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Blog das crónicas de Basílio José Dias, publicadas semanalmente no jornal Atlântico Expresso.

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Localização: Ponta Delgada, Açores, Portugal

Tem o Curso Complementar dos Liceus, tendo frequentado o Liceu Nacional Antero de Quental. Serviço Militar de 1940 a 1945. Entrou para a Fábrica de Tabaco Estrela em 1946. Gerente de 1957 a 1989.

8 de fevereiro de 2010

Nº 228 PORTUGAL INDEPENDENTE… A ECONOMIA HERÓICA … QUE FEZ UM REINO

Não saber como evitar as «areias «movediças» da economia no Século XXI, dispensa arauto para alarme público. Anda nas bocas do Mundo e nos canhenhos de quem as quer calar, repartindo a prenda, indolente ou preguiçosa do PIB, com futurismos compenetrados de esperanças, imperturbáveis à instável palavra em alto pregão ou da escrita, em textos, para estranhos perscrutarem.

O pensamento do Adulto, compraz-se na reafirmação de criança. Coração aberto ao bafejo optimista, depressa fechado, quando as circunstâncias não correm do modo a dar processo económico acrescido, ou surjam corrigendas a tapar a presunção de poder dispor do atraente ao alcance da mão. Renunciar a infantilidade, é momento de apreensão interior, de um «bem» querido na lembrança, enquanto as sensações, percepções e emoções, batem ao ritmo do órgão central sanguíneo. As negas causam dor e o sofrimento detesta o extravasado do desejo pessoal.

A idade da meninice, recorda a «beleza, a glória, a santidade e o carinho de Abel» no «Éden Bíblico». A gargalhada do inocente, repercute a expansão da ternura… Diferente do «Éden Terrestre». A temer…

Propriedades específicas das metamorfoses dos «seres», nos períodos indefinidos, ora sedentários, ora errantes da evolução… A liberdade no espaço e no tempo e o ar confiante no prazer, nas promessas mutantes e irrisórias, a oscilar no horizonte… Na azáfama do alimento, espirra suor no emprego da força, e faz «negaça» ao TRABALHO imorredouro… Ou a Vida… ou a morte…

Transparece, a rematar, a fecundação do oposto, na cobiça…de «Caim». Talvez, a variabilidade individual, encadeada nos conceitos mais excêntrico do Éden Bíblico.

Inconvicto da sua «celebridade», escreve e fala de si próprio. O autor CAIM, engendra romance, condenando o actor CAIM. Desconhecendo-se, admoestam a indiferença dos «milheiros» de anos passados. O Coração, nas batidas cadenciadas, ainda não distinguia pessoa… a sã ou a defunta… a lavada ou a banhada em sangue. Nem Caim…reparava a corrigir…?... no passeio matinal.

Caim,, sendo o que é, gaba o abstracto imensurável. Assoberba-se para eterno varejador da oportunidade… a cair ao toque do varejão comprido…

Destino sem princípio nem fim, na preservação do Bem e do mal, enquanto completos, os circuitos fechados, do órgão central nos animais e das raízes absorventes para a seiva, nas plantas.

Este diálogo interior, incomodou a incerteza na imagem do que vai pelo Mundo.

Fez-nos voltar atrás. Empurrou-nos a reverificar alguns passos da História de Portugal, na procura de provas ou mal entendidos, a convencer-nos da realidade, doce ou amarga, na condução do «Labor Público».

Rever épocas remotas, prestando-lhes atenção renovada, numa actualidade, ainda a pedir melhores condições de vida, leva a ponderar detalhes ou rudezas, nos ventos insinuadores das meias verdades e, quantas vezes, do abafo dos séculos, «hirsutos ou tidos de encanto, na nascença do Sol para o progresso.

A nossa predilecção pela «carga de trabalhos» arrostados, de frente, para abrir o caminho da independência, incita-nos a curvar a frouxidão desnacionalizada de hoje, deambulando na sombra de um Paraíso Perdido ou da morada do infortúnio, onde a presunção louva méritos encafuados e alcoviteiros, a quererem reconstruir outro, com acabamentos melhor aperfeiçoados e agentes económicos céleres a por as finanças em dia.

Experimentar, é sinal de boa vontade. Experimentemos:+

No Condado Portucalense, antes de D. Afonso Henriques, pela Lei do nascimento, nobre, com títulos de Grão Senhor e à força de espada, se promover a dignidade reinante, circulava o «marco de prata», o «morabitino» e o «soldo» nas permutas dos alívios da fome e, porventura, dos protectores às variantes atmosféricas e contributos de vassalagem e defesa das populações. Sinal evidente, da ECONOMIA já compenetrava a melhora no trato da terra, para gerar riqueza eficiente, na expulsão da subsistência, no Século XII, movimentando a troca de valores sob a orientação de um governo central, ponderador nas contratações.

Na Idade Média, em 1120/1121, o pequeno território, Condado Portucalense, sentiu-se abalado com a mancebia da SUA Condessa, D. Teresa, viúva do Conde D. Henrique, mãe de Afonso Henriques, com o rico – homem galego Fernão Peres de Trava. O filho, não sentiu afeição aos incómodos amores da Mamãe Condessa… e os subjugados ao Produto Interno Bruto, - os trabalhadores na agricultura e na pesca - fundamentos da riqueza, na época -, igualmente sentiram repulsa.

Temendo mandos caprichosos futuros, ao «cheiro» dos parcos recursos do hortelão, quase à justa para comer e vestir, e previsível deserdação do herdeiro legal, resolveu assumir consciência de se governar por estatutos, segundo costumes dos meios humanos e materiais circunscritos próprios. Adquiriu a libertação de domínios e opressões, depois de lutas desproporcionadas, muitos golpes desapiedados e planos para o progresso.

O Condado, lutou, sofreu, cresceu em tamanho e ganhou título independente em 1143, na cidade de Zamora. O libertador, foi seu primeiro Rei, D. Afonso Henriques, o combatente dos seus direitos, com os mesmos riscos de vida do peão, de lança em punho e «pernas para que te quero», se a tropa era pouca… Ou avanço destemido, se seria lucrativo arrostar o perigo para completar conquista e engalanar regozijos na soma de vitórias. Ambos, futuro Rei e Plebe, apoiados pelo Clero, de pleno conhecimento intuitivo, dos poderes legal e moral, reconheceram, livremente a autoridade e a submissão a um Reino, governado por estatutos próprios.

D. Afonso Henriques, abraçou o heroísmo, como modo de unir as duas forças, salvaguardando a astúcia e a inteligência para facultar a ordem e progressão nos objectivos da responsabilidade e da acção.

Aos 14 anos, a paixão amorosa da Mãe, levou-o a armar-se cavaleiro, por suas próprias mãos, na Catedral de Zamora. Em 1127, o Rei de Leão, invadiu o Condado, a exigir soberania , desistindo de o devassar, perante promessas de D. Teresa e do filho de acatarem a dependência, assumindo a garantia, o Aio de Afonso Henriques, o Honrado, Egas Moniz. Na Batalha de S. Mamede, em 1128, bateu os partidários de D. Teresa e, pouco depois expulsou-a do Reino, assim como o Conde Peres de Trava. Apossou-se do Governo, em 1129 e invadiu a Galiza em 1130. Neste mesmo ano faleceu a Mãe, e fundou a Ordem dos Hospitalários. Em 1135, invadiu, novamente a Galiza, construiu o Castelo de Celmes, pouco depois perdido, a favor do Rei de Leão. Sempre activo no alargamento do território, repetiu a invasão da Galiza, em 1137, fazendo alianças com inimigos de Afonso VII de Leão, vencendo na Batalha de Cerneja. Entretanto, os moiros, vendo oportunidade de sucesso, atacaram o Condado em Leiria, colocando as hostes de Afonso Henriques, entre dois atacantes. O Infante, consciente da delicada situação, encurralado entre dois exércitos fortes e implacáveis, não hesitou e foi a Tuy, pedir a paz ao primo, Afonso VII, de Leão. Nos dois anos seguintes,1139, preparou o exército para a Batalha de Ourique, derrotando os moiros e invadiu, pela 4ª vez a Galiza, sofrendo graves revezes no princípio, mas vencendo na Batalha de Arcos de Val-de-Vez, em 1140. Vitória que propiciou o Tratado de Zamora de 1143, reconhecendo D. Afonso VII, de Leão, seu igual a D. Afonso Henriques, como Rei de Portugal. Mas não parou. Em 1147, conquistou Santarém e com ajuda de cruzados, tomou Lisboa. Outra esquadra de cruzados, permitiu-lhe ocupar Alcácer do Sal, em 1158 e logo depois, Évora e Beja. Em 1161, nova insistência árabe, recuperou Évora e Beja, finalmente, retomadas, a primeira em 1162 e Beja em 1166, pelo intimorato, Geraldo Sem Pavor. Por iniciativa de alguns cavaleiros, foi fundada a « Ordem de S. Bento de Avis», em 1162. Demasiado crente na aventura, ordenou ao filho ( futuro Sancho I ), que destruísse a nova cidade fronteiriça espanhola Ciudad Rodrigo, recém construída por Fernando II. A audácia de D. Afonso Henriques, resultou em invasão espanhola, derrotando o nosso Rei, na Batalha de Arganal, em 1166. Clarifica-se, que D. Fernando II, casara com D. Urraca, em 1165, filha de D. Afonso Henriques…Apesar deste revés, voltou a invadir a Galiza e pôs cerco a Badajoz, em 1169. A reacção do Rei espanhol, foi mais severa e D. Afonso, ao fugir da batalha perdida, caiu do cavalo e partiu uma perna. Em 1170, armou cavaleiro, D. Sancho, para retirar ao genro, futuras pretensões sobre Portugal. Em 1171, os árabes tentaram nova investida contra Portugal, cabendo a Fernando II, dar o socorro indispensável ao sogro. Em 1177, a «Ordem de S. Tiago», instituída em Espanha, obteve sede no convento de Santos, Lisboa . Em 1178, o futuro Rei D. Sancho, internando-se pela Andaluzia, avançou até Sevilha, devastando a presença árabe. Em 1178, fundou Afonso Henriques o Mosteiro de Alcobaça, destinado aos Monges de Cister, e o de S. João Baptista de Tarouca, Santa Cruz, de Coimbra, S. Vicente de Fora e Outros. De 1179 a 1181, os árabes teimaram na recuperação de Portugal, mas todas as cidades resistiram. Por fim, em 1179, uma Bula do Papa, Alexandre III, concedeu a Afonso Henriques, o título e autoridade de REI. Em 1184, nova tentativa árabe, para a conquista de Portugal. Foi cercada Santarém. Portugal, venceu. Em 1185, o HOMEM que o preparou para o Triunfo, organizando exércitos dignos de se baterem com outros de valia igualha ou superior, que avançou, sem medo, arriscando a vida e fugir nas ocasiões insolúveis, que cumpria palavra a bem da nação que resolvera edificar, ou fingia não a ter pronunciado, se beliscava essa necessária intenção… tal envergadura de HOMEM, nada pôde, contra a « razão estapafúrdia» da morte. Finou-se em 6 de Dezembro, de 1185. Jaz, ao lado da Esposa D. Mafalda, em túmulos separados, no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Emocionado, tocámos na pedra dura e fria, onde repousam as suas cinzas, o PÓ – TERRA, a magia das parcas escarninhas dos Génios Superiores.

Leitor Amigo: Nestas crónicas, não está reservado cabimento para alongados trechos históricos. Esta excepcional referência a D. Afonso Henriques, não pretendeu exaltar conquistas, coragem, tino diplomático ou quaisquer outros atributos guerreiros ou intelectuais. Simples notas da audácia ateimada de um HOMEM, duro na acção e administrador convicto de saber cumprir, integralmente, as responsabilidades assumidas. Uma condenação, aos actuais destruidores da Nação, que tanto trabalho e sofrimento deu para a erigir independente.

O propósito intencional, era… e é, provar que a azáfama do REI CONQUISTADOR, só foi possível com um «PIB», razoavelmente organizado.

Exércitos armados e treinados para vencer; estratégias políticas e psicológicas, para contornar inimizades descontentes; combates de sangue à mostra e fúria, para suprir desvantagens em números, só actuam com o aparelho digestivo em funcionamento. A, hoje, chamada ECONOMIA, há muito funcionou nos agregados sociais, sem doutrinas especializadas… formou Portugal.

A falta, em Afonso Henriques, do saber pelo alfabeto… se existiu, foi só nas letras…

PARECE, que «doutrinários» actuais, diplomados em UNIVERSIDADES PRESTIGIADAS, «repartidos, por partidos», o irão levar «ao fumo negro» da incapacidade … de vir a pagar o que consome… acima das suas posses. E, então… as Letras? Permitem conhecimentos, mas não forçam a inspiração administrativa...

Até, próximo.