Nº 122 SUBESTIMAR… PARA MANDAR… A EDUCAÇÃO TRAVA A LINGUAGEM E … O MAU
Nossos olhos, fitam o livro UMA TREPA HISTÓRICA, do Dr. José d´Arruela, advogado, fundador do jornal Correio da Manhã, de vida curta, jornalista e conferencista de mérito. Edição de 1942. Em plena Segunda Grande Guerra Mundial.
Trata o texto, do existência do «Mapa Cor de Rosa, que deu lugar ao «Ultimatum» Inglês de 1890, motivo agarrado pelos republicanos, para denegrirem o Rei D. Carlos, fomentarem o assassinato em 2 de Fevereiro de 1908 e mandarem embarcar na Ericeira, destino ao exílio, o filho, D. Manuel II e restante família.
Não tem como fulcro, o período de 1926 a 1934, por que passou o nosso País, no Século XX.
Mas contém uma frase, uma única, referente ao Primeiro Ministro Português, que pensamos de boa ética transcrevê-la na íntegra, pois nos parece ter sido escrita para ser enquadrada nas questões destas nossas últimas crónicas:
Bastantes responsabilidades já pesam sobre o honrado e ilustre nome do que foi, pessoalmente, o encantador estadista Barros Gomes – a cuja memória me é sempre grato pagar a dívida de recordação do carinho com que sempre acariciava a criança, desse há quase meio século; bastantes responsabilidades, bem dignas de consciencioso estudo - pesam já sobre o papel desempenhado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da era trágica de 90 – para vir um historiador qualquer assacar-lhe ainda a acusação de concebidor, de improvisador dum Mapa – cuja tentativa tardia de realização ou execução, trouxe ao nosso adorado País, o agravamento de tantas horas e anos da maior anarquia – de toda a anarquia com que foi entretecida, atribulada e agitada, a minha e subsequentes gerações – até à Era de Salazar – que Deus prolongue por muitos anos – porque sem ele, regressaríamos ao caos, em que estávamos.
Este livro contém aprovações escritas e responsáveis, de personalidades eminentes na época:: Virgínia Victorino, Henrique de Paiva Couceiro, Rui Ennes Ulriche, Hipólito Raposo, Augusto de Castro, Cristóvão Aires, Luís Vieira de Castro, Alberto Pinheiro Torres, Afonso de Melo, Dias Pereira, Carlos Roma Machado Faria e Maia, Marcus Cheke ( da embaixada inglesa), Augusto de Vasconcelos, Pedro Correia Marques, Hernâni Cidade, Julião Quintinha, Azeredo Perdigão, João de Deus Ramos, Carlota de Serpa Pinto e muitos mais. Também do Jornal de Notícias, Diário de Lisboa, Jornal do Comércio.
Pessoas que subiram a escada de evidência social, por mérito próprio, ou por catapulta esporádica, devem ser recordados, como opiniões dos sucessos ou fracassos das suas épocas. São as testemunhas a quem pode ser dedutível o crédito no aceite da verdade.
No final da nossa última crónica, apontamos os «fundadores» da Polícia Protectora do Estado – os seduzidos e petrificados pela « aurora boreal » de passagem fugidia nas estepes russas. Esta, tomou o primeiro nome de PVDE ( Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), alcunhada de PEVIDE, mais tarde a PIDE, dispensada de tradução por extenso.
Os anos trinta, do Século XX, pesavam inquietações, em todo o Mundo. Ensurdeciam as incertezas do futuro, depois do Armistício da Primeira Grande Guerra e dos descontentamentos na Europa. A fome, não é pacífica, nem boa conselheira.
Feridas em aberto, poucos capitais para bálsamos e já a vozearia de Mussolini na Itália e Hitler na Alemanha, ecoava a preanunciar nuvens tempestuosas e insubordinações aos armistícios impostos no terminar da guerra e dar começo ao «aperto dos cintos» da classe que implorava trabalho.
A espionagem empertigou-se, empregava milhares de especialistas para sondar pensamentos e locais de atentados à acalmia. De todas as facções. E Portugal era obrigado a defender o seu património e a paz, restabelecida em 1926.
Lisboa era centro dos peritos na matéria. O fogo fátuo russo, que o idealismo metamorfoseou no bem estar, ansiosamente aguardado após a I Grande Guerra, parecia o SOL da esperança e exercia atracção na órbita dos contrafactores da serenidade, da disciplina, «imperadores ou ditadores» da «mecanização social».
O íman do retorno à anarquia de 1910 a 1926, engatinhava na aparência , mas crescia em actividade. E tanto insistiu, que fez surgir a Polícia, como autoridade a deter abusos. Terá excedido as suas funções, mas só aos que se opuseram à obediência. Que se destaquem os inocentes a faltas contra os interesses da Nação, sofredores da presença da PIDE…
De relâmpago, vem-nos à memória, o escravo e Fabulista ESOPO ( Século VI A.C.). Ele próprio, ou personagem de uma das suas fábulas/ didáticas, recebeu do seu Senhor, a ordem de confeccionar o melhor manjar para convidado importante e amigo. ESOPO, (ou o personagem), apresentou: - «língua».
O mesmo Senhor, para outro repasto, com pessoa não grata, pediu a pior iguaria. O prato cozinhado, foi: - «língua».
A Senhor, não satisfeito, repreendeu :- Esopo, então, o mesmo prato para o melhor e para o pior?
Resposta do escravo, mordomo ou serviçal ESOPO, talvez a medo, talvez não : Meu amo, que tem o Homem, para oferecer ao seu semelhante, senão, «língua» para o agrado e «língua» para a ofensa ou traição?...
Muito ensinam, desde há 2500 anos as fábulas do desconjuntado físico, mas afinadíssima intuição doutrinária, daquele cérebro de excepção.
Amava a verdade e, desprovido de influência directa nas boas maneiras sociais, transmitia o que lhe ia na alma atribulada pelas desditas do nascimento, por intermédio de personagens alegóricos, plenos de moral e bom senso.
Condenado à morte por sacrilégio que terá ou não cometido. Às inteligências correctoras ou amansadoras dos intempestivos temperamentos humanos, é-lhes colado o anátema de foras da lei. O irrequietismo, não quer ser peado pela razão; sente-se bravo no salpico do bem e do mal, sem obedecer à distinção do civismo, da autoridade … da faltosa e arruaceira descortesia. O turbulento, açula a multidão iletrada, para surripiar lugar lucrativo e leccionador do seu temperamento buliçoso. Para, na polvorosa que criou, se apresentar como «salvador da Pátria» que só conhece de nome e de figura teatral.
O Dr. António de Oliveira Salazar, foi um administrador intransigente da Lei. Merecia ser melhor estudado, em especial por quem o pretenda denegrir, sem o adequado nexo. Português de Lei.


