América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

22 de julho de 2007

Nº 132 FORMAÇÃO DE EQUIPAS… E OS ISMOS O IDEAL AGRUPA PARA GANHAR SEMPRE.

O ideal e o concreto, ao mesmo tempo que simbolizam o quotidiano da convivência, representam a dúbia realidade do encanto e da desilusão. A ideia, imaterializada e volátil, é a perenidade do sucesso. O concreto, submetido à lei imutável da física, sofre a lentidão do crescimento e a dureza insubstituível do esforço para criar os bens do trabalho que continuam a vida. Um e outro, amam o humano. Os dois juntos, completam a existência. Mas não duplicam a bem-aventurança na Terra, nem reduzem as virtudes para alcançar o paraíso.

O Ideal, irrequieto, controverso e repentista, alegra-se nos folguedos, nas invenções e desejos de beneficiar o descanso, com a alegria do espírito. Irrita-se, porém, com o crescimento preguiçoso do concreto, necessitado de ferramentas para modificar a matéria rija e áspera, fazendo expelir suores saídos dos corpos obrigados a ganhar o alimento. É, porém o modo de exaltar o civismo e dignificar o ponto principal das responsabilidades que se distendem a partir da Família.

Da fadiga, recebeu o Homem, a mensagem de desvendar as forças ocultas da ciência e da técnica para a protecção às suas inumeráveis carências físicas. O progresso do Homem, provém do emprego da força, da coragem, do vigor e do ânimo que suporta a perseverança.

Na Terra, os animais que a habitam, resistem pelo seu próprio esforço e subtileza em cada momento. A Lei da continuidade está na conquista do ser pensante se ter transformado em Humano e poder ganhar a auto suficiência, inventando os objectos ajustados a substituir a carapaça contra a ferocidade dos irracionais e dos que se passeiam e acotovelam para conseguirem as melhores benesses. Solitário, se a comodidade diária satisfaz. Opta por alianças, quando o interesse de melhor conforto pode ser retirado dos elementos do grupo, menos atentos a aprender contas e a dividir o «bolo» comum. Nesta situação, arrebanham-se equipas, qual tribunais do sentimento, para comoverem a sua lamurienta intenção e furtarem a volta, cantando o «vira», para cortar as fatias mais apetitosas e nutritivas do potencial público, que não os da indissolúvel igualdade proclamada à ventania da propaganda.

Se bem que os projectos escritos e jurados contenham altruísmos de primeira monta, a pretensão de cavalgar alto, estava nos desenhos arquitectónicos dos sócios no negócio, ou profissão, de guardar nas mãos o governo de quem contribui para o Estado. Uma boa «maquia», sem fundo e de corrente contínua, se balbuciava entre dentes…

Pelo seu valor e posto social, manda a tradição, serem as tertúlias familiares ou de amigos, motivadas e debatidas pelas setas molhadas na cicutina, servirem de temas críticos a quem governa as nações. E destes agrupamentos, se formarem os «partidos», clarividentes da impecabilidade na distribuição do que pertence a quem goza dos direitos civis e políticos do Estado e na premonição da prevalência da integridade cumprir todos os deveres e aguardar todas as regalias. Fazer acreditar em tal sapiência, nos pecadores cérebros humanos, não será bom conselho aos menos abonados do «pão nosso de cada dia», em falta todos os meses.

As experiências que têm sido feitas, todas se enlodaram em guerras fratricidas, na irmandade do globo terrestre. E as actuais promessas de direitos pré-natais, prolongados até vida haver, semeados, como se fora um novo maná, caído do Céu, sem exigir trabalho, estão a germinar novos conflitos, desigualados para o feio, pelas melhorias de armas mais sofisticadas para esmigalhar, mas análogas às que atrás fizeram padecer, de tão nocivos efeitos pela mortandade nos campos de batalhas célebres e pelos horrendos estragos no edificado pela mão do Homem construtor. A um período de transpirado esfalfamento, pode seguir-se um momento de esfrangalho completo.

O bípede da selva, dilacerava para comer e guardar. O humano pensador, arquitecta, lava o suor da edificado e.. se enfrenta estratégia para desopilar malquerença, reduz a obra a escombros. Índole para o bem, carácter para o mal, simbologia do sentimento humano.

O intento de dissolver contradições e obter um composto melhor proporcionado, conduziu à formação de equipas desportivas, políticas, profissionais do bem e do pior, intelectuais prontos ou em tirocínio, etc.

A esses grupos, foi dado o alcunha de «partidos», com hino, bandeira e cor clubista.

O primeiro actuante, surgiu do amor próprio dos personagens associados: - o EGOISMO, demolhado em boas intenções. Não resultou. A primeira apanha dos frutos da comunidade, rápido desaparecia, antes de chegar ao conhecimento de toda a gente. Após a segunda colheita, restava a necessidade de comer.

Em seguida apareceu o «CAPITALISMO», e seus canais de absorção. A segunda colheita - visto a primeira entrar no acerto de contas – distribuía-se pelo trabalho árduo e, depois, pelas necessidades mais prementes. Também não agradou, por o produzido se centralizar numa alfândega privada, onde o número de quinhões não constava dos livros contabilísticos. O escriturário borrava a caligrafia e dificultava a leitura.

Pela sua ordem, chegou o «associativismo» ou «socialismo», para distribuir acertado, após servidos os «cabeças de cartaz». O restante, porém, dava e, actualmente só chega para «meia missa».

As inteligências de potência agressiva e auto dinâmica, visto o ISMO estar no baptizado inicial, apresentaram sugestões para serem postas em prática, dando lugar a outros nomes com o mesmo final da palavra, que a gramática denomina «sufixo»: «comunismo», «fascismo», «nazismo», e mais uns tantos e tal. Nomes de pessoas, também deram o seu concurso, Marxismo, Hitlerismo, etc. Donde se vê que imitar é decente, desde que seja «moda». Para este desiderato, basta a futilidade tomar assento oficializado e proferir palavras agradáveis à «rosa dos ventos», a mágica que ocupa o ralo permissivo da aquiescência.

Pelos vistos, contudo, os negócios que interessam aos Estados, não têm decorrido como os conjecturados pelos ISMOS. Na dianteira dos acontecimentos, relampejaram granadas, canhões de grande estilo rebentaram tímpanos, aviação mortífera e destruidora aprofundou luto e miséria, os valores do Povo, estouraram-se com o sangue dos contribuintes. A amargura despedaçou corações, A pobreza mirrou bolsas e entornou os caldos de matar a fome.. .

Cada ISMO, considerava e ainda julga em si, o milagre da sapiência inteira e virgem. Os acólitos, aprendizes ou tirocinantes, sacristas ou artilheiros, de baixo a cima, eram tidos, como ainda hoje, mestres de todas as artes. A fantasia, não tem limites no invento, mas pára à falta de provas e encontro do senso útil e benfazejo.

O Ideal, artífice da convicção, voga ao largo desses prodígios sobre normais e aguarda a atracagem a «Continentes Novos», habitados por gente intelectualizada nos princípios dos seus ISMOS, substituindo velharias pelo que saiu das suas mentes extra realistas.

O «Concreto», todavia, cansado e desiludido, da monotonia esvaziada de tantos cérebros bem pagos para copiarem os anteriores, limita-se a ler notícias, esperando alguma novidade de outro ISMO que se apresente a levar a cabo as mesmas teorias, sem alicerces materiais.

Até próximo.

15 de julho de 2007

Nº 131 FUTEBOL… E OS IDEALISMOS… OS JOGOS DO POVO…

A bola… é redonda. Descocado lema para começar uma crónica. De nós mesmos, pensámos o que vai pela cabeça dos leitores ainda de paciência no activo para, durante alguns minutos, apreciarem os nossos escritos.
Claro que a bola é…redonda. O que a torna especial, são as surpresas dos embates na superfície esférica, surpreendendo as multi-direcções que sofrem os satélites batidos para mudarem de rumo. É esta qualidade anormal à certeza do choque entre dois corpos o que a atrai para variadas competições e na diversificação de negócios.
Há milheiros de anos que o Humano se entretém com sólidos redondos. A esfericidade dificulta o batimento acertar no ponto exacto, transmissor da direcção na entrada triunfal. Mas foi esta negativa à perícia, que em algumas civilizações os crânios dos vencidos eram pontapeados entre dois grupos até entrarem em espaço pré combinado. Se o futebol provém deste jogo, ainda se está por confirmar, mas as parecenças vêem-se na fúria entusiástica dos jogadores actuais e na assistência desalmada, adoradora do que doa a quem doer, desde que vença o clube predilecto.
O que sabemos é que na Grã Bretanha, em 1863, foi aperfeiçoada a disputa de uma bola por 22 jogadores, divididos em duas metades, com uma baliza de 7,32 m. de largura, por 2,44m de altura, em cada lado, para receber a esfera da sorte, com a circunferência de 68 a 71 centímetros. Intervém na disputa um sujeito, armado com um apito, para interromper a violência ou ultrapassagem das regras, baralhadas na refrega.
O primeiro campeonato inglês, disputou-se em 1872. A FIFA nasceu em Paris, no ano de 1904. Em 1908, o futebol entrou nos Jogos Olímpicos.
Uma a uma, todas as nações do Mundo, adoptaram, como Rei, este desporto ao ar livre, onde os assistentes, sem receio de explodir a esfera celeste, se podiam esbravecer, dando largas às vibrações das cordas vocais e, desengonçando o corpo, necessitado de ginástica, mexendo braços e pernas, como se fizessem parte dos componentes na refrega.
Nos princípios do Século XIX, já se disputavam encontros entre nações no Continente Europeu.
Em Portugal, 1889, marcou o primeiro desafio entre uma equipa portuguesa e um misto inglês. O futebol foi introduzido na Real Casa Pia de Lisboa, em 1893. Em 1906, foi organizado o primeiro Torneio da Liga de Futebol, que em 1910, se filia à FIFA. Daí em diante, o futebol, tomou posição de destaque, quase a par com as ideologias, nos tecidos sociais de todos os Países, onde «ídolos» nas artes do «taco ou pé na bola», se glorificavam, após os golos a somar para o triunfo.
A existência de um entusiasmo dominante a exteriorizar convicções, pouco altera o convívio e a lei. Se, porventura, outra animação surge, repartem-se os espíritos em sentenças e critérios, como bola na triangulação do bilhar. As convenções de um, não correspondem às do outro, as alternâncias são tornadas obrigatórias para prestígio das diferenças. A igualdade amarfanha o orgulho do mais poderoso.
O recreio que fazia reunir famílias, amigos, conhecidos e multiplicava tertúlias, era a política. Em simultâneo com a troca de pareceres, alimentava o bate-papo entre as pessoas, como se fora o desporto maior da primeira metade do Século XIX. A constituição da equipa orientadora dos negócios do Estado, para marcar importância, começava por dividir tácticas à «esquerda, direita e centro», cada uma autodidacta na missão específica, não fácil, de aprender, «à sua maneira», a dirigir a Nação. A equipa nomeada para dirigir a vida complicada de um Povo, ainda joga, como desde o princípio, com o «Produto Interno Bruto».
Mantém-se o objectivo cauteloso de não fazer ondas encrespadas.
Fortalecer e pontuar o agrado dos confrades ideológicos, assegurando a repetição dos votos é ponto essencial na verbosidade de cada promessa.
Posteriormente, sempre com o verbo afinado, animar a população em geral, das benfeitorias que irá receber em tempo…quase…quase à porta.
Para isso se esforçam a «esquerda, o centro e a direita», convictos de, com tal princípio, o Estado financeiro está certo e seguro, conquanto os critérios de gerência, tomem a primazia no encaminhar as benesses primeiro aos seus e depois distribuir o remanescente, ficando para último, quando houver tempo, fazer contas às receitas.
No jogo político interno, mono disputável, por não haver adversários fora do interesse nacional - finalidade única de melhorar o País - segue-se a regra de ganhar adeptos e, em segundo plano, estudar tácticas e fazer contas. Disparidade de alto preço na paz desejável e ultra caro, no dispêndio do Erário Público.
A «evidência» mais flagrante, inexplicável na prática, reside no facto, conquanto visto de passagem, ser o PIB europeu, se bem que mais elevado do português, inferior ao suposto e, por consequência, não corresponder ao volume real e necessário do consumo. Portanto, aquém da volumetria, obcecadamente vigorante nos intelectos dos profissionais administradores da coisa pública. Nacionais e estrangeiros.
Nesta perspectiva, do que deveria ser – e não é - numa equipa ( Portugal é uma equipa ) organizada para defender o Povo, criam-se três forças independentes principais, cada uma a puxar para o seu lado, na crença extravagante, do PIB ( que não deve ter fundo). preencher falhas ou vácuos em qualquer circunstância.
Equipa só é coesa, quando as suas vitalidades se reúnem num mesmo objectivo e acto de fé.
Em comparação e mais coerentes, as equipas de futebol, são constituídas por três partes: - Defesa, médios a defender e ajudar os da frente, ou seja a linha de ataque, para marcar os tentos da vitória. A sequência de fortalecimento dos sectores numa só força, é o fim a vencer na luta empenhada pelas duas partes.
Desta maneira, se bem que o propósito seja amealhar louros e ovações públicas, os discernimentos tácticos são dispares e antagónicos. Enquanto a equipa desportiva tenta constituir uma só força para desfeitear o adversário, a equipa política, enfraquece-se, subdividindo-se em partes isoladas, de direcções dispersas, de manejo retesado pelo desvairo de resolver a mal humorada questão social. Pontapeia a bola para longe, para dar tempo a que outras mãos e pés, se responsabilizem na área do golo na outra baliza.
No desporto há técnicos, bem ou mal preparados. Na política, há «nomeações» retiradas das juras a partidos. Num, procuram-se conhecimentos e competência, no outro, indicam-se, à medida da locacidade, os colegas ou camaradas. Um fim… dois estilos. A inclusão da técnica, mesmo que deficiente, tem mais valia que o amadorismo… vestido de carreira profissional.
Apanhemos as conclusões. O Povo, absorve grande parte do seu tempo de laser, nos dois divertimentos que lhe amenizam o infortúnio da ideia ser muito mais veloz que as promessas da natureza e dos humanos. O número um, é o trocadilho de regras, utilizado pelas equipas que gerem a Nação, acercando-se do «quase», como se pudesse ser tocado. O número dois, junta as disputas entre clubes seguidores de esquemas e leis, mas que, também acabam por engrossar a desilusão.
O acaso da sorte, não é estilo…
Até próximo.

8 de julho de 2007

Nº 130 ADMINISTRAR, DOMINA BEM COMUM… POLITICAR, SEGUE ROL DE FRACÇÃO…

Juízo, é faculdade intelectual deambulante e divertida.

Voa, deixa-se levar por calmarias e temporais, goza o panorama de regras e acções e só assenta, tímida ou bruscamente, depois do rebate físico transmitir rombos no encalhe do pensamento juvenil. É então, que o juízo…toma o espelho…ou repara na sua sombra.

Olha a figura e humilha-se a perguntar onde cabe a luz do dever. Arrepia-se do que influenciou, interroga-se no ambiente da justiça, acautela-se no bem do futuro. Toma as responsabilidades narradas nas enciclopédias, nos livros de ciência e nos tratados das leis naturais e sociais. Diz-se, por graça, independente.

O Juízo, apercebe-se das obrigações a ter de cumprir em linha recta, porém repara nos «buracos» que se lhe intercalam a desconjuntar a carripana dos deveres universais. Procura companheiros para se confundir na abrangência do que é geral, para não exteriorizar fraqueza nos improvisos menos convincentes.

Abarcar a avaliação dos pontos precisos do lugar de cada um e de todos, é o atraso maior que lhe marcará o tino de acompanhamento na vida. Conhecer os homens, os seus deslizes e qualidades, dura anos. Mas é onde o juízo encontrará meios de retirar ilações que lhe clarifiquem o espírito e medir as distâncias que separam a leviandade da moderação, a patranha da honradez, a peta da rectidão.

Este nosso intróito à presente crónica, retroage à interrogação que pairaria em 1926, para defender Portugal das incongruências que o estavam a arruinar desde 1910. Dúvidas, apoquentavam os cidadãos, ante a convencida veemência dos oradores oficiais.

Mais «políticas», para chamamento de maior número de invasores aos «favos» do Erário Público?...

O General Gomes da Costa, já tinha dito e escrito: - Contra as políticas e contra os políticos… O Povo sofredor até ao âmago, ainda toleraria essa hipótese, se a quantidade sufocasse a qualidade principiante no laboratório das experimentações. As provas negativas eram, porém, evidentes. O dilema estava às claras. Estudar bem o rumo e o guia, no roteiro do resgate.

Na primeira parte (1910 a 1926), haviam entrado de rompante, os laços afins da ideologia com a QUÍMICA, onde se poderia garimpar a «pedra filosofal», melhor que mina de ouro. Era só tocar em ferro, cobre ou zinco e logo se obteria o « metal» da riqueza, a brilhar na ostentação e no peito do herói. A ideia estava presente, pois bastaria pô-la a divagar e, sem demoras de trabalho e suores cansativos, moedas tilintariam nas bolsas dos necessitados ou requerentes.

A mistura da ideia em laboratório, com os «invisíveis» oxigénio e hidrogénio e já se concluía que o ar estava ali, a dar vida, mesmo que parecesse feitiço. Deste simplista raciocínio, o óptimo situava-se nas profecias de que bastaria a queda da Monarquia, para todas as dificuldades, em especial as financeiras, desaparecerem nos séculos dos séculos, sem o «ámen» a finalizar.

E… havia que basear o pensamento: -Já que de 1910 a 1926, tinham prevalecido certezas, esvaziadas em desordens, ofensas à moral, às leis e à Paz, em disputas fratricidas e esbanjamentos do rendimento do trabalho, as únicas forças a produzir efeitos complacentes às necessidades da vida, acampavam no senso administrativo, tornado uno, sem «partes» divisórias ou barafunda de pareceres. Não sendo possível obter colheitas e rendimentos , como prometia a ideologia de a todos saciar por igual, conhecer a «ciência do cálculo», teria de fazer parte de quem se permitisse aceitar, com coragem e insistência, a empreitada para arcar com a responsabilidade de reconstruir o esbandalhado por armas e maldades. Não poderia contar-se, com analogias poltrónicas, nem serviçais de expedientes. A História tinha dado exemplos, à mesa das opções. Ao dispor do juízo do Povo lesado.

A preferência chegou… nos moldes da escola grega. Vinda dessa Grécia, onde há três mil anos ou mais séculos, ao amplexo da civilização, a purificar o humano, se uniu a filosofia para, no «amor ao conhecimento», se conduzisse a coerência, a amizade e a mente diferençasse, as coisas definidas das imaginadas.

O sangue derramado, fez estudar causas e efeitos. Se havia resultado de inabilidades facciosas, se portador da dúbia palavra mansa e falsa prometedora, se dos empunhadores da durindana ensanguinhada e malabaresca.

Um conhecedor do carácter humano - formado na universidade de conhecimentos que o espírito grego reuniu - melhor corrigiria o mal-enganado rendimento do Portugal vivente pela habilidade na espada, pela segurança no leme da governação e pelo arranque do joio, antes de danificar o trigo.

As «emendas, ou remendos», tapam falhas ou desgastes… mas deixam marcas de que a velharia por ali passou.

A livre escolha, juntou POLÍTICA e GESTÃO, as duas mais conhecidas modalidades de dirigir um País.

A primeira, comprazeu-se em abrir os portões chapeados do Erário de Toda a Gente aos « distribuidores bem pagos da ideologia», depois, aos companheiros do sucesso iniciado e, por fim a «toda a gente». Como os últimos são os pior servidos, os pagantes, de mão estendida, ficaram a aguardar os acertos contabilísticos. Por isso, «toda a gente» reclamou, perpetrando-se na fila da frente, os de mais notas no bolso.

Chamada a ADMINISTRAÇÂO, ou gerência imparcial a economizar o «produto bruto». Os «bens existentes e os contributos da autoridade soberana a entrar em depósito», um a um foram descritos em relatórios dos débitos e créditos e os espaços dos compromissos, escriturados para lembrar a data do vencimento.

Visionadas as carências presentes e os atamancados às mazelas mais às claras e, depois, só depois, contabilizado o remanescente para repartir.

O povo, crédulo na falácia da oferta mais abundante, sente ludíbrio em parte incerta, mas não sabe localizar. Inspira-se na conversa fiada e contínua, imponente na cavalgada de promessas.

Povo pensa que ADMINISTRAÇÃO, parece mais segura e lógica… mas é demorada no andamento... e não pinta arraiais floridos… O arraial convida ao «pé de dança»…

O bailado, vota na charanga comercializada nos descantes e caçoa da arte, na coreografia de ocasião.

Povo, arrepende-se… volta a pagar a conta e entra na «cantiga ao desafio»…

Até próximo.

1 de julho de 2007

Nº 129 O CONCURSO DO MELHOR… AÇORIANOS ESQUECIDOS…NOS NOSSOS AÇORES… HERÓIS E SANTOS…ESPERAM SER RECORDADOS.

No final da nossa última crónica, intentamos informar o leitor paciente, de estar prestes a terminar a leitura de trechos da primeira metade do Século XX, da nossa História de Portugal. Nessa revisão, expusemos os factos reais, que antecederam e justificaram os convites dirigidos ao Dr. Oliveira Salazar, para gerir a falida Pasta das Finanças.

O concurso « Quais os melhores portugueses», todavia, terminou no dia 25 de Março de 2007. Pareceria motivo de, por nosso lado, deixarmos descansar a questão na prateleira da indiferença e do desquite ao «melhor».

Acontece, porém, que estes nossos escritos, desde o início, não se vincularam a pareceres ou demarcações pessoais e, muito menos ao referido concurso, nem à lotaria do vencedor. Não votámos.

A escolha do Dr. Oliveira Salazar para ficar em Número UM, pertenceu aos que têm boa memória, ou usam da cautela no estudo das vantagens que distinguem a primazia da paz e do que repudia a balbúrdia. Sem nossa influência .

Confessamos, no entanto, não termos procedido com a correcção que se nos impunha, sabendo os açorianos figurarem entre os melhores portugueses. Mesmo que solitário e conformado com a indiferença de serem lidas estas crónicas semanais, deveríamos ter perfilado um dos nossos, no batalhão de Honra Nacional.

Cumpre-nos reavivar o passado que nos honra sobremaneira e oferecer à juventude o rol dos que saltaram, por mérito próprio, os altos muros da vulgaridade.

Apontemos dois. Um, nascido no Século XVI, colaborante e sacrificado das grandes descobertas e outro, em pleno Século XX, a admoestar a leveza com que foi consumada a deslealdade a esta Nação de 867 anos de luta para viver sem complexos de inferioridade, gravemente ferida por grupos apátridas e buscadores de oportunidades.

Miguel Corte Real, o navegador nascido na Ilha Terceira, que em busca de seu irmão Gaspar, em 1501, seguindo rota pré conhecida, arribou, com a sua companha, à América, descoberta por seu Pai, João Vaz Corte Real, em 1472, vinte anos antes do português Salvador Fernandes Zarco, acobertado com o pseudónimo de Cristóvão Colombo, é um que deveria estar presente na consciência da nossa Região . A coragem, a nobreza de carácter, o patriotismo escavado no testamento vivo da Pedra de Dingthon, com seu nome rodeado pela data – 1511 – e pelas «Cruzes de Cristo», com os 45 graus da heráldica, dão prova eloquente de um GRANDE PORTUGUÊS, muito… MUITO GRANDE.

Destruído o barco dessa proeza extraordinária, Miguel, consciente do não regresso à Família, soube acabar os seus últimos anos de vida, dando continuidade à sua missão no Portugal Europeu, a desbravar o Mundo. Ele e seus marinheiros, misturaram-se com os indígenas e criaram uma nova convivência, apreciada 70 anos depois, pelos «Peregrinos Ingleses» ali chegados em 1620. Longe das famílias, o solo americano recebeu e absorveu os seus corpos, mas começou a enriquecer a benesse da civilização. O documento escrito, gravado na «Pedra encontrada no Rio Taunton», autentica a veracidade da tragédia e o amargor de Miguel Corte Real.

Réplicas dessa «Pedra», têm merecido constar em lugares de destaque, de chamamento do passado ao exemplo do presente. O Governo da Madeira, quer uma na Ilha descoberta por Bartolomeu Perestrelo, em 1418.

É nosso parecer, que 9 réplicas deveriam expor a odisseia de Miguel Corte Real, neste nosso Arquipélago. Na Ilha Terceira, é urgente que, pelo menos uma, mostre, bem à vista, onde caiu a última lágrima do Açoriano sacrificado. Na «pedra do dever» e no trabalho de o cumprir.

O segundo candidato, é de hoje, de amanhã, de sempre…

Daniel Ornelas, o Jesuíta, a última condecoração colocada em peito honrado, pelo ex-presidente Jorge Sampaio. Um Honesto e independente candidato ao concurso do melhor português.

Cremos ainda estar vivo, este octogenário, que sobe e desce as Montanhas de Timor, passando todas as necessidades físicas e morais, para prestar amparo aos infelizes ex-portugueses, a querer desculpar a perda desprestigiante da portugalidade naquela província que tanto foi defendida pelos nossos governantes ancestrais e pelo Dr. Salazar. É um nome a fixar por todos os Açorianos e pelos que ainda respeitam a obra do nosso País no «aquém e além Mar».

Daniel Ornelas, é o voluntarioso símbolo do Portugal heróico, no tresloucado abandono de Timor, por açambarcadores aventureiros do poder legal. Nasceu na Freguesia do Raminho, na nossa Ilha Terceira. Ilustre pela sua coragem e Santo pelos benefícios que acarreta nos ombros descarnados, sem horas de descanso ou regularizadoras do sono, esquecido de moeda para a sacola, ou prece para a alma.

Dos dois, em quem votar…? Em Miguel, Marinheiro, Herói e talvez Santo?... Em Daniel Ornelas, Santo, Herói e Português?...

Pecamos, por hesitação… Que fosse só o nosso voto… contaria na lembrança de um alguém… perdido na multidão dos valorosos e moralizadores…que fizeram e ainda unem Portugal.

Os Açorianos, têm destes acanhamentos... A amplidão do mar, cultiva a modéstia de viver sem medo, mas retrai a voluntariedade de expandir «aos quatro ventos» esse mérito de valor universal.

Até Próximo.