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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

1 de abril de 2007

Nº 118 ADMINISTRAR, TEM OPÇÕES : IDEIAS?... IDEOLOGIAS?... PAZ?... ERÁRIO?... DIREITOS DAS GENTES?...

O cargo de administrador toma, de frente, a responsabilidade de levar por diante, a justa medida do que, em realidade existe, impedindo desvalorizar a pertença de determinada entidade. Não é, somente escriturar o «débito e o crédito». Obriga a atender o primeiro, na crueza dos compromissos assinados e o segundo, como respeito e seguro do que mais convém à personalização do proprietário.
Um País, não só representa uma «pátria», juridicamente constituída, como um parceiro na «mesa grande» do convívio internacional. A administração interna, depende dos cidadãos que se aprontam para gerir os bens derramados pelas diferentes classes sociais, aplicando as leis mais concordes com os usos, costumes e temperamentos psicológicos do mesmo tronco ou reunião de raças com afinidades temperamentais.
Há, porém, em todas as «Pátrias» a lei geral, de à maioria dos habitantes, depender as decisões de compra e venda do património ou de um «Governo» aprovado perante a Lei, com o compromisso de seguir critério lucrativo e das beneficiações a juntar aos interesses inteiros, dignos de consideração dos nacionais e dos parceiros das outras nações.
As transcrições históricas feitas nas nossa últimas crónicas, são claro acordo do critério administrativo posto em prática, após 1910, não condizer com os visionários antecessores à queda da Monarquia. Uma antevisão, diz respeito à volatilidade do pensamento e outra põe em prática a harmonia na sociedade..
Normal, portanto, ser uma ideia, por muito atractiva que pareça, a merecedora de servir o bem da comunidade.
Anos antes do regicídio, ideias uniram-se, dando lugar a «ideologias» diferentes, cada qual a prometer mais do que a realidade materializada tinha para dar. Uma luta persistente, sanguinolenta, que esvaziou, em 16 anos (1910-1926), o pouco que continha o erário público, atrasando a evolução imaginada e, abrindo sinais evidentes de resultados escorregadios para a decadência total…
A conter o desaforo do querer impor o mítico a evoluir no azul dos céus, sobreposto à matéria visível e tocável, aconselhava a que juízo com os pés na terra, passasse a orientar a arte de gerir o que realmente estava em posse da Nação e lhe permitisse manter a existência, recordando a História de Portugal que iluminou o Mundo e descerrou o cartapácio da ciência.
Tomando essa sensata responsabilidade, a sério, em 28 de Maio de 1926. o Marechal, Manuel Gomes da Costa, tendo como única fortuna o seu ordenado, como sustento da família, investiu contra «os políticos e as políticas» em vigor e fez parar a desordem volúvel, à solta da autoridade e das simpatias do Povo sofredor e pagante.
Continuar com a mesma condescendência, colaboradora de conflitos, matanças e perseguições, seria concordar com o que acabava por ser destituído. O regresso à acalmia, estava no programa de ser o primeiro passo a estancar a avalancha da desordem que se aprestava a vigorar como Lei aprovada.. .
Os «amigos de Moscovo», os organizados para transferir a independência de Portugal para o «Sol resplandecente» nos ideais embandeirados da grande nação russa, teriam de desistir das suas infiéis intenções. O rebentamento de bombas, atentados terroristas, sublevações nos quartéis e correrias nas ruas e avenidas, em Lisboa e principais cidades portuguesas, ou teriam de acabar, ou os responsáveis sujeitar-se-iam às consequências atribuídas aos «fora da lei», contrários aos sentimentos do Povo, teimoso em ocupar uma Nação independente, com as leis do seu lado e o progresso no seu futuro.
Nessa livre escolha, o Povo, cansado da ensanguentada balbúrdia sofrida de 1910 a 1926, agradeceu o acto nacionalista de Gomes da Costa. Já era bom, gozar de paz. Mas queria mais.
A vivência no trabalho, nos lares, no dia a dia, porém, não recebera o benefício do conforto que une o indivíduo ao semelhante, da Família aos vizinhos, dos agregados a formarem vilas e cidades. As maçãs do rosto salientes e as cores macilentas, pediam pão…
O Marechal Gomes da Costa, militar de um só rosto, pensara que a sua pureza humana, seria suficiente para completar o que, sob o seu comando, cortara no desmazelo e incúria. Confessava que pouco sabia de contabilidade e, até «no plantar uma couve».
Ao seu «movimento» baptizou de «ditadura». Já o Dr. Afonso Costa, um dos « Senhores das Ideias», antes e depois de 1910, quando em 1913, foi chamado para presidir ao «Governo» resolveu, para vencer a desordem e amealhar nos cofres do Estado, usou do poder ditatorial. Por isso foi destituído pelo Dr. António José de Almeida e camaradas.
Em 1915, também se pôs de pé, a «Ditadura Democrática», com resultados invisíveis, ao pretender agradar ao idealismo e, no mesmo plano, juntar a realidade das fontes de receita. O sumiço dos dinheiros públicos na mesma proporção dos inícios da República, alertou que o caminho estava mal delineado.
A gerência de valores individuais e colectivos, não se pode superiorizar à realidade do que os nossos sentidos, têm o privilégio de captar. A defesa das ideias, será, porventura, um capricho, uma ambição, iguais a tantos outros. Pois que seria impossível aplicá-los todos em simultâneo e na barafunda de a maior quantidade surgir de cérebros impreparados para avaliar motivos, coerência e mérito.
Depois de implantada a ordem em 1926, com o título de «Ditadura», - como poderia ter sido «Pacificação» - houve que incluir nas intenções, o equilíbrio das contas do Estado.
As contribuições resultantes do desembolso das algibeiras do Povo, malbaratadas nas revoltas e atentados, tinham de ser bem administradas, para que este pudesse usufruir das regalias ambicionadas pelas pessoas individuais e colectivas. Procurar alguém preparado para o efeito, durou 2 anos. De 1926 a 1928.
Preferido, o Dr. António de Oliveira Salazar. Depois de muito instado pelo Engº Duarte Pacheco, por consciência, tomou o comboio para S. Bento.
O Marechal Gomes da Costa, encarregara-se de repor a paz interna, regulando o discernimento, até então a alternar o idealismo e a dissimulada ditadura democrática, sem atender ao tratado da alma humana. Competiria ao novo «Administrador dos bens públicos», acertar a técnica necessária para, também conseguir agradar ao «débito» avantajado dos compromissos da Nação e aos «créditos« proveniente dos recursos modestos de quem os paga, pelo custo do trabalho produzido.
Até próximo.