Nº 48 O CUSTO DA PAZ ( 5)
Falar em custos, adverte cautela. Quanto?
A pergunta, de chofre, prevê numerário, ou pronto pagamento que, na voz corrente, liquida compromissos até às dívidas avelhentadas.
Nestas crónicas, mais de uma vez, ateimámos definir Paz. Chamámo-la mentirosa, fugidia e... leve, aérea de cuidados aguerridos.
A seguir, usámos condescendência e explicámos que não era, unicamente dinheiro, havia que contar com Inteligência, Honestidade, Ponderação. Para variar, na crónica Nº 41, admitimos que Paz gosta da verdade, mas faz «vista grossa» à mentira, porque guerra expulsa suores frios e abusa de contracções, além de incómodas, cooperantes com a fuga.... deslustre da coragem .
Acabámos por concordar, porém, que Paz, não é subserviência. Estender a mão, a esmola ou empréstimo, só pode entender-se como decaimento passageiro, a corrigir por esforço de recuperação a prazo e vontade sincera de não dever nada a ninguém, para se não sujeitar a descer às consequências atribuídas aos de má fé.
Haverá para a palavra COERÊNCIA, mais atributos exclusivos para definir o estado da boa harmonia das gentes e das nações?
Não respondemos, nem sim, nem não. Cumpre-nos, agora, continuar com o Dr. Franco Nogueira e, mais tarde fazer reparos.
A Assembleia Nacional, condenou a ocupação de Timor e aprovou a orientação do governo. Em 22 de Dezembro, Armindo Monteiro recebe um protesto escrito para entregar ao governo de Londres e o governo inglês entrega-lhe um memorando de explicações e defesa, em que se confessa profundamente desgostoso por um acto contra o qual o governo português está inteiramente justificado em protestar.
Além do protesto, Lisboa pede a retirada dos efectivos desembarcados e informa que serão substituídos pelo dobro de tropas portuguesas.
Tóquio é avisado dos acontecimentos à revelia da autoridade portuguesa, o qual replica que respeita a soberania portuguesa, mas que se não for possível resolver a grave situação, em breve, as forças nipónicas atacariam holandeses e australianos. .
Os ingleses estão receosos e não excluem um corte de relações por parte do governo de Lisboa, que não transige, pois é preciso não confundir, diz a Monteiro, consciência e interesses nacionais, com servilismo pró britânico. Monteiro defende cedência de compromisso, para não antagonizar a Inglaterra.
O chefe do governo cinge-se a informar Monteiro, em 31 de Dezembro de 1941, de que as forças portuguesas estão prontas para embarcar para Timor. Na segunda quinzena de Janeiro de 1942, o navio João Belo, sai de Lisboa, comboiado pelo aviso Gonçalves Zarco, levando os soldados portugueses.
Surgem múltiplos problemas para Portugal, no ano de 1942, ao desenvolver-se a guerra, em várias frentes.
Continuam as cobiças pelos Arquipélagos do Atlântico, que se estendem a Lourenço Marques, Beira, Lobito, pela Rodésia e África do Sul e de Macau, pelo Japão. Dificuldades de adquirir armas e munições. Os bloqueios inglês e americano, a travar o abastecimento, dificuldades internas, económicas, comunicações marítimas, a questão de Timor e com a vizinha Espanha. O Japão poderia ter declarado guerra, quando da ocupação pelos australianos e holandeses e, pelo jogo das alianças, a Alemanha poderia ter tomado igual atitude, pela mesma razão. Portugal poderia ter entrado na guerra, ao lado da Grã Bretanha, o que levaria a Espanha para o lado da Alemanha e, portanto, a um embate com Portugal. Não cessam as pressões germânicas em Madrid e o governo de Lisboa está informado que Berlim perguntara ao Governo Espanhol qual a atitude deste nos seguintes casos: ocupação pelos anglo-americanos dos Arquipélagos portugueses do Atlântico; desembarque daqueles em Portugal, ou ataque à zona espanhola de Marrocos. Respondera Madrid que nos dois primeiros casos auxiliaria Portugal e o último, seria a entrada da Espanha na guerra.
Em 11 de Novembro de 1942, Francisco Franco e Dr. Oliveira Salasar, encontram-se em Sevilha. O «comunicado», reafirma política comum, confirmada pela «palavra» dos dois Homens, que confiam um no outro.
A 19 de Fevereiro de 1942, o Ministro do Japão em Portugal, informa o Ministério dos Estrangeiros de que as forças armadas nipónicas, se tinham achado «obrigadas» a desalojar holandeses e australianos do Timor português. Invasão disfarçada de legítima defesa. O chefe do governo português responde que o governo nipónico sabia estarem a caminho, já no Oceano Índico, forças portuguesas para substituírem as que lá estavam, não tendo, fundamento, portanto a pretexto invocado e exprime a sua surpresa e protesta. A 21 de Fevereiro de 1942, o Primeiro Ministro, perante a Câmara dos Deputados, diz que não há direitos de estratégia contra a soberania das nações e a violação de um direito por uns, não legitima a violação do mesmo ou de diverso direito por outros e as declarações amigáveis de Tóquio e os propósitos expressos de abandonar Timor não podem fazer calar o nosso protesto e abafar a nossa mágoa.
Embaraço em Lisboa e em Londres. Qual o destino a dar aos expedicionários portugueses, a bordo do João Belo? Regresso a Lourenço Marques, pareceria humilhante. Aportar a Timor? Aceitar a coexistência com os Japoneses se estes teimarem em permanecer, ou combatê-los, a iniciar guerra com o Japão?. Decidido aportar a Ceilão, até esclarecimento completo. O embaraço de Londres é, também grande. Confessavam-se os ingleses culpados de terem sido eles a colocar os portugueses «nesta trapalhada» e sem resultado, pois os australiano e holandeses, mal avistaram a armada nipónica, fugiram, ou renderam-se.
O Embaixador em Lisboa, Campbell, pretende intrometer-se na política interna portuguesa e tem reuniões com grupos de portugueses. E exterioriza que o Dr. Salazar se está tornando se não louco, pelo menos anormal e é um homem exasperante. O embaixador inglês em Madrid, é convidado a visitar Lisboa, para conversas confidenciais com o chefe do governo. Armindo Monteiro, em Londres, critica a «neutralidade geométrica» do Dr. Salazar e considera « grave erro » a orientação seguida e acha que Portugal está a trair a aliança inglesa para cair nos braços da Alemanha
No verão de 1942, o Brasil declara guerra à Alemanha, dificultando a neutralidade portuguesa. Em Setembro de 1942, Franco reafirma a política ajustada com Portugal, o que significa afastamento da guerra
Campbell, o embaixador que dizia de Salazar, se não louco, etc., escreve para Londres: em nenhum outro domínio se afirmou com mais êxito, o génio político do Dr. Salazar.
Em muitos círculos estrangeiros há a opinião de que, como nos tempos da guerra civil espanhola, o chefe do governo de Lisboa, continua a ser o Ministro dos Estrangeiros de Portugal e da Espanha.
E pronto, por hoje. O que pensará quem ler estes acontecimentos, de há 63 anos? Simples recordação, ou valerá a pena tirar ilações?
A COERÊNCIA, é uma qualidade de excepção. O Mundo, em Paz, sente um vazio no preciso para acreditar. Na conturbação da guerra, mais se faz sentir essa falha. Na guerra de 1939 a 1945, pelo que temos constatado até ao momento, o chefe do governo português, mostrou ser, de entre os responsáveis máximos, incluindo os dos outros países, o mais COERENTE. Honra, lhe seja.
A pergunta, de chofre, prevê numerário, ou pronto pagamento que, na voz corrente, liquida compromissos até às dívidas avelhentadas.
Nestas crónicas, mais de uma vez, ateimámos definir Paz. Chamámo-la mentirosa, fugidia e... leve, aérea de cuidados aguerridos.
A seguir, usámos condescendência e explicámos que não era, unicamente dinheiro, havia que contar com Inteligência, Honestidade, Ponderação. Para variar, na crónica Nº 41, admitimos que Paz gosta da verdade, mas faz «vista grossa» à mentira, porque guerra expulsa suores frios e abusa de contracções, além de incómodas, cooperantes com a fuga.... deslustre da coragem .
Acabámos por concordar, porém, que Paz, não é subserviência. Estender a mão, a esmola ou empréstimo, só pode entender-se como decaimento passageiro, a corrigir por esforço de recuperação a prazo e vontade sincera de não dever nada a ninguém, para se não sujeitar a descer às consequências atribuídas aos de má fé.
Haverá para a palavra COERÊNCIA, mais atributos exclusivos para definir o estado da boa harmonia das gentes e das nações?
Não respondemos, nem sim, nem não. Cumpre-nos, agora, continuar com o Dr. Franco Nogueira e, mais tarde fazer reparos.
A Assembleia Nacional, condenou a ocupação de Timor e aprovou a orientação do governo. Em 22 de Dezembro, Armindo Monteiro recebe um protesto escrito para entregar ao governo de Londres e o governo inglês entrega-lhe um memorando de explicações e defesa, em que se confessa profundamente desgostoso por um acto contra o qual o governo português está inteiramente justificado em protestar.
Além do protesto, Lisboa pede a retirada dos efectivos desembarcados e informa que serão substituídos pelo dobro de tropas portuguesas.
Tóquio é avisado dos acontecimentos à revelia da autoridade portuguesa, o qual replica que respeita a soberania portuguesa, mas que se não for possível resolver a grave situação, em breve, as forças nipónicas atacariam holandeses e australianos. .
Os ingleses estão receosos e não excluem um corte de relações por parte do governo de Lisboa, que não transige, pois é preciso não confundir, diz a Monteiro, consciência e interesses nacionais, com servilismo pró britânico. Monteiro defende cedência de compromisso, para não antagonizar a Inglaterra.
O chefe do governo cinge-se a informar Monteiro, em 31 de Dezembro de 1941, de que as forças portuguesas estão prontas para embarcar para Timor. Na segunda quinzena de Janeiro de 1942, o navio João Belo, sai de Lisboa, comboiado pelo aviso Gonçalves Zarco, levando os soldados portugueses.
Surgem múltiplos problemas para Portugal, no ano de 1942, ao desenvolver-se a guerra, em várias frentes.
Continuam as cobiças pelos Arquipélagos do Atlântico, que se estendem a Lourenço Marques, Beira, Lobito, pela Rodésia e África do Sul e de Macau, pelo Japão. Dificuldades de adquirir armas e munições. Os bloqueios inglês e americano, a travar o abastecimento, dificuldades internas, económicas, comunicações marítimas, a questão de Timor e com a vizinha Espanha. O Japão poderia ter declarado guerra, quando da ocupação pelos australianos e holandeses e, pelo jogo das alianças, a Alemanha poderia ter tomado igual atitude, pela mesma razão. Portugal poderia ter entrado na guerra, ao lado da Grã Bretanha, o que levaria a Espanha para o lado da Alemanha e, portanto, a um embate com Portugal. Não cessam as pressões germânicas em Madrid e o governo de Lisboa está informado que Berlim perguntara ao Governo Espanhol qual a atitude deste nos seguintes casos: ocupação pelos anglo-americanos dos Arquipélagos portugueses do Atlântico; desembarque daqueles em Portugal, ou ataque à zona espanhola de Marrocos. Respondera Madrid que nos dois primeiros casos auxiliaria Portugal e o último, seria a entrada da Espanha na guerra.
Em 11 de Novembro de 1942, Francisco Franco e Dr. Oliveira Salasar, encontram-se em Sevilha. O «comunicado», reafirma política comum, confirmada pela «palavra» dos dois Homens, que confiam um no outro.
A 19 de Fevereiro de 1942, o Ministro do Japão em Portugal, informa o Ministério dos Estrangeiros de que as forças armadas nipónicas, se tinham achado «obrigadas» a desalojar holandeses e australianos do Timor português. Invasão disfarçada de legítima defesa. O chefe do governo português responde que o governo nipónico sabia estarem a caminho, já no Oceano Índico, forças portuguesas para substituírem as que lá estavam, não tendo, fundamento, portanto a pretexto invocado e exprime a sua surpresa e protesta. A 21 de Fevereiro de 1942, o Primeiro Ministro, perante a Câmara dos Deputados, diz que não há direitos de estratégia contra a soberania das nações e a violação de um direito por uns, não legitima a violação do mesmo ou de diverso direito por outros e as declarações amigáveis de Tóquio e os propósitos expressos de abandonar Timor não podem fazer calar o nosso protesto e abafar a nossa mágoa.
Embaraço em Lisboa e em Londres. Qual o destino a dar aos expedicionários portugueses, a bordo do João Belo? Regresso a Lourenço Marques, pareceria humilhante. Aportar a Timor? Aceitar a coexistência com os Japoneses se estes teimarem em permanecer, ou combatê-los, a iniciar guerra com o Japão?. Decidido aportar a Ceilão, até esclarecimento completo. O embaraço de Londres é, também grande. Confessavam-se os ingleses culpados de terem sido eles a colocar os portugueses «nesta trapalhada» e sem resultado, pois os australiano e holandeses, mal avistaram a armada nipónica, fugiram, ou renderam-se.
O Embaixador em Lisboa, Campbell, pretende intrometer-se na política interna portuguesa e tem reuniões com grupos de portugueses. E exterioriza que o Dr. Salazar se está tornando se não louco, pelo menos anormal e é um homem exasperante. O embaixador inglês em Madrid, é convidado a visitar Lisboa, para conversas confidenciais com o chefe do governo. Armindo Monteiro, em Londres, critica a «neutralidade geométrica» do Dr. Salazar e considera « grave erro » a orientação seguida e acha que Portugal está a trair a aliança inglesa para cair nos braços da Alemanha
No verão de 1942, o Brasil declara guerra à Alemanha, dificultando a neutralidade portuguesa. Em Setembro de 1942, Franco reafirma a política ajustada com Portugal, o que significa afastamento da guerra
Campbell, o embaixador que dizia de Salazar, se não louco, etc., escreve para Londres: em nenhum outro domínio se afirmou com mais êxito, o génio político do Dr. Salazar.
Em muitos círculos estrangeiros há a opinião de que, como nos tempos da guerra civil espanhola, o chefe do governo de Lisboa, continua a ser o Ministro dos Estrangeiros de Portugal e da Espanha.
E pronto, por hoje. O que pensará quem ler estes acontecimentos, de há 63 anos? Simples recordação, ou valerá a pena tirar ilações?
A COERÊNCIA, é uma qualidade de excepção. O Mundo, em Paz, sente um vazio no preciso para acreditar. Na conturbação da guerra, mais se faz sentir essa falha. Na guerra de 1939 a 1945, pelo que temos constatado até ao momento, o chefe do governo português, mostrou ser, de entre os responsáveis máximos, incluindo os dos outros países, o mais COERENTE. Honra, lhe seja.



<< Home