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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

14 de janeiro de 2008

Nº 153 - A LISTA ACTUALIZADA DE RECEITAS E ACTOS… O SUMÁRIO DA NOVA ESCOLA DE GOVERNAR REVOLUÇÕES… O ALCANCE…AS LACUNAS…

A nossa crónica anterior, terminou ao apresentar uma síntese dos mandamentos que, actualmente guiam a governança das nações. Longe está de atrever perfeição e final conclusivo, a sistemas em pleno funcionamento, por critérios que criaram raízes na turbulência dos anos, se bem que a procura do pouco provável acerto, continue a preocupar o arranjo do bem universal.

A «lista», por si própria, não mostra novidades donde se possam tirar definições realizáveis e a contento das colectividades, impossibilitadas de escrever a sua assinatura, mas desejando lugar à luz do bem estar.

Em 1789, a França seguiu entusiasmada, ideias brilhantes dos seus «enciclopedistas». E tinha razão para franquear orgulho e esperança. As ideias, científicas e atraentes, abriram a percepção sensata, ao encaminhamento da harmonia social.

Mas um agrupamento de inteligências desniveladas em cultura e educação, tomaram o leme do barco de «boca aberta» - aos gritos de Igualdade, Fraternidade, Liberdade - , para o rumar à praia da aventura, dos cavaleiros andantes – que passam sem fazer mossa - e dos tangedores de instrumentos de agrado à audição, - na ânsia de convencer pelo que já fora escrito.

Duas falhas, porém, aconteceram, arrastando o «bambúrrio» ao chão. Uma, condizente com o complemento psicológico, não suponha a garantia dos fenómenos sensitivos humanos, nos repentes, quando em multidão. E outra, deixando para trás, a importância real do PIB, igualando-a, inadvertidamente, à velocidade intemporal do pensamento, tanto no acto de crescer, como na presença para solver carências ou destemperos normais na volúvel maquinaria centrada no cérebro humano.

Na parte da França, onde os acumulados humanos engrossavam, geralmente próximo das cidades mais movimentadas –tal como se assiste nos nossos dias – a remexer a antipatia por uma autoridade monopolizada, na coroa de um só homem, vivendo noutra roda de bem estar, constituía força a exercer por inteligências de instrução acima de medianas, embora de menos intentos pacíficos.

Terá sido, por isso, fácil acirrar os sem posses, ralados por não poderem usar calções – os sans coulottes - e destronar a monarquia, a quem era imputada a fraca sorte da escassez dos géneros alimentícios. Hosanas à República… já que a Monarquia perdera a vez.

No ano 44, antes de Cristo, pelo mesmo motivo, houvera uma reacção sangrenta em Roma. Júlio César, depois de criar as condições para perpetuar o Império, fora vítima de 23 punhaladas, «chefiadas» pelos senadores Cássio e o filho adoptivo do assassinado, Marco Júnio Bruto, destinadas a tornar definitivo, o regime Republicano.

A morte de César, porém, não ajudou os conspiradores. O concebido para alternar coroas e ceptros, por presidências sujeitas a votos, resultou efeitos contrários. A sabedoria de César na vulnerabilidade dos Homens, continuou viva, formando-se uma monarquia militar que dirigiria a Itália por cerca de 500 anos e Bruto acabaria os seus dias, no suicídio, gritando: - « Ó virtude! És apenas uma palavra! »

Dos assassinos de César, não consta algum ter acabado de morte natural.

Nada ficou deles, a não ser o ferro que feriu o estratega e sábio e os de pensamentos de revalidações frequentes e repetidas.

César, pagou com a vida a obra excepcional que concebeu. São pouco

duradouros os actos gerados por aprendizes em responsabilidades.

Constam, na generalidade, de medidas de precaução para muita gente a mandar e mais os amigos a receberem indemnizações.

Percorridos dois mil anos, a influência de César perdura. Ainda é absorvida na Europa. Saber governar é um dote …infelizmente só apreciado, após a cortiça das malquerenças medíocres, subir à tona da leviandade consumada.

Na França, rebentou a Revolução, 1789 anos da era de Cristo. Com mais 44 anos, seria a de César. Não foi a primeira, nem serviu de modelo para ser a última. Chamada a «grande», por breve as sementes ideológicas – que não as produtivas nos reinos animal, vegetal e mineral - serem transportadas nas mochilas do exército francês, obrigado a confrontar-se com os discordantes do excessivo derramamento de sangue, tendente a ensopar oposições e incompatibilidades, discordâncias e contra ataques.

Em Portugal, a soldadesca francesa, mesclada de várias nacionalidades, exemplificou o livre pensamento, exercendo toda a qualidade de turbulências ao Povo trabalhador português. Já o descrevemos nestas crónicas, com a mágoa de constatar a irresponsabilidade do Homem para com o semelhante, desde que lhe seja facilitada a tal independência de acção, muito amada pelos partidos, mas mal gerida no quadro uniforme da igualdade.

No entanto, a trilogia - Liberdade, Fraternidade, Igualdade – adquiriu asas para voar em todas as direcções. E os Povos vestiram galas para a festa da união de vontades e catecismos.

Este pacto, validado pela impotência de evitar a realidade, modificou princípios e interpretações nos esquemas de governo.

Excedendo a nossa posição de não possuir o distintivo que dê direito ao erro, elaboramos o resumo actualizado, segundo critério exposto na nossa última crónica. Com a franqueza habitual, confessamos estar pedindo à Providência, que não corresponda à inevitabilidade que a nossa mente abarca.

1) - Para a obtenção de votos, os partidos pretendentes à batuta de directores da harmonia nas nações, discursam, segundo o « ideal + ismo = idealismo», super elevado à física. É o preceito primeiro e fundamental, dos dez apontados. Fica-se na aerostática, sem conseguir pista de aterragem ou alternância de voo.

2) - No segundo posto, vêm os « direitos », que figuram mais na mente que na acção. As reclamações, amiudadamente, atiradas à memória, dos governos, são anotados de raspão e passam adiante. Incapazes de obrigar retaliações.

3) - Em terceiro lugar, consta a «política». Subsiste pelos discursos a que tem de obedecer, para constar das relações salariais. Cumpre verbosidade, mas não produz alimento, nem constrói maquinaria.

4) - O quarto lugar, é ocupado pelos partidos. Carregam a missão do transporte dos problemas e, na falta deles, criam outros, mais amplos e vistosos. Mãos limpas de produção.

5) - Ocupa a quinta cláusula, a distribuição de fundos. Dádivas, para parecer bondade. Dispensa a aprendizagem da álgebra. Ausente da produção.

6) - A sexta posição, é condescendida à contagem do Erário. Breve passagem de olhos. Desnecessários conhecimentos da tabuada. Dispensa na produção

7) - O sétimo artigo, refere a discussão política dos fundos. Voluntária a presença da competência. O ideal já arquitectou, construiu e resolveu as complicações. Nada aparece produzido.

8) - Em oitavo mandamento, surge o PIB. Pela primeira vez, uma determinação visível e palpável. Obediência da ideia à física. Produto Interno Bruto. É bom viver do trabalho dos bens próprios, mas melhor será receber dinheiro limpo de esforço, doado pela EU.

9) -No nono lugar, está a correcção das disparidades. Queixumes ao PIB, por não satisfazer o idealizado nos mandamentos anteriores. Acredita-se, piedosamente, ser a ideia, totalmente capaz, só por si, de se transmudar em valor físico para todas as exigências.

10) -A décima regra, consta da rasura às anteriores. O que as ideias propuseram à revelia do PIB, não condizem com os valores encontrados. O NADA, nem em fatias se divide. Lá se fora o tríptico da – Fraternidade, Liberdade, Igualdade, se não há quinhões para matar a fome…

As estratégias que fazem vencer revoluções, não são as mesmas que fariam sobressair inocentes, os supostos direitos a alcançar, no presente e no futuro. As lacunas, encobertas por ramos de flores viçosas, ficam a claro quando estas murcham, deixando à mostra as malfeitorias irreparáveis.

Até próximo.