América América

Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

30 de abril de 2007

Nº 122 SUBESTIMAR… PARA MANDAR… A EDUCAÇÃO TRAVA A LINGUAGEM E … O MAU

Nossos olhos, fitam o livro UMA TREPA HISTÓRICA, do Dr. José d´Arruela, advogado, fundador do jornal Correio da Manhã, de vida curta, jornalista e conferencista de mérito. Edição de 1942. Em plena Segunda Grande Guerra Mundial.

Trata o texto, do existência do «Mapa Cor de Rosa, que deu lugar ao «Ultimatum» Inglês de 1890, motivo agarrado pelos republicanos, para denegrirem o Rei D. Carlos, fomentarem o assassinato em 2 de Fevereiro de 1908 e mandarem embarcar na Ericeira, destino ao exílio, o filho, D. Manuel II e restante família.

Não tem como fulcro, o período de 1926 a 1934, por que passou o nosso País, no Século XX.

Mas contém uma frase, uma única, referente ao Primeiro Ministro Português, que pensamos de boa ética transcrevê-la na íntegra, pois nos parece ter sido escrita para ser enquadrada nas questões destas nossas últimas crónicas:

Bastantes responsabilidades já pesam sobre o honrado e ilustre nome do que foi, pessoalmente, o encantador estadista Barros Gomes – a cuja memória me é sempre grato pagar a dívida de recordação do carinho com que sempre acariciava a criança, desse há quase meio século; bastantes responsabilidades, bem dignas de consciencioso estudo - pesam já sobre o papel desempenhado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da era trágica de 90 – para vir um historiador qualquer assacar-lhe ainda a acusação de concebidor, de improvisador dum Mapa – cuja tentativa tardia de realização ou execução, trouxe ao nosso adorado País, o agravamento de tantas horas e anos da maior anarquia – de toda a anarquia com que foi entretecida, atribulada e agitada, a minha e subsequentes gerações – até à Era de Salazar – que Deus prolongue por muitos anos – porque sem ele, regressaríamos ao caos, em que estávamos.

Este livro contém aprovações escritas e responsáveis, de personalidades eminentes na época:: Virgínia Victorino, Henrique de Paiva Couceiro, Rui Ennes Ulriche, Hipólito Raposo, Augusto de Castro, Cristóvão Aires, Luís Vieira de Castro, Alberto Pinheiro Torres, Afonso de Melo, Dias Pereira, Carlos Roma Machado Faria e Maia, Marcus Cheke ( da embaixada inglesa), Augusto de Vasconcelos, Pedro Correia Marques, Hernâni Cidade, Julião Quintinha, Azeredo Perdigão, João de Deus Ramos, Carlota de Serpa Pinto e muitos mais. Também do Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, Jornal do Comércio.

Pessoas que subiram a escada de evidência social, por mérito próprio, ou por catapulta esporádica, devem ser recordados, como opiniões dos sucessos ou fracassos das suas épocas. São as testemunhas a quem pode ser dedutível o crédito no aceite da verdade.

No final da nossa última crónica, apontamos os «fundadores» da Polícia Protectora do Estado – os seduzidos e petrificados pela « aurora boreal » de passagem fugidia nas estepes russas. Esta, tomou o primeiro nome de PVDE ( Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), alcunhada de PEVIDE, mais tarde a PIDE, dispensada de tradução por extenso.

Os anos trinta, do Século XX, pesavam inquietações, em todo o Mundo. Ensurdeciam as incertezas do futuro, depois do Armistício da Primeira Grande Guerra e dos descontentamentos na Europa. A fome, não é pacífica, nem boa conselheira.

Feridas em aberto, poucos capitais para bálsamos e já a vozearia de Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha, ecoava a preanunciar nuvens tempestuosas e insubordinações aos armistícios impostos no terminar da guerra e dar começo ao «aperto dos cintos» da classe que implorava trabalho.

A espionagem empertigou-se, empregava milhares de especialistas para sondar pensamentos e locais de atentados à acalmia. De todas as facções. E Portugal era obrigado a defender o seu património e a paz, restabelecida em 1926.

Lisboa era centro dos peritos na matéria. O fogo fátuo russo, que o idealismo metamorfoseou no bem estar, ansiosamente aguardado após a I Grande Guerra, parecia o SOL da esperança e exercia atracção na órbita dos contrafactores da serenidade, da disciplina, «imperadores ou ditadores» da «mecanização social».

O íman do retorno à anarquia de 1910 a 1926, engatinhava na aparência , mas crescia em actividade. E tanto insistiu, que fez surgir a Polícia, como autoridade a deter abusos. Terá excedido as suas funções, mas só aos que se opuseram à obediência. Que se destaquem os inocentes a faltas contra os interesses da Nação, sofredores da presença da PIDE…

De relâmpago, vem-nos à memória, o escravo e Fabulista ESOPO ( Século VI A.C.). Ele próprio, ou personagem de uma das suas fábulas/ didáticas, recebeu do seu Senhor, a ordem de confeccionar o melhor manjar para convidado importante e amigo. ESOPO, (ou o personagem), apresentou: - «língua».

O mesmo Senhor, para outro repasto, com pessoa não grata, pediu a pior iguaria. O prato cozinhado, foi: - «língua».

A Senhor, não satisfeito, repreendeu :- Esopo, então, o mesmo prato para o melhor e para o pior?

Resposta do escravo, mordomo ou serviçal ESOPO, talvez a medo, talvez não : Meu amo, que tem o Homem, para oferecer ao seu semelhante, senão, «língua» para o agrado e «língua» para a ofensa ou traição?...

Muito ensinam, desde há 2500 anos as fábulas do desconjuntado físico, mas afinadíssima intuição doutrinária, daquele cérebro de excepção.

Amava a verdade e, desprovido de influência directa nas boas maneiras sociais, transmitia o que lhe ia na alma atribulada pelas desditas do nascimento, por intermédio de personagens alegóricos, plenos de moral e bom senso.

Condenado à morte por sacrilégio que terá ou não cometido. Às inteligências correctoras ou amansadoras dos intempestivos temperamentos humanos, é-lhes colado o anátema de foras da lei. O irrequietismo, não quer ser peado pela razão; sente-se bravo no salpico do bem e do mal, sem obedecer à distinção do civismo, da autoridade … da faltosa e arruaceira descortesia. O turbulento, açula a multidão iletrada, para surripiar lugar lucrativo e leccionador do seu temperamento buliçoso. Para, na polvorosa que criou, se apresentar como «salvador da Pátria» que só conhece de nome e de figura teatral.

O Dr. António de Oliveira Salazar, foi um administrador intransigente da Lei. Merecia ser melhor estudado, em especial por quem o pretenda denegrir, sem o adequado nexo. Português de Lei.

Até próximo.

Nº 121 A HISTÓRIA DO REI… AO 1926… NO TEMPO, NO ESPAÇO E NAS ACÇÕES

No tempo de…

Começo de frase a vincar acontecimento digno de ser relembrado como exemplar em meio acanhado de família, ou aviso aos povos, para prosseguirem nos trilhos limpos do passado, evitando o matagal das incertezas.

No tempo de … 1926, Portugal atravessava o fim do segundo período conturbado, que lhe oferecera o Século da «electricidade». Não gozava da «luz» que lhe alumiasse o futuro. Sem dinheiro e rendimentos activos, em 1928, pedia à Sociedade das Nações, 12 milhões de libras para normalizar compromissos.

Nesse tempo… não pontificava a União Europeia a esmolar os mais pobres, Maus portugueses, hoje, recordados como «bons», na área pós 1974, remoeram « queixinhas» à Sociedade das Nações para não aceder ao empréstimo. Não foram acreditados na totalidade. Seis técnicos estrangeiros vieram certificar. Acordaram na justeza do pedido, « exigindo, porém a criação de um agente de ligação, junto do Governo Português, com funções de controle». As sobras de patriotismo, ainda existentes, gritaram: - Portugal não se vende por 12 milhões de libras. E não se vendeu. A venda ficou adiada… mas no «olho» dos denunciantes, desejosos de serem eles os vendilhões…

Houve, contudo, a necessidade de encontrar alguém que percebesse de «contas». Gomes da Costa, chegara a ser nomeado Ministro da Agricultura, mas recusara por razões diversas, em particular, por nem saber plantar uma couve, segundo confissão do próprio. Os revolucionários honestos, falam direito. Os interesseiros, atiram a verborreia, como «pano de boca» do seu teatro e acabam «pano de fundo» da peça, transformada em tragédia.

Completos os Ministérios, faltava o das Finanças. Teria de conjugar competência de mestre, honradez do Povo e personalidade segura. Experimentado em 1926, ele se rejeitou. Foi buscado em 27-4-1928. O Dr. António de Oliveira Salazar, tomou posse da pasta. Tinha 39 anos de idade.

Trabalhou, de acordo com os que nele depositaram esperanças, para salvação de Portugal. Fez reformas orçamentais, tributárias, pautais e de crédito», saneou as finanças do Estado, extinguiu o deficit orçamental, diminuiu a dívida pública flutuante, assumindo a Presidência de Primeiro Ministro em 1932, e em situações difíceis, acumulou os Ministérios das Colónias, dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, da Guerra.

Tudo isto, mencionado na Enciclopédia Visum, que nos vai acompanhar em mais dados.

Em 1933, promulgou nova Constituição, com base no Estado Corporativo. Durante a guerra civil espanhola, auxiliou a causa franquista. Assinado em 17-3-1939, o Bloco Peninsular, tratado de Amizade e não agressão com a Espanha. Correu às claras e para quem quisesse ver e ouvir, que o Dr. Oliveira Salazar era o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da nossa vizinha, que tanto poderia pender para os aliados Inglaterra e França, como para a agressora Alemanha.

Mérito excepcional obteve, na sua proclamada neutralidade, na segunda Guerra Mundial. Verdadeiro Homem de ESTADO, defendeu tal promessa, enfrentando Churchil, Roosevelt e Hitler, de forma franca e directa, pois qualquer deslize diplomático, poderia levar um deles a desconfiar da palavra do Primeiro Ministro português e invadir território nacional, sobretudo pela posse do Arquipélago dos Açores. O livro «O Estado Novo», do Dr. Franco Nogueira, é preciso em datas e acontecimentos. Defronte da residência do Dr. Salazar, as Mães Portuguesas, mandaram erigir um monumento, modesto mas simbólico, agradecidas pelos seus filhos não entrarem na chacina de 1939 a 1945. Em populações, sem ou com poucos adulteradores da História , tal facto mereceria o reconhecimento público para a vida futura.

O Presidente Roosevelt, reconhecendo a razão de ter sido «travado» pelo Dr. Oliveira Salazar, na prevista tomada dos Açores, declarou que teria muita honra em cumprimentar o HOMEM que teve o «atrevimento» de se lhe opor, de forma digna de estadista de eleição. Não foi concretizado o desejo, pelo falecimento repentino.

Portugal aderiu à Aliança Atlântica em 1949, solicitou o ingresso na ONU, em 1955, aprovou a Concordata com a Santa Sé e um acordo Missionário, em 1940. Predominou a sua atenção, na defesa intransigente dos territórios ultramarinos, posse legítima de Portugal, paga em fundos públicos, vidas heroificadas lutos e amarguras. Oferta gratuita à evolução da humanidade, que o Mundo, nestes últimos tempos, tem fingido não ligar importância, para se escusar ao agradecimento que o obrigam os benefícios recebidos.

Para levar a efeito os resultados positivos descritos, foi primordial, a reimplantação da paz no País, por Gomes da Costa.

Dar-lhe prolongamento, evitando a repetição dos dois primeiros desnorteados períodos ( 1900-1910 e 1910-1926), ambos chafarizes de excessos, soltos os travões à tendência anárquica, era obrigatório manter a estabilidade. Com estas determinações, a «anarquia», invertendo o intento, «fundou» a Polícia Defensora do Estado. Sem a anarquia, não teria sido concebida a PIDE.

Se a razão, ainda tem lugar, opinamos que o SIS vem para defender o singelo primeiro Portugal, mais os sobejos dos Açores e Madeira. Não, certamente, para preparar a liquidação total da mercadoria, de nome Portugal, fechando o armazém da fama de grandes Homens e atirar ao Mar, que lhes deu glória eterna, os meios de vivência independente e soberana.

Até próximo.

18 de abril de 2007

Nº 120 DO REI… AO 1926. DO 1926… EM DIANTE

O Idealismo, será a forma cómoda de mostragem que a instalação neurótica está montada para brilho externo, só aguardando o recebimento da factura, em encómios engrinaldados e lugar na secretária a justificar o salário. para liquidação das despesas correntes.
Olhar e ver a matéria, mais a valia constante na presença, representa a ambição por que corre o humano nas estradas rumo aos lugares cimeiros nas sociedades em permanente mudança de sítios e comportamentos, onde residem as dúvidas que levam ao salto para o civismo. Os olhos, porém, têm de se manter bem abertos e de ligação com a utilidade incomensurável .do raciocínio, a formar o exemplo, aliado da memória.
No Século XX, em Portugal, sucederam-se quatro períodos alternados, todos pretensos a festejar e defender o Povo, sabido ser este o resignado à mercê da bitola dos que tomavam as rédeas do poder, soltando-as como rede pesqueira, para apreender fragmentos de psicologia reactiva à submissão ou à resistência. Porque, na devida altura, os grandes pensadores adiantavam mais os defeitos que as soluções, de passagem em metamorfoses, a par com a ciência e a técnica a produzirem novidades.
O período nº 1 – de 1900 a 1910 - conteve-se nos últimos 10 anos da Monarquia, sob a cobiça dos « Senhores das Ideias», desde 1822, quando da assinatura da Constituição mas não esgotada dos seus princípios e os primeiros 10 do Século a prometer novidades, de importação francesa.
A autoridade ocupava dois centros: - o Rei e a Constituição.
A irritabilidade dos assaltantes ao domínio dos órgãos de soberania, abria e fechava, sem dar tempo à reflexão.
Para a retirada dos nervos tensos, foram sacrificados o Rei e o sucessor, em 1908 e a restante Família, embarcada na Ericeira em 1910, para não incomodar a República.
O período nº 2 – de 1910 a 1926- ensaiou a República.
A autoridade, prestava serviço à Constituição, ao Presidente da República para nomear Governo, aos Ministros, desobrigados na gerência das necessidades públicas, a cuidar do nível favorável ou não, do erário público e ao «livre arbítrio» dos cidadãos.
Assim, o direito de delimitar obediência, saltitava de critério em critério, de função privada a colectiva, da vontade individual ao respeito à Lei. Leque demasiado amplo para definir ordem e serenar ânimos.
Logo nos dois anos principiantes, eram libertos os actos menos aceitáveis a sociedade aspirante a cultura e progresso sociais. O Dr. Afonso Costa, um proeminente guia do 1910, subiu a Ministro. Baseando-se nos factos, regularizou as Finanças e, alcançou o orçamento positivo. Mas fê-lo, tomando decisões de «ditador». Caiu no desagrado dos companheiros, Dr. António José de Almeida e outros. Desceu o degrau que parecia sólido.
Os destemperos, continuaram. Em 1915, uma « Ditadura Democrática» assentou arraiais. Para defender o título «República», que não o Povo, enviou para os campos de batalha, na França, o respeitado e heróico exército de Portugal, armado de material envelhecido e municiado para carreira de tiro ao alvo. Aconteceu o 9 de Abril de 1918. A data obteve a honra de ser dia feriado nacional. Assim se engrandeceu a bravura do Povo, com mortos e feridos e se encobriu a falta de capacidade governativa, responsável pelo desastre sofrido pelo denodo português.
A descida moral, continuou. Em 19 de Outubro de 1920, a anárquica camioneta, saída do Arsenal do Alfeite, pegou no Primeiro Ministro Dr. António Granjo e mais quatro ex- ministros e foi-os furando de balas, nas ruas de Lisboa, incluindo o comandante do 5 de Outubro de 1910, Almirante Machado Santos. Acontecimento, no mandato de Presidente da República, do Dr. António José de Almeida, ( 1919-1923 ) o vaticinador que bastaria o abate da Monarquia, para todos os problemas nacionais serem solucionados … A inversão à promessa… A dependência do Povo inocente, para a incógnita do « amanhã encoberto »…
O idealismo, solitário de escrúpulos, falho no conhecimento administrativo, desprovido de moralidade patriótica, teimoso a conduzir Portugal ao bel-prazer de convicções estéreis, empurrava o País para a inicial situação, anterior a 1140. O General, depois Marechal, Gomes da Costa, susteve-o. À vista de portugueses e estrangeiros.
Restrito número de Portugueses, não aprovou. Os «Senhores das ideias», reprovam a materialidade dos valores sociais, quando falam ao Povo. Na vida privada, porém, o bem-estar material, é bem vindo, sob todos os aspectos, salientando-se casa de bons cómodos e mesa farta e seleccionada. E enriquecer… não é pecado… Porque a ideia tem franca validade, no acto de ganhar dinheiro de contado, mesmo que não fale na pureza da verdade.
Estamos a terminar o resumo do 2º período, atravessado por Portugal, no primeiro quarto do século XX. Não descrevemos o muito sangue derramado, os bombardeamentos de Lisboa, por navios de guerra portugueses, da falta de alimentos à população, dos atentados com explosivos, das traições à ordem e à disciplina das revoltas provocadas pelo Sol russo. Se o Povo ler estes escritos, tem muito que pensar, para vir a entregar o seu voto em chamadas futuras. Os dois restantes períodos, ficarão para outra crónica.
Até próximo.

Nº 119 ADMINISTRAÇÃO, É CIÊNCIA… VISIONÁRIA… OU VIÁVEL?...

A nossa História do Século XX, contém abundância de ensinamentos aproveitáveis à geração presente e às vindouras a esgaravatar os melhores meios de reunir a independência ao modo da nossa naturalidade. As irreflexões desta época, porém, não prenunciam facilidades aos nossos descendentes.
O que temos descrito e transcrito, evidenciam as pouco fiáveis bases, de firmeza não confortável, para uma continuidade da civilização convergente com a esperança das melhorias humanas, individuais e colectivas, numa perenidade abençoada e garantida.
As arremetidas das ideias, esbarram, continuamente, com as barreiras da matéria, fria e desconsolada, a aguardar a mão do Homem para movimentar a inércia, necessitada do trabalho e da diligência, para tomada de posição.
Derrubado o muro monárquico, em 1910, presumível culpado do sufoco dos idealismos avançados, os auto heroificados, depararam-se com a extensão infinita dos vários ramos da matéria para remover, delinear, esculpir e envernizar. As certezas, garantidas por muitos anos de discussões e empecilhos aos que detinham o poder de solucionar as encrencas dos modestos rendimentos do País, esvaíram-se de forma repentina e inesperada.
Assinada a Constituição, em 1822, o misto de República com Rei e Monarquia sem trono e poder definido, amansou, por algum tempo, os tentados às saliências políticas. Os partidos emergentes, todavia, desejosos de mostrar motivos racionais na assinatura de D. João VI, desfiguraram o regime e desnortearam a autoridade.
A inexperiência de funções administrativas dos vencedores, a surpresa de não encontrarem no Erário Público, as verbas contadas, necessárias e suficientes para cobrirem as aplicações concebidas no seu pré-imaginário, caíram mal na ânsia de remodelar o que lhes parecia simples alteração de nomes e opiniões. Não se resignaram com o presenciado à vista desarmada e nas carências obrigadas a serem delegadas para o Povo, que ripostou, mal disposto, a ter de pagar tamanha carga do bolso magricela por infelicidades anteriores e, ainda sofrer o vácuo no estômago, com a falta dos víveres essenciais.
Já relidas as consequências sangrentas a dizimar bons portugueses em atentados e revoltas e a fanatizar outros, para a incógnita, ou esfinge de Moscovo.
Nas nossas preces, defronte ao altar da História, rogamos luzeiro que nos permitisse entrever modo de «limpar» as atitudes menos felizes, até apátridas e estancar o aparelho reprodutor de traições à vida, e à ordem social, para que o trabalho do Povo pudesse, livre e serenamente, obter o rendimento que lhe saciasse as carências e aniquilasse o amesquinhamento visível no rosto dos estrangeiros e secasse a lágrima dos verdadeiros portugueses.
Cremos que o Dr. Oliveira Salazar, tenha ajoelhado a pedir amparo, para ir por diante com as reformas indispensáveis à incumbência que lhe fora proposta. O processo de «saúde pública»- paz e finanças - teria de avançar, evitando as interrupções guerrilheiras dos «Senhores das Ideias». Parar…perder tempo em consertos, prometeria o fracasso.
Polícia foi reorganizada, em primeiro lugar, para conter as investidas dos «amigos» da jovem, mas activa, União Soviética, desejosa de semear os ideais que estava a experimentar, por força de espadeiradas, traições, golpes sectários e explosivos. Os meios de imposição, não tinham limites, tanto, lá longe nas estepes, como cá dentro, do Minho ao Algarve. A «esquizofrenia», de adiantar o relógio da imaginada modernidade, atacava os cérebros contaminados na epidemia dos fundos públicos serem ilimitados, na fasquia alta de posses e redistribuições.
Aos elementos que trabalhavam ao serviço da ordem, chamou-se-lhes PVDE ( Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, mais tarde, PIDE, Polícia Internacional de Defesa do Estado), com
iguais fins do SIS actual ( Serviço Internacional de Segurança ).
Fácil de entender que esta última, recusa parentesco com as anteriores. Começou com determinado alcance, para o bem público, mas se o fim presente, tender para agravamento, as responsabilidades, crescerão. Os títulos, porém, avisam para o fim unificado de «defender o Estado», o cidadão.
Será o que aconteceu à PIDE. Os nomes diferem, mas a finalidade é, aparentemente, a mesma. Aos infractores, competirá o crescimento ou corte da legislação a vigorar no SIS.
A PIDE, segurou o Império e permitiu rendimento as contribuições do Povo Mal lhe roubaram a autoridade, os deslumbrados com o SOL russo, despiram Portugal do que lhe pertencia, por direito e custos de sangue, suor, lágrimas esguichadas para mais salgar o «mar salgado».
A perturbação dos nossos dias, interroga a posição mais acertada, onde deva caber a autoridade, prestável à obediência. É uma luta derramada por impulsos, os mais questionáveis na cirurgia de separar o imaginário, da realidade. A ilusão está que ambos parecem conviver juntos, pela aproximação do viável, mas desencontram-se, quanto à matéria produzida.
A destrinça da melhor opção, situar-se-á, a traços largos, nos três conceitos, que têm arrepelado as inteligências mais marcantes dos últimos 3 séculos:
1) -Se nas mentes melhor preparadas na gerência da mecanização científica, da técnica, da sensatez em cada acto responsável, se dirige a um bem comum e superior chamado Nação ;
2) - se ao jeito da vontade individual, dispersa e irregular, se exigem direitos, sobrepostos ao cumprimento dos deveres gerais;
3) –Se numa contrapartida de pesos a medir em data incerta, se permitem acender egocentrismos no rendimento do trabalho, se intercalam emendas inoportunas nos regulamentos determinados por lei emanada duma entidade eleita e se pode desajustar, em qualquer tempo, a evolução da pessoa e dos pacatos cidadãos.
Esta vicissitude embaraçosa, foi experimentada no Portugal do Século XX. Por quem não possuía «bagagem psicológica», nem educativa, para tamanha tarefa. O desaire aconteceu…
O Povo, que paga em dinheiro contado, até ao centavo, tem por onde escolher.
Até próximo.

1 de abril de 2007

Nº 118 ADMINISTRAR, TEM OPÇÕES : IDEIAS?... IDEOLOGIAS?... PAZ?... ERÁRIO?... DIREITOS DAS GENTES?...

O cargo de administrador toma, de frente, a responsabilidade de levar por diante, a justa medida do que, em realidade existe, impedindo desvalorizar a pertença de determinada entidade. Não é, somente escriturar o «débito e o crédito». Obriga a atender o primeiro, na crueza dos compromissos assinados e o segundo, como respeito e seguro do que mais convém à personalização do proprietário.
Um País, não só representa uma «pátria», juridicamente constituída, como um parceiro na «mesa grande» do convívio internacional. A administração interna, depende dos cidadãos que se aprontam para gerir os bens derramados pelas diferentes classes sociais, aplicando as leis mais concordes com os usos, costumes e temperamentos psicológicos do mesmo tronco ou reunião de raças com afinidades temperamentais.
Há, porém, em todas as «Pátrias» a lei geral, de à maioria dos habitantes, depender as decisões de compra e venda do património ou de um «Governo» aprovado perante a Lei, com o compromisso de seguir critério lucrativo e das beneficiações a juntar aos interesses inteiros, dignos de consideração dos nacionais e dos parceiros das outras nações.
As transcrições históricas feitas nas nossa últimas crónicas, são claro acordo do critério administrativo posto em prática, após 1910, não condizer com os visionários antecessores à queda da Monarquia. Uma antevisão, diz respeito à volatilidade do pensamento e outra põe em prática a harmonia na sociedade..
Normal, portanto, ser uma ideia, por muito atractiva que pareça, a merecedora de servir o bem da comunidade.
Anos antes do regicídio, ideias uniram-se, dando lugar a «ideologias» diferentes, cada qual a prometer mais do que a realidade materializada tinha para dar. Uma luta persistente, sanguinolenta, que esvaziou, em 16 anos (1910-1926), o pouco que continha o erário público, atrasando a evolução imaginada e, abrindo sinais evidentes de resultados escorregadios para a decadência total…
A conter o desaforo do querer impor o mítico a evoluir no azul dos céus, sobreposto à matéria visível e tocável, aconselhava a que juízo com os pés na terra, passasse a orientar a arte de gerir o que realmente estava em posse da Nação e lhe permitisse manter a existência, recordando a História de Portugal que iluminou o Mundo e descerrou o cartapácio da ciência.
Tomando essa sensata responsabilidade, a sério, em 28 de Maio de 1926. o Marechal, Manuel Gomes da Costa, tendo como única fortuna o seu ordenado, como sustento da família, investiu contra «os políticos e as políticas» em vigor e fez parar a desordem volúvel, à solta da autoridade e das simpatias do Povo sofredor e pagante.
Continuar com a mesma condescendência, colaboradora de conflitos, matanças e perseguições, seria concordar com o que acabava por ser destituído. O regresso à acalmia, estava no programa de ser o primeiro passo a estancar a avalancha da desordem que se aprestava a vigorar como Lei aprovada.. .
Os «amigos de Moscovo», os organizados para transferir a independência de Portugal para o «Sol resplandecente» nos ideais embandeirados da grande nação russa, teriam de desistir das suas infiéis intenções. O rebentamento de bombas, atentados terroristas, sublevações nos quartéis e correrias nas ruas e avenidas, em Lisboa e principais cidades portuguesas, ou teriam de acabar, ou os responsáveis sujeitar-se-iam às consequências atribuídas aos «fora da lei», contrários aos sentimentos do Povo, teimoso em ocupar uma Nação independente, com as leis do seu lado e o progresso no seu futuro.
Nessa livre escolha, o Povo, cansado da ensanguentada balbúrdia sofrida de 1910 a 1926, agradeceu o acto nacionalista de Gomes da Costa. Já era bom, gozar de paz. Mas queria mais.
A vivência no trabalho, nos lares, no dia a dia, porém, não recebera o benefício do conforto que une o indivíduo ao semelhante, da Família aos vizinhos, dos agregados a formarem vilas e cidades. As maçãs do rosto salientes e as cores macilentas, pediam pão…
O Marechal Gomes da Costa, militar de um só rosto, pensara que a sua pureza humana, seria suficiente para completar o que, sob o seu comando, cortara no desmazelo e incúria. Confessava que pouco sabia de contabilidade e, até «no plantar uma couve».
Ao seu «movimento» baptizou de «ditadura». Já o Dr. Afonso Costa, um dos « Senhores das Ideias», antes e depois de 1910, quando em 1913, foi chamado para presidir ao «Governo» resolveu, para vencer a desordem e amealhar nos cofres do Estado, usou do poder ditatorial. Por isso foi destituído pelo Dr. António José de Almeida e camaradas.
Em 1915, também se pôs de pé, a «Ditadura Democrática», com resultados invisíveis, ao pretender agradar ao idealismo e, no mesmo plano, juntar a realidade das fontes de receita. O sumiço dos dinheiros públicos na mesma proporção dos inícios da República, alertou que o caminho estava mal delineado.
A gerência de valores individuais e colectivos, não se pode superiorizar à realidade do que os nossos sentidos, têm o privilégio de captar. A defesa das ideias, será, porventura, um capricho, uma ambição, iguais a tantos outros. Pois que seria impossível aplicá-los todos em simultâneo e na barafunda de a maior quantidade surgir de cérebros impreparados para avaliar motivos, coerência e mérito.
Depois de implantada a ordem em 1926, com o título de «Ditadura», - como poderia ter sido «Pacificação» - houve que incluir nas intenções, o equilíbrio das contas do Estado.
As contribuições resultantes do desembolso das algibeiras do Povo, malbaratadas nas revoltas e atentados, tinham de ser bem administradas, para que este pudesse usufruir das regalias ambicionadas pelas pessoas individuais e colectivas. Procurar alguém preparado para o efeito, durou 2 anos. De 1926 a 1928.
Preferido, o Dr. António de Oliveira Salazar. Depois de muito instado pelo Engº Duarte Pacheco, por consciência, tomou o comboio para S. Bento.
O Marechal Gomes da Costa, encarregara-se de repor a paz interna, regulando o discernimento, até então a alternar o idealismo e a dissimulada ditadura democrática, sem atender ao tratado da alma humana. Competiria ao novo «Administrador dos bens públicos», acertar a técnica necessária para, também conseguir agradar ao «débito» avantajado dos compromissos da Nação e aos «créditos« proveniente dos recursos modestos de quem os paga, pelo custo do trabalho produzido.
Até próximo.