Nº 45 O CUSTO DA PAZ ( 2 )
Não é só dinheiro, o custo da Paz.
Quanto de Inteligência, Honestidade, Ponderação, fazem parte desse capital aplicado sem retorno. Quanto de estudo, de sacrifícios pessoais, de tormentos psicológicos, de desenterro da sabedoria «Histórica», para construir a sede de abrigo à conciliação de muitos Homens, desavindos por quererem defender os interesses de muitos mais.?... Quanto sofrimento, para não dissipar o pensado e a oferenda dos ideais infindáveis das conquistas humanas ?...
Quanto de desânimo, amesquinha a dignidade do vaidoso pensador nas vitórias e é obrigado a sentar-se na mesa vulgar do que vence e do que perde... .
Retomemos a nossa crónica anterior.
Nenhum reforço de poder ofensivo, conseguimos descobrir, no Exército Português. Aconteceu, porém, contra todas as previsões dos derrotistas, ou espertos de tudo sabichões, que o Governo Português, respondeu NÃO, às propostas britânicas, avisou NADA DE ABUSOS, aos japoneses e CANCELOU, pedidos de exploração de petróleo em Timor, para manter a «neutralidade», a que se tinha comprometido. E sabe-se que a Inglaterra, não quer ser «pau de cabeleira», dos interesses alemães sobre os Açores...
Em Março de 1940, o Ministro Halifax, chama Armindo Monteiro, para transmitir, em tom de «poucos amigos», os recusados pedidos, acima descritos e acrescenta outros:
1 – Suspensão de Boletins Meteorológicos, emitidos pela rádio,
sobre a situação atmosférica nos Açores.
2 – Fornecimento de algumas estatísticas.
3 - Proibição de desembarque de alemães em Portugal, com
destino ao seu País.
4 – Transporte de munições e 50 soldados ingleses através de
Moçambique.
O Governo Português indefere e responde:
1 – As Observações Meteorológicas são pedidas pelo
governo dos Estados Unidos.
2 – Não há legitimidade de impedir os alemães de se
deslocarem.
3 – O trânsito de forças e munições em Moçambique, foi
objecto de observações, ainda não justificadas por
Londres. Em nota, acrescenta: se o governo de Sua Majestade estivesse na disposição de considerar que toda a discussão significa negativa e toda a negativa é faltar Portugal aos deveres de amizade para a sua aliada, então devemos ater-nos a muitas dificuldades e equívocos como os presentes, o que certamente será muito desagradável para ambos os governos, mas não terá, da nossa parte remédio. Acrescenta a lealdade portuguesa para com a Inglaterra, conquanto o governo inglês se tenha deixado influenciar por críticas e rumores, lançados pelos oposicionistas portugueses, mas este aspecto só diz respeito ao governo Português.
Halifax, comunica ao embaixador Selby, para transmitir que ficara inteiramente satisfeito com a resposta do governo Português.
Hlifax sugere que os Arquipélagos dos Açores e Cabo Verde, sejam ocupados por forças protectoras. Acredita na palavra do Chefe do Governo Português, mas tem dúvidas quanto ao poder defensivo do exército.
O alto funcionário do Ministério britânico da guerra Económica, David Eccles, vem a Lisboa e informa Londres que nada está calmo, excepto o Chefe do Governo. Falta coragem.
Não se ficando por aqui, recomenda ocupação militar de Portugal. Três a cinco divisões ..... numa decisão unilateral do Governo de Sua Majestade...... porque se não pode arranjar qualquer governo português que antecipadamente concordasse com tal medida.
Londres, todavia, não se deixa impressionar. Até, porque: A contínua neutralidade de Portugal é no nosso melhor interesse e nada se deve fazer que possa precipitar uma situação que conduza a uma intervenção espanhola ou possa transformar-se em vantagem para a Alemanha.
A espionagem ramifica-se. Os ingleses preparam planos necessários para a tomada de pontos estratégicos portugueses nos Açores e Cabo Verde. Prestar assistência militar a Portugal. Mas prometer a Portugal que lhe deveriam devolver as Ilhas, no fim da guerra.
O Governo Português, sem saber desta estratégia inglesa, tem percepção que ela se poderia vir a dar. Entretanto, manter a neutralidade, do princípio ao fim.
São preparados efectivos e material para os Açores, Cabo Verde e restantes pontos estratégicos então portugueses.
A rendição da França, em 1940, veio complicar a posição do xadrez estratégico europeu. A entrada da Itália no conflito, acrescentou mais um problema para Portugal.
A «boataria», o «prato forte», da oposição que se quer içar ao mando, com prévio itinerário marcado, corre veloz: desembarques britânicos nos Açores e no Continente, ataque alemão a Gibraltar, invasão da Espanha pelo exército alemão... advogando que desfeito um boato, colocar outro na calha. O boato subiu ao palanque do exibicionismo e, ainda hoje tem cadeiral resguardado para os pretendentes a administradores das nações. Boato... um fundamento, para se não reparar em mataduras...
Os beligerantes, atarefados uns com os outros, não deixam de desconfiar dos que assistem à contenda, sabendo-se estes receosos de lhes chegar alguns respingos, mas sem exporem qual o partido preferido.
Os ingleses conhecem a presença de germanófilos em Portugal, com vista à UNIÃO EUROPEIA, mas mais para derrubar o regime vigente de qualquer maneira. Os alemães policiam os Pirenéus e no mar, em volta da Península Hispânica, mandam alemães e italianos.
O Secretário Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Teixeira de Sampaio, sugeriu um Protocolo adicional ao Tratado de Amizade, com a Espanha, que foi assinado em 29-07-1940: Os governos português e espanhol acordam e por este Protocolo se obrigam a concertar ~ se entre si acerca dos melhores meios de salvaguardar quanto possível os seus mútuos interesses, sempre que se prevejam ou verifiquem factos que por sua natureza posam comprometer a inviolabilidade dos respectivos territórios metropolitanos ou constituir perigo para a segurança ou independência de uma ou outra das duas partes.
A brevidade é a forma ideal de não enfadar. Mas estamos «entalados» no dilema: ou paramos sem mais explicações e o assunto voga sem sentido, ou continuamos a transmitir a verdade esquecida ou ignorada e que interessa recordar, para bem do respeito aos nossos leitores e à nossa consciência.
Continuaremos.
Quanto de Inteligência, Honestidade, Ponderação, fazem parte desse capital aplicado sem retorno. Quanto de estudo, de sacrifícios pessoais, de tormentos psicológicos, de desenterro da sabedoria «Histórica», para construir a sede de abrigo à conciliação de muitos Homens, desavindos por quererem defender os interesses de muitos mais.?... Quanto sofrimento, para não dissipar o pensado e a oferenda dos ideais infindáveis das conquistas humanas ?...
Quanto de desânimo, amesquinha a dignidade do vaidoso pensador nas vitórias e é obrigado a sentar-se na mesa vulgar do que vence e do que perde... .
Retomemos a nossa crónica anterior.
Nenhum reforço de poder ofensivo, conseguimos descobrir, no Exército Português. Aconteceu, porém, contra todas as previsões dos derrotistas, ou espertos de tudo sabichões, que o Governo Português, respondeu NÃO, às propostas britânicas, avisou NADA DE ABUSOS, aos japoneses e CANCELOU, pedidos de exploração de petróleo em Timor, para manter a «neutralidade», a que se tinha comprometido. E sabe-se que a Inglaterra, não quer ser «pau de cabeleira», dos interesses alemães sobre os Açores...
Em Março de 1940, o Ministro Halifax, chama Armindo Monteiro, para transmitir, em tom de «poucos amigos», os recusados pedidos, acima descritos e acrescenta outros:
1 – Suspensão de Boletins Meteorológicos, emitidos pela rádio,
sobre a situação atmosférica nos Açores.
2 – Fornecimento de algumas estatísticas.
3 - Proibição de desembarque de alemães em Portugal, com
destino ao seu País.
4 – Transporte de munições e 50 soldados ingleses através de
Moçambique.
O Governo Português indefere e responde:
1 – As Observações Meteorológicas são pedidas pelo
governo dos Estados Unidos.
2 – Não há legitimidade de impedir os alemães de se
deslocarem.
3 – O trânsito de forças e munições em Moçambique, foi
objecto de observações, ainda não justificadas por
Londres. Em nota, acrescenta: se o governo de Sua Majestade estivesse na disposição de considerar que toda a discussão significa negativa e toda a negativa é faltar Portugal aos deveres de amizade para a sua aliada, então devemos ater-nos a muitas dificuldades e equívocos como os presentes, o que certamente será muito desagradável para ambos os governos, mas não terá, da nossa parte remédio. Acrescenta a lealdade portuguesa para com a Inglaterra, conquanto o governo inglês se tenha deixado influenciar por críticas e rumores, lançados pelos oposicionistas portugueses, mas este aspecto só diz respeito ao governo Português.
Halifax, comunica ao embaixador Selby, para transmitir que ficara inteiramente satisfeito com a resposta do governo Português.
Hlifax sugere que os Arquipélagos dos Açores e Cabo Verde, sejam ocupados por forças protectoras. Acredita na palavra do Chefe do Governo Português, mas tem dúvidas quanto ao poder defensivo do exército.
O alto funcionário do Ministério britânico da guerra Económica, David Eccles, vem a Lisboa e informa Londres que nada está calmo, excepto o Chefe do Governo. Falta coragem.
Não se ficando por aqui, recomenda ocupação militar de Portugal. Três a cinco divisões ..... numa decisão unilateral do Governo de Sua Majestade...... porque se não pode arranjar qualquer governo português que antecipadamente concordasse com tal medida.
Londres, todavia, não se deixa impressionar. Até, porque: A contínua neutralidade de Portugal é no nosso melhor interesse e nada se deve fazer que possa precipitar uma situação que conduza a uma intervenção espanhola ou possa transformar-se em vantagem para a Alemanha.
A espionagem ramifica-se. Os ingleses preparam planos necessários para a tomada de pontos estratégicos portugueses nos Açores e Cabo Verde. Prestar assistência militar a Portugal. Mas prometer a Portugal que lhe deveriam devolver as Ilhas, no fim da guerra.
O Governo Português, sem saber desta estratégia inglesa, tem percepção que ela se poderia vir a dar. Entretanto, manter a neutralidade, do princípio ao fim.
São preparados efectivos e material para os Açores, Cabo Verde e restantes pontos estratégicos então portugueses.
A rendição da França, em 1940, veio complicar a posição do xadrez estratégico europeu. A entrada da Itália no conflito, acrescentou mais um problema para Portugal.
A «boataria», o «prato forte», da oposição que se quer içar ao mando, com prévio itinerário marcado, corre veloz: desembarques britânicos nos Açores e no Continente, ataque alemão a Gibraltar, invasão da Espanha pelo exército alemão... advogando que desfeito um boato, colocar outro na calha. O boato subiu ao palanque do exibicionismo e, ainda hoje tem cadeiral resguardado para os pretendentes a administradores das nações. Boato... um fundamento, para se não reparar em mataduras...
Os beligerantes, atarefados uns com os outros, não deixam de desconfiar dos que assistem à contenda, sabendo-se estes receosos de lhes chegar alguns respingos, mas sem exporem qual o partido preferido.
Os ingleses conhecem a presença de germanófilos em Portugal, com vista à UNIÃO EUROPEIA, mas mais para derrubar o regime vigente de qualquer maneira. Os alemães policiam os Pirenéus e no mar, em volta da Península Hispânica, mandam alemães e italianos.
O Secretário Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Teixeira de Sampaio, sugeriu um Protocolo adicional ao Tratado de Amizade, com a Espanha, que foi assinado em 29-07-1940: Os governos português e espanhol acordam e por este Protocolo se obrigam a concertar ~ se entre si acerca dos melhores meios de salvaguardar quanto possível os seus mútuos interesses, sempre que se prevejam ou verifiquem factos que por sua natureza posam comprometer a inviolabilidade dos respectivos territórios metropolitanos ou constituir perigo para a segurança ou independência de uma ou outra das duas partes.
A brevidade é a forma ideal de não enfadar. Mas estamos «entalados» no dilema: ou paramos sem mais explicações e o assunto voga sem sentido, ou continuamos a transmitir a verdade esquecida ou ignorada e que interessa recordar, para bem do respeito aos nossos leitores e à nossa consciência.
Continuaremos.



<< Home