Nº 46 O CUSTO DA PAZ ( 3 )
A Paz não se acanha a preferir a verdade. Sobreteima, apesar de estar convencida que: Nunca será o que parece...
E vai ao ponto de condescender, com ausência de cerimónias e delicadeza, no lançamento de rumores, notícias vagas, denúncias, censuras, argumentos falsificados, polémicas retumbantes no vácuo da fantasia, discórdias partidistas escalvadas, confraternizações de desdenhosos compadres malcontentes a desafiar cantigas de novas em catadupa...
A Paz, para parecer respeitável e tomar pose de valente, a tudo se presta. Gosta mais da verdade, mas não despreza a mentira. E, às vezes, junta-as na canção do « fazer das pazes», acobertando, assim, quaisquer vestígios dos medos agigantados, que aos interventores incomodou em suores frios e contracções no «fundo da agulha».
A nossa última crónica, finou-se com a transcrição do «Protocolo» para fortalecer o acordo dos Governos Português e Espanhol e acalmar Londres. A Guerra, contudo continuava.
A Alemanha nos Pirenéus, sob as ordens de Hitler, ataca, não ataca a Península, e a entrada da Itália na luta ajudam a complicar prognósticos.
O Embaixador, Armindo Monteiro, vem a Lisboa, receber instruções. Churchill, entende-as e acolhe com agrado a abertura de conversas de Estados Maiores. O generalíssimo Franco, tem entrevistas com Mussolini e o General Pétain, presidente da França capitulada.
O Governo Português, confirma o seu parecer de que à Espanha não convém entrar na Guerra. Pede paciência a Eden, novo Ministro a substituir Halifax.
Outra complicação surge: O Presidente Roosevelt, afirma em discurso, que se Portugal e Espanha forem invadidos, a América, seria forçada a aplicar ao Arquipélago dos Açores, a doutrina de Monroe.
A Alemanha, nervosa, quer saber pormenores. Responde o Governo Português, que o Arquipélago, continua a ser, militarmente reforçado e não se espera qualquer ataque.
O Foreign Office, publica: Ilhas Portuguesas são vitais para a batalha do Atlântico.
A Espanha, ao abrigo do acordo com Portugal, indaga do que há, sobre pretensões inglesas e americanas sobre as Ilhas Atlânticas. Sempre a mesma resposta, do governo português: Se alguma pressão vier a existir, o governo Português informará a Espanha, esperando que a Espanha tome igual atitude, em relação à Alemanha.
Não se dissipam os receios ingleses, sobre as intenções alemãs ao Continente Português e aos Açores. Uma manifestação pública e patriótica no Terreiro do Paço, acalma Londres que exprime: o respeito e a admiração que desperta em Inglaterra a política do chefe do governo na situação difícil e delicada de Portugal, actualmente.
Alguns departamentos ingleses, todavia, instigam os Estados Unidos, a ocuparem ou arrendarem bases nos Açores e em Cabo Verde. O senador americano Pepper, com o visto do Presidente, recomenda a ocupação dos Açores, Cabo Verde, Canárias e Dacar. O governo Português responde: condena a desenvoltura com que de vários lados se traça o destino de países estranhos ao conflito actual....... e que os Arquipélagos estão preparados para resistir a qualquer ataque de que porventura sejam objecto, embora o não espere.
Os Estado Maiores inglês e português discutem planos. O Português é preferido, por ser mais realista, com aprovação de Churchill e Eden. Enquanto que os ingleses se vão harmonizando com as directrizes mais sensatas portuguesas, o Presidente Roosevelt, em 27-o5-1941, salienta a: importância decisiva das Ilhas e ser indispensável evitar que o inimigo se instale numa posição que possa lançar ataques.
Neste mesmo dia, o governo português, faz saber em Londres, que não tendo as mesmas obrigações com a América, das que tem para com a Inglaterra, qualquer acto dos Estados Unidos será considerado de agressão ao território Português, com as lógicas reacções que o caso exigiria. O Ministro dos Negócios Estrangeiros inglês, Eden, concorda que Roosevelt, tratou a questão, sem cerimónia. O representante português em Washington, Bianchi, entrega uma nota ao Secretário de Estado Cordell Hull, a pedir esclarecimento se os Estados Unidos se atribuem o direito de resolver, unilateralmente como usar da força para se protegerem e protegerem outros, então esta doutrina pode ser havida como significando que uma grande nação pode cometer atropelo análogo do que se diz existir a ameaça por parte de terceiros países.
E em outra nota, para Londres, insiste: a neutralidade de Portugal, assenta na vantagem que a Inglaterra tem de manter uma Espanha neutral e esta é inevitável sem aquela; a ocupação dos Arquipélagos do Atlântico pela Inglaterra ou pelos Estados Unidos, levaria à ocupação de Portugal Continental por Alemães, o que o governo de Londres sabe não poder evitar; e a ocupação violenta pelos Estados Unidos, contra vontade portuguesa, é hipótese inconcebível que dificilmente se apresenta ao espírito como possível. Mas se esta hipótese se desse, Portugal resistiria e teria o direito de invocar as obrigações da aliança luso - britânica e não deixaria de o fazer. E nestas circunstâncias em que situação viria a encontrar-se a Inglaterra? .....
A invasão da Rússia, pelos Alemães, em 22-06-1941, preocupa Lisboa. Poderá arrastar o Japão e deste, os Estados Unidos. A Inglaterra declarara guerra à Alemanha, com participação da Rússia, quando da retaliação da Polónia e, agora a Inglaterra, pela autoridade de Churchill, sofrendo a mesma guerra, oferece solidariedade a Moscovo...
O governo de Lisboa, mantém a decisão de neutralidade.
Sobre os Açores, a atenção dos beligerantes não esmorece.
Em 8 de Julho de 1941, Roosevelt, escreve carta pessoal ao chefe do governo: Na opinião do Governo dos Estados Unidos, o exercício permanente e sem limitação dos poderes soberanos do Governo de Portugal, sobre o território de Portugal, os Açores e todas as colónias portuguesas, representa uma segurança completa para o Hemisfério Ocidental, no que respeita àquelas áreas. Em consequência, constitui firme desejo dos Estados Unidos que não seja violado o domínio soberano de Portugal, sobre aqueles territórios. O governo do Estados Unidos quer exprimir o seu agrado com as medidas de defesa dos Arquipélagos, e está pronto a auxiliar essa defesa, mas somente se o Governo de Lisboa o desejar.
E vai ao ponto de condescender, com ausência de cerimónias e delicadeza, no lançamento de rumores, notícias vagas, denúncias, censuras, argumentos falsificados, polémicas retumbantes no vácuo da fantasia, discórdias partidistas escalvadas, confraternizações de desdenhosos compadres malcontentes a desafiar cantigas de novas em catadupa...
A Paz, para parecer respeitável e tomar pose de valente, a tudo se presta. Gosta mais da verdade, mas não despreza a mentira. E, às vezes, junta-as na canção do « fazer das pazes», acobertando, assim, quaisquer vestígios dos medos agigantados, que aos interventores incomodou em suores frios e contracções no «fundo da agulha».
A nossa última crónica, finou-se com a transcrição do «Protocolo» para fortalecer o acordo dos Governos Português e Espanhol e acalmar Londres. A Guerra, contudo continuava.
A Alemanha nos Pirenéus, sob as ordens de Hitler, ataca, não ataca a Península, e a entrada da Itália na luta ajudam a complicar prognósticos.
O Embaixador, Armindo Monteiro, vem a Lisboa, receber instruções. Churchill, entende-as e acolhe com agrado a abertura de conversas de Estados Maiores. O generalíssimo Franco, tem entrevistas com Mussolini e o General Pétain, presidente da França capitulada.
O Governo Português, confirma o seu parecer de que à Espanha não convém entrar na Guerra. Pede paciência a Eden, novo Ministro a substituir Halifax.
Outra complicação surge: O Presidente Roosevelt, afirma em discurso, que se Portugal e Espanha forem invadidos, a América, seria forçada a aplicar ao Arquipélago dos Açores, a doutrina de Monroe.
A Alemanha, nervosa, quer saber pormenores. Responde o Governo Português, que o Arquipélago, continua a ser, militarmente reforçado e não se espera qualquer ataque.
O Foreign Office, publica: Ilhas Portuguesas são vitais para a batalha do Atlântico.
A Espanha, ao abrigo do acordo com Portugal, indaga do que há, sobre pretensões inglesas e americanas sobre as Ilhas Atlânticas. Sempre a mesma resposta, do governo português: Se alguma pressão vier a existir, o governo Português informará a Espanha, esperando que a Espanha tome igual atitude, em relação à Alemanha.
Não se dissipam os receios ingleses, sobre as intenções alemãs ao Continente Português e aos Açores. Uma manifestação pública e patriótica no Terreiro do Paço, acalma Londres que exprime: o respeito e a admiração que desperta em Inglaterra a política do chefe do governo na situação difícil e delicada de Portugal, actualmente.
Alguns departamentos ingleses, todavia, instigam os Estados Unidos, a ocuparem ou arrendarem bases nos Açores e em Cabo Verde. O senador americano Pepper, com o visto do Presidente, recomenda a ocupação dos Açores, Cabo Verde, Canárias e Dacar. O governo Português responde: condena a desenvoltura com que de vários lados se traça o destino de países estranhos ao conflito actual....... e que os Arquipélagos estão preparados para resistir a qualquer ataque de que porventura sejam objecto, embora o não espere.
Os Estado Maiores inglês e português discutem planos. O Português é preferido, por ser mais realista, com aprovação de Churchill e Eden. Enquanto que os ingleses se vão harmonizando com as directrizes mais sensatas portuguesas, o Presidente Roosevelt, em 27-o5-1941, salienta a: importância decisiva das Ilhas e ser indispensável evitar que o inimigo se instale numa posição que possa lançar ataques.
Neste mesmo dia, o governo português, faz saber em Londres, que não tendo as mesmas obrigações com a América, das que tem para com a Inglaterra, qualquer acto dos Estados Unidos será considerado de agressão ao território Português, com as lógicas reacções que o caso exigiria. O Ministro dos Negócios Estrangeiros inglês, Eden, concorda que Roosevelt, tratou a questão, sem cerimónia. O representante português em Washington, Bianchi, entrega uma nota ao Secretário de Estado Cordell Hull, a pedir esclarecimento se os Estados Unidos se atribuem o direito de resolver, unilateralmente como usar da força para se protegerem e protegerem outros, então esta doutrina pode ser havida como significando que uma grande nação pode cometer atropelo análogo do que se diz existir a ameaça por parte de terceiros países.
E em outra nota, para Londres, insiste: a neutralidade de Portugal, assenta na vantagem que a Inglaterra tem de manter uma Espanha neutral e esta é inevitável sem aquela; a ocupação dos Arquipélagos do Atlântico pela Inglaterra ou pelos Estados Unidos, levaria à ocupação de Portugal Continental por Alemães, o que o governo de Londres sabe não poder evitar; e a ocupação violenta pelos Estados Unidos, contra vontade portuguesa, é hipótese inconcebível que dificilmente se apresenta ao espírito como possível. Mas se esta hipótese se desse, Portugal resistiria e teria o direito de invocar as obrigações da aliança luso - britânica e não deixaria de o fazer. E nestas circunstâncias em que situação viria a encontrar-se a Inglaterra? .....
A invasão da Rússia, pelos Alemães, em 22-06-1941, preocupa Lisboa. Poderá arrastar o Japão e deste, os Estados Unidos. A Inglaterra declarara guerra à Alemanha, com participação da Rússia, quando da retaliação da Polónia e, agora a Inglaterra, pela autoridade de Churchill, sofrendo a mesma guerra, oferece solidariedade a Moscovo...
O governo de Lisboa, mantém a decisão de neutralidade.
Sobre os Açores, a atenção dos beligerantes não esmorece.
Em 8 de Julho de 1941, Roosevelt, escreve carta pessoal ao chefe do governo: Na opinião do Governo dos Estados Unidos, o exercício permanente e sem limitação dos poderes soberanos do Governo de Portugal, sobre o território de Portugal, os Açores e todas as colónias portuguesas, representa uma segurança completa para o Hemisfério Ocidental, no que respeita àquelas áreas. Em consequência, constitui firme desejo dos Estados Unidos que não seja violado o domínio soberano de Portugal, sobre aqueles territórios. O governo do Estados Unidos quer exprimir o seu agrado com as medidas de defesa dos Arquipélagos, e está pronto a auxiliar essa defesa, mas somente se o Governo de Lisboa o desejar.



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