua do António Ribeiro CHIADO, improvisador jocoso do Século XVI, a saudar o Café Nicola, sede de tertúlias intelectuais célebres e que viria a acolher, o compartilhador da «má sorte», Manuel Maria Barbosa du Bocage ( 1765-1805)

Sorridente, relembrámos – com ou sem verdade – a anedota que fazia parte do reportório entre amigos.

Bocage, pela noite dentro, calcorreava por uma artéria lisboeta e alguém o interceptou com uma pistola, perguntando quem era, donde vinha e para onde ia, recebendo a resposta ajeitada à pressa:

Sou o Bocage,

Venho do Nicola…

Vou para o outro Mundo

Se disparas a pistola.

Com esta recordação, superlativa de bom, saudámos a nossa velha Capital.

A entrada no Hotel, correspondeu, para melhor, o recordado dos séculos XVI ao XX. Paz e serenidade a contradizer as notícias chegadas às nossas Ilhas, no meio do Mar vigilantes e preocupadas com o que se passava na «cabeça» de uma Nação, dita «ajuizada»,

Alegrámo-nos com a despreocupação de crianças a brincar ao buliçoso «ferro quente», Senhoras a conversar com a amabilidade educada nos salões de convívio social e cavalheiros em cavaqueira de políticas, escândalos, completados com o picante tempero do indispensável anedotário . Uma aparência normal ao respeito do semelhante em usos, costumes e língua, a mesma da nossa, a atrair igualdade de posições e troca de pensamentos, livres de grilhetas teóricas, forçadas ou partidárias.

Era um cenário que poderia vir a ser exemplificado, muitos anos depois, naquela aveludada redacção que nos atrevemos a transcrever e que consideramos nosso dever repetir o período final:

« No entanto, apesar das dificuldades económicas do país, este grupo de população reactivou sectores da economia e ajudou a mudar Portugal, acabando por se reintegrar na sociedade num curto espaço de tempo, fenómeno ímpar na história da sociedade europeia».

Por muita facilidade que um escritor tenha, para suavizar actos de infelicidade nacional, não deve transformar realidades em prol de «fenómenos idealísticos» de raiz partidária.

Como seria possível que os «traumatizados RETORNADOS, despidos pela guerra e pela perda total do seu património», poderiam reintegrar-se na sociedade « num curto espaço de tempo, FENÓMENO ímpar na história da sociedade europeia», sem trocos nos bolsos esvaziados?

A resposta é clara, mas não cabe nesta crónica.

Até próximo.