Nº 151 A UNIÃO FAZ A FORÇA… A CULTURA É A FUNDIÇÂO DAS FORÇAS MESTRAS CEDIDAS AO HOMEM PELA PRODIGALIDADE DA NATUREZA…
Tem sempre algo para dar, suplicando em troca… a boa harmonia das consciências. Nessa noite, esbanjou a bela arte da consonância, dádiva da Natureza e o esforço do Homem para a aperfeiçoar. A nossa cidade de Ponta Delgada, exteriorizou o bem que está ao seu alcance e alimentou a certeza que pode subir, em liberdade, os degraus do Mundo evoluído. No meio do Atlântico, não se ficou a aguardar imaginários de asas cansadas, de lamentos e penúrias, dos auxílios estranhos, muitas vezes prometidos e avaramente chegados. Ponta Delgada, tem sabido desenvolver o que possui e aceitar o que lhe é enviado de fora e melhorá-lo por mérito próprio. Não será o que deseja, mas avança de acordo com os meios que manuseia, amassando-os com os que lhe chegam por ofertas ou obrigações.
No lugar de contemplação que é o Templo de S. José, reuniram-se duas corporações, partes integrantes, da cultura na Ilha de S. Miguel: Banda Militar dos Açores, e seu competente Maestro, Tenente Alexandre Coelho, Director do concerto. Grupo Coral de S. José, filho vigoroso dos grupos de cantores, devotados à mesa religiosa semanal. Estas entidades, distintas uma da outra e que, separadamente preenchem posições de destaque educativo onde se apresentam, deram exemplo que a unidade faz a força.
A Banda Militar, constituída por profissionais submetidos a regras e exames de competência, tem cumprido com aprumo, as missões para que é chamada desde o seu nascimento no Século XIX – em 1831 - até certo ponto, para legitimar a Guerra Liberal nos Açores, dignificando o Exército e premiando os combatentes que daqui saíram e as batalhas que mancharam de sangue os nossos mares. Durante dezenas de anos acrescentou, sem dúvida, o posto de Conservatório Musical na abrangência das nove Ilhas. Da Banda Militar, saem os regentes das filarmónicas, que não existiriam sem o estudo profissionalizado na complexa «Harmonia» dos instrumentos.
O piano solitário, posto que recheado de sons, impôs-se nos salões dos mais abastados, mas não poderia descer às classes de menos recursos. Realidade esta, alargada ao Continente Português e à Europa que sempre se tem colocado na vanguarda do progresso. Por tal motivo, o entusiasmo pela música tem crescido afoitamente, tornando indispensáveis, tanto as Bandas Militares que profissionalizam os seus elementos, como os «Conservatórios de Ensino Público» e as «Escolas privadas » que recebem as vocações dispersas nas classes sociais.
O Grupo Coral de S. José, para nós sempre existiu. Relembramos a «Capela», dirigida por amorosa doação à Igreja e à arte de Manuel António de Vasconcelos, pelos anos mil novecentos e trinta, lavava a alma dos devotos e do alentado Padre Manuel Pereira, sobretudo nas festas solenes. A mão do meu Pai abraçava a minha, na infalível assistência à missa, todos os domingos. A «Oração», envolvida nos sons encantadores das vozes que também rezavam, ensinou-me a querer bem à família e aos Amigos, em semelhança com as pessoas que nos rodeiam. Amar ao Próximo… A evolução, todavia, não renuncia à companhia do mais completo. É a via escolhida para evidenciar os conhecimentos natos no intuitivo da mente Humana, ansioso de explodir o pouco que vai desbravando. A «Capela» que eu conheci, cresceu… E em 19 de Março de 1967, rebaptizou-se com o nome de « Grupo Coral de S. José». E tem dado boa conta dos seus méritos ganhos com a voluntariedade de dedicações com temperamentos artísticos.
A batuta do Maestro José Leite, deu-lhe impulso durante vários anos. O Grupo Coral, tem-se apresentado na Região, no Continente Português e já voou até aos Estados Unidos da América. Por onde têm ecoado as suas vozes bem preparadas, marcou a camaradagem da arte sem fronteiras da qualidade. E assim continuará, com a batuta do novo Maestro, Senhor Luís Filipe Carreiro. Os Maestros de fama internacional, Walter Kobéra – austríaco e Adriano Martinolli D´Arcy- italiano, mantiveram o seu prestígio, dirigindo concertos com o Grupo Coral de S. José. Nesta altura da crónica, que já vai adiantada, perguntará o leitor, quais os comentários sobre a parte essencial do «Concerto» e conceitos emocionais nele encontrados.
Caro Amigo, não possuímos conhecimentos suficientes na ciência dos sons para referir o que não está na nossa área. Cada um dá o que pode. A ignorância, se é atrevida, ao criticar os valores que desconhece, no mesmo instante que destoa a frase a martelo, amachuca o direito à capacidade, por vocação e estudo de atingir patamar acima da média. O que sabemos, é que os assistentes aplaudiram sensibilizados pelas composições executadas sob a batuta precisa e competente do Maestro, Tenente Alexandre Coelho. Vimos e ouvimos a espiritualidade saltar nos dedos hábeis e profissionalizados do talentosa pianista Violetta L’Dokova. Ouvimos os sopranos Andreia Colaço, Cármen Subica, Anastácia Sokovocova, Maria Paula Fernandes.
Os altos Maria Lurdes Cabral, Sónia Cordeiro Borgas; tenores Rui Paiva, Vítor Tavares, Feliciano Betencourt, João Paulo Costa; baixos, Hernâni Cabral, Luis Carreiro. Ouvimos e apreciamos os profissionais executantes da «Banda Militar», os solistas cantores, o Orfeão uníssono e portentoso. Admirámos a regência segura de toda aquela unificação da arte a distribuir sentimentos. A crítica acertada e positiva, porém, pertence a quem sabe. O nosso julgamento, seria ofender o que de belo ressoou na Igreja de S. José, à conta do zeloso Pastor, Senhor Padre José Garcia. Rejeitamos esse pecado.
O que nos levou ao entusiasmo de escrever esta crónica, tem a chancela do amor à Terra onde nascemos e vivemos. Pretende dar relevo às entidades que estiveram unidas, na noite de 8 de Dezembro de 2007 – Igreja, Banda Militar, Coral de S. José – e reafirmar que são posse muito querida da nossa cultura, a comprovar a Esperança que o presente será respeitado no futuro. Estamos confiantes que idealismos descoordenados, não conseguirão desunir o que o trabalho, o sacrifício, a necessidade intelectual de ajuntar o bem comum, «UNIRAM» nestas nove Ilhas a boiar no nosso « Mar Oceano». Assim seja.
Até próximo.


